Pesquisa Sobre a Obra: Casa Grande & Senzala



I – AUTOR

Nasce no Recife, em 15 de março de 1900, Gilberto Freyre, filho do Dr. Alfredo Freyre, educador, Juiz de Direito e catedrático de Economia Política da Faculdade de Direito do Recife, e de D. Francisca de Mello Freyre.

Nascido numa família tradicional de Pernambuco de senhores de engenhos de açúcar, de um pai professor catedrático de Direito, livre-pensador, e de uma mãe católica e conservadora, aprendeu as principais línguas modernas e o latim durante a adolescência, tendo dado a sua primeira conferência pública, em Paraíba, sobre "Spencer e o problema da educação no Brasil" em 1916.

Freyre fez carreira acadêmica, de artista plástico, jornalista e cartunista no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Manteve, porém, uma grande ligação com Pernambuco, em especial Olinda e Recife.

Em 1917, concluiu o curso de Bacharel em Ciências e Letras do Colégio Americano Gilreath. Iniciando também, o estudo da língua grega. Já em 1918, segue para os Estados Unidos para estudar na Universidade de Baylor, onde concluiu o curso de Bacharel em Artes. Todavia, foi no ano de 1921 que iniciou, na Universidade de Colúmbia (Nova Iorque), os estudos de Ciências Políticas (em específico a Economia); Ciências Sociais (em específico a Antropologia Cultural e a História Social); Ciências Jurídicas (em específico a Diplomacia e o Direito Internacional).

Através desses estudos, Freyre recebeu influências de pensadores que marcaram o caráter de suas obras futuras. Dentre as diversas influências, podemos elucidar as do sociólogo Giddings; do jurista Munro; do economista Seligman; do historiador social Carlton Hayes; e, principalmente, do antropólogo Franz Boas. Da qual, Freyre pôde compreender e elaborar a diferença entre raça e cultura, separando herança cultural de herança étnica.

Retornou ao Recife em 1924, mas partiu para o exílio após a Revolução de 1930. Depois de lecionar nos Estados Unidos, na Universidade de Stanford, em 1931, viajou para Europa. Voltou ao Rio de Janeiro, em 1932, e se dedicou a escrever "Casa-Grande & Senzala: Formação da Família Brasileira sob o Regime de Economia Patriarcal", publicado em 1933. Recusou empregos, viveu em casas de amigos e pensões baratas, até que o sucesso do livro lhe devolveu a carreira de professor. Em 1941, casou-se com Maria Magdalena Guedes Pereira.

Deputado federal constituinte, pela UDN (União Democrática Nacional) em 1946, sua vida política foi marcada pela ação contra o racismo. Em 1942, foi preso no Recife por ter denunciado nazistas e racistas no Brasil, inclusive um padre alemão. Reagiu a prisão, juntamente com seu pai, o educador e juiz de Direito, Alfredo Freyre. Ambos foram soltos no dia seguinte, por interferência do general Góes Monteiro. Em 1954, apresentou propostas para eliminar as tensões raciais na Assembléia Geral das Nações Unidas.

Freyre recebeu diversas homenagens. Entre elas, em 1962, o desfile da escola de samba Mangueira, com enredo inspirado em "Casa-grande & Senzala". Foi doutor pelas Universidades de Paris (Sorbonne), Colúmbia (EUA), Coimbra (Portugal), Sussex (Inglaterra) e Münster (Alemanha). Em 1971, a Rainha Elizabeth lhe conferiu o título de Sir (Cavaleiro do Império Britânico).

II – OBRA

Casa Grande e Senzala é a obra de interpretação do Brasil mais conhecida no país e mais traduzida e editada no exterior . A primeira edição foi publicada em 1º de Dezembro de 1933, essa obra oferece uma interpretação do nosso passado colonial baseado na idéia de cultura para definir a identidade da sociedade brasileira ,valorizando as contribuições indígenas, africanas e européias em sua formação.Destaca-se juntamente com essa obra a Evolução Política do Brasil (1934) de Caio Prado Jr. e Raízes do Brasil (1936) de Sérgio Buarque de Holanda , obras marcantes na análise da formação da sociedade brasileira.

Gilberto Freyre foi buscar nos diário dos senhores de engenhos e na vida pessoal de seu próprio antepassado a história do homem brasileiro.As fontes analisadas pelo autor apontam a realização de uma pesquisa marcante, detalhada e inovadora.

No prefácio da primeira edição de Gilberto Freyre ele descreveu as fontes que pesquisou como cartas, livros de viagem, jornais, relatos de ex-escravos, cantigas, livros de batismo, de óbitos, e casamentos, contos de folclore rural e até receitas de bolo e doces.

O autor tinha paixão pelo detalhe, pela minúcia e assim ele fazia a descrição das raças formadoras da sociedade brasileira, na obra Freyre, retrata a Casa Grande onde residiam os senhores de engenhos, representando a elite brasileira e a Senzala onde viviam os escravos representando a massa, trabalhou o conceito antropológico de cultura como um conjunto de costumes, hábitos e crenças do povo brasileiro.

