A INTERIORIDADE DAS AÇÕES MORAIS EM PEDRO ABELARDO



O objetivo deste artigo é apresentar o que Pedro Abelardo pretende com sua ética da intenção a qual toma como ponto de partida a distinção entre pecado e vício. Para o filósofo, o vício se refere à inclinação natural que se encontra em todos os homens. O pecado consiste no consentimento desta inclinação, desprezando e não fazendo a vontade de Deus. O criador, por sua vez, não julga a ação em si do homem, mas com que intenção ele o faz esta determinada ação. Do contrário, os homens julgam as ações que são cometidas. Assim, para Abelardo, o importante na moralidade não é a ação em si, mas a intenção com que cada ação é realizada, no qual depende da consciência do indivíduo em agir bem ou mal, pois a intenção não depende da obra ou da execução da mesma, mas da intenção que é julgada por Deus.

1. Vida e obras

Pedro Abelardo, filósofo do período escolástico, nascido no ano de 1079 perto de Nantes, foi um grande mestre desde jovem lecionando em Paris, sendo considerado, juntamente com Santo Anselmo, um dos fundadores da Escolástica Medieval. Seus esforços para explicar racionalmente as verdades da fé, submetem os dogmas, isto é, as verdades tidas pela fé, às exigências da dialética, cuja arte o filósofo tinha como forte aptidão. Tal comportamento gerou muitas discussões e polêmicas, principalmente por parte da igreja, devido às suas transgressões aos limites impostos por esta, bem como, aos inimigos e rivais que este conquistou em sua existência. Em seu livro autobiográfico intitulado “A história das minhas calamidades” , Pedro Abelardo conta como ocorreriam tais perseguições e a inveja que seus adversários expressavam ter dele, principalmente de seu êxito enquanto professor e filósofo. Nesta obra, Abelardo relata o seu caso amoroso com Heloísa, sobrinha de um tirano cônego que confiou ao filósofo sua amada sobrinha a fim de que pudesse iniciá-la nas belas artes. No entanto, após descobrir a relação do professor e da aluna, no qual resulta em uma gravidez, mandou alguns súditos mutilarem fisicamente Abelardo. A esse episódio relata o filósofo lamentoso:

(...) certa noite enquanto eu repousava e dormia num quarto retirado da minha residência, tendo corrompido com dinheiro o meu servidor, puniram-me com a vingança mais cruel e vergonhosa, e de que o mundo tomou conhecimento com o maior espanto, isto é, cortaram-me aquelas partes do meu corpo com as quais eu havia perpetrado a façanha que eles lamentavam. (Abelardo, 1988, p. 269)

Depois deste acontecimento indigno na vida de Abelardo, os dois amantes tomaram o caminho da vida religiosa, sendo que o Filósofo encaminhou-se para o mosteiro de Saint-Denys e Heloísa, ao monastério de Argenteuil. A arte de ensinar sempre foi algo inato em Abelardo. No mosteiro, ele reinicia suas atividades como mestre e suas aulas são sempre muito apreciadas e assistidas por inúmeros alunos, a fim de preferirem suas aulas à de outros mestres. Além de grande mestre, Abelardo foi grande escritor, do qual se destacam algumas de suas obras: A Dialéctica ; Conhece-te a Ti Mesmo; Sic et Non (Sim e Não) ; A História das Minhas Calamidades ; Diálogo entre um Filósofo, um Judeu e um Cristão (obra inacabada). Não obstante, existem ainda as célebres cartas que Abelardo e Heloísa se trocavam, nas quais a relação dos dois amantes encontra-se imortalizada. Pedro Abelardo morreu em 21 de Abril de 1142 em Chalon-sur-saône.

Embora, no presente trabalho, o interesse é tratar acerca da ética de Abelardo, torna-se necessário lembrar que é valorizado na história da filosofia, por suas importantes contribuições na área da lógica e da dialética, sem contar das contribuições do filósofo acerca do problema dos universais e o esclarecimento sobre a questão nominalista. Sendo óbvio naquela época,

Abelardo pretendeu seguir um caminho mediano entre as formas opostas do realismo e do nominalismo mais exagerados, analisando a natureza das palavras e de seu modo de assumir vários significados. Assim fazendo, deu o sinal de partida para o riquíssimo florescimento de estudos sobre a linguagem e a lógica. (Reale, 1990, p. 524)

Também foi grande escritor no que se trata acerca da teologia. Com o estudo da teologia, o filósofo

pretendia, apenas, esclarecer o dogma, as verdades da fé, sem delas jamais afastar-se. pois, como bom cristão, sabia que a salvação da alma depende das Sagradas Escrituras, da palavra de Deus, e não da ciência dos filósofos e dos livros de filosofia. Procurou inovar, sem dúvida, introduzindo a razão na fé, pretendendo justificar a fé pela razão, mas, nunca pretendeu fundar a fé na razão. (Corbisier, 1988, p. 126)

Contudo, à parte que é de interesse, a ética de Pedro Abelardo designa um papel principal à consciência como relevância da vida moral, fonte da intenção e do consentimento contrapostos à ação, fazendo com que a fé cristã não perca a sua devida objetividade e importância, e evitar em cair em um relativo subjetivismo.

