A Década da Esperança



A primeira década do novo século parece trazer bons fluídos para o Brasil e, em especial, ao Rio de Janeiro. Depois de algumas décadas de estagnação, esvaziamento econômico, político e social, a sensação que fica é de um carioca com a cidadania adormecida. É como se o povo deixasse de acreditar nos direitos básicos ou mesmo não houvesse deveres, algo do tipo: aconteça o que acontecer, não é problema meu. Imagem de um povo abatido e descrente nas ações das lideranças. Aliás, a sua maior riqueza e orgulho econômico, só podia mesmo vir da natureza e das profundezas do oceano: o Petróleo.

A “cidade maravilhosa” vem, nas últimas décadas, convivendo com infortúnios e perdendo espaço nas várias esferas. Aos poucos, os órgãos do Governo foram se transferindo para Brasília, as grandes organizações instalando-se em outros estados, o centro financeiro adotou São Paulo. A economia do Estado não ocupa mais a segunda posição no ranking nacional, o Estado já não tem mais a segunda maior frota de veículos do país e o turismo, nossa grande vocação, acabou seriamente abalado pela falta de estrutura, segurança, organização etc, e cedeu espaço para outras cidades, em especial, as do nordeste brasileiro.

O carnaval e o futebol, dois símbolos que identificam muito bem a cultura da região, também parecem ter sucumbido. Salvador, Recife e São Paulo a cada ano levam um pouco mais do brilho da nossa folia. O futebol parece mesmo não “dar bola” ao carioca. Faz tempo que não temos a alegria de ganhar um título nacional ou mesmo ocupar as primeiras posições na tabela de classificação dos principais torneios. O que estamos mesmo é nos acostumando com a parte de baixo da tabela e, por que não dizer, com as quedas para a segunda divisão. Afinal de contas, três dos quatro grandes clubes do Rio: Botafogo, Fluminense e Vasco já “experimentaram do veneno”.

Algumas coisas, no entanto, o carioca jamais perdeu: o bom humor, a alegria, a simpatia que lhe é peculiar e, acima de tudo, a esperança de lograr dias melhores. Quando as últimas pontas de esperanças esvaiam-se, surgiram notícias alvissareiras: será no Rio de Janeiro a Copa das Confederações, a cidade terá papel de destaque na Copa do Mundo de 2014, sediará os Jogos Olímpicos de 2016 e, sem falar na bem sucedida realização dos Jogos Pan Americano de 2007. Nada combina tanto com a beleza natural da cidade: é a cara do povo carioca.

As boas notícias não param por aí. O Estado está redefinindo as suas vocações e potencialidades e aos poucos, começa a retornar investimentos de grande envergadura. Além das diversas obras de melhoria, visando preparar a cidade para os eventos, haverá vários outros volumosos investimentos, a exemplo da expansão da exploração e produção de petróleo e gás; construção de uma nova refinaria de petróleo; instalação de um terminal de Gás Natural Liquefeito na Baía de Guanabara; expansão da produção de aço com a CSN e a ThyrsenKrupp; incremento da logística com a construção de dois portos: Itaguaí e Açu e a recuperação de outros; construção do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (ligando Itaguaí a Itaboraí por fora da cidade), expansão da rede hoteleira com a construção de resorts cinco estrelas ao longo da zona costeira, em Cabo Frio e Maricá etc.

Está tudo muito bem. Felizmente o povo voltou a reviver dias sublimes, mas não devem comemorar antes do “dever de casa”. Precisamos colocar os pés no chão, aprender com os erros do passado, planejar com cautela o que tem que ser feito e executar com responsabilidade os melhoramentos em infraestrutura que a cidade tanto carece e merece. E essa não é apenas uma responsabilidade do governo, mas também, das entidades não governamentais, atividade privada, associações de classe e, especialmente, de cada cidadão que vive e torce pelo desenvolvimento sustentável da região.

Chegou a hora de substituir a crítica e o discurso pelo patriotismo e ação. Temos a possibilidade e a responsabilidade de evidenciar e, evidenciaremos, que o Rio de Janeiro não é apenas a cidade do futebol e do samba, mas um povo hercúlio, capaz de dar os melhores exemplos de cidadania, organização, desenvolvimento, enfatizando ao mundo que não é só pela dádiva da natureza que somos conhecidos como “cidade maravilhosa”.

Evaldo Costa
Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Escritor, consultor, conferencista e professor.
Autor dos livros: “Alavancando resultados através da gestão da qualidade”, “Como Garantir Três Vendas Extras Por Dia” e co-autor do livro “Gigantes das Vendas”
Site: www.evaldocosta.com
Blog: http://evaldocosta.blogspot.com
E-mail: [email protected]

Autor: Evaldo Costa


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