O autor misturou antropologia, sociologia, história, e literatura para reconstruir todas as vivências do senhor e do escravo, no seio da sociedade colonial brasileira do século XIX.

Assim Gilberto Freyre buscou discutir a formação da sociedade brasileira a partir das contribuições das raças branca, índia e negra, imbricado aos conceitos de raça e cultura . É uma obra indispensável para a compreensão da alma e da identidade do Brasil moderno.

III – CONTEXTO DA OBRA

Casa Grande e Senzala, Sobrados foi publicado na década de 30, mais precisamente em 1936, período que o autor presenciava, juntamente com o restante dos brasileiros, a transição de um país agrário para um país com valores industriais.

Esse tipo de transição também pode ser observado em Sobrados e Mocambos uma vez que o livro aborda a decadência do patriarcalismo e dos senhores de engenho, e a ascensão das cidades. Ainda no Brasil, o movimento modernista que causou grande polêmica na década de 20,principalmente na Semana da Arte Moderna, teve durante toda a década de 30 sua consolidação, outras vertentes menos radicais desse movimento começaram a surgir e deselitizar os ideais modernos.

Nesse momento, o mundo presenciava também a formação de grupos totalitários eugênicos que tentavam expandir seus valores para o maior número de pessoas. Dessa maneira, a década de 30 também ficou conhecida como A Era da Cultura de Massa, quando o cinema mudo passou a ser sonoro e começaram as transmissões e recepções radiofônicas. Essas últimas foram favoráveis à disseminação dos ideais totalitários da época, é sob esse contexto que Freyre escreve Sobrados e Mocambos, mantendo a mesma lógica de Casa Grande e Senzala (exaltando a miscigenação) e indo contra o discurso eugênico predominante dessa fase. Tal regime político, cujo nome foi trazido da ditadura implantada em Portugal por Salazar, durou de 1937 a 1945 sendo pautado em plenos poderes a Vargas.

Getúlio Vargas determinou o fechamento do Congresso, outorgou uma nova Constituição que lhe concedia poder sobre o executivo, determinou a extinção de partidos políticos, dentre outras atitudes que comprovam tratar-se de um regime claramente ditatorial.

Gilberto Freyre escreveu sua obra em meados do século XIX, no entanto, suas palavras continuam se eternizando nas gerações que se seguem, o autor de Casa Grande & Senzala, procurou mostrar um Brasil livre dos preconceitos raciais que o caracterizavam como uma nação atrasada. Assim, glorificou negros, índios e portugueses; estudou o passado colonial e transcreveu seus pensamentos em uma linguagem simples, longe do academicismo da época. Herdeiro do legado escravocrata que ainda pairava sobre Recife do século XIX, Freyre buscou em diversos autores e educadores, as raízes para estudar o Brasil Colonial, encontrando como uma de suas principais fontes a diferenciação entre raça e cultura de Franz Boas, um de seus professores nos Estados Unidos.

Ao longo da década de 80, Gilberto Freyre recebeu diversas homenagens e medalhas de reconhecimento por seus trabalhos. É o caso da medalha "Honraria da Unesco", que lhe foi entregue em 1983, por ocasião das comemorações dos 50 anos do lançamento de Casa-Grande e Senzala. Também nesse período viaja pelo Brasil e para países como Estados Unidos, em Portugal e na Inglaterra para receber títulos e proferir palestras. Gilberto Freyre passou por duas cirurgias em 1986 (esôfago e próstata) e com a saúde fragilizada, falece no dia 18 de julho de 1987, no Hospital Português. As homenagens que recebeu refletem a melhor aceitação através de reedições e lançamentos de livros inéditos que sua obra começava a ter nos meios acadêmicos e intelectuais, conseqüência de um período político mais calmo na história do país, e das posições políticas menos radicais adotadas por Freyre no fim de sua vida.

IV – TEXTO

O livro Casa-Grande e Senzala são divididos em cinco capítulos, o primeiro capítulo chama-se Características gerais da colonização portuguesa do Brasil: formação de uma sociedade agrária, escravocrata e híbrida, Gilberto Freyre inicia o livro apontando a predisposição do português para a colonização híbrida, pelo fato de Portugal ter sido influenciado pela África, isso permitiu que os portugueses diferentemente de outros colonizadores europeus, conseguiram se adaptar relativamente bem ao Brasil, mesmo com todas as suas adversidades.

Logo na sua primeira chegada ao Brasil, notamos a rápida mistura dos portugueses com as índias da região, caracterizando aí o início de um hibridismo cultural. Outro fator que foi de fácil adaptabilidade do português em nosso País foi o clima, pois o clima de Portugal era equivalente ao clima africano, que por sua vez tinha suas semelhanças com o Brasil colônia. Apesar desses fatores positivos, os Europeus que aqui se instalaram não deixaram de ter suas dificuldades. Como ele demonstra no livro que tudo aqui era desequilíbrio, enchentes e secas, solo desfavorável ao plantio, insetos e vermes nocivos ao homem, etc. Mas apesar de todas as adversidades da nova terra os portugueses tornaram vitoriosa sua colonização.

