Conhecimento e Interesse



Reflexão temática:

Quando pensamos no tema da obra Conhecimento e Interesse, pensamos em assuntos que podemos afirmar que estão ligados de maneira dependente. No que diz respeito à busca de um conhecimento de termos, se faz necessária à presença de um estimulo dado pelo interesse que o individuo possui acerca deste assunto.

Se nos fosse apresentado o desafio de elaborar um texto demonstrando o que é conhecimento e o que é interesse trabalharíamos com esta hipótese de que conhecimento depende do interesse, uma vez que é necessário ter um certo apreço na busca pelo mesmo.

Apresentação do texto com reflexões:

Introdução:

I – Teoria Nexo-práxis:

"Mas, em seu conjunto, os trabalhos da Escola ajudam a manter viva a pergunta que, desde Platão, fere a consciência filosófica: por a pergunta que as melhores teorias fracassassem frente alquilo que Marx lhes opôs, a Práxis? Este sentimento de impotência frente ao colapso teórico marcou não só a existência, mas também a trajetória acadêmica dos arautos da Escola Crítica – basta na vergonha da poesia em Adorno ou na estética da ilusão necessária em Marcuse." (HABERMAS, 1982. p. 10).

Neste ponto do texto de introdução, o tradutor nos mostra uma problemática que nos será apresentada por Habermas durante a leitura do texto. A práxis realmente caí quando sua teoria é imposta dentro das escolas? Se pararmos para refletir um instante sobre este assunto, vamos imaginar que na escola a prática não é bem utilizada.

" Ao conceder prioridade à práxis, a filosofia foi-se descobrindo indefesa contra a malícia da teoria. Esta pretende ser apenas lógica, método, axioma ou regra e mantém-se, assim, respeitosamente diante dos ziguezagues de suas práticas". (HABERMAS ,1982, p. 11).

Novamente podemos perceber a preocupação em torno do ponto fixo da práxis. Apontamos a idéia de que a práxis está, segundo o tradutor, presa ao método e principalmente à teoria. Talvez nestes dois termos, teoria e práxis, observamos uma possível antagonia entre ambos.

III – O telos terapêutico

"Marx, só vira uma maneira de transcender a filosofia: realizando-a. Para Adorno, foi precisamente a consciência dolorida desta não-execução que lhe justificou até o fim a infelixbilidade crítica perante a práxis civilizatória da cultura. A frase inicial da Dialética negativa reitera pateticamente essa convicção: "A filosofia, que já foi considerada obsoleta, continua a viver porque se deixou passar o momento de sua realização".(Ibidem, p. 16).

O que encontramos neste trecho é a preocupação em não deixar que a filosofia deixe de ser praticada como maneira de refletir sobre a maneira com a qual deve ser refletida e por tanto praticada. A filosofia deve ser, segundo o texto, executada de maneira correta e não a esmo sem conhecimento concreto do que está sendo realizado. Assim a filosofia pode sair do desuso e sempre estar presente no exercício da reflexão.

Conhecimento e interesse pode ser lido como uma tentativa de, não ao nível da estratégia programática, mas na base de uma teoria do conhecimento, superar esse impasse na crítica filosófica diante do feixe alternativo das ciências. Isso impõe a Habermas a tarefa de não apenas

enfatizar o quanto o saber tecnicista, por exemplo, denega o interesse pela emancipação, mas de detectar possibilidades histórico reais onde esse interesse não é traído pela eficácia prática senão exercido em seu status teórico-orientador". (HABERMAS, 1982, p. 17).

Neste ponto podemos observar uma excelente introdução à obra de Habermas. Mostra-nos o interesse como qual Habermas discutirá em sua obra e apresenta-nos uma síntese da obra.

Prefácio

"Proponho-me a fazer, sob perspectiva histórica, a tentativa de uma reconstrução da pré-história do moderno positivismo com o propósito sistemático de uma análise das relações entre conhecimento e interesse. Quem busca examinar o processo de dissolução da teoria do conhecimento, o qual deixa como substituta a teoria da ciência atrás de si, galga os degraus abandonados da reflexão. Recusar a reflexão, isto é o positivismo". (HABERMAS, 1982, p. 23).

