Quanto Custa a Insegurança



Quando li o artigo "Quanto custa o crime para o Brasil", publicado na revista Época, de 23 de abril 2007, nº 466, pude mais uma vez confirmar meu entendimento, de que se deve investir adequadamente na segurança, sela ela pública ou privada, para evitar perdas.

Muitos administradores públicos e até empresários, ainda pensam que investir em segurança custa caro e não dá retorno. Isso é um grande engano, porque não mensuram as perdas que, muitas vezes são maiores e mais significativas que o investimento necessário nas estruturas e procedimentos de segurança preventiva.

Uma premissa da segurança empresarial é "devemos evitar perdas humanas, materiais e da imagem da empresa".

Com o estudo em referência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, órgão do governo federal, muito bem elaborado, podemos entender melhor essa realidade. O Brasil, os estados e os municípios, perdem anualmente muito dinheiro público com a insegurança, por falta de uma política correta nesse sentido, pelas administrações geridas por quem desconhece tecnicamente o assunto. O trabalho contabilizou uma complexidade de perdas no Brasil, das áreas governamentais e privadas, levando em conta o ano de 2004, em que os gastos públicos totalizaram 31,8 bilhões de reais com polícia, sistema carcerário e tratamento de saúde com vítimas da violência; enquanto no setor privado esse montante foi maior – 60,3 bilhões de reais com perda de capital humano, segurança privada, seguros e perdas causadas por roubos e furtos. Somados, esses fatores resultaram em 92,2 bilhões em gastos, enquanto os investimentos, nesse mesmo ano, em educação foram de 27,6 bilhões de reais. Essa matemática é contraditória na medida que percebemos – gasta-se mais com resultados negativos de uma gestão pública de segurança do que educação básica.

O estudo do IPEA pretende orientar gestores das políticas públicas, especificamente da área de segurança. Aponta também que " as poucas pesquisas disponíveis continuarão a ser ignoradas na formulação das políticas sociais ou de segurança, enquanto o critério do loteamento partidário continuar a dirigir a nomeação dos ocupantes dos principais cargos públicos". Aí começamos entender porque o dinheiro público é mal empregado.

Temos que entender isso, e analisarmos que os reflexos da insegurança nos atingem diretamente. No Vale do Paraíba, temos municípios que o alto índice de violência e a falta de uma política séria de desenvolvimento, aliado ao fato de que seus administradores dão péssimo exemplo de administração pública, resultam para a sociedade enormes prejuízos, tanto material como de vidas humanas, fora os investimentos do setor privado que acabam abandonando a região ou não se instalam pelos problemas da má gestão pública, abalando a economia regional.

É preciso mudança desse paradigma – investimento nas áreas de segurança em geral não é custo, é prevenção de perdas. Muitas perdas são irreparáveis...

Elton Luiz Ribeiro; 42 anos; capitão policial; graduado em Segurança Pública e pós graduado em Segurança Empresarial; 24 anos de serviço operacional; consultor de segurança em geral. Contatos: [email protected]


Autor: Elton Luiz Ribeiro


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