GRUPO INTEGRADO DE DANÇA: Uma forma de integração social



Ribeiro, A. C.Rodrigues[1]

INTRODUÇÃO

O presente projeto foi desenvolvido com alunos da Escola de Ensino Especial Maria Mendes Valente e o Centro Educacional Werner Schmidt da rede particular de ensino, ambas situada na cidade de Bela Vista do Paraíso – Paraná. Idealizado e desenvolvido para promover a inclusão do aluno, escola especial, escola particular, família, professores e sociedade. Iniciou-se em fevereiro de 1999 e foi concluído no ano de 2000 com uma apresentação no Encontro das APAEs do Estado do Paraná, realizado em Bela Vista do Paraíso, onde a professora de dança Mônica Cunha Correia se incluiu à coreografia e se apresentou junto com os alunos.

Considerando que a integração é um processo social necessário para que haja uma interação entre aos indivíduos para uma convivência harmônica em sociedade, observamos que no próprio contexto da escola, havia uma exclusão de alunos considerados indisciplinados, com higiene precária, famílias desligada da escola, com baixa auto-estima e alunos que se consideravam incapazes de realizarem qualquer atividade proposta. Esta exclusão partia dos próprios colegas da escola. . De acordo com uma sondagem observamos o interesse desses alunos pela expressão artística voltada para a dança.

Para um maior entendimento do projeto é válido conceituarmos: deficiência, normalidade, família, sociedade e escola.

A deficiência é definida como uma restrição ou falta de habilidade para executar uma atividade de maneira, ou de acordo com parâmetros, considerada normais para o ser humano. As deficiências foram vistas como sendo causadas por debilidades, que por sua vez são definidas como perdas ou anomalias de funções psicológicas ou fisiológicas ou de estruturas anatômicas[2]. Tanto as debilidades quanto as deficiências são tidas como atreladas às desvantagens, que são definidas como desvantagens que limitam ou impedem uma função ou atividade considerada normal. Entendendo como normalidade o habitual, regular, exemplar, as pessoas que são padronizadas e que servem de modelo no contexto social.

Família, por sua vez, é a unidade básica de desenvolvimento experiência, realização e fracasso, saúde e enfermidade. Trata-se de um sistema de relação bastante complexa, dentro do qual se processam interações que possibilitam ou não o bom desenvolvimento de cada um dos seus membros. Ë o primeiro grupo a que um sujeito pertence e onde ele tem a oportunidade de aprender através de experiências positivas, como o afeto, estímulo, apoio, respeito e sentir-se úteis e negativas que são as frustrações, limites, tristezas e perdas; todas elas fatores de grande importância para a formação do sujeito e o crescimento de suas potencialidades. A família é a primeira que integra ao amor, compreensão, confiança, estímulo e comunicação que permeiam a relação que utiliza para facilitar o processo de integração e participação do sujeito nos diferentes grupos sociais da comunidade/sociedade.

Sociedade é o desenvolvimento do sentimento coletivo e do espírito cooperativo, através da religião, raças, costumes, produtividade.

Escolaé um espaço educacional que se caracteriza por formar a autonomia do individuo, independente das suas relações sociais; constituindo-se por uma equipe de professores, coordenadores, supervisores, orientadores e diretores. No caso da Educação Especial se constitui por uma equipe mais completa, com profissionais da área da saúde e outros. A escola proporciona a construção do conhecimento ao indivíduo, através de experiências vividas, liberdade de expressão, cultural e integração social e respeitando a sua diversidade.

As relações desses conceitos podem compreender como pessoas com determinadas limitações podem se expressar diante de uma narrativa dos alunos da escola com conceitos e habilidades pré-estabelecidas sobre a dança e consideradas, indivíduos, estes, considerados "normais" (grifo meu). A relação entre os grupos é de extrema importância para a formação e significação de si e pode influenciar o relacionamento entre e os mesmos. As referências servem para a constituição do sujeito autônomo, integrado, social, afetivo, criativo, seguro e independente e só através destes conceitos os integrantes do grupo conseguem construir seu próprio conhecimento para sua independência pessoal e social. Neste contexto, para que o Grupo de Dança obtivesse sucesso foi necessário que a escola, a família e a sociedade entendessem que para a expressão artística não existem limitações ou deficiências, pois a arte dá a liberdade de qualquer tipo de expressão.

