NOSSO GRITO NÃO ECOOU!



Caríssimos Pe. João Cardoso e Luciano Santana, paz e bem!

Dirijo-me a vocês dois (MAS DIGO-LHES, QUE ENVIO, TAMBÉM, A OUTRAS PESSOAS E ENTIDADES)  tendo em vista terem sidos os organizadores mais diretos, em Conquista, do Grito dos Excluídos, e se assim o faço é meramente, embora saiba e reconheço que não devo ser muito considerado, devido ao fato de testemunhar que o Grito dos Excluídos em Conquista é hoje meramente um ritual no sentido de descarrego de consciência.

Conquista, mesmo tentando fazer cumprir o pedido da CNBB, através dos setores das Pastorais Sociais,  é sui generis, pois (creio que com certeza) é a única cidade do Brasil que realiza o Grito dos Excluídos, fora da data prevista (permanecendo assim a certeza de que não se deva realizar o Grito no desfile do dia 7, como se realiza em todo o Brasil, para não incomodarmos “ nossas autoridades”) e sem Excluídos, mas que destaca autoridades, dos poderes constituídos, na “sua Marcha”.  Na “Marcha” desse ano, o que ficou marcadamente foi a festa proporcionada pelos meninos da Pastoral do Menor (graças à Deus, eles foram pela segunda vez o quorum garantido) e o destaque dos representantes da PMVC, da Câmara de Vereadores, sem, de fato e de direito, presença de Excluídos. Até as palavras de ordem, aqui ficando meramente de cunho institucional, não conseguiram dar destaque ao Lema do Grito dos Excluídos, pois convenhamos, mesmo pela sua intencionalidade de justeza, quem de plena razão -  inda mais  depois do próprio Presidente Lula afirmar, no assombro de ver aprovado as emendas sobre o Pré Sal, de que o Governo tem que se comportar como uma boa Mãe “para seus filhos”, ou seja aqueles que o apoiarem terão todas as suas regalias atendidas – acredita na Campanha de ver acabada a corrupção e o resgate da ética e da cidadania nos poderes constituídos no Brasil? Sonhando que isso seja concretizado, quem irá querer habitar as searas do poder, se o que move o “seu assumir” é a certeza do que Ele tem a dar, cabendo ao povo as favas? Vale destacar que as Associações, Movimentos Sociais, Partidos ditos de Esquerda - que compõem as e$$$feras do Governo - e outras articulações civis de Conquista hoje são cabides remunerados de sustentação dos Governos Federal, Estadual e Municipal, e por reconhecer essa premissa, aqui cabe uma pergunta de bom termo: onde estão (e quais são, concretamente) as Pastorais Sociais de Conquista?    

Desculpem, mais uma vez, minha franqueza, mas o que ficou demonstrado no referencial do Grito dos Excluídos desse ano é que o importante para a nossa Igreja é continuarmos a ficarmos encantados com o enchimento de seus templos, pois de dentro deles conseguimos passar adiante, mesmo que 99% não sejam cumpridos, todo o instrumental, aparentemente, de uma “Igreja viva e atuante” e assim, dando nossos recados dos púlpitos, ficaremos quites com a oficialidade (e essa oficialidade, muitas vezes no planar de uma acomodação sempre estará agradecida),  esperando que nossa salvação esteja garantida e isso basta! Triste sina!

O mundo hoje vive um dinamismo impressionante e a Igreja, embora não assuma (aqui em Conquista mais ainda), vive uma crise secular – para tantos, somente como enfoques iniciais, encaminho, nos anexos (OS QUAIS RECOMENDO NÃO SOMENTE AS LEITURAS, MAS QUE SEJAM FEITAS REFLEXÕES E SE POSSIVEIS DEBATES) fatos e reflexões de algumas inflexões hoje que abordam o caminhar da Igreja – e creio, mesmo que tardia, ser importante que nós acordemos e comecemos a sermos capazes de enxergar essa realidade, antes que fiquemos mais ainda a reboque da história e dos rumos que poderão advir “dessas tempestades”.

