O Trabalho e o Seu Papel Social



O Trabalho e o Seu Papel Social

Uma Perspectiva Existencial do Individuo Social¹

Gésica Borges Bergamini²

Mariângela Aloise³

RESUMO

 

Com o intuito de levantar dados teóricos e bibliográficos sobre o papel social do trabalho, dentro do contexto de confirmação do individuo quanto à sociedade, este artigo tem como foco principal à visão funcional da relação contratante e contratado, correlacionando-a com a teoria existencial, onde o trabalho e visto como parte da auto-realização pessoal.

 

Palavras – Chave: força de trabalho, papel social, trabalhador, existência e capitalismo.

 

ABSTRACT

 

With the design of picking dice theoreticians and bibliographic above the papel social of the I work , inside of the argument of affirmation of the individual as to the society este product tem I eat focus principal on the view functional from relation contractors & hired , correlate - the with the theory existentialism , where the work & I wear I eat she breaks from self - realization personal.

 

 Words - Key: work force , papel social , worker , existence and capitalism.

 

INTRODUÇÃO

 

Este projeto teve como fonte de dados as bibliografias existentes sobre o papel social do trabalhador, dados históricos sobre o desenvolvimento social do trabalho, sempre focados na visão socialista, tempo por base o capital humano.

A proposta deste artigo foi baseado na teoria existencial, fazendo uma análise sucinta dos dados bibliográficos, com a identidade social do individuo, dentro do seu trabalho, como fonte de confirmação e aceitação existencial, levando o fato individual para o social e assim promovendo a avaliação dos impactos na sociedade é da sociedade para com o trabalho e o trabalhador.

 

De acordo com Codo (1994):

Neste momento, o pensamento humano necessita transformar a reflexão sobre o homem na intervenção sobre o homem. Reclama-se da Psicologia que abandone a Filosofia, a promiscuidade entre o sujeito e o objeto, e venha se alojar na ciência, transformando de Re-flexão em controle.

 

A psicologia não tem estudos definidos sobre o papel social que o trabalho tem na vida do individuo, quais as contingências de comportamento que ele adquire por causa do seu trabalho, qual a posição social que ele tem em relação ao seu trabalho, qual o real fator preponderante do trabalho para com o trabalhador.

 

Podemos levantar inúmeras questões, temos um fator histórico, onde o homem necessita alimentar-se, conseguindo o alimento através do seu trabalho. Antigamente trocava-se, hoje se vende à força de trabalho. Como será vendido esta força, ou quanto ela vale? Como medir esta força de trabalho, onde o individuo está inserido como controlador de seu corpo, como um ser livre socialmente, entrando então na discussão do capitalismo.

 

Fazendo então um levantamento teórico e bibliográfico sobre o papel social do trabalho, dentro do contexto de confirmação do individuo quanto à sociedade, este projeto teve como foco principal à visão funcional da relação contratante e contratado, correlacionando-a com a teoria existencial, onde o trabalho e visto como parte da auto-realização pessoal.

 

Ainda temos a prerrogativa do status social, onde determinado “trabalho” tem mais “respeito” socialmente, ou aquele que me da um retorno melhor financeiramente, já não se preocupa em ter certo conhecimento sobre determinado assunto, como anteriormente onde as relações de trabalho eram realizadas através das gerações, o ensino da profissão, era uma marca na família, hoje não é mais assim, a atual conjuntura propõe a livre escolha, dentro das possibilidades, de qual tipo de trabalho  as pessoas querem fazer.   

 

Com a intenção de facilitar e nortear a pesquisa elaborou-se um objetivo geral que foi: Fazer um debate entre teóricos e bibliografias que falam sobre o trabalho e o seu papel social, levando para uma perspectiva existencial do individuo social. Para um melhor direcionamento da pesquisa levantaram-se também três objetivos específicos, os quais foram: Listar os fatores que levam aos seres humanos a terem a necessidade de vender a sua força de trabalho e como isso é aceito e valorizado socialmente; Relacionar os dados obtidos no levantamento bibliográfico com a teoria existencial para realizar um estudo sobre o trabalho e o real papel social que ele possui na vida do trabalhador; Desenvolver um raciocínio critico em relação à venda da força de trabalho de forma a trazer uma identidade social e sub designar os papeis sociais.