A educação da pessoa com deficiência mental não pode estar centrada na deficiência, na sua causa orgânica, nos seus limites, mas na busca de conhecer como é o seu desenvolvimento, quais suas dificuldades bem como as suas possibilidades, procurando a estruturação do desenvolvimento da pessoa com deficiência mental. As possibilidades são condições humanas e estão baseadas nas interações socioculturais e que estabelecerão o seu diferencial, pois é na exploração dessas possibilidades que se determinará sua transformação (BUENO, 2002, p.24).

Incentivamos e encorajamos os alunos para o trabalho corporal, ao processo criativo, o que era a dança, qual seria o ritmo de trabalho que a mesma exigiria as possibilidades de críticas construtivas e destrutivas em relação ao trabalho e confiança que deveriam ter em relação ao seu corpo e a sua mente.

A dança e sua contribuição

A capacidade de se expressar por meio do corpo é intrínseca ao ser humano, é uma característica que se aprimora continuamente, desde as civilizações mais antigas. Nessa medida o movimento se constitui em um dos principais meios de interação entre homem e o mundo a sua volta, desde as ações mais simples até o conjunto de ações simbólicas e complexas que compõem a arte da dança. (LIMA, 2007)

Neste sentido, a prática da dança é uma forma de resgatar o aprendizado da expressão mais antiga das civilizações, através da linguagem corporal, dos movimentos orgânicos, expressivos, instintivos, favorecendo a consciência do corpo, buscando a integração da mente e emoções por meio da manifestação artística.

A sociedade contribui para a formação de pessoas fragmentadas, distante do conceito e participação cultural, social, educativo que não percebem as necessidades educacionais das expressões artísticas. A educação também tem responsabilidades, especialmente, quando precisa orientar sobre as manifestações artísticas do ser humano e como através dela é possível promover a integração.

A arte do desenvolvimento humano, plástico e rítmico, abstrato ou expressivo, realizada individualmente ou coletivamente é chamada dança a qual possui três aspectos: dinâmico, plástico e rítmico, com características próprias e essenciais. E produzida e limitada por seu instrumento: o corpo humano. Seu ritmo é próprio e sua essência é de acompanhamento musical.

Kur Sachs (1967, p.63) em sua História Universal da Dança diz que: A dança é a mãe das artes. A música e a poesia existem no tempo; a pintura e a escultura no espaço. Porém a dança vive conjuntamente no tempo e no espaço. O criador e a criação, o artista e a sua obra, nela são umas coisas única e idêntica. Os desenhos rítmicos do movimento, o sentido plástico do espaço a representação animada de um mundo visto e imaginado, tudo isto é criado pelo homem com seu próprio corpo por meio da dança, antes de utilizar a substância, a pedra e a palavra para destiná-las à manifestação de suas experiências exteriores.

Partindo da questão da identificação para envolver o homem no aprendizado de elementos da linguagem que compõem a dança, muitas vezes selecionamos conteúdos que acreditamos ser importantes para o desenvolvimento do ser humano, mas parte das dificuldades encontra-se na identificação com a dança.

A dança vai muito além de uma seqüência de passos e saltos num determinado ritmo. Ë a arte que liga o corpo à alma, é uma forma de integrar o corpo, movimento, expressão, pensamento e sentimento. E o instrumento facilitador do potencial criativo, da auto-percepção, da comunicação, das transformações do indivíduo e de suas relações com tudo que o envolve.

Para Platão a dança é um dom dos deuses e deve ser consagrada aos deuses que criaram. Não é preciso voltar no tempo para que esses deuses e deusas sejam reinvocadas, pois, nas mais remotas organizações sociais, a dança sempre esteve presente, condicionada ao tempo, pelas idéias e aspirações, pelas necessidades e esperanças de uma situação histórica particular.

Crianças, adolescentes e adultos que apresentam necessidades especiais se beneficiam muito com a dança, pois, desenvolvem na expressão corporal, criatividade, socialização, auto-cuidados e principalmente a integração e a interatividade social, conquistando o direito da plena cidadania através da igualdade de oportunidade.

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Autor: Andrea Ribeiro


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