O ARBUSTO



Supostamente poderias pensar que é um recomeço

Supostamente eu não hesitaria em fingir ser deveras

A busca por um início díspar

Supostamente...

 

Pois para mim

Qualquer início já está definido

Como algo por si só indefinível

 

Pois para ti

A palavra  recomeço soa como a todos:

Esperança e luta

 

Não!

Eu apenas retomo, jamais recomeço

 

Retomo a minha indefectível idiossincrasia

De pensar ser, notadamente, o certo retomar

 

Rebusco o vício, a renúncia, o olhar perdido

O maldizer as coisas simples e irremediáveis

Já que coisas são o que são e só

 

Assim, retomo o recomeço

Segundo minhas intangíveis convicções

 

Retomo a fé de que a próxima aurora

Vislumbrada por meus olhos

Arderá em meu coração não como um anátema

Pelo que fui no claustro

Do vácuo de minh’alma arrependida de ser minha

 

 

 

 

 

Mas, verdadeiramente, como um impulso de querer sempre

Retomar as ilusões febris das minhas madrugadas mágicas

Feliz por eu ser tão só um pequeno arbusto

Na homérica floresta do mundo

Todavia, um arbusto um pouco diferente 

 


Autor: Luiz Francisco Ballalai Poli


Artigos Relacionados


Aprendendo A Perdoar

JÓia Rara

Contrição

Hoje Penso Em VocÊ

Descolorindo

About Me

Espelho Do Passado