 

Iniciando então o estudo desta pesquisa pressupõe que de acordo com a teoria existencial o homem procura sempre estar inserido dentro dos fatores sociais, sentir-se aceito, ter uma obrigação, um papel social bem definido, e saber conviver com as suas escolhas individuais sem a preocupação dos “outros”, dentro desta perspectiva podemos confirma que o trabalho confirma o papel do individuo na sociedade e atua como opressor e modificador de comportamento, pois o comportamento humano é modificado de acordo com a necessidade e com o meio em que este se encontra, então e possível que exista uma mudança de comportamento, logo de papel social.

 

 

Sendo o ser humano um ser que possui a necessidade de ascensão na vida social, nada mais comum que procurar um reconhecimento social dentro do âmbito do trabalho, pois o mesmo muitas vezes transforma indivíduos esquecidos socialmente em pessoas respeitadas e com status social.

 

Estudar este fenômeno é uma necessidade, pois estamos caminhando para a globalização, onde todas as força de trabalho estão interligadas a papeis sociais, onde o preço da força de trabalho é definido em mesas internacionais de negociação, onde ocorre à exploração da mão-de-obra dos países em desenvolvimento, nosso sistema, quase mundial, o capitalismo, coloca o trabalho como fonte de crescimento, porém no mercado do consumo, quanto mais lucro melhor.

 

Além do mais os trabalhadores hoje, não estão inseridos nas lutas de classes, na forma defendida por Marx. O trabalho é utilizado como maneira de reprimir a luta de classes, os trabalhadores são ameaçados e a nova geração cresce dentro de uma conjuntura onde o trabalho e necessário para a sobrevivência, logo se deve submeter a todas as suas exigências a fim de não perdê-lo, a competitividade esta de forma silenciosa modificando o perfil do trabalhador, já não se questiona sobre o próprio trabalho, sobre sua força de trabalho, sendo simplesmente aceito, por uma questão de sobrevivência. 

 

O TRABALHO E A PERSPECTIVA EXISTENCIAL

           

Segundo Lane, (1994) Skinner inicia o seu Verbal Behavior com a seguinte frase: “Os homens agem sobre o mundo e o transforma, e são por sua vez, transformados pelas conseqüências de suas ações”.Com base na frase de Skinner, vamos identificar o trabalho como a forma de modificar o meio, pois tudo que compõe o ambiente em que estou tem uma característica em comum, é o resultado do trabalho humano. (Codo,1994)

 

A ação de modificar algo torná-lo útil e um trabalho, porém estamos falando de um trabalho abstrato, a força de trabalho, que não e medida pelo esforço físico e sim pelo trabalho, ação elaborada. O trabalho não confere uma identidade social, pois quando e perguntado “quem sou”, em primeiro momento recorre-se a função social, ao trabalho.

 

Sergio Lessa (1998) diz que Ao penetrar em todos os poros da reprodução social, o capital deu origem a uma instituição intrinsecamente contraditória: ao se apoderar de cada momento de nossas vidas, converteu-os em um enorme vazio, carente de todo e qualquer significado autenticamente humano. Remetendo-nos a uma analise recorrente ao consumo, poder, aquisição, bens material, tudo obtido através do capital.

 

A vivência do ser humano hoje é regida pelo capital, numa intensidade, exibindo uma carência de sentido, a existência perdeu sua dimensão mais essencial. O Ser humano já não sente mais, ele é, uma afirmação social, de acordo com o que possui, já não trabalhamos para suprir nossas necessidades básicas, e sim desejos que passam acima pelo viés do simples alimentar, vestir e acomodar. 

