Renato Russo



Era década de 80, a moçada escutava e pulava ao som punk/rock inglês, e nos shows de rock na Asa Sul aparecia sempre um carinha esquisito usando óculos com um violão na mão, cantava versos de sua autoria, se intitulava o Trovador Solitário e numa levada folk acabava sempre ganhando um pouco de atenção, aos poucos foi ficando conhecido e suas letras também, porque falavam da realidade sem data, parecia saber que seus versos serviriam para o futuro, dizia coisas simples, verdadeiras, frases do tipo, É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã...E foi assim aos poucos que a mulecadinha aprendeu um novo som, não só ali na Asa Sul mas tomou conta do país inteiro, uma geração foi modificada musicalmente por uma voz forte, versos criativos e um tipo de música que você se amarra já na primeira vez que escuta, nascia ali uma banda, "A Banda" tal qual nunca mais se viu nada parecido, seus fãns são milhares, sua música é atual, seus versos...

Há!! seus versos são simples, e essa foi a grande tirada do Trovador...ele falava de coisas simples, coisas que até eu entendia. Talvez esteja aí o segredo, no simples está o Grande, o Belo, o Insubstituível, como ele mesmo é. Para alguns, esse moço esquisito era o Juninho, para outros o Renato, sim, o grande Renato Russo!! Poeta, trovador solitário, que só queria "Ouvir uma canção de amor, que fale da minha situação, de quem deixou a segurança de seu mundo, por Amor !"

Simplicidade era tudo o que ele tinha, seu modo de vestir, sua casa, seu estilo de vida intelectual, tudo o que lhe fazia bem era aquilo que não precisava ostentar...Era famoso, e sabia muito bem disso, mas lhe incomodava os holofotes da fama, queria apenas que o mundo lhe desse ouvidos, queria que seu grito acordasse não só a sua casa, mas a vizinhança inteira, queria apenas que o simples fosse visto como o mais importante, esse era Renato Russo.

Foi numa madrugada triste de outubro de 96, no dia 11, que aconteceu o que ele mesmo havia dito "Os Bons Morrem Jovens", a morte nos tirou cedo demais aquele jovem cheio de letras e músicas, deixando uma geração de órfãos que conheceram a poesia, a simplicidade e uma música que nunca irá morrer. O que foi escondido é o que se escondeu, e o que foi prometido ninguém prometeu, nem foi tempo perdido, somos tão Jovens... tão Jovens! Grande Juninho, foi tão cedo.

Eliseu Soares.


Autor: Eliseu Soares


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