A BUSCA PELA QUALIDADE NA OFERTA DE SERVIÇOS EM BIBLIOTECAS



Em busca da qualidade no atendimento às exigências do cliente, deparamo-nos com certa dificuldade nos processos de mensuração e avaliação, devido ao caráter do serviço que envolve principalmente questões comportamentais no momento da avaliação da satisfação dos clientes.

A disseminação de programas de qualidade e o gerenciamento de sistemas de qualidade bem como a busca pela certificação entre essas organizações são extremamente complexas.

Clair diz que: "[...] a qualidade em unidades de informação é determinada pelo usuário e a administração deve reconhecer que somente níveis elevados de qualidade propiciarão a excelência dos serviços e, conseqüentemente, o sucesso almejado." (CLAIR apud LEMOS, 2002, p. 25)

Kotler conceituou qualidade como: "[...] a totalidade de aspectos e características de um produto ou serviço que proporcionam a satisfação de necessidade declaradas e implícitas." (KOTLER,1998, p. 65)

Para Vieira e Oliveira "[...] qualidade, mesmo quando considerada uma estratégia gerencial, não pode ser tomada como universal. Ela irá variar em relação às características específicas de grupos e organizações".(1999, p. 142)

Embora pouco disseminada formalmente entre as bibliotecas universitárias (BUs), a qualidade está em toda a ação para implementação e avaliação de serviços. Já há algum tempo estudos de usuários, onde são caracterizadas as necessidades e de grupos específicos, vem se voltando para esse aspecto.

Existe uma atenção constante com o cliente e a intenção de melhor atendê-lo. Também diversos estudos sobre estabelecimento de padrões para planejamento e avaliação de bibliotecas indicam que está havendo um cuidado com a melhoria da qualidade e produtividade dos serviços e produtos de informação.

Nas instituições de ensino deve haver uma preocupação com a gestão da qualidade, documentando a política adotada para esse fim. Somente dessa forma a biblioteca poderá criar objetivos coerentes e terá assegurada que a sua política é apropriada aos da organização.

Ao ser realizado o planejamento da unidade, também é o momento de definir, entre outros aspectos, qual a imagem que se quer projetar. Barbalho e Beraquet citando Partons (1995, p. 20) analisa a Função Qualitativa do planejamento da seguinte forma:

[...] Imagem: como queremos que a Unidade de informação seja vista?

Pelo público? Qual público? Interno ou externo?

[...] Contribuição para a comunidade: o que devemos à comunidade? O que podemos proporcionar a ela? O que obteremos em troca? [...]

Entre as bibliotecas universitárias há, naturalmente, essa preocupação, levando-as a atuar de modo homogêneo, dando importância e primando pela qualidade procurando enriquecer a vida acadêmica.

Tarapanoff, Klaes e Cormier indicam que:

[...] há mais de 20 anos os bibliotecários brasileiros se reúnem, discutem problemas, propõem recomendações para solucionar os problemas identificados; entretanto, na maioria das vezes, tais recomendações não têm sido implementadas e problemas se repetem cumulativamente.

Nas BUs brasileiras a capacidade de análise e o interesse em prestar serviços de qualidade estão inseridos e a questão da qualidade define a ação organizacional.

A qualidade tornou-se um tema de grande importância para as empresas em geral, tanto que estudiosos iniciaram estudos que aprofundaram esta questão.

A adoção de programas formais ou tentativas de adaptação aos setores públicos e de serviços, onde a definição de clientes não é precisa ou adequada, têm dirigido o foco de atenção para a satisfação de clientes/consumidores/usuários.

Ao que tudo indica é o caso das BUs brasileiras, cuja preocupação constante com os usuários e a excelência de seu desempenho, muito embora esses usuários não tenham um poder de influência suficiente e tampouco as bibliotecas sejam unidades autônomas dentro das instituições que as abrigam.

A BU é parte integrante das complexas organizações que são as universidades e estão sujeitas à ação dos indivíduos e grupos que com elas se relacionam, disputando com outras unidades a distribuição de recursos e construindo assim, um conceito de qualidade em serviços que retrata o desejo e os interesses dos grupos dominantes.