 

Dentro deste estudo Lessa (1998) diz que “É indiscutível que há um salto de qualidade ente Hegel e os pensadores que, de Hobbes a Rosseau, conceberam os homens enquanto essencialmente proprietários privados”. Hoje estudamos o homem inserido no capital da propriedade privada onde:

 

A humanidade, é a nenhuma outra instância, essência ou transcendência, cabe a responsabilidade última pelo seu destino. Ainda que os homens disso não pudessem ter plena consciência antes do desenvolvimento das forças produtivas possibilitado pelo capitalismo, não há qualquer determinação fundamental da vida social que os homens, com sua ação, não possam altera ou mesmo destruir. (...) Nós somos o que nós nos fazemos ser;”.

 

A análise de uma entidade social esquecida, que não pode ser modificada ou alterada nos remete a uma modificação de pensamento, possivelmente adquirida no contexto social da revolução industrial, onde o proletariado, o trabalhador, nada podia fazer além de ser quase que “escravizado” pelo dono da empresa, que por sua vez queria lucro a todo custo. Sendo a parte pobre, estando em condições de estrema pobreza e fazendo parte de sociedade onde quem possui maior capital tem o poder o trabalhador se cala como ser social e adquire uma postura de maquina, que não opina, não reclama, somente trabalha, em troca de alguns trocados para alimentar a família.

 

Lessa (1998) vem lembrar que:

 

Uma ação individual singular pode ser portadora de tal grau de universalidade histórica, que transforma indelevelmente os destinos da humanidade, assim como outras ações podem ter um caráter de tal forma particular que apenas realizam um momento do processo mais global.

 

Dentro deste pensamento podemos afirma que tem Marx toda razão quando postula que sem a superação da propriedade privada não será possível ir além do capital – e, portanto, da forma histórico-contemporânea predominante das misérias que os homens se impuseram.(Lessa 1998) Onde não cobro uma igualdade no setor de trabalho, pois não tenho como papel social à mudança, ou a solicitação desta mudança. O perfil do trabalhador, a identidade do trabalhador e então formada numa maneira antidemocrática, sem nenhuma propensão a reclamações ou solicitação de mudança, a situação é como é e pronto, a insatisfação causa perda do trabalho, logo perda da sobrevivência. 

 

A desumanidade socialmente posta é tão social quanto tudo o mais que os homens constroem. E, por isso, com Marx, pela primeira vez, os homens puderam pensar a si próprios como uma historia da qual são os únicos demiurgos. (Lessa, 1998) passamos de simples espectadores para ser tão atores principais na construção social e no desenvolvimento da sociedade, nasce através das idéias de Marx, uma possibilidade de mudança, um avançar social, uma busca pela igualdade social.

 

Porém, segundo Lessa (1998):

Mergulhados neste mundo mesquinho, miserável, modorrento, alienado e estranho em que vivemos; confrontados com a historia com um sentimento de impotência apenas comparável à frustração de vermos a historia passar por nossos dedos; isolados de existência coletivo por uma vida cotidiana que não poderia ser mais pobre e superficial; fragmentados em nossa individualidade entre os afetos e a racionalidade imposto pelo real, entre a dimensão privada e a público, entre o que somos e o que podemos ser – isto quando não estamos reduzidos ao patamar animalesco da busca pela próxima refeição – é nesse momento vazio da existência que o Manifesto clama a todos os horizontes: os homens fazem a história, e nossa vida apenas é assim porque nós fazemos assim.

 

O trabalhador possui mais do que uma entidade de transformação de matéria ou força de trabalho, ele e responsável também pela busca de uma modificação social, ele quem através de sua função modifica e cobra dos grandes proprietários do capital e do Estado uma mudança, uma melhoria de vida, afinal o lucro somente existe porque existe o trabalho, se não as empresas não se intimidariam em uma simples greve.

 

Conforme Codo (1994), nos diz que se não fosse a organização social que produziu a cadeira, eu não estaria sentado, ou a caneta e eu não escreveria, ou o papel, ou as paredes... tudo que compõe o meio, desde o mais simples ao mais complexo material veio de uma relação de trabalho, relação está que determina meu comportamento, minhas expectativas, meus projetos para o futuro, minha linguagem, meu afeto.

