Formação de Professores



A escola é tida como espaço de construção de conhecimento, e a educação que é fruto dessa escola não pode ser negada a nenhum cidadão. Partindo de tal afirmação este ensaio pretende enfatizar quão importante é a educação de jovens e adultos, a qual deva ter como centro a ambiência desse aluno, o conhecimento não formal que esse possui e todos os fatores que podem contribuir para uma educação de qualidade para esse jovem e esse adulto, não esquecendo de sinalizar a importância participativa do professor que ativa essa modalidade, o qual deve desfrutar de uma educação continuada para que exerça com êxito a formação de cidadãos críticas.

Introdução

A escola tem papel primordial na formação do ser, já a educação é tida como um conjunto de ações que auxiliam no desenvolvimento humano dos indivíduos, na sua relação ativa com o ambiente sócio-cultural e, é a partir do conhecimento intelectual (formal) é que os cidadãos exercem sua cidadania, cumprir com seus direitos e buscar seus deveres. Então é através da educação que o homem se emancipa e passa a ser no mundo.

A educação de jovens e adultos é entendida como sendo uma forma de ressarcir os cidadãos que não tiveram na infância a oportunidade de freqüentarem a escola normal, devido a questões de trabalho, ou seja, muitas das pessoas que hoje se utilizam da EJA é porque anteriormente tiverem que abrir mão da escola para trabalharem e assim ajudarem no sistema de suas famílias. Porém a Educação de Jovens e Adultos não deve ter como finalidade somente a alfabetização, aos sujeitos dessa devem ser dispensada a atenção ao que refere-se a escrita, leitura e interpretação de mundo e como esse educando deve agir nesse mundo.Segundo Freire,

Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo o conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma "intimidade" entre o saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não discutir as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso? (1996, p.30)

A partir da afirmação de Freire, cabe ao professor do EJA levar em consideração todo o contexto em que o aluno esta inserido. Então ao educador que trabalha com a educação de Jovens e Adultos ter em mente que a EJA é um direito e que a mesma deve ser planejada, elaborada e constituída de bons conteúdos, os quais possam ser relacionados com a ambiência do jovem e do adulto, sendo que o conhecimento que ambos trazem de suas experiências cotidianas não podem ser deixadas de lado.

Nota-se que a escola não propicia a EJA um ambiente próprio, pois, as aulas acontecem em escolas totalmente infantilizadas, ou seja, nos espaços que acontecem a Educação de Jovens e Adultos durante o período diurno são na sua grande maioria sala de aula de Ensino Fundamental I. Certamente um ambiente conota um não pertencimento ao âmbito escolar por partes dos adultos.

Diante de tais explanações cabe ao professor da EJA buscar primeiramente enxerga-lá como um direito a sim como afirma Gadotti:

A educação de jovens e adultos não é uma questão de solidariedade. É uma questão de direito. E mais: essa inclusão de jovem e adulto no sistema de ensino precisa ser acompanhada de uma nova qualidade, não uma qualidade formal, mas uma qualidade social e política (2005, p.41)

Porém para que isso aconteça se faz necessário que os educadores do EJA, criem metodologias para facilitas a aprendizagem desses sujeitos e procurem sempre a formação continuada a qual deve ter como objetivo central uma educação de qualidade para os jovens e adultos brasileiros.

Desafios e possibilidades do EJA

A ação educativa deve ser a preparação para o exercício da cidadania e formação de uma conduta ética e solidária, essa idéia deveria nortear também a Educação de Jovens e Adultos, pois essa modalidade de ensino regular não está sendo contextualizada dessa forma.

Tendo em vista que a educação de Jovens e Adultos é nortear os educandos as habilidades de leitura, escrita além de resoluções de cálculos para se tornarem cidadãos aptos para sociedade. A EJA tem como referência a pluralidade dos sujeitos que dela fazem parte, conforme Arroyo, "os olhares sobre a condição social, político e cultural dos alunos da Educação de Jovens e Adultos têm condicionado as diversas concepções da educação que lhe é oferecida", os alunos são tratados como sem identidade, pois de alguma forma não poderiam estar presente no ensino básico. Outras concepções e proposta que deveriam nortear a educação de jovens e adultos seria um comprometimento com a formação humana, pois os alunos são os sujeitos que devem fazer parte do processo pedagógico para dar conta de suas necessidades e desejos, além de ter um ambiente propicio para que na educação venha realmente sanar esses impasses que permeiam a educação de jovens e adultos.

Construir uma educação de jovens e adultos que produza nos seus processos pedagógicos, onde contemple esses sujeitos, implica uma transformação no âmbito escolar, pois valorizar e mobilizar conhecimentos que partam da vida desses sujeitos. Uma educação que mostra interesse por esse sujeito não como um processo de aprendizagem. Para se transforma esta realidade do EJA se faz necessário repensar nas práticas pedagógicas e uma reformulação do currículo, pois a cultura escolar é muito desvalorizada, para nortear esta temática deve incorpora a pluralidade dos seus sujeitos. Se faz necessário adotar estratégias pedagógicas e metodológicas para traçar metas para a formação de professores responsáveis por este modelo de educação. Segundo Carrano: "ao dialogarmos com educadores, nos abrirmos para a totalidade dos processos educativos, do qual a escola e seus sujeitos são partes indissociáveis"(2000,p.10) pois, os educadores têm o papel de indagar , problematizar, despertar a curiosidade e transformar o processo de ensino aprendizagem.