2. Diferença entre vício e pecado

Para entendermos bem o que Abelardo pretende em sua Ética, é necessário fazermos a distinção entre vício e pecado. Em seu livro “Conhece-te a ti mesmo” , Abelardo deixa muito claramente do que se trata o vício e o pecado: “o vício do ânimo não se identifica com o pecado, nem o pecado se identifica com a ação má” (Abelardo apud De Boni, 2003, p.44). Dessa forma, vício, pecado e ação má são coisas distintas, mas não são totalmente separadas.

Segundo o Pensador, “o vício, é uma inclinação natural da alma para o pecado” (Abbagnano, 1985, p. 93). A exemplo, do colérico , uma tendência que se encontra tanto nos homens bons quanto nos maus; é algo com o que todos nascem, fazendo parte do ser homem. Abelardo nos dá o exemplo de alguém iracível, isto é, o vício está na inclinação que todos os seres humanos podem ter de realizar um ato por meio da ira sem termos consciência daquilo do qual estamos fazendo. Todavia, mesmo que alguém não aja por meio da ira, não está privado deste vício, semelhante em algum vício do corpo, como por exemplo, “o coxear, devido o qual o homem é chamado de coxo, encontra-se no homem mesmo quando ele não caminha coxeando, pois o vício existe mesmo quando inexiste a ação” (Abelardo apud De Boni, 2003, p.44). Agora, se tal inclinação é vencida, o pecado deixa de existir, e torna a virtude mais digna de mérito.

O vício não depende da ação para existir, não obstante, alguém só pode demonstrar que é colérico por meio do agir. É o agir que irá separar os homens em bons e os maus, segundo o filósofo. Desta maneira, Abelardo afirma que o homem deve combater os vícios a fim de não se deixar vencer por eles. O homem bom pode até ser vencido por outros homens, porém nunca pelos vícios e é isso que o distingue dos maus.

Combater não tantos resistindo aos homens, mas aos vícios, a fim de que não sejamos levados a consentir o mal. Se os homens cessam de nos combater, os vícios não cessam, de tal forma que a batalha por eles desencadeada é tanto mais perigosa quanto mais frequente, e a vitória sobre eles, tanto mais plecara, quanto mais difícil. (Abelardo apud De Boni, 2003, p.45)

Os homens quando dominam o corpo de outrem, podem ter a posse do objeto “corpo” mas não de sua alma, seu interior permanece irreconhecível e imutável, intocável pelo outro, e, consequentemente “a verdadeira liberdade não está em perigo” (Abelardo apud De Boni, 2003,, p. 45). O que degrada a alma, para o filósofo, não é “servir ao homem, mas ao vício, (…) não é a escravidão temporal, mas a sujeição aos vícios” (Abelardo apud De Boni, 2003,, p. 45). Assim, o vício para Abelardo “é aquilo pelo qual nos tornamos inclinados a pecar, isto é, a consentir em coisas ilícitas, sejam ações e omissões” (Abelardo apud De Boni, 2003, p. 45). Inclinações ao vício todos os homens possuem, mas o pecado está justamente no consentimento, ou seja, na aceitação ou na aprovação de coisas que não são permitidas para Deus, seja tanto na ação como na omissão de um fato.

O pecado, diferentemente do vício que é uma inclinação natural, “é o consentimento dado a essa inclinação e é um ato de desprezo e de ofensa a Deus. Consiste no não cumprir a vontade de Deus, no transgredir uma sua proíbição” (Abbagnano, 1985, p. 93). Nota-se, na filosofia de Pedro Abelardo, certo direcionamento àquilo a qual chamamos filosofia da subjetividade. Isto significa, em outras palavras, que quando Abelardo fala no consentimento de algo imoral, está dizendo que o homem sabe discernir o lícito do ilícito, tem consciência o que é certo e com isso sabe qual é a vontade de Deus e o que não é de sua vontade. O homem, todavia, sabe distinguir conscientemente aquilo que deveria fazer em conformidade à vontade divina. Assim, o pecado consiste em não fazer pelo criador “aquilo que julgamos que devemos fazer por ele, ou não omitir por ele aquilo que julgamos dever omitir” (Abelardo apud De Boni, 2003, p.45). Com isso, a consciência de cada um dirá o que deverá fazer ou ter feito para com o Criador. Se o pecado consiste no consentimento, logo

onde não existe consentimento da vontade não existe pecado, ainda que a ação seja pecaminosa em si (…) e quando existe consentimento na inclinação viciosa, o fato de se seguir a ela uma ação pecaminosa nada acrescenta a culpa. Deve-se chamar transgressor, não àquele que faz aquilo que é proíbido, mas aquele que apenas consente no que é proíbido por Deus: e assim a proíbição deve entender-se como referida não à ação, mas ao concentimento. (Abbagnano, 1985, p. 93)