 

Minhas relações sociais estão ligadas diretamente ao meu meio de trabalho, a minha função ao meu dia-a-dia, até a forma de comportamento perante fatores e situações sociais é aprendida através do meu trabalho, ou são exigidas socialmente. Pelo pensamento social e inadmissível um advogado ter uma linguagem com gírias, ou um médico que sai na noite e faz escândalo; porém nesta mesma visão e aceitável um pedreiro que fala com gírias ou um metalúrgico que está sempre sujo. 

 

Através de nossa cultura social, que é imposta através dos conceitos aprendidos deste dos primeiros processos cognitivos até a fase adulta, temos meio que uma prévia dos comportamentos que cada individuo tem ou terá de acordo com sua profissão seu trabalho. Tudo que difere desta linha de pensamento será tido como algo irreal ou a exceção da regra.

 

A outro fator que também me leva ao trabalho, a sua busca e a sua aceitação; a busca pelo alimento. Codo (1994), diz que o homem está vivo porque se alimenta. Sua alimentação e conseguida através de seu trabalho e complementa mais dizendo que no dizer de Engels, o único fato histórico que existe é que o homem precisa sobreviver. Porém conforme vimos mais acima, nos dizeres de Marx, o capital vem trazer uma realidade além do simples fato da sobrevivência, vem trazer a questão da propriedade privada, do ter, do consumo, do possuir. O que muda, se transforma são as relações sociais que os homens utilizam para essa produção (Codo, 1994).

 

Numa definição clara Codo (1994) explica que quando nos referimos a relações de produção, queremos significar as relações de trabalho em uma sociedade capitalista, onde o trabalho assume a forma de mercadoria e o objetivo é a extração da mais-valia. Relações de trabalho perpassam a simples questão da convivência, mas sim nas relações pré determinadas, status social, foco social; uma chave para o sucesso, ascensão profissional e social.

 

Encontramos aqui o ápice do estudo da identidade social com o trabalho, pois o estudo da psicologia deve partir das relações de produção, reconhecer como o comportamento é determinado a partir dessas relações de produção (Codo, 1994). Como o individuo consegue sua qualidade de vida, sua higiene mental, sua saúde mental, como o mesmo trabalho que me alimenta, me dá uma identidade social, me adoece, me torna uma pessoa infeliz, sem uma perspectiva existencial, reconhecendo que o comportamento do homem está determinado pela sociedade onde vive sem, no entanto, se reduzir àquela sociedade (Codo, 1994).

 

Portanto o sistema do capital, a diferenciação das classes operárias, a divisão do trabalho, a divisão das classes sócias, a qual se reduz as relações sociais, os convívios, que pode limitar ou impedir o comportamento humano, gera alienação, reduz a possibilidade de uma mudança, conforme Marx previa, o individuo lutando contra as forças do capital, único individuo contra o sistema do capital.

 

Codo (1994), leva uma análise que:

Se o sistema gera alienação, não precisamos ter necessariamente operários alienados, porque juntamente com alienação o sistema gera revolta, a exploração de classe determina o desenvolvimento de uma nova consciência de classe e a luta por um novo sistema social.

 

Devemos estudar de forma detalhada o trabalho humano, saber como as relações de produção determinam o comportamento do homem e como ele ta sendo modificado de acordo com as mudanças de mercado, tecnologia e globalização, pois segundo Codo (1994):

Toda mudança ocorrida nas relações de produção visou liberta o homem do jugo do feudalismo e torná-lo livre para vender sua força de trabalho. Apesar de lutas de classe, ou seja, a exploração de uma classe sobre a outra, terem se iniciado muito antes desse período, a forma de exploração se modifica radicalmente. Pela primeira vez na historia, o homem passa a vender a sua força de trabalho.