No diz respeito a formação de professores dessa modalidade a muitos entraves, pois nota-se a falta de cursos para a formação desses educadores, além de políticas públicas que possam direcionar essas questões. Conforme Arroyo:

Se caminharmos no sentido de que se reconheçam as especificidades da educação de jovens e adultos, aí sim teremos de ter um perfil específico de educador da educação de jovens e adultos e, consequentemente, uma política específica para a formação desses educadores. (2006, p.21).

Perfil este que deve estar ligado as necessidades da educação dos jovens e adultos, uma vez que se faz necessário conhecer a história o percurso dessa modalidade para poder traçar práticas educativas que vai além das necessidades do sujeito, ou seja, fazer uma ligação entre a teoria e a prática.

Partindo dessa concepção a educação continuada em qualquer sentido,não se desvincula da luta por uma boa escolarização básica que atinja a todos,remetendo um modelo de sociedade educativana qual a educação continuada é parte integral de todo social,unindo os sistemas formais e escolares de jovens e adultos,junto com a educação com a educação formal

Refletindo sobre a EJA

A educação é direito de todos e dever do Estado, isto é o que estar em nossa Constituição de 1988, mas como fazer com que a lei venha ser colocada em prática, em um país onde a escola fecha as portas para seus educandos?

A educação a cada momento tem evoluído, junto com o desenvolvimento da sociedade ( Arroyo,2004, p. 66 ), porém a muitos anos atrás o índice de analfabetismo era o altíssimo e isto era ruim para a sociedade, pois havia uma grande quantidade de pessoas não votantes e para solucionar este problema, surgiu a educação de jovens e adultos com o intuito de produzir cidadãos, ou seja, votantes.

A partir de Paulo Freire que se começou a pensar a educação de jovens de adultos , ou seja , em se reformular esta educação , respeitar a identidade do educando e o direito a uma educação de qualidade.Para Gadotti:

É uma humilhação um adulto ter de estudar como se fosse uma criança , renunciando a tudo que a vida ensinou-lhe. É preciso respeitar o aluno, utilizando-se uma metodologia apropriada, que resgate a importância de sua biografia. Os jovens e adultos alfabetizandos já foram desrespeitados uma vez quando tiveram negado seu direito à educação. Ao retomar sua instrução, não podem ser humilhados mais uma vez por uma metodologia que lhes nega o direito de afirmação de sua identidade de seu saber, se sua cultura. (2005, p.41)

Diante da explanação acima e levando em consideração a Conferência Mundialide Educação para Todos (1990) , que influenciou na aplicação da reforma de incluir as necessidades básicas de aprendizagem e no fortalecimento da visão ética e da valorização de aprendizagem do educando da EJA , e a da Conferência de Hamburgo , onde a UNESCO enfatiza que é precisoinvestir na Educação de Jovens e Adultos e na formação de professores , capazes de fazer da EJA, seja a ferramenta chave na mudança de como a sociedade a vê.Conforme Gadotti:

Enfatizando a necessidade de reconhecer o papel indispensável do educador bem formado, garantir a diversidade de experiências... fortalecer a sociedade civil e a cidadania , integrar a educação de jovens e adultos como um processo permanente de aprendizagem ( 2005,p.41)

Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo. Fazendo um link da fala de Paulo Freire com o que esta escrita na Constituição de 1998, Educação Direito de Todos, lembra-se que a EJA é uma educação dos excluídos, pois, há poucos cursos de formação de professores de uma educação que vem sendo desfigurada por não ter um lugar à sociedade, o que é perceptível quando observamos que não há uma formação e educação continuada para os professores eeducandos dessa modalidade.

Contudo, se faz necessário que a sociedade juntamente com os órgãos responsáveis pela educação, se comprometa em promover políticas públicas as quais tenham a Educação de Jovens e Adultos como um direito dos cidadãos que, por motivos outros, não tiveram acesso a educação básica na faixa etária adequada e que merecem participar e agir na sociedade na qual estainserido..

Referencial Bibliográfico

ARROYO,Miguel.A educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão.A educação e a cidadania.São Paulo: Rede de apoio à Ação Alfabetizadora do Brasil (RAAAB), n.11, abril 2001.

CARRANO,Paulo César Rodrigues. Identidade, juvenis e escola.Alfabetização e cidadania. São Paulo:Rede de apoio à Ação Alfabetizadora do Brasil (RAAAB), n.10, abril 2000.

FREIRE, Paulo.Educação e atualidade brasileira/Fundadores do Instituto Paulo Freire;organização José Eustáquio Romão; depoimentos Paulo Rosas, Cristina Helniger Freire.- 2.ed.-São Paulo:Cortez:Instituto Paulo Freire,2002.

FREIRE,Paulo.Pedagogia da autonomia:saberes necessários à prática educativa/São Paulo: Paz e Terra, 1996( Coleção Leitura)


Autor: Patricia Pinheiro Serra


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