A Linguagem Mato-Grossense



Mato Grosso por ser uma região central e de difícil penetração, permaneceu isolado por muitos e muitos anos. Como tal, os grupos humanos que aqui chegaram, habituaram-se a falar um pouco diferente da linguagem dos outros centros. Eles criaram um linguajar próprio, porém usando a mesma língua portuguesa a qual sofreu influência espanhola e indígena.

O Estado começou a ser explorado pelos paulistas que também não se preocuparam com a língua. Em aqui chegando, eles misturaram o português que já sofrera diferenças no Brasil de então, com a língua indígena, além de criarem termos novos para designar novos objetos que inventaram ou descobriram.

Na verdade os exploradores viam a língua em seu verdadeiro aspecto:veículo contínuo de levar e receber mensagens. Ela é uma manifestação da cultura, por isso refletirão nela os aspectos sociais, culturais, econômicos, históricos, etc. Eles usavam a língua para entenderem e serem entendidos.

A televisão já atinge mais de 150 milhões de brasileiros. Além disso há milhares de instituições culturais em todo o país: escolas, igrejas, unidades filantrópicas, jornais, rádios, revistas, CDs e DVDs, etc. tudo isto faz com que a nossa língua permaneça una em todo o país. Mas ela é um veículo vivo e sofre modificações a cada dia.

O "tch" falado fortemente por alguns grupos do Estado vem de Portugal. Aqui ele permaneceu por causa do grande isolamento do povo e a despreocupação com a língua. Também não havia escolas, apenas algumas instituições culturais.

Segundo Franklin C. da Silva, o "tch" veio de São Paulo. Isto é verdade, mas como ele chegou lá? Trazido de Portugal, é claro. Provavelmente o "tch"e o "Dje" chegaram a Porgual vindos da Itália, já que se aproximam muito da língua italiana. Veja como as palavras se aproximam: Piangere (Piandjere-Italiano), Jogo (Djogo-Cuiabano), Vespucci (Vesputchi-Italiano), Cotchipó (Coxipó-Cuiabano) e milhares de vocábulos parecidos.

Esta pronúncia permanece apenas nos meios isolados, nas zonas rurais de Rosário Oeste, Livramento, Poconé, Guia, Acorizal, Santo Antônio, Mimoso e em Cuiabá-Várzea Grande nos lugares: Capão Grande, São Gonçalo, Guarita e muitos outros. Na zona urbana este linguajar quase desapareceu.

A linguagem agora está de mãos dadas com a língua geral do país e o povo comete os mesmos erros desde o Amazonas ao Rio Grande do Sul. Vejamos: Mulher (muié), Melhor (mió), bom (bão),homem (homi), plano (prano), problema (Pobrema). O brasileiro quase nunca usa o infinitivo. Ele diz cantá (cantar), vendê (vender) corrê (correr), etc.

Entretanto ainda falamos e escrevemos a língua portuguesa, por mais variada que ela seja nas diferentes regiões do país.


Autor: Henrique Araújo


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