O Desencontro



Tudo começou por volta dos anos 80, numa pequena cidade chamada Rubilândia; Um lugar pacato, tranqüilo de pouco mais de 5 mil habitantes. Prestem atenção no que eu irei contar detalhadamente, ponto por ponto. Uma história instigante e interessante, nesse nosso imenso Brasil!

Neste lugar vivia Sr. Selso, é isso mesmo, Selso de Paula Jr. com "S", um senhor de meia idade que chegara por aquelas bandas ainda moço, homem de boa lábia, letrado, vistoso, um bom partido para qualquer moça de Rubilândia. Fora a convite do Dr. Tacitonho do Amaral, a maior autoridade daquela cidade. Ele era simplesmente o médico, o prefeito, o diretor do colégio e o homem mais rico de toda a redondeza; dono devários comércios, um grande latifundiário de muitas fazendas. Pois bem, o Dr. Tacitonho conheceu o Selso numa ocasião mais ou menos assim:

Houve um concurso de literatura em São Paulo capital, onde lá estariam os mais bem preparados escritores, pensadores e poetas do nosso país; esse evento acontecia de dois em dois anos para divulgar os novos talentos e também os já consagrados intelectuais.

O Selso, um novato professor de línguas se inscreveu para esse concurso, porque queria mostrar trabalhoe seu talento . Ao chegar ao teatro deparou-se com uma multidão que aclamavam os nomes dos mais diversos escritores, ilustres pessoas que ali chegavam para assistire contribuir com o sucesso do evento.

Os participantes tinham obrigatoriamente de ter suas identificações em mãos e seus textos a mostra do público, eram muitos candidatos, gente pra todos os lados, cada um querendo mostrar o suas obras, seus trabalhos, a maioria beirando o esquisito.

Selso tinha escrito um poema a respeito educação, um tema que lhe agradara desde os movimentos estudantis na faculdade.Conhecia muito bem sobre o assunto; considerava um belo trabalho. Seria exposto para todaa platéia ali presente, por isso,perdera algumas noites de sono pensando como deveria passar sua mensagem, queria impressionar a todos. Almejava também ser aclamado, aplaudido, reconhecido talvez...Essa era sua grande oportunidade da sua vida, sabia que tinha talento que podia se sair bem, embora o seu nervosismo e sua ansiedade pudesse atrapalhar o seu desempenho.

Ao seu lado aparecera um senhor muito confiante e simpático que também trazia um texto nas mãos e, entregara para uma bela loura que aguardara impaciente a chegada daquele senhor.

Olhava curioso para outro casal que se agitara. Uma moça negra, linda e um japonês; ela se mostrava mais arrelia e uma certa inquietação. Falava-se em um dialeto estranho, era a voz abafada com alteração verbal, uma coisa meio afro-nipon-brasileiro, muito estranho, mas curioso!

Havia também uma família de inteira que usavam gibão e tinham bigodes, inclusive as mulheres. Há sim, não deixando de citar outro casal descontraidíssimo; um meio idade e o outro mais novo. Naquela altura da ansiedade, bate-boca desnecessário. iniciaram um bate-boca nesnecessário. Nesse mesmo instante, anunciaram o começo do evento, todos inflamados na platéia, assovios e aplausos tomavam aquele lugar, um verdadeiro festival, coisa assim nunca visto culturalmente falando.

Selso que não se cabia de nervoso esperava sua hora, lia e relia enumeras vezes, mais à medida que se aproximava a chamada do seu nome, seu coração acelerava ainda mais, a ansiedade era tamanha que quase entrou na hora errada, quando e apresentador chamou por um tal de César. Saiu as pressas para entrar quando atropelou no pé de um rapaz franzino, cabelo liso de óculos feio que dava dó,  que gritou de dor e raiva.Nesse momento entra o tal César, e foi aí que Selso percebeu que não era a sua vez.Olhou em volta e todos riam daquela situação, alguns mais maliciosos diziam que ele deveria está num circo e não num teatro, uma forma maléfica para tirar a sua concentração; porém no meio de tanta humilhação, percebeu que alguém o olhava, que se ofendeu com as gozações que lhes foram atiradas, percebeu também um olhar doce de preocupação e sinceridade, se olharam, o tempo suficiente para soar a voz do coração.

Seu nome era Maria Aretusa, uma bela mestiça com traços indígenas, cabelos pretos, lisos e compridos, olhos cor de mel, um largo sorriso que mal cabia em sua boca, tudo bem distribuído em seu corpo de aproximadamente 1,60 de altura.

Aretusa era da região Norte do país, viera numa caravana que tinha saído de Campo Belo, no Mato Grosso do Sul, no dia anterior, era jornalista e trabalhava como colunista literária de um jornal da capital de média circulação.

Sua hora em fim chegou. O locutor chamara seu nome; entrou no palco tremendo mais que síndrome de Parkinson, toda aquela confusão, todos aqueles salamaleques o perturbou profundamente, nem o carisma e votos de boa sorte de Aretusa o tranqüilizou.Resultado, seu discurso foi uma negação, um fracasso total, não recebeu vaias, nem tão pouco aplausos, o que significara que não houve uma boa aceitação do seu trabalho. Estava frustrado, foi consolado pela, agora sua amiga, Aretusa que também não se saiu bem em sua performance.Se contentaram apenas com as posiçõesdo trigésimo lugar em diante.

Por sua vez, a amante do Dr. Tacitonho "a loira" citada acima, ficou com em 1º lugar, ganhara com um poema escrito pelo amante, seu professor de Inglês, que nas horas vagas também era escritor. "A educação arte de saber" lindo poema... O segundo e o terceiro lugar não prestaram atenção.

E em meio de tanta agitação, aplausos e agradecimentos, Selso ouviu alguém chamar pelo seu nome, era oDr., Prof., Ilmo, sei lá mais o quê,Sr. Tacitonho,cumprimentando pelo seu trabalho, embora não reconhecido pelos catedráticos, mas levado a sério pelos seus concorrentes. Houve ali um convite para conhecer Rubilândia, nesse mesmo instante surgiu Aretusa também fora convidada, ficando por pensar e dar uma resposta.

E assim, Selso foi conhecer aquela cidade, onde passou a trabalhar e morar. Aretusa após um ano pensando decidiu aceitar o convite para trabalhar também. Nesse intervalo de tempo passaram a se corresponder por cartas, namoraram e, por fim se casaram.O patrono da cidade lhes concedeu emprego, tornaram-se  randes amigos, era padrinho de casamento pra lá, afilhados pra cá... Sua amada passou a lecionar Língua Portuguesa na faculdade da cidade, onde seguiu até os últimos dias da sua vida. E hoje,  Sr. Selso, trabalha como administrador numa das fazendas de quem? Dr. Tacitonho, desencontrando assim com o mundo das letras e virando contador de estória e de cabeças de gados.

*


Autor: Sérgio Russolini


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