Conforme salienta Wojcicki (2009a, p. 5)

As pessoas são os ativos intangíveis mais importantes de todas as organizações. É através delas que os processos ocorrem. São elas que geram o conhecimento. São elas que definem os diferenciais competitivos. E a partir delas também que as estratégias organizacionais deveriam ser desenvolvidas.

Conselho Nacional de Educação (CNE2), aponta alguns princípios gerais que pretende assegurar na formação oferecida aos estudantes.

Citam-se os seguintes:

·estimular práticas de estudo independente, visando uma progressiva autonomia profissional e intelectual do aluno;

·encorajar o reconhecimento de conhecimentos, habilidades e competências adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que referirem à experiência profissional julgada relevante para a área de formação considerada;

·fortalecer a relação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação em atividades de extensão;

·incluir orientações para a condução de avaliações periódicas que utilizem instrumentos variados e sirvam para informar a docentes e discentes acerca do desenvolvimento das atividades didáticas.

A BU busca a excelência no trabalho com o usuário e um de seus objetivos é trabalhar o planejamento de serviços de informação científica e tecnológica, de forma personalizada, mas não oposta a da instituição onde está inserida.

É demonstrada a importância do planejamento estratégico na implementação de projetos de qualidade na prestação de serviços em BUs. O planejamento estratégico possibilita um diagnóstico preciso da realidade, contribuindo para a melhoria da qualidade. Constitui um excelente recurso para a tomada de decisões, programação, controle e avaliação de atividades.

Quem oferece serviços deve ter por objetivo principal manter a satisfação de seus clientes toda vez que há necessidade de utiliza-los. Em uma biblioteca, é o atendimento prestado o seu cartão de visitas, é ele o melhor marketing que pode ser utilizado na divulgação de um serviço de qualidade. (WOJCICKI, 2009b, p. 20)

BIBLIOGRAFIA

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COBRA, Marcos. Marketing competitivo. São Paulo: Atlas,1993.

DRUCKER, Peter F. Administração de organizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. São Paulo: Pioneira, 2001.

GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços: a competição por serviços na hora da verdadee. Rio de Janeiro: Campus, 1995.

KOTLER, Philip. Administração de Marketing. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

LEMOS, Luiz Augusto Pinto. Biblioteca acadêmica: cliente ou usuário ? não importa, o importante é que participe da construção. Rio Grande, 2002. Apostila do curso.

______ . Avaliação da percepção do cliente interno: serviços de aquisição de livros de uma Biblioteca Universitária., 2002. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

SCHIFFMAN, Leon G., KANUK, Leslie Lazar. Comportamento do consumidor. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000

STEUDEL, Harold J. Como escrever as rotinas de qualidade: rotinas e abordagens. Rio de Janeiro: Livr. e Ed. Infobook, 1993.

TARAPANOFF, Kira. Perfil do profissional da informação no Brasil. Diagnóstico de necessidades de treinamento e educação continuada. Brasília: IEL/DF, 1997.

TARAPANOFF, Kira, KLAES, Rejane Raffo, CORMIER, Patrícia Marie Jeanne. Biblioteca universitária e contexto acadêmico. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 9., 1996, Curitiba. Anais... Curitiba : UFPR : PUC, 1996.

URURAHY, Sylvio Cardoso. Manual de controle de qualidade. 2. ed. Rio de Janeiro: CNI, 1985.

VIEIRA, Marcelo Milano Falcão, OLIVEIRA, Lúcia Maria Barbosa de (orgs.).

Administração contemporânea :perspectivas estratégicas. São Paulo : Atlas, 1999.

WHITLELEY, Richard C.A empresa totalmente voltada para o cliente: do planejamento à ação. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

WOJCICKI, Andréia. Excelência no atendimento ao usuário de bibliotecas. Apostila do curso. Rio Grande,2009b.

______ . Gestão de pessoas em bibliotecas. Apostila do curso. Rio Grande,2009a.

ZALTMAN, Gerald. Afinal, o que os clientes querem? - o que os consumidores não contam e os concorrentes não sabem. Rio de Janeiro: Campus, 1993.


Autor: Roseli Prestes


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