Ao meu estimado amigo...



Seu nome é José Luiz Rodrigues, nasceu no dia 19 de março de 1985 um jovem que viveu e tem história pra contar, lutou contra uma doença terrível, mais ela o venceu. Por onde passou contagiou a todos com seu sorriso, seu olhar e sua serenidade, eu queria ter dado meu último adeus mais já era tarde demais, espero que me perdoe de não ter sido fiel até o fim, eu queria ter olhado em seus olhos antes que eles se fechassem, eu queria ter contado as minhas histórias, lido meus poemas, eu queria ter saído com você, sei lá ter tomado um sorvete, ido ao cinema, ter visto o sol nascer...

Olha se eu fosse lhe falar o que você é pra mim, eu iria lhe contar uma história sem fim, o que é mais importante pra mim é o amor do milagre do amor que eu descobri em você...

Sabe eu descobri também que é preciso saber rir e saber chorar, ter medo do trovão mesmo sabendo que o raio já caiu em algum lugar. E nunca ter medo, quando está em jogo a essência da vida.

Você que era tão novo tão cheio de vida, de sonhos. Porque sonhos eu tenho certeza, você devia ter muitos! Talvez ser um bom padre ou até mesmo se casar e ter filhos, ser médico ou um advogado... e mais mesmo se casando e tendo filhos continuar se útil a comunidade, exercendo uma função definida.

Você gostaria de ter terminado de cursar a universidade! Eu sei você sempre me falava quando eu te ligava, estude por mim, porque por enquanto eu não posso! É um tempo mágico, eu lhe garanto embora as universidades deste nosso país estejam bem longe de ser o que poderiam ser, ainda assim é um tempo mágico. Como a flor que desabrocha e entende o ar, o sol, a chuva. O tempo de crescer. Não que seja obrigatório cursar uma universidade, lógico que não. Há muitas profissões bonitas e boas a serem exercidas e o mundo precisa de todas elas. Já imaginou se não tivéssemos quem fizesse nosso pão, entregasse nossas cartas, enterrasse nossos mortos! Para isso, são funções vitais, que não é preciso ir a universidades, claro! Mas talvez você gostasse...

Fico pensando será que você chegou a se apaixonar, descobriu o amor? Aquele bater descompassado quando vemos a pessoa dos nossos sonhos, que às vezes nem nos dão valor! Quanta dor e lágrimas, que desilusão. A música de fossa tocando, olhos perdidos no espaço, e a mãe chamando pra jantar, enquanto respondemos como ator de uma peça de teatro bem trágico.

Perdi a fome. A fome o sono, a alegria... Tem explicação para o amor? Não tem não! Às vezes a gente mostra o amor para uma pessoa e ela diz muito obrigada por me amar, mais eu já amo alguém e meu coração é pequeno demais para o seu amor. Talvez você tenha amado, talvez... quando a gente começa a entender o amor, percebemos, então que nas menores coisas há motivos de felicidades. O cheiro de pão quente, que vêm do forno, a água fresca que você toma o sorriso de uma criança ou de um velhinho, o latido de um cão e até mesmo uma gota de chuva caindo no chão. E dentro de você uma alegria vai crescendo e deixando raízes, e você acostuma a ser feliz. E vai exigir ser feliz, se perdoando e se amando, compreendendo que ninguém é ruim ou perverso as pessoas são apenas infelizes. Quando agente entendo isso, fica mais fácil compreender e amar as pessoas.

Bom eu já falei demais...Você morreu maninho. Se estivesse aqui entre nós, ainda será maravilhoso, eu iria saber se você um dia amou alguém, quais eram os seus sonhos, o que mais te irritava, o que te fazia rir, é tudo tem seu tempo de vida. Ao o tempo da flor, do pássaro, da grama, e há o tempo dos amigos em flor. É você veio se despedir de mim essa semana, de mansinho, foi tão difícil te deixar as lágrimas não deu pra segurar, olha dá um beijo no Deus-menino por mim e por todos aqueles que te conheceu e se encantaram com sua alma de menino.

Luiz foi eu que escrevi essas palavras, para dizer que você foi uma gota do amor Deus neste mundo tão sofrido e sem amor. A gente ficou mais pobre sem sua presença, mais tenho certeza que você não está mais sofrendo. Vou parar por aqui. E mutante como o vento, acho que isto não é uma carta... Façam de conta que numa terça-feira de primavera me inspirei e fiz uma declaração de amor ao meu anjo amigo...onde quer que você esteja, estará sempre comigo...você sefoi! sua hora chegou no dia 24/09/2006.

Saiba que serei sua eterna amiga... Sílvia Ananias Onório Ribeiro.

26 de setembro de 2006... Tarde de primavera sem flores e sem cores...sem brilho é só tristeza ...


Autor: SÍLVIA ANANIAS ONÓRIO RIBEIRO


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