Será que podemos deixar de negar que os jovens não estão respondendo ao Chamado da Igreja e da Fé? que enquanto Igreja não somos capazes de aferir com o SOS que os nossos jovens estão a nos clamar, principalmente, no tocante aos nossos desvios de olhar: sobre a violência  que a eles assolam e vitimam, sobre a falta de carência de  afetiva que eles nos apresentam (não é a toa que o crescimento das relações “não anormais” estão afloradas entre eles, só não ver quem não quer o grande número de casos presentes “na nossa realidade)? que algumas vocações, notadamente as sacerdotais,  estão sendo formadas simplesmente na rapidez da mera institucionalidade (pouco tempo atrás perguntei a um seminarista, em via de começar Teologia, o que ele achava da Igreja de Pe. Josimo, Margarida Alves, Eugenio Lyra, Camilo Torres, Dom Romero, Jon Sobrino, Gustavo Gutierrez, Dom Helder, Dom José Rodrigues, dentre outros e a resposta dele, com exceção de Dom Helder, foi a de indagar-me sobre quem era essas outras “figuras”)? que só não enxerga quem não quer, que quando  apresentamos realidades de engajamento de uma Igreja Viva (como encontros para Mutirão para um Brasil Melhor e de todos, Semanas Sociais, tentativas de criarmos Movimento Fé e Política, discussões sérias sobre o Ser Igreja...) pairando no ar o desejo de termos cumprido com o que se pensou, mas deixamos de lado a seqüência de essas manifestações se vinguem e que hoje, notadamente em Conquista, sede da Arquidiocese, vivemos uma realidade, sobre esses moldes, totalmente incipientes  e que, muitas vezes, por descaso “das autoridades” eclesiais e por temer o embate com as “autoridades civis”, já que temos muitos de nossos mandatários da fé atrelados nas searas do poder e não podemos prejudicá-los? que a opção preferencial pelos pobres é somente uma “figura de linguagem” e uma mera retórica? que as homilias hoje não conseguem apregoar uma vivencia de fé às pessoas (quem não é capaz de reconhecer que durante as Celebrações Litúrgicas o mais importante, para a maioria dos fiéis – notadamente 90% “cabelos brancos” -  que ali vão participar,  o que mais importa é a “reza do terço” – principalmente no momento das homilias - e o cumprir o formalismo ritualístico, do que em se preocupar com a catequese que nos é oferecida, como vivencia na e para a vida, pois essas homilias “não conseguem falar a linguagem do povo”, pois elas, na sua imensa maioria, são mais ritualísticas do que  “mensagens engajadoras” – pouco tempo atrás, foi feita uma pesquisa no seio de “nossas Igrejas” e o destaque maior foi “o povo” dizer que o que mais cansava nas Celebrações Litúrgicas era ouvir “o Sermão dos Padres” e que “isso” deveria ser abolido)? que o patriarcado ainda aflora e afronta - notadamente aos mais jovens e outras pessoas que vivenciavam a fé  e que a abandonaram literalmente -, “o nosso SER IGREJA – sobre essa premissa do predomínio patriarcado, nas discussões filosóficas atuais, se destaca o sentido dos 7 Sacramentos: que na verdade  para os homens são de fato 7, mas, para as mulheres são 6, já que o da ORDEM ainda é uma utopia, e algo infundado, para que elas possam “serem revestidas”-?  que, de fato e de direito, não conseguimos perpassar uma realidade de que, enquanto sermos Igreja, não conseguimos viver uma vida de comunidade e de irmãos, principalmente devido ao caos em que vivemos cotidianamente e que por isso é que não conseguimos firmar nossas pastorais e movimentos?  que a vivência, considerando o “público que a freqüenta”, hoje no se constituir Igreja é muito mais cultural, do que uma confirmação de fé? que a dicotomia, aqui na “nossa Arquidiocese”, entre o clerical e o laicismo é, ainda, uma realidade distante do se construir e constituir Igreja, enquanto filhos e filhas de Deus, perpassado pelo primado da autoridade e que isso, notadamente entre os mais novos,  dificulta o nosso caminhar e que só não enxerga quem não quer ver? etc, etc, etc?????

