Homens e Anjos



Mesmo sem pretender aprofundar o tema, é interessante meditar sobre a questão dos seres humanos em face aos anjos.

Não me refiro à imagem bucólica de seres dotados de imensas asas, com cabelos encaracolados, muito loiros, sempre com o ar sereno e com um sorriso de bondade. Não. Refiro-me aos seres que estão vários degraus mais além na escala evolutiva, seres que já foram parte de uma outra humanidade, evos atrás, quando estiveram como nós estamos, porém não exatamente iguais.

Não vamos ficar cogitando de crenças ou religião... Apenas pensemos a respeito.

Sempre e sempre ouvimos falar do ciúme dos anjos em relação ao fato de Deus ter dotado o homem de emoções e livre arbítrio. Já foi tema de histórias, de filmes... Sempre tido como pano de fundo para a mera diversão, esse tema aparece aqui e acolá, vez por outra.

Segundo o ocultismo, os anjos efetivamente estiveram em estágio evolutivo equivalente ao nosso. Equivalente mas não igual.

A evolução do todo universal obedece a ciclos que compõem outros ciclos maiores e assim por diante. Tanto quanto uma espiral, a linha evolutiva não progride fechando sobre si um arco, como se o ponto de partida e o de chegada correspondessem. Não, ao terminar um ciclo, não se retorna ao ponto inicial, mas sim a um ponto mais elevado, em um outro plano em que o ciclo progredirá continuamente.

Conforme o ser progride, juntamente com o ente coletivo em que se insere, outros entes coletivos vêm na retaguarda, em ciclos inferiores, subindo pela espiral, enquanto outros vão adiante, em ciclos superiores, também progredindo em ascensão.

Cada espiral convive com as demais, porém em planos diferentes. Nesse exato momento, há seres mais avançados e menos aperfeiçoados convivendo no Universo. Digamos que cada espiral corresponde a um estágio de uma humanidade. É apenas uma imagem, mas serve-nos como modelo.

Os anjos estiveram em espirais como a nossa, mas a espiral estava em plano ainda inferior a que ocupamos hoje. É que o sistema todo evolui. A humanidade equivalente à nossa da onda evolutiva anterior, ocupava uma espiral mais baixa do que a que ocupamos agora. No mesmo passo, a humanidade que ocupará a onda evolutiva posterior, vivenciará uma onda mais elevada do que a nossa.

Homens menos aperfeiçoados do que somos hoje, é o que os anjos atuais foram quando homens foram. Homens mais aperfeiçoados do que somos hoje, é o que os animais atuais um dia serão.

A coisa toda é mais complexa, desdobrando-se no conceito de manvântara (um ciclo evolutivo do Universo como um todo). Mas não precisamos chegar a tanto.

O interessante é pensarmos que os anjos não estiveram, quando homens, no plano físico que conhecemos hoje. Estiveram em um plano menos denso. Curiosamente, a espiral em que progride o sistema como um todo faz com que os seres venham numa descendente condição de atingir planos mais densos, passando, após metade do ciclo geral, a novamente ascender no que tange ao adensamento das formas.

É mais ou menos assim: para atingir padrões mais elevados de evolução é necessário que o ser vivencie e domine meios progressivamente mais próximos da densidade absoluta da matéria.

Nossa humanidade é a que atingiu a condição do pensamento contínuo, da noção de si mesma, exatamente no plano físico denso. Os anjos de hoje não tiveram essa condição, já que a descendente deles não chegou ao padrão de matéria física como conhecemos, mas apenas da matéria que denominamos etérica.

Não sei se um anjo teria ou não ciúme dos homens, mas o fato é que sabemos, sentimos e vivenciamos hoje o que eles jamais souberam, sentiram ou vivenciaram.

Alguns deles, segundo a tradição esotérica, vincularam-se aos homens para buscar saber, sentir e vivenciar o que não tiveram como conhecer antes. Para isso, e por causa disso, trouxeram aos homens um padrão de influência elevado, provocando a busca de ideais superiores e de aprendizado antes mesmo da maturação plena para a compreensão necessária.

Foi dado ao homem o fruto do conhecimento.


Autor: Marco Aurélio Leite da Silva


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