Brasília E Os Setores



Não nasci nas margens de um rio. Cheguei pelas bordas, às margens do eixo monumental. Nasci onde o rasgo súbito da fronteira entre o arcaico e o moderno fez surgir o planalto central. No sertão do Goiás foi instituída a nova ordem. Um quadradinho delimitado no centro de tudo. Audácia Kubichekiana! Planície da morada dos poderes. O escritório do país, a capital sem cores, apesar da grandeza arquitetônica. Uma película em branco e preto. Surge com a grande promessa de sediar a ordem e o progresso. O poder se instala no sertão de clima árido, umidade zero! Realmente, a terra do pó. Talvez, justifique o hábito dos brasilienses preferirem tomar suco em pó.

Como viver no planalto central sem mar, sem ar? Umidade relativa do ar sempre suspeita! Assim não dá!

A possibilidade de nadar para não morrer na praia se artificializa nos seios do lago Paranoá. A castração veio à tona. O limite é a espaçonave do cerrado. Asa sul ou asa norte? Setor comercial, de lazer, de autarquias, ou de embaixadas? Não há alternativa, o setor está balizado. Sinto-me como um gato louco correndo atrás do meu próprio rabo. Tudo tem o seu setor. Para onde ir? Em qual setor desses a minha existência será moldada, enquadrada, rotulada, anulada? Sei lá!

Resolvi ousar, ter coragem e ir à luta, ser livre para construir o meu setor.  Infinitas possibilidades são apresentadas ao decorrer do longa-metragem de nossas vidas.

Ser livre é acreditar e enxergar os instrumentos necessários para construir nossos setores. Posição confortável é dizer não à passividade, é ter a direção das rédeas é ser marinheiro do próprio barco e confiar nas águas profundas que nos leva, através de caminhos infindos, ao encontro do setor incógnito.

Autor: cristina dos santos


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