 

Entrando a modificação no comportamento humano, a divisão de classe, o aumento da propriedade privada; o feudalismo era uma forma mais aberta do capitalismo selvagem, onde pequenos produtores pagavam pelo direito de produzir, e produziam para pagar o direito de tal. Neste ciclo ainda vivemos hoje, porém ao invés de se paga a um rei, e não poder cobra retorno, melhorias pelo ambiente social; pagamos ao Estado, e temos direito de cobra melhorias dos serviços públicos, e somos nos que elegemos aquele que vai administrar este dinheiro. A reflexão feudal, dentro do capitalismo, vem através do pagamento de algumas taxas básicas, como o imposta sobre a casa, carro, e demais propriedades, se eu não pago o Estado se apropria,  não seria está uma forma de feudalismo moderno?

 

Outra modificação das relações e meios de trabalho e a questão da oferta e procura, o comércio, a necessidade de cada individuo em ter aquele produto; na época feudal todos produziam tudo, não havia um comércio propriamente dito, existia uma troca de mercadorias essenciais. Conforme A Ideologia Alemã apud Codo (1994) diz que:

 

Para que haja mercadoria é necessário que haja divisão de trabalho; se todos produzissem tudo não havia necessidade de troca, portanto, não haveria necessidade de equivalentes. A divisão do trabalho cria, ato contínuo, uma classe de comerciantes responsável pela troca de mercadorias entre os consumdiores, o que faz com que, “pela primeira vez na historia universal, todo individuo dependesse do mundo inteiro para a satisfação de sua necessidade”.

 

Uma nova sociedade e criada então, uma sociedade em que o processo de produção domina o Homem e não o Homem domina o processo de produção social...A Ideologia Alemã apud (Codo, 1994). 

 

Conforme Mello et al (1996), fala que:

O sistema capitalista apresentou, periodicamente, fortes crisses estruturais, geradas no próprio centro propulsor do sistema, isto é, na busca d elucro. A acumulação de capital e o seu posterior investimento acontecem sem uma redistribuição de renda que assegure aos consumidores condições de aumentarem seu poder de consumo. Disto decorre um nível de produção maior que o crescimento do poder aquisitivo. Cria-se então um paradoxo: os consumidores querem e necessitam comprar, mas não possuem condições financeiras para isso; os empresários por sua vez, querem vender, mas não encontram quem compre.

 

Em busca de lucratividade, bens material, o homem perde a necessidade primaria do trabalho, fortalecendo a teoria do Capital imposta por Marx, onde o lucro, portanto, só pode advir da exploração do trabalho alheio pelo capitalismo. (Codo, 1994) Onde até aqui o trabalhador produz mercadorias que não consomem, consome mercadorias que não produziu. (Codo, 1994).

 

Com uma visão mais crítica do sistema capitalista podemos afirma que o papel do trabalhador é o de produzir riqueza para o outro e, ato contínuo, sua própria miséria. (Codo, 1994). Dentro da metodologia do capitalismo quem é trabalhador possui poucas chances de ser um dia o patrão. Devido a exploração da mão-de-obra do trabalho e a divisão de classes.

 

Numa crise existencial, proposta pelo sistema capitalista, podemos confirma com Codo (1994) que:

 

O Homem não é nem escravo nem senhor (de si mesmo ou do mundo). È a dialética do escravo e do senhor, ou como já dissemos antes: “ Parafraseando Engels, o único fato psicológico é o de que o Homem precisa sobreviver; ... Submeter-se ao mundo como um simples mortal, projetar e recriar o mundo à sua imagem e semelhança, como um Deus”. 

 

 Logo finalizamos dizendo que na necessidade de ser reconhecido como sujeito competente e inteligente na cultura da competitividade predominante, a responsabilidade maior recai sobre o individuo na gestão de sua própria carreira profissional.

 

Revendo a história do Brasil, percebemos que do ano de 1880 a 1920, a classe operaria saltou de 54 000 para 200 000. O crescimento ocorreu de forma desorganizada e sem as mínimas condições de sobrevivência. Quando

A classe operária manifestou-se contra tais condições através de seguidas greves. A maior delas, iniciada numa fabrica de tecidos em São Paulo, em 1917, recebeu a adesão de todo o setor têxtil, tornando-se rapidamente uma greve geral. A paralisação foi total, atingindo inclusive o interior... A repressão desencadeada foi violenta, sendo vários operários mortos. (Mello et al, 1996).

