Contemplar no silêncio



Contemplar, silenciar, calar o interior e exterior, para que seja possível iniciar uma aproximação da beatitude e benignidade. Beatitude e graça, paz imperecível que emana do Espírito de Deus. O silêncio pode ser uma porta a ser aberta para a aproximação beatífica, não silêncio que murmura e incomoda a alma, mas um silêncio acalentador que remete a alma a uma tranqüilidade espiritual harmoniosa. O silêncio requer de nós uma interiorização, um desligar do interior com o mundo exterior, requer uma higienização dos pensamentos. Não pode haver espaço para pensamentos de destruição e malévolo, ou que possa nos possa remeter a uma situação de medo, raiva, intolerância e pecado. Deve ser apenas leve, cheio de bondade e graça. O desligar-se nos exige controle das emoções externas e internas, não pode existir coisa alguma a não ser o vazio completo e inseparável da própria alma. O vazio seria como um cálice a ser preenchido de bondade, m cálice límpido a tal ponto, que reluz seu interior. Todas as pessoas poderiam notar a benignidade que brota do interior do ser contemplativo. Nisto não há mais espaço para a iniqüidade malévola.Esta experiência é imensurável, pois, a experiência é única para cada pessoa. Seria possível apenas fazer uma tentativa de exprimir de forma que se aproxime do nosso entendimento como: paz, alegria e amor. [1]"Neste esforço para uma oração continua, algo sempre escapa. O homem deve deixar-se prender por aquele que deseja nos unir a ele". Nós não podemos apreender tudo que experimentamos, pois, esta alem de nós mesmos, como o próprio Deus. Com disse santo Anselmo em sua brilhante e piedosa colocação acerca de Deus: [2]"Deus, porém, "o ser do qual não é possível pensar nada maior"".

Gilvan Lopes da Silva – Livro: A maldade humana


[1] LAPLACE, Jean. A oração anseio e encontro. Ed. Paulinas. São Paulo, 1977. Coleção de teologia para o homem de hoje- Crê e Compreender.

[2] CANTUÁRIA, Anselmo. Proslógio. Ed. Abril Cultural. Trad. e notas de Ângelo Ricci. São Paulo, 1973.


Autor: Gilvan L. Silva


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