Para Abelardo, no entanto, pode haver pecado sem vontade e pode haver vontade sem pecado. O exemplo que ele nos dá é de alguém inocente que está sendo perseguido pelo seu senhor que está armado com o intuito de matá-lo. O inocente tenta fugir para salvar sua vida até que num certo ponto ele é coagido por seu senhor. Contra a sua própria vontade acaba por matar o senhor para evitar a própria morte. O ato de matar é um pecado, não obstante, este pecado foi realizado contra a vontade do servo, pois apenas queria se salvar; enquanto inclinação natural ele queria preservar sua vida. Nesse caso, foi-se utilizado de um determinado meio, sem ter necessariamente correspondência com a vontade, para poder realizar um fim necessário. Não houve uma vontade explícita e a isso, o filósofo chama de paixão:

uma tal vontade, se assim a quisermos chamar, que consiste em uma grande dor na alma, não deve ser chamada de vontade, mas antes de paixão. E assim o é porque quer uma coisa em relação de outra, como se se dissesse que tolera o que não quer por causa daquilo que deseja. (Abelardo apud De Boni, 2003, p.47)

Portanto, pecado é distinto de vontade, pois a morte do senhor que se constitui em um pecado ao inocente, não foi realizado por sua vontade, pois ele não quis querer matar, mas matou por querer salvar um fim, sua vida. Usou de um pecado, mesmo contra a sua própria vontade, para justificar um fim justo.

3. Ação e intenção

Embora Abelardo dê primazia a questão do sujeito como autor de valoração de atos morais e a conformidade à vontade divina como superior, nem sempre que o indivíduo age conforme sua consciência, crendo que está fazendo o bem, será coincidente com as leis sociais. Assim, considerando as leis, o inocente que matou o seu senhor, mesmo sem ter vontade de matar, mas apenas sobreviver, deverá ser condenado como criminoso e terá que pagar por isso, posto que, matar é crime, seja qual for a circunstância.

Entretanto, Pedro Abelardo fará uma distinção entre os juízos humanos e os juízos de Deus. Para o filósofo “Deus considera não as coisas que são feitas, mas o ânimo com que se fazem; e o mérito e o louvor não consistem na obra, mas na intenção de quem age” (Abelardo apud De Boni, 2003, p. 49). Isto é, o juízo de Deus não se refere às ações que os homens fazem, mas a intenção de como o fazem. Deus conhece o mais íntimo de todos os homens e, logo, conhece todas as suas intenções. Conforme Abelardo, segundo o julgamento divino, uma mesma ação pode ser boa ou má, dependendo da intenção com que alguém a tenha realizado. A intenção é a elemento mais valorativo dentro de uma ação.

Os homens não julgam a respeito das coisas ocultas, mas de que aparecem, e levam em conta tanto a culpabilidade quanto o efeito da obra. Somente Deus, que olha não as coisas que são feitas, mas o ânimo com que são feitas, avalia verdadeiramente a culpabilidade de nossa intenção e examina a culpa com juízo correto. (Abelardo apud De Boni, 2003, p. 50)

Todavia, como os humanos têm acesso aos atos em sua exterioridade, apenas podem julgar racionalmente com o que lhes é apresentado. Lhes é vedada a possibilidade da intenção ou o ânimo com o qual uma ação foi realizada. Muitas vezes, o inocente é tido por culpado, porque a lei está dizendo: “é assim que deve ser feito”; mesmo que sua intenção tenha sido das melhores, ainda assim sua ação foi culposa. Abelardo nos dá o exemplo de uma mãe amorosa que, possuindo uma criança de peito, não possui cobertas suficientes para cobrí-lo em uma noite de inverno. Na busca de proteger do frio, a mãe busca esquentá-la com suas próprias cobertas. Ao passar da noite ela se descuida da criança e acaba sufocando-a com o próprio corpo. Ao analisar esse fato em si, os homens julgariam ser esta uma mãe muito descuidada e que, portanto, deveria pagar por isso, pois sua ação foi irresponsável. Ao contrário, Deus vê o quanto de amor tinha esta mãe ao querer aquecer sua criança, Vê que a intenção fora das melhores e a julga ponderando sua intenção. Portanto,

o juízo humano afastasse necessariamente do Juízo divino. O primeiro castiga mais a ação do que a intenção, porque segue mais um critério de oportunidade do que um dever de justiça e tem em mira, sobretudo, a utilidade comum; o segundo, pelo contrário, castiga exclusivamente a intenção e inspira-se na mais perfeita justiça, sem ter em conta as repercussões sociais de culpa. (Abbagnano, 1985, p.94)