 

A sociedade em geral sofre quando a classe resolve entra em greve e lutar pelos seus direitos ou melhorias desses direitos, porém podem ser interpretados como vândalos ou preguiçosos, já que a visão que temos e aquele que nos e passada. Segabinazzi (2007) diz que a importância e a exaltação máximas conferidas ao trabalho na sociedade ocidental concedem ao papel de trabalhador lugar de destaque entre os papéis sócias representativos do eu.

 

De acordo coma teoria proposta por Sartre apud Yazbec (2007), entendemos que a psicologia existencial vê o ser humano enquanto individuo, e não como as teorias gerais sobre o homem. Há uma preocupação com o sentido ou o objetivo das vidas humanas, mais que com verdades cientificas ou metafísicas sobre o universo. Porem a identidade é uma expressão subjetiva e refere-se a tudo aquilo que é vivenciado como eu em resposta à pergunta quem és, sendo apreendida através da representação de si mesmo (Segabinazzi, 2007).

 

No existencialismo proposto por Sartre (1966), o homem não foi planejado por alguém para uma finalidade, como os objetos que o próprio homem cria, mediante um projeto. O homem se faz em sua própria existência:

Para mim, o homem é o produto das estruturas apenas na medida em que ele ultrapassa. Se quisermos, podemos dizer que há estases da historia que são as estruturas. O homem recebe as estruturas – e nesse sentido pode-se dizer que elas o fazem. Mas ele as recebe enquanto está engajado na história, e engajado de tal modo que ele não pode deixar de destruí-las para então constituir novas estruturas que, por seu turno, o condicionarão novamente.

 

 

Afirma Berger (1985), que a sociedade é um produto humano. A sociedade é uma realidade objetiva. O homem é um produto social.

 

Na construção de sua identidade social, sob o ponto de vista modo de produção capitalista, esclarece Dubar (1997) que:

Entre os acontecimentos mais importante para a identidade social, a saída do sistema escolar e o confronto com o mercado de trabalho constituem atualmente um momento essencial na construção da identidade autônoma [...]. Do resultado deste primeiro confronto dependem as modalidades de construção de uma identidade “profissional” de base que constitui não só uma identidade no trabalho, mas também e sobretudo uma projeção de si no futuro, a antecipação de uma trajetória de emprego e o desencadear de uma lógica de aprendizagem, ou melhor, de formação.

 

A falta de sentido, a liberdade conseqüente da indeterminação, a ameaça permanente de sofrimento, da origem à ansiedade, à descrença em si mesmo e ao desespero; há uma ênfase na liberdade dos indivíduos como a sua propriedade humana distintiva mais importante, da qual não pode fugir.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Ao iniciar-se este estudo os questionamentos principais eram definir sobre o papel social que o trabalho tem na vida do individuo, quais as contingências de comportamento que ele adquire por causa do seu trabalho, qual a posição social que ele tem em relação ao seu trabalho, qual o real fator preponderante do trabalho para com o trabalhador.

 

Levantando inúmeros questionamentos, fazendo uma analise histórica, sobre o trabalho e o trabalhador, remetendo-nos a uma leitura critica sobre o sistema capitalista onde o individuo está inserido como controlador de seu corpo, como um ser livre socialmente, porém refém do capital.

 

O mundo, como nós o conhecemos, é irracional e absurdo, ou pelo menos está além de nossa total compreensão; nenhuma explicação final pode ser dada para o fato de ele ser da maneira que é. Ao analisar as teorias sociais e existenciais do individuo podemos afirma que a socialização e realizada de em uma estrutura social especifica, onde o trabalho pode constituir-se num fator de equilíbrio e desenvolvimento.

 

Confirmando ainda mais esta visão Caldeira (2004) afirma que “o trabalhador que entrou no século XXI não poderá ser o mesmo do século passado”.Pois o trabalhador atual precisa articular sua identidade social, sua formação sua estrutura, ter claro a sua finalidade o seu papel, aquilo que o fará produzir criativamente e solidariamente.

