Lar da Agonia



Tento adormecer, mas imagens macabras não deixam minhas pesadas pálpebras caírem. Sou sensitivo, sinto o desespero dos vivos, dos mortos, almas em agonia.
Levanto de minha cama, vozes injustiçadas gritam, espíritos presos a grilhões pedem justiça, clamam piedade.
Os espelhos são portas, neles não enxergo o meu reflexo, vejo a dor daqueles que tiveram a vida interrompida.
Tudo perturba. Se não os que já se foram, os que ainda estão por ir, marcando meu corpo em escarificações de fome, sede, pressão e dor.
Então me entupo de morfina, despejado em um sofá sujo, olhando uma TV e rezando para que a overdose venha logo, saciando meu corpo aflito pela benção dos interrompidos. Esperando Morrer.

Autor: Felipo Bellini Souza


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