EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: Uma Modalidade em Expansão no Ensino Superior



Márcia Costa Pereira[1]

RESUMO

Este artigo trata da expansão da modalidade Educação a Distância no ensino superior. Apresenta-se um breve histórico da educação a distância no Brasil, destacando os programas de educação a distância voltadas para o ensino superior, comentando sobre o uso das novas tecnologias na educação, observando os dados estatísticos referentes a instituições de ensino superior. Para tanto se realizou pesquisa bibliográfica, que se deu através de referencial teórico-metodológico com bases em autores, como José Carlos Libâneo, Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira, entre outros, que vêm se propondo a pesquisar a modalidade educação à distância.

Palavras-chave: Educação a Distância. Ensino Superior. Ambientes Virtuais.

1 INTRODUÇÃO

Uma das características da sociedade contemporânea é o uso crescente das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nos mais variados setores sociais e produtivos, sendo que na educação a utilização dessas tecnologias tem se tornado uma realidade freqüente, pois os recursos computacionais se apresentam como ferramentas que auxiliam o desenvolvimento educacional.

Nesse sentido, a educação formal caminha para um processo de reflexão sobre a necessidade de utilização dessas novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem, considerando o papel do aluno, professor, tutor, instituição, agregando uma ferramenta, as TICs.

Considera-se a possibilidade da educação a distância passar a contribuir para a ampliação da escolaridade e para a formação de profissionais aptos para atuarem no mercado de trabalho.

Por isso, as universidades se mobilizam no sentido de oferecer, além do ensino presencial, o ensino a distância em nível de graduação, pós-graduação e cursos de formação continuada, garantindo acesso a educação superior equalificação profissional.

2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: breve histórico

A educação a distância (EaD) é um assunto que passou a ser discutido apenas recentemente, embora suas primeiras manifestações ocorressem na Antiguidade grega quando povos que se encontravam longe uns dos outros sentiam necessidade de se relacionar, comunicar e então trocavam cartas, informações e documentos escritos.

De forma tímida a EaD começa a se caracterizar a partir do século XIX, na Europa, alguns países começaram a fundar institutos e escolas que ofertavam estudos através do ensino por correspondência utilizando como suporte mediáticosmateriais impressos.

No Brasil, o marco histórico da educação a distância deu-se com a implantação de escolas internacionais e com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro por Roquete Pinto em 1922. Em seguida, o Ministério da Educação (MEC) cria o Serviço de Radiodifusão Educativa com o intuito de alfabetizar jovens e adultos das massas por meio do rádio.

Durante as décadas de 60 e 70 foi expandindo o ensino através da oferta de cursos pela televisão programas como o da TV Cultura, TVE do Maranhão e outros. Nesse período a Universidade de Brasília começa a ofertar cursos veiculados por jornais e revistas.

Na década de 90 cresce a oferta de cursos e programas a distância. Em 1994, o MEC cria a Secretaria de Educação a Distancia (SEED) que se articula com os demais órgãos do ministério com o intuito de institucionalizar a EaD no país e implantar programas em nível nacional como o Programa Salto para o Futuro e o Programa TV Escola.

Em 1996, a Lei nº. 9.394/96 no seu art. 80 define que "O poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada", introduzindo uma abertura de grande alcance para a política educacional. Atribuindo à União a função de credenciamento dos Institutos de Ensino Superior (IES) na oferta de cursos à distância.

Pela primeira vez na história da educação brasileira uma lei educacional contempla a educação a distância como uma modalidade educacional, atribuindo importância a veiculação de sua oferta em todos os níveis e modalidades de ensino. Desde que o funcionamento dos cursos de educação a distância aconteça de acordo com os critérios definidos pelo MEC quanto à autorização e reconhecimento.

Outro documento que trata da EaD é o Decreto nº 2.494/98 define, em seu artigo 1°, que a "educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação".

Através desses documentos legais a EaD adquire respaldo e força para uma oportuna implantação de cursos à distância nas universidades públicas de ensino, por meio dos Núcleos de Educação a Distância (NEAD), com o apoio e parceria do Ministério da Educação, sendo contemplada nos planos e projetos educacionais.

A partir do início desta década, a EaD passa a ser contemplada no Plano Nacional de Educação (PNE), tendo como principal meta capacitar pelo menos 500 mil professores para a utilização plena da TV Escola e de outras redes de programação educacional. O que provavelmente gerou a partir de 2004 um aumento na oferta de cursos superiores e programas de formação aos professores da educação básica na modalidade a distância.