 

O existencialismo propõe que as regras sociais são o resultado da tentativa dos homens de limitar suas próprias escolhas. Ou seja, quanto mais estruturada a sociedade, mais funcional ela deveria ser.

 

Dentro desta visão o papel social do trabalho é dar um significado a existência do individuo e torná-lo parte ativa e necessária do sistema social, para que este, por sua vez, se torne um individuo social, que tenha uma função uma finalidade. Não formos criados para uma ação, com um objetivo, mas o trabalho que realizamos direciona a nossa função. No sistema capitalista somos a engrenagem que o sustenta, somos aqueles que entendem por liberdade estar, preso a estrutura do capital.

 

Esta pesquisa investigou a importância do trabalho na afirmação social do individuo e em torná-lo um ser ativo e existente; Trabalhar é um ato imprescindível para o ser humano, pois se refere à própria sobrevivência e ao seu condicionamento social (Dejours, 1994).

 

O qual verificou ser realmente verdade que dentro da teoria existencial, que o homem procura sempre estar inserido dentro dos fatores sociais, sentir-se aceito, ter uma obrigação, um papel social bem definido, e saber conviver com as suas escolhas individuais sem a preocupação dos “outros”, dentro desta perspectiva podemos confirma que o trabalho confirma o papel do individuo na sociedade e atua como opressor e modificador de comportamento, pois o comportamento humano é modificado de acordo com a necessidade e com o meio em que este se encontra, então e possível que exista uma mudança de comportamento, logo de papel social.

 

Verificou-se que o indivíduo liga-se a uma organização por inúmeros fatores que o vinculam, não apenas pelo quesito material, mas pelo fato da representação social, os afetivos, imaginários e psicológicos. O capitalismo não cria uma estrutura psíquica, mas utiliza-se dela.

 

Foi observado na pesquisa que o trabalho continua a ter um papel importante na vida das pessoas e na vida social em geral, pode ser um trabalho que traga satisfação pessoal e não agrida o psicológico do individuo, mas mesmo assim ainda é trabalho.

 

Um ponto importante verificado na pesquisa é a necessidade deste estudo com mais detalhes históricos, pois o assunto e rico em dados, e pode ter inúmeras vertentes, precisando assim de um estudo mais detalhado sobre o inicio do trabalho e toda a sua trajetória histórica e o mesmo fazer sobre o individuo, como ser social e da sociedade, dentro da teoria existencialista.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

   

Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informações e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação. Brasil : ABNT NBR 14724, 2006.

 

Lane, Silvoa e CODO, Wanderley. Psicologia Social. O Homem em Movimento. São Paulo: Brasiliense, 1994.

 

Lessa, Sergio. O manifesto e Marx 150 anos depois. Texto apresentado no Congresso em Goiânia em 22 de Julho de 1998.

 

Segabinazzi, Catia. Identidade e Trabalho na sociedade capitalista. Revista virtual Textos e Contextos. Nº 7, ano VI, jul.2007.

 

Caldeira, Elizabeth. O Individuo na Cultura Produtiva: repensando a dimensão ética / educativa no contexto do trabalho. Revista Eletrônica Educação – Porto Alegre / RS, ano XXVII, n. 1 (52), Jan./Abr.2004.

 

Dubar, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Porto, Portugal: Porto Editora, 1997.

 

Berger, Peter. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1985.

 

Dejours, C. Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: Chanlat, J.F. (Org). O individuo na organização: dimensões esquecidas. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1994.

 

Yazbek, André Constantino. A Articulação entre “teoria” e “intervenção social” nas filosofias de Jean-Paul Sartre e Michel Foucault. Revista Aulas. Nº 3 – Dezembro 2006 / março de 2007.

 

 

 

 

 

 

 

Pesquisa apresentada como requisito avaliativo na disciplina de Psicologia Social I

²Acadêmica do 6° período do curso de Psicologia do Instituto luterano de Ensino Superior de Porto Velho.

³ Psicóloga, docente da disciplina de Psicologia Social I, mestranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela UNIR

 


Autor: Gesica Bergamini


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