O Mundo do Trabalho e suas grandes Modificações



O Capitalismo: Divisor de Águas no Mundo do Trabalho

O capitalismo não é uma pessoa, nem uma instituição. Não quer, nem escolhe. É uma lógica em andamento através de um modo de produção: lógica cega, obstinada de acumulação.

Lógica que se apóia sobre a produção de bens, tendo o valor de uso como suporte da mais-valia que deve voltar ao valor do capital: ainda que o valor seja realizado, que a mercadoria seja vendida; senão a acumulação bloqueia, e isso pode gerar uma crise.

Este pensamento se difundiu, no ultimo terço do séc. XVIII e nos dois primeiros terços do séc. XIX, por ocasião da "primeira industrialização"; têxteis e roupas; máquinas; ferramentas; e utensílios domésticos de metal; estradas de ferro e armas.

Partindo do pressuposto do capitalismo historicamente realizado, não se pode esquecer "o modo de produção" e sua lógica; há classes que se decompõem e se recompõem em decorrência do grande movimento do desenvolvimento capitalista, com suas lutas, suas alianças e suas especificidades em cada formação social. Neste ínterim, o capitalismo utilizou diversas maneiras para difundir sua lógica e assim "modelar" a sociedade ao seu modo.

É o caso da família, pois com o capitalismo ela se torna a célula de reprodução e de manutenção da força de trabalho. Sem deixar de ser o lugar complexo da reprodução da sociedade global. É através dela que se perpetuam as antigas classes declinantes; também é através dela que se formam a partir das classes antigas as novas classes: camponeses, ou artesãos que se tornaram operários. Por meio da família se transmitem normas fundamentais da sociedade (hierarquia, disciplina, poupança, consumo); mas sem a família muitas lutas do movimento operário não teriam podido dar resultado.

Através do capitalismo, muitas mudanças foram realizadas, e muitos problemas também vieram incutidos em seu bojo, a grande mudança no mundo do trabalho, foi o aumento da exploração do trabalhador acarretando vários problemas para sua vida,afetando até mesmo sua conduta e sua forma de viver.

TAYLORISMO X FORDISMO: Soluções (?).

F.W Taylor,engenheiro consultor especialista em sistematização de fabricas, era um propagador da organização cientifica de trabalho que se realizava através da decomposição das tarefas,organização,definição dos movimentos de norma.Este sistema fazia com que os operários trabalhassem mais,tendo a " felicidade" como prêmio,pois Taylor dizia que o " operário ficava mais feliz quando carregava 48 toneladas ao invés de 12,5" nisto o ritmo do trabalho só aumentava.

Seu sistema seguia desta forma: devia-se encontrar de dez a 15 operários que seriam particularmente hábeis na execução do trabalho e em analisar; definir a série exata de movimentos elementares que cada um dos operários realizavam para executar o trabalho;determinar com um cronômetro o tempo necessário para fazer cada um desse movimentos;eliminar todos os movimentos mal concebidos,aqueles lentos ou sem utilidade;após a supressão de todos os movimentos inúteis,reunir numa seqüênciaos movimentos mais rápidos e melhores,que permitiam empregar os melhores materiais e ferramentas.

Henry Ford apresentou um novo modelo de produção da mercadoria capitalista (com salários relativamente elevados para uma fração da classe operária, grande aumento da produtividade devido á produção em massa e racionalização). Inicia-se o trabalho em "linha de montagem", onde o trabalhador devia ocupar um posto, do qual ele não se mexe, "pois andar a pé repetia Ford, não é uma atividade remuneradora". ´

São, portanto as peças que se movimentam, e cada trabalhador efetuava uma operação por duas ou três vezes, não havia também formação para o operário, para realizar o trabalho, devia aprender tudo em menos tempo possível. A lógica da linha de montagem era decompor ao máximo as tarefas e ao impor uma cadência a todos os trabalhadores, possibilitando o aumento da produtividade de um modo considerável. Desta forma a produtividade era multiplicada por cinco, mas cada trabalhador deveria repetir o mesmo gesto a cada dez minutos e em uma jornada de nove horas, ele terá feito mais de três mil vezes o mesmo gesto.