Só na educação básica foram implantados programas como Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO) com o intuito de propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico dotando as escolas públicas com ferramentas computacionais, contando para isso com os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) nas unidades da Federação.

A educação superior, também, passa a contar com a implantação de programas como, o PROLICENCIATURA, PROLETRAMENTO e MÍDIAS NA EDUCAÇÃO desenvolvidos através de parcerias entre as secretarias de educação básica e superior e com a ampliação da Universidade Aberta do Brasil – UAB com o objetivo de oferecer cursos de licenciatura e formação inicial e continuada para professores da educação básica (BRASIL, 2007).

Entendendo a necessidade de ampliação do acesso à educação superior, muitas instituições de ensino superior brasileiras, em parceria com o Ministério da Educação, iniciam o processo de implantação de cursos de graduação e especialização a distância com o intuito de proporcionar qualificação especifica aos educadores com dificuldades de acesso ao ensino presencial.

3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: uma modalidade em expansão no ensino superior

O acesso ao mundo virtual tem se tornado um fenômeno crescente nos dias atuais, cerca de 14% da população (28 milhões de brasileiros) utilizam ou já utilizaram a Web pelo menos uma vez – em casa, no trabalho, em escolas ou locais públicos de acesso. E essa porcentagem tende a subir cada vez mais devido a grande utilidade das novas tecnologias de informação na sociedade contemporânea (OLIVEIRA, 2005).

O acesso facilitado a essas novas ferramentas tecnológicas e os consideráveis benefícios que elas podem proporcionar é um ponto importante a se destacar, pois influencia diretamente na educação pela possibilidade de conciliar estudo e trabalho configurando-se como uma alternativa de ampliação do ensino para a população. Outro ponto a se considerar é o baixo custo de alguns recursos tecnológicos como a internet que torna o acesso a EaD economicamente mais viável. Isso contribui para que a EaD se torne uma realidade no cenário educacional.

Torna-se evidente a necessidade de ampliação da oferta da educação a distância em diversos níveis de ensino, compreendendo a EaD como uma proposta pedagógica e didática alternativa que utiliza as TICs como meio para auxiliar o processo de construção do conhecimento, sem desconsiderar, no entanto, as contribuições do ensino presencial.

Com o advento da Internet o próprio conceito de a distância que antigamente designava separação física entre preceptor e aprendiz, passa a significar integração virtual entre os sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Prova disso, são os novos softwares, como a plataforma Modular Object Dinamic Learning Environment (MOODLE) um tipo de software educativo desenvolvido para apoiar o ensino-aprendizagem, ferramenta que auxilia o professor a organizar, construir e gerenciar uma disciplina ou curso on-line (ROSINI, 2007, p. 64)

De acordo com Vasconcelos (2008), a tecnologia da Internet e a criação de ambientes virtuais possibilitaram um cenário de acesso a qualquer tempo e lugar conectado para a realização de trocas de aprendizagem, de atividades colaborativas, acesso a conteúdos e bibliotecas virtuais.

A Educação a Distância é uma modalidade de ensino que se diferencia das demais modalidades por considerar em sua proposta pedagógica atividades que se desenvolvem com a utilização dos mais diferentes tipos de mídias. Os principais suportes mediáticos utilizados são os materiais impressos, o rádio, tele e videoconferência, programas televisivos e internet.

No contexto atual do ensino a distância algumas mudanças tornam-se evidentes, mudanças que vão desde a troca desses suportes mediáticos (da apostila impressa para um site na internet) até propostas inovadoras que potencializam as possibilidades do ciberespaço. O acesso a ambientes virtuais de aprendizagem proporciona a interação, a colaboração e a cooperação entre os participantes do processo.

Segundo Sales (2009) "o processo de uso da internet na instrução é um fenômeno espantoso, sobretudo no ensino superior, frente ao processo de democratização do saber, à valorização da informação e ao uso das novas tecnologias de informação e comunicação na sociedade do conhecimento".

Esse fato é percebido claramente no ensino superior quando se compara os dados disponibilizados na internet sobre o Censo da Educação Superior entre os anos 2003 e 2006 que revelam um aumento de 571% no número de cursos e 315% no número de matriculas na educação a distância. Em 2005 o universo de estudantes da EaD representavam 2,6%, já em 2006 essa participação passou a ser de 4,4%.

