Risco Globalizado



Valor Econômico
11/12/2007
Por Angelo Pavini, de São Paulo


Não são só os gestores de recursos é que estão no alvo dos estrangeiros. Empresas de serviços ligadas ao setor também são vitimas do assédio. A RiskOffice, uma das maiores empresas de avaliação de risco do Brasil, entrou na onda de internacionalização e está se unindo a Algorithmics Ventures Ltda., empresa internacional com sede em Londres e líder mundial no segmento de softwares de risco.

A associação prevê que a Algorithmics poderá comprar a totalidade das ações da RiskOffice num prazo de até cinco anos. Até lá, porém, a gestão da empresa brasileira continuará sob o comando dos sócios brasileiros, Fernando Lovisotto, diretor geral, e Marcelo Rabbat, diretor comercial. Outro sócio, o economista Carlos Antonio Rocca, irá para o recém-criado conselho da empresa, que será formado também pelo presidente da Algorithmics, o brasileiro Marcos Jacobsen. Ele será o presidente da RiskOffice. Ex-Bamerindus e ex-presidente da Andima, Jacobsen está desde 1997 na Algorithmics e pretende levar o estilo de consultoria da RiskOffice para o restante da América Latina e depois, Europa e Ásia. "Hoje vendemos o software apenas, e estamos interessados no modelo da RiskOffice, que orienta o uso dos dados e ajuda na interpretação deles”, diz Jacobsen, que deixará a empresa aos cuidados dos sócios brasileiros.

Fundada em 1999, a RiskOffice tem hoje cem funcionários e destaca-se junto aos fundos de pensão, empresas não financeiras e gestores de fortunas (family offices) pelos serviços de avaliação de risco de Investimentos (fundos, por exemplo), ativos financeiros, moedas, crédito e mercados. Uma de suas especialidades é consolidar as aplicações e o patrimônio de uma empresa ou investidor no Brasil e no exterior, explica Lovisotto. Além disso, avalia o perfil de risco do investidor e o compara com a carteira consolidada. "Tratamos o risco dos clientes de forma integrada aqui e lá fora, e entre os vários bancos onde o cliente opera."

Hoje, a RiskOffice conta com 315 clientes, a maioria fundos de pensão, que respondem por 60% das receitas da empresa. Mas o segmento de empresas não financeiras e family offices é o que apresenta maior crescimento neste ano, diz Lovisotto. "Estamos ampliando nossa base de clientes no setor agrícola, especialmente com usinas de álcool e açúcar, que sofrem com o risco da variação dos preços desses produtos", diz. Há muitas empresas brasileiras de commodities que precisam também acompanhar a evolução de produtos como petróleo, metais, minérios, e outras que estão comprando companhias lá fora, o que demanda serviços de avaliação e consolidação dos ativos e risco cambial "Isso sem contar o crescimento das empresas de gestão de fortunas de famílias", afirma Lovisotto. Há hoje um grande número de milionários por conta da onda de aberturas de capital no Brasil e os ganhos na bolsa. E todos precisam dos serviços de avaliação de risco, uma vez que, com a queda dos juros, cada vez mais há a necessidade de diversificação das aplicações, seja em renda variável, como ações, seja em produtos novos, como recebíveis de crédito ou de mercado imobiliário.

Nesse ponto, a associação com a Algorithmics vem em boa hora, pois os clientes da RiskOffice terão acesso ao banco de dados mundial da empresa, afirma Marcelo Rabbat. Ele lembra que a tendência de internacionalização dos investimentos é cada vez maior, citando a recente autorização para que os fundos de pensão apliquem ate 3% de seu patrimônio no exterior, percentual que sobe para 10% no caso dos fundos de investimento. "Há uma demanda dos próprios clientes em acompanhar outros mercados e, com a parceria, teremos acesso aos dados mundiais da Algorithmics", diz Rabbat. "Isso sem esquecer que haverá uma grande quantidade de investimentos externos vindo para cá também, com a melhora do rating do Brasil", diz.

Além do Brasil, a Algorithmics tem forte presença no México, onde é associada à empresa de risco Valmer. "Nosso desafio é levar para lá o modelo de consultoria da RiskOffice, agregando valor à venda do software com a consultoria", afirma Jacobsen;

No total, a Algorithmics tem 32 clientes no Brasil, com destaque para bancos, grandes fundos de pensão, como a Previ - dos funcionários do Banco do Brasil -, e empresas como a Vale, além da Bovespa e da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). No mercado internacional, dos cem maiores bancos, 61 usam o software da Algorithmics, afirma Jacobsen. Na América Latina, são cerca de 300 clientes, especialmente no México. A empresa tem entre seus sócios a Fimalac, empresa controladora da Fitch Ratings.

As conversas entre os dois grupos começaram há cerca de um ano, afirma Lovisotto. "Como trabalhamos em áreas relacionadas, tínhamos contato com a Algorithmics e fomos aprofundados as conversas até chegar a um acordo", explica. Lovisotto disse que chegou a conversar com outras empresas no exterior, mas acabou optando pela Algorithmics pela sinergia entre os dois grupos. "Participamos do comitê de risco de várias empresas, avaliamos os derivativos que elas usam e criamos uma lista de alternativas de hedge que elas poderiam usar, uma forma de trabalhar que a Algorithmics quer levar para outros países", diz ele.

Para Jacobsen, a procura por serviços de risco também tende a crescer. "Cada vez mais a análise de risco se toma um elemento importante em qualquer processo de investimento", afirma.

Marcelo Rabbat atualmente é também diretor da PR&A, empresa especializada em Risco de Crédito, Risco de Mercado e Consultoria de Investimento.

Fonte: Caderno de Economia


Autor: Agência Goodae


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