Verificando estes dois sistemas implantados por Taylor e Ford, podemos perceber que não trouxeram nenhuma vantagem para o trabalhador, aumentando somente os lucros da fabrica e a exploração do operário. Embora tenha se passado várias décadas ainda têm resquícios destes sistemas, e hodiernamente o trabalhador passa por outros tipos de pressões, afetando seu trabalho e sua vida.

Tempos Modernos, para quem?

Tempos Modernos (Modern Times) é um filme do cineasta britânico Charles Chaplin lançado em 1936 em que o seu famoso personagem "O Vagabundo" (The Tramp) tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado.

Em "Tempos modernos", o célebre personagem, "Carlitos", revela a desumanização do trabalho em série sem espaço para o mínimo de criatividade ou de realização pessoal. Mais do que trabalhar numa linha de montagem, o homem faz parte dessa linha de montagem. O filme também trata das desigualdades entre a vida dos pobres e das camadasmais ricas, além de mostrar também que a mesma sociedade capitalista que explora ostrabalhadores, alimenta todo conforto e diversão da burguesia.

A alienação do operário é outra crítica muito enfatizada dentro do filme, o exemplo seria nas cenas em que Carlitos faz o movimento repetitivo de apertar o equipamento, mesmo não estando em serviço, além da representação de grandes máquinas na fábrica, ou seja,mostrando uma maior importância e magnitude das máquinas contra o trabalhador.

O ser humano fica reduzido a ser uma mera peça de toda a engrenagem. Desaparecendo sua identidade, a sua individualidade, o seu valor próprio. Todo o trabalho valorizado é o trabalho mecanicista. O capital intelectual é desprezível e desprezado, o homem é tratado como um objeto.

Desta forma, este tipo de trabalho, não desenvolve as capacidades de quem o pratica nem potencia o aumento de lucros de uma empresa como a que aparece retratada. Se o empregado pretendia alterar a situação, ou era despedido ou pedia a demissão, mas o desemprego será sempre a conclusão. A revolta contra esta situação eclode e se espalha entre os todos..

A questão vital do emprego vai ser unida por Chaplin à questão vital do amor, à procura da estabilidade emocional e familiar, a questão da Linha de Montagem e suas seqüelas desastrosas na psique humana. O esforço humano em trabalhar como um relógio, dentro de um sistema de repetição mecânica, contínua e cronometrada, acabam por levar a pessoa a ficar com sérios problemas neurológicos e psicológicos. Os mais fortes acabam sobrevivendo como se fossem máquinas, em um cotidiano sem esperança, criatividade ou alegria, onde a única atividade é a repetição de um par de gestos mecânicos simples.

Como conseqüência direta da implantação da Linha de Montagem e a busca sistemática do seu aperfeiçoamento, visando unicamente a produção, têm-se uma lógica produtiva que desqualifica, em pouco tempo, muitos trabalhadores para o sistema. Estas pessoas mais sensíveis à ação danosa do Fordismo - Taylorismo, e são continuamente levadas para hospitais, asilos, manicômios e até penitenciárias, dependendo de cada caso e da resposta de desajustamento social dada pelo trabalhador vítima do sistema estressante e alienante.

Como sabemos para toda ação existe uma reação, e podemos perceber que os trabalhadores ao longo do tempo, sofreram por causa dos modos de trabalho a qual eram submetidos, acarretando crises para suas vidas, mas um problema que não é tão novo assim tem assustado a classe trabalhadora e com o passar do tempo vai se transformado da pior maneira possível: o desemprego, que atualmente toma novas formas, mas continua "rondando" a classe trabalhadora e fazendo com que novos tipos de exploração sejam estabelecidos.

O Corte e o Mercado de Trabalho Atual

O desemprego sempre esteve presente no mundo do trabalho, atingindo sempre os trabalhadores da pior forma possível. Sempre foi utilizado para marginalizar e explorar o trabalhador, fazendo com que trabalhe mais e se submeta a ganhar menos. A os trabalhadores que conseguem se "adaptar" a esta nova realidade, outros tem dificuldade em lidar com esta "nova" situação.

O filme O Corte, apresenta-nos um trabalhador atual, um homem com boa formação acadêmica, que conhece profundamente seu trabalho e tem uma ótima posição na empresa. Analisar a situação de crise diante que enfrenta um sujeito diante do desemprego e que expõe suas fragilidades emocionais, diante das mudanças e perdas associadas.

