A grande extinção do Pérmico



O nosso planeta é um sistema dinâmico que já sofreu e continua a sofrer mutações constantes, mais ou menos abruptas, mais ou menos catastróficas para a vida na Terra.
Um dos eventos que se acredita ser o responsável pela maior extinção de seres vivos é aquele que ocorreu no final do Pérmico, há cerca de 250 milhões de anos. Os cientistas acreditam que 90% dos seres que habitavam a Terra nessa altura terão desaparecido, quer pelo evento em si, quer pelas alterações climáticas que esse evento provocou depois. Não há um consenso sobre o que terá provocado essa reacção em cadeia. O impacto de um meteorito de grandes dimensões? Um fenómeno de vulcanismo extremo? Esta última hipótese está a ganhar adeptos entre a comunidade científica, especialmente se tivermos em conta que há 250 milhões de anos todos os continentes estavam unidos naquilo que se veio a denominar a Pangeia (pan=toda, geia=terra), um super-continente com uma actividade vulcânica constante e em evolução. Se os continentes estivessem separados, independentemente de já terem a sua configuração actual ou não, o fenómeno  vulcânico que os cientistas acreditam ter ocorrido teria um impacto local ao nível da extinção directa e uma expressão bem menor ao nível das alterações climáticas que se terão seguido. Como se encontravam unidos, acredita-se que a violenta erupção vulcânica se terá prolongado por grande parte do terreno terrestre, alimentada pelas reservas magmáticas no interior.
As erupções vulcânicas libertam, entre outras substâncias, dióxido de carbono e metano, duas substâncias responsáveis pelo efeito de estufa e pelo aquecimento gradual do planeta. Imaginemos uma erupção gigantesca e a quantidade de gases libertada e teremos uma ideia sobre a dimensão do problema.
Num curto espaço de tempo, a Terra transformou-se num ambiente inóspito e pouco propício à vida. Ter-se-ão seguido chuvas intensas, carregadas de elementos nocivos, as chuvas ácidas. Acredita-se que essas chuvas terão destruído grande parte das reservas aquíferas à superfície e da vegetação. A extinção dos animais terrestres terá ocorrido como uma reacção em cadeia. Sem vegetação definharam os herbívoros que ainda restavam. Sem herbívoros foi a vez dos carnívoros, se tivermos em conta que, nesta altura, já teriam morrido muitos animais como consequência directa da mega erupção.
Sem vegetação, os solos perderam coesão e sustentabilidade e, com a ajuda da erosão e da actividade dos rios, os sedimentos terrestres, carregados de substâncias orgânicas terão acabado por contaminar grande parte dos oceanos e por diminuir drasticamente o oxigénio disponível. Como resultado, a maior parte dos seres marinhos terá morrido.
Mas felizmente para nós, que não estaríamos aqui se realmente toda a vida na Terra tivesse sido destruída, há sempre algum ser que possui as características que lhe permite sobreviver ao apocalipse natural. Teria a espécie humana a capacidade de sobreviver a um evento como o que ocorreu no final do período Pérmico, e que foi a maior extinção em massa conhecida da história da Terra? Possivelmente não. Possivelmente, a presença da nossa espécie seria apagada da superfície do planeta num curto espaço de tempo. Na sua constante luta para domar o planeta, o ser humano tem que ter presente uma evidência: por muito que domine e disponha dos recursos naturais, a última palavra é da Natureza. Será ela a ganhar a guerra com os humanos e, muito provavelmente, seremos esmagados. Sem hipótese de resposta.   

Andreia Monteiro
Traduções Jurídicas e Técnicas


Autor: Andreia Monteiro


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