Assim, uma ação será realmente boa ou má dependendo da intenção que for realizada. “A ação em si mesma é tida por ele como sendo nem boa e nem má; o que a torna boa ou má é a intenção do agente. Quer dizer, uma ação é moralmente boa não porque contém em si mesma algo de bom, mas porque é mérito de uma intenção objetivamente boa” (Spinelli, 2004, p. 441). Todavia, a partir da interiorização das normas ou leis morais devem ser válidas para uma ação objetiva, e faz o filósofo, para expressar isso, dizer que “a intenção deve ser real, não aparente; é necessário que o homem não se engane ao crer que o fim para que tende seja da vontade de Deus” (Abelardo apud Abbagnano, 1985, p. 94). Com isso, o pensador nos deixa claro acerca da intenção: não deve ser meramente aparente, mas objetiva, real, isto é, alguma pessoa, mesmo contra a sua consciência, pode dizer que uma ação que tenha praticado pode ser boa, mas conscientemente ela sabe que agiu de má índole e contra os preceitos divinos.

Embora a moralidade de um ato seja essencialmente interior, a norma e a medida dessa moralidade são dadas pela adequação de nossa vida às prescrições divinas. E isso confirma que a ratio primeiro e a consciência depois estão em função do dado revelado e, portanto, de melhor compreensão do espírito das verdades cristãs. (Reale, 1990, p. 518)

Com isso, Deus condena não ao ato, ou seja, as leis divinas não são direcionadas as obras mas ao sujeito que pode consentir em cometer atos que não estão de acordo com os seus preceitos. Por exemplo, alguém que furta qualquer coisa, pode ter furtado com a intenção de ajudar alguém necessitado ou de beneficiar-se deste roubo. Para saber se a sua intenção é boa ou má, ele demonstrará realmente o que ele pretende com o roubo, e conseqüentemente, é na sua ação que será demonstrada se sua intenção foi boa ou má. Se ele roubou para beneficiar-se, então sua intenção será explicitamente uma ação má. Se ao contrário, roubou para ajudar um necessitado, então sua intenção refletida na ação será considerada boa. Deus o julgará, de acordo com suas regras, a intenção do indivíduo, ou de ajudar os necessitados, ou de beneficiar-se. Ao contrário, para os homens, que não levam em conta a intenção daquele que fez o roubo, condenarão o ato em si: o roubo; pois, roubar não é certo, não está de acordo com as leis sociais. Assim sendo, para Abelardo ato em si de roubar não há nenhuma questão de ser imoral ou moral.

A ética da intenção proposta por Pedro Abelardo depende, pois da interioridade do sujeito , isto é, da sua consciência e não de leis que dizem o que deve ou não o homem fazer. É a partir da consciência do sujeito que este vai valorar a sua ação como sendo boa ou má de acordo com as leis e vontade divina. Não obstante, houve uma tentativa por parte do filósofo, que essa interiorização das ações morais fossem objetivamente válidas, isto é, esta intenção, que caracteriza o fundamento destas ações morais, não deve ser apenas algo relativo, pois poderíamos omitir muitas intenções que não correspondem com a vontade de Deus e afirmarmos que essa intenção é boa. A intenção não depende da obra ou da execução da mesma, mas da intenção que é julgada por Deus. De um ato que poderia ser considerado mal, o homem que tem boa intenção na prática deste ato ilícito, perante Deus, é absolvido, o que é ao contrário para o juízo humano. Portanto, para Abelardo, o importante não é a ação praticada, mas o sentido que a orienta. Por isso, o que norteia sua moralidade não é algo externo, mas a própria consciência, que é avaliada e julgada por Deus.

Referências bibliográficas

ABBAGNANO, Nicola. História da filosofia. 4. ed. Lisboa: Presença, 1985. v.3.

ABELARDO, Pedro. Lógica para principiantes. A história das minhas calamidades. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (OS PENSADORES)

CORBISIER, Roland. Introdução à Filosofia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988. v.2

DE BONI, Luis Alberto. De Abelardo a Lutero: estudos sobre filosofia prática na Idade Média. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.

REALE, Giovanni; Antiseri, Dario. História da filosofia. São Paulo: Paulinas, 1990. v.1

SPINELLI, Miguel. A dialética discursiva de Pedro Abelardo. Veritas 49/195 (2004), pp. 437-447.
Autor: Rudinei Moor


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