Existe ainda, um aumento no número de Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil. Esse fato se percebe quando se compara, por exemplo, os dados do Censo da Educação Superior de 2006 com os de 2007. Se em 2006 existiam 77 Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras reconhecidas pelo MEC, esse número cresceu de forma expressiva em 2007 passando para 102 em todo o país. O que representa em 1(um) ano um aumento de aproximadamente 32% dessas instituições de educação superior.

Esse aumento expressivo no número de IES nestes últimos anos representa uma tendência no crescimento da EaD caracterizando-a como proposta alternativa no processo de ensino-aprendizagem que busca atender ao um público diversificado que ainda não possui acesso ao ensino superiore/ou que não tem condições (disponibilidade de tempo, arcar com custos, entre outros) de participar de cursos presenciais.

A EaD começa a se destacar no cenário educacional brasileiro adquirindo credibilidade e maior adesão nas IES pela sua proposta de ensino. Nesse cenário, passam a existir instituições educacionais preocupadas ou não com a qualidade do ensino. As instituições preocupadas com a qualidade do ensino a distância se diferenciam das demais, pelo desenvolvimento de propostas e metodologias adequadas no processo de ensino-aprendizagem, considerando atividades individuais e em grupos, troca de informações e conhecimento entre os participantes e tutor; disponibilização de um calendário acadêmico, material didático, bibliotecas virtuais e outros recursos adicionais. Além disso, esse tipo de proposta acredita que a aquisição do conhecimento se dá pela participação efetiva dos cursistas em todas as etapas e atividades do curso, o que contribui para a difusão de um ensino de qualidade ofertado nessa modalidade.

De acordo com Libâneo, Oliveira, Toschi (2007, p. 266), "a educação a distância pretende expandir oportunidades de estudo, se os recursos forem escassos, e ainda procura familiarizar o cidadão com a tecnologia e oferecer meios de atualização profissional e continua". Para ele, a EaD torna-se indispensável quando os espaços formais de ensino se tornarem insuficientes para atender a demanda de profissionais sem qualificação adequada para atuar no mercado de trabalho.

Nesse sentido, a EaD, como parte de uma política educacional nacional, caminha para o promoção do aumento da qualificação profissional através da oferta de cursos de formação inicial e continuada criando assim, mais oportunidades para jovens e adultos desenvolverem habilidades no manuseio dos recursos tecnológicos e se inserirem no mercado de trabalho.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A modalidade Educação a Distância conquista cada vez mais espaço nas instituições de ensino superior, por apresentar uma proposta viável do ponto de vista econômico, estrutural, de flexibilidade de tempo e espaço e por possibilitar a aquisição e troca de conhecimentos científicos dos que dela participam.

Além disso, constitui-se uma estratégia para ampliar a oferta de ensino superior às pessoas que ainda não tiveram acesso a cursos regulares, adequando sua proposta educacional para atender a demanda do mercado de trabalho atual que busca a qualificação permanente dos professores e demais profissionais e proporcionar um avanço na democratização do saber escolarizado.

EDUCATION THE DISTANCE: a modality well into expansion at the higher education

ABSTRACT

This article trata from the expansion from the modality Education the distance at the higher education. He presents - in case that um brief historic from the education the distance at the Brazil , by highlighting the programs as of education the distance lap for its higher education , commenting above the I use of the new technologies at the education , looking at it the data statistician re the one institutions as of higher education. About to so much in case that attained research bibliographic , that if he gave right through referencial academic metodológico along fundamentals well into authors , as a José Carlos Libâneo , Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira , among others, than it is to they come in case that proposing the one browse the one modality education the distance.

key words: Education the distance. Atmospheres Virtual. Higher education.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas. Brasília, 2007.

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez. 3. ed.

2007.

OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (Org.). Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

ROSINI, Alessandro Marco. As novas tecnologias da informação e a educação a distância. São Paulo: Thomson, 2007.

SALES, Anna Maria Lima. Os desafios da educação a distância. Disponível em: < http://www.portaleducacao.com.br/educacao/principal/conteudo.asp?id=2318> Acesso em: 30 mai, 2009.

VASCONCELOS, Juliene Silva. A educação a distância/EaD e o contexto educacional brasileiro pós-LDB.In: SILVA, Maria V.; MARQUES, Mara Rúbia Alves (Org.). LDB: balanços e perspectivas para educação brasileira. São Paulo: Alínea, 2008.


[1] Graduada no Curso de Pedagogia e pós-graduanda em Supervisão e Gestão Escolar pela Faculdade Santa Fé.


Autor: marcia costa


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