Precisamos definir o nosso caminhar, principalmente, a partir da inter-relação, para conseguirmos tentar chegarmos a uma comum-união, sobre o nosso pensar e o desejo de sermos Igreja. Sei que o ritual e o formalismo é o que move o seu status quo, mas   mesmo mantendo essa realidade, ainda creio ser possível passarmos a termos uma “nova cara”, deixando de lado essa feiúra que nos abrange.

E assim Pe.João Cardoso e Luciano Santana, vocês, na referência da constituição do Grito dos Excluídos, e pelo “poder” que lhes são aferidos, dentro do contexto da vivência da Igreja que ainda não esta adormecida, juntamente na busca da união com aqueles e aquelas que estão dispostos a manterem vivos o dragão da Fé comprometida, serem capazes de ainda fazer acordar, como em muitas realidades e em pessoas pelo mundo afora ainda esse primado permeia, e dar vazão à realidade concreta da Igreja que vive no Cristo, por Cristo e pelo Cristo. Se isso não for capaz, o nosso Grito será mais ainda emudecido e ao calarmos, estaremos sujeitos e sujeitas  a somente continuarmos a vivenciar uma Igreja que terá como sobrevida somente joelhos cansados de ficarem prostrados  a espera de que “o céu” nos acolha. Se assim for, como está sendo clareado, esse céu estará marcadamente cheios de resignados e conformados. Será isso que Deus quer de nós? Quem viver, verá!

Como alento final, creio que a cara da nossa Igreja pode ainda ser permeada por “rostos lindos” e alentos revigorados de comprometimento com a fé. O Grito, na sua realização do dia 04/09, não conseguiu fazer ressoar o clamor da Igreja Povo, mas no dia 06/09, as 10 da manhã, na Igreja de Nossa Senhora de Fátima (Seminário), pude ser uma das testemunhas de que ainda em nossa Arquidiocese aflora a dimensão da IGREJA POVO DE DEUS, quando, devido à celebração do Jubileu de Prata, em comemoração aos 25 anos de Visa Sacerdotal do Frei Jesulino (pena que além do Monsenhor Uilton -  Vigário Geral -, Pe. João Cardoso, Pe. Gerson Bittencourt e Pe.  Joselito de Anagé, “os seculares presentes”, outros padres “faltaram” , muitos deveriam mais do que premente ali estarem, para poderem enxergarem), a maioria das pessoas que encheram aquele templo, eram oriundas das “nossas CEBS” – pena que alguns “cabeças” apregoam que elas não mais existem – e que por ali estar é que pude arrefecer o ânimo de que ainda a materialidade da Igreja comprometida e vivencial está no “meio de nós” e que ainda poderemos sobreviver além das fachadas de nossos templos. Agradeço a Deus pelos 25 anos de Vida e eEngajamento Sacerdotal do Frei Jeuslino e por nos trazer a tona, há muito que não presenciava essa vivacidade, ainda essa “realidade do Ser Igreja”, a qual as CEBs, notadamente as rurais, marcaram e, graças a Deus, ainda marcam o nosso jeito (e que creio ser “o jeito do Cristo) de ser Igreja. Se mirarmos nessa luz, com certeza ainda poderemos ainda confirmarmos o nosso SER SAL DA TERRA nessa seara em que habitamos.

Que Deus nos guie e nos abençoe nessa empreitada.

E isso sendo possível, o nosso GRITO AINDA PODERÁ SER ECOADO PELO MUNDO AFORA E, COM CERTEZA, BEM BARULHENTO, ACORDANDO A TODOS E TODAS. BASTA QUE QUEIRAMOS E NÃO MAIS SOMENTE DESEJEMOS CUMPRIR COM NOSSOS RITUAIS. ASSIM SEJA!

AMÉM! AWERE! AXÉ!

Na paz do Senhor,

Helio da Silva Gusmão Filho (Helinho)

(77)88221743

[email protected]

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Autor: HELIO DA SILVA GUSMAO FILHO


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