Logo no princípio do texto, Habermas mostra sua proposta para o desenvolvimento do texto. Indica sua busca sobre as características e as reflexões acerca dos temas conhecimento e interesse.

8. Auto-reflexão das ciências do espírito: a critica histórica do sentido.

"A compreensão hermenêutica tem em vista um contexto de significações que são transmitidas pela tradição. Ela distingue-se da intelecção monológica de um sentido que reclama proposições teóricas. Teóricas devem ser chamadas todas as preposições que podem ser expressas em uma linguagem formalizada ou, então, ser transformadas em enunciados de uma tal linguagem, trata-se asserções tautológicas ou de proposições

prenhes de um conteúdo empírico". (Ibidem, p. 172).

Ao observamos este inicio de texto propriamente dito encontramos o caminho que, segundo o autor, parte da tradição certos conhecimentos e certas formas distintas de se obter o mesmo que é passado pelas gerações e chegam aos tempos com os quais se vive. Demonstra também a utilização teórica da linguagem em virtude da tautologia encontrada dentro do modo de pensar empirista.

"A compreensão hermenêutica tem, de acordo com sua estrutura, o objetivo de assegurar, no seio das tradições culturais, uma autoconcepção dos indivíduos e dos grupos, suscetível de orientar a ação e o entendimento recíproco de diferentes grupos de indivíduos". (HABERMAS, 1982, p. 186).

Habermas elucida a idéia da compreensão do conhecimento ligado de maneira direta aos laços apresentados pela tradição. A obtenção deste conhecimento fornecido pela história traz também o conceito de que este passado fornece-nos o interesse necessário para que haja a busca pelo saber.

"Não há dúvida que a hipótese metodológica da possível simultaneidade de intérprete e objeto é tão pouco evidente que é necessário haver filosofia da vida para torná-la plausível". (Ibidem, p. 192).

Neste trecho o autor busca demonstrar a condição do interesse por de trás da busca ao conhecimento. Deixa evidente que o objeto de estudo deve causar algum tipo de curiosidade para que o individuo possa criar a vontade e por tanto o interesse para estudar o que está em questão. Ora, podemos lembrar do esquema aristotélico de objeto e quem o vê. Não é apenas o que se observa, mas o que de fato é observado através das sensações refletidas nesta observação.

Síntese:

Uma obra com um certo de grau de complexidade na qual Jürgen Habermas demonstra suas idéias acerca do conhecimento e do interesse. Suas reflexões partem do pressuposto ao qual as idéias que trazem o conhecimento muitas das vezes se diferem, tal qual a prática e a teoria como antagônicas perante o posto de busca com o qual deve ser realizado para obter o conhecimento. Outro ponto é a diferenciação que a própria obra sugere em seu título. Até que ponto conhecimento e interesse andam juntos? O autor responde afirmando que para solucionar tanto o primeiro ponto supracitado quanto o segundo podem ser resolvidos chegando à conclusão de que um está relacionado ao outro e, portanto não podem se separar no objetivo de se obter o conhecimento perante a realidade proposta.

Estrutura lógica:

O texto desenvolve-se com uma divisão muito simples, entretanto, cansativa para ler. Habermas apresenta a idéia no começo do parágrafo e em seguida a desenvolve realizando, por meio de vários argumentos, a comprovação ante daquilo que ele afirma. Busca demonstrar a veracidade de suas propostas em vários pensadores. Encontramos muitas destas citações de Hegel, Marx, Piaget, entre outros, com críticas e afirmações congruentes a estes pensadores da história da filosofia.

Crítica

A obra lida é de extrema importância no âmbito da teoria do conhecimento. Apesar de ser necessário um certo esforço para lê-la, a partir do momento que se consegue compreender a estrutura lógica do texto, torna-se um tanto menos complicado ler o texto. Entretanto, não podemos ficar somente no campo da dificuldade em tomar contato mais a fundo com a obra, haja visto que textos filosóficos requerem um certo esforço e trabalho para estudo.

Referência: HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e interesse. Editores Zahar. São Paulo: 1982.


Autor: Bruno Cardoso


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