Empresa familiar – Um pé no céu outro no inferno?



Usando o jargão popular, qualquer que seja a adaptação, este assunto dá um livro.

São inúmeras as razões pelas quais uma ou mais pessoas decidem criar uma empresa familiar.

Você pode estar pensando  que uma  só pessoa não cria uma empresa familiar, no máximo cria uma empresa!

É verdade, mas por aspectos  diversos alguns gestores  acabam agregando familiares  ao negócio.

Podem  convidar  as esposas para ajudá-las a coordenar o processo produtivo,  controlar as finanças,  tratar dos assuntos bancários,  fazer as compras, mas também envolver  primos, tios, cunhados, sogros, filhos, enfim, aqueles com os quais tem boas relações para  auxilia-lo  a tratar dos negócios.

Outros, junto com familiares reúnem os capitais e criam um negócio, dividindo, conceitualmente,  as responsabilidades, os riscos e somando  a esperança.

A questão é saber se são sócios nos negócios e sonhos ou o são por convencimento! Uma pessoa bem sucedida, admirada na família, facilmente convence alguns a segui-lo na empreitada.

A idéia de poder trabalhar com os familiares, criando algo juntos, sem limites, podendo conversar, apoiando e recebendo apoio é sensacional. Poder solicitar ajuda, ter a resposta com a maior boa vontade e empenho é colocar um pé no céu.

Agora, atenção!   Pessoas que riem juntas tomando uma cerveja, fazendo um churrasco, freqüentando clubes,  não importa sua condição econômica, normalmente pouco sabem do humor do futuro sócio. Até o momento só trataram de amenidades.

Ninguém cria um negócio sem esperar lucros, quanto mais rápido o retorno se mostrar necessário, maiores serão as cobranças, as  expectativas e os riscos de questionamentos e confrontos.

Conversar com um sócio que  não é  membro da família sobre seu desempenho é diferente de tratar com um  familiar. As  chances, no  primeiro caso,  do assunto  ficar restrito à empresa são imensamente que maiores que no segundo.

Nós temos simpatia pelos mais fracos e não é raro toda a família abordar o sócio contestador em busca de maior compreensão e transformar um assunto empresarial normal em uma série de pequenos conflitos.

Uma das questões delicadas em empresas familiares é simpatia ou não por um determinado   funcionário, quer seja ele competente ou não. Existe uma tendência muito grande na família das pessoas se influenciarem.

João  aprecia o trabalho de seu funcionário Joaquim, mas Pedro pouco sabe de seu desempenho e por algumas razões  não tem simpatia por este. Para azar de Joaquim, João ouve muito  as observações de Pedro e é altamente influenciado por este.

A carreira e o futuro de Joaquim na empresa têm grandes chances de não irem  muito longe.

Podemos encontrar situações extremamente complicadas, onde um dos sócios, majoritário ou não, é o patriarca. Pessoa de difícil relacionamento  que  está ressentida com a  perda de poder  devido  ao crescimento profissional dos filhos.

Como não pode e não quer deixar a sociedade resolve questionar o desempenho de todos que não são  seus  subordinados, enfraquecendo o comando dos filhos , também acionistas .Sempre nas reuniões familiares torna um objeto de contestação.

Um dia, por unanimidade, os filhos resolvem defender um dos funcionários, Antonio,  que bem conhecem,  dedicado, pronto para qualquer projeto,  despertando a ira do patriarca.

No dia seguinte,  depois de muita relutância e negociação, Antonio é comunicado a fazer as malas e deixar a empresa.

Para Antonio o drama se encerra, vai ao mercado e se recoloca, os que ficaram  enfrentarão algumas dificuldades para continuar o trabalho que este fazia com competência.

Qualquer contestação é rapidamente rebatida: Ninguém é insubstituível. É  verdade, assim como todos os cogumelos são comestíveis. Alguns,  uma vez só!

Uma coisa é certa, é impossível ficar com um pé em cada lado, uma hora terão que ser colocados juntos.

Aquele que tiver colocado os pés no céu parabéns, fantástico, trabalhe duro para que assim se mantenha, aquele que ainda não se decidiu,  como disse   Dante Alighieri na Divina Comédia: “Deixai toda esperança , ó vós que entrais “ , Inferno , Canto III, 9 , portanto reflita bem, a decisão é sua , você é soberano .

Ter uma empresa, sem sócios, não envolver os familiares,  é uma alternativa, pode evitar uma série de desentendimentos, mas também é bom lembrar que é como morar sozinho: É  sempre sua vez de lavar a louça.

 

 

Ivan Postigo

Economista ,  Bacharel em contabilidade , pós-graduado em controladoria pela USP

Postigo Consultoria de Gestão Empresarial

Autor do livro : Por que não ? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas

Fones (11) 4526 1197  /  ( 11 )  9645 4652

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www.postigoconsultoria.com.br

 


Autor: Ivan Postigo


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