É também citada nesse capítulo inicial a família, por ser o grande fator colonizador do Brasil desde o século XVI, assim, o autor ressalta a união entre os portugueses e índios, formando assim um forte hibridismo cultural. Algo que também me chamou a atenção foi quando é dito que mulheres européias eram geralmente moças órfãs que vinham para o Brasil para casar-se com os colonos que aqui habitavam. Depois o autor cita outro fatores que caracterizaram o Brasil colônia, como o engenho de cana de açúcar, o bandeirante que, de acordo com o texto seria um fundador de sub-colônias, por ser um explorador dos entremeios do país, a religião podiam entrar indivíduos de todas as raças no Brasil, desde que fossem católicos, a alimentação tanto dos senhores de engenho quanto do escravo, e sua influência até os dias de hoje na população brasileira, a sífilis trazida pelos primeiros europeus que aqui chegaram, etc. Enfim, apesar de todas as controvérsias e de todos os antagonismos da formação brasileira, os europeus passaram por cima de tudo isso e conseguiram, assim, formar a sociedade em que vivemos hoje, com toda a sua variedade de raça e cultura.

O segundo capítulo, sobre o Papel dos indígenas na formação social brasileira, permite a Freyre desenvolver sua tese apoiada na miscigenação. A miscigenação continua central, mas, neste capítulo, assume caráter de verdadeira "intoxicação sexual", que, segundo Freyre, teria caracterizado o primeiro século de colonização.

A idéia geral do segundo capítulo é que os homens índios foram praticamente inválidos, porque, provindos de um povo nômade, e não tendo hábito do trabalho, que era realizado pelas mulheres, não se sujeitaram ou, melhor, não tiveram competência para serem escravos, já as mulheres índias foram muito úteis como procriadoras caboclas. Oferecidas de "pernas abertas" para o colonizador português, supriram o grande problema da colonização a falta de mulheres brancas. Assim, a mulher índia será a base da família brasileira. Enquanto a contribuição do homem índio para a agricultura foi insignificante.

O terceiro capítulo, O Colonizador Português: Antecedentes e Predisposições, apresenta uma fascinante análise das origens sociais dos portugueses, mas volta a suas teses centrais, o elogio da miscigenação, o êxito da colonização, as grandes qualidades dos portugueses, o caráter aristocrático da colonização, e faz uma análise equivocada e contraditória da decadência portuguesa, que atribui ao mercantilismo e ao abandono da agricultura. Assim, Portugal só foi grande, no século XV até meados do XVI, enquanto foi a primeira nação burguesa e comercial da Europa. Freyre insiste no capítulo em criticar a orientação comercial tomada por Portugal.

Os dois últimos capítulos de Casa-Grande e Senzala examinam com grande inteligência e riqueza de informações o tema: O escravo na vida sexual e da família dos brasileiros, nestes capítulos a mistura de raças continua central, um aspecto interessante é a do caráter de seleção favorável tomada por ela, os senhores escolhiam as escravas mais sadias e mais bonitas para procriarem, os padres, exceto os jesuítas, também procriaram à vontade, produzindo muitas vezes uma elite mulata.

Mas há muito mais nestes capítulos finais, como a higiene ou sua falta, medicina e saúde, indolência, adoção pelas famílias escravas do nome de seus senhores, ao amolecimento da língua portuguesa exemplificado no "mediga" ao invés do "digame", o furor nativista dos senhores adotando nomes indígenas depois da Independência, testamentos, alforrias nos testamentos, enterros, analfabetismo das senhoras e sua virtude discutível, prostituição das negras a serviço dos senhores. E sobre este tema uma frase notável que é "a virtude da senhora branca apoia-se em grande parte na prostituição da escrava negra".

V – CRÍTICA ACERCA DA OBRA CASA GRANDE & SENZALA

A partir dos anos 80, quando se iniciou as reflexões frente a cidadania, ocorreram diversas críticas acerca da obra de Freyre, por de motivo de não perceber as reais condições sociais vivenciadas pelos negros, a distância social entre Casa-Grande e Senzala, ao invés, de aproximação, de equilíbrio ou reciprocidade, havia um acentuado conflito, ou melhor, lutas de classes; a ausência de liberdade por parte dos escravos; e ainda na contemporaneidade a ausência de cidadania, bem como, o acentuado preconceito social. Enfim, por amenizar a real condição, enquanto coisa ou objeto, do negro, e romantizar tais vivências.

O pensamento de Gilberto Freyre foi discutido por pesquisadores de diversas áreas das ciências humanas e sociais. Muitos destes estudiosos reconheceram a importância de suas proposições para a compreensão do Brasil, outros destacaram suas deficiências, distorções e limitações. Apesar das divergências, os críticos e entusiastas da obra de Freyre concordam que a obra Casa-Grande & Senzala representa uma importante renovação para a pesquisa social brasileira.

Acadêmicos marