CARA DE PAU
- Querida, cheguei.
- Tô vendo.
- Como é? Nem um beijinho?
- Que beijinho, hoje não tô pra graça.
- Mas eu te amo.
- Não me interessa.
- Sou seu escravo.
- Não quero ser sua dona.
- Você é a melhor mulher do mundo.
- Não posso dizer o mesmo.
- Que mau humor.
- Já falei que não tô pra graça.
- Mas eu não tô brincando. Falo sério, amor.
- Impossível. Você já é uma piada.
- Tá bom. Não quer papo, também não quero.
- É melhor, mesmo.
- Tem café?
- Você prometeu que ia ficar calado.
- Não, prometi que também não queria papo. Café eu quero.
- Só sirvo se for com chumbinho.
- Que violência.
- Isso não é nada pra o que você merece.
- Mas o que eu fiz, amor?
- Chega às 4 (quatro) da manhã, sem um centavo no bolso, com bafo de cachaça, cheiro de perfume barato e nem se dá ao trabalho de passar óleo de peroba na tremenda cara de pau. Acha pouco?
Autor: sander dantas cavalcante
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