É a partir daí que surgem vários problemas na vida do nosso trabalhador, pois ele ganhava bem, estava no emprego há muito tempo, tinha prestigio, mas quando perde o emprego tudo o que conquistou vai embora.

Esta perda do emprego afeta suas relações com a família e também seu psicológico, é tão grave para ele que se torna um assassino, eliminando seus concorrentes.

Podem-se notar através deste filme, as influências negativas que o trabalho pode acarretar sobre o trabalhador. Assim como a influência do trabalho afetava Chaplin,Davert era afetado pelo seu.Um fato que deve-se destacar é o de que Davert era um trabalhador que tinha formação,diferente de Chaplin que não a possuía, mas que mesmo assim os dois foram atingidos pelo desemprego.

O desemprego pode gerar nas pessoas diversas reações, estas podem ser: medo, raiva, desespero, angústia, tristeza, etc. A sociedade em geral valoriza o individuo que produz, mas para esta produção acontecer, é necessário que o indivíduo esteja inserido no mercado de trabalho e conseqüentemente consuma o que produz, segundo a lógica de Ford.

As mudanças de comportamento do personagem do filme o corte, se apresentam de forma negativa, pois ao perder o emprego, ele se sente desvalorizado, o que acaba gerando conflitos internos em sua família, é varias questões que antes não eram "percebidas" passam a fazer parte da situação.

Para este homem, fazer parte do grupo de funcionários "cortados" era um contra senso diante do reconhecimento que recebera da empresa, poucos meses antes, pelos serviços prestados. Na homenagem pelo bom trabalho desenvolvido, recebeu elogios e até um discurso que o incluía como um "membro da família". A princípio, Davert acreditava na recuperação rápida de um lugar no mercado de trabalho; o que, entretanto, não se confirmou com o tempo.

A estratégia para eliminar os concorrentes é uma forma desesperada do personagem para se inserir no mundo do trabalho, embora ele não aceite voltar a este "mundo" não tendo um emprego com prestigio, e apresenta a mensagem de que mesmo eliminando os outros concorrentes, há muita mão de obra capacitada no mercado, pois devido ao" discurso maior" da formação continuada, os trabalhadores atuais a todo instante devem procurar meios de serem "multihabilitados", ou seja, executarem qualquer tarefa, e qualquer posição, em qualquer lugar.

Este filme nos faz refletir sobre a condição de nós trabalhadores, que após várias décadas ainda estamos oprimidos e explorados pelos que dominam a sociedade e a mercê do mercado de trabalho.

Conclusão

Partindo das reflexões feitas acima, concluo este trabalho apontando para situações de crisee suas repercussões na vida do ser humano frente às mudanças e adaptações impostas pelotrabalho na produção capitalista e vai explorar ao máximo a força de trabalho, contando para isso com diversos Aparelhos Ideológicos: Meios de Comunicação (TV, rádio, jornal, revista, internet...), Igreja, Escola; e os Aparelhos Coercitivos: Polícia, Justiça, Forças Armadas, etc.

Esta "marginalização" do trabalhador atual é fruto da sociedade excludente, que deixa a maioria sem qualquer possibilidade de sobrevivência e de dignidade, e não uma opção individual de pessoas mal formadas social e psicologicamente. Os filmes retratam os dilemas do nosso tempo,especialmente as conseqüências psicológicas devastadoras do desemprego.

Muitos filmes acabam se tornando atemporais, exatamente por discutirem temas sempre presentes na sociedade. A não ser que o capitalismo seja extinto e passemos a viver em harmonia e com outra formação de valores e de sociedade (o que parece bem utópico).

Referências Bibliográficas

MICHEL, Beaud. Historia do Capitalismo: De 1500 aos nossos Dias. E: Brasiliense, São Paulo, 1981.

KAREN, Horney. Nossos Conflitos Interiores: Uma teoria construtiva das neuroses. Ed. Bertrand Brasil, SP- 1984.

Sites Acessados:

http://www.tempopresente.org/ acesso em 14/02/2009

http://www.gardenal.org/grilocaverna acesso em 14/02/2009


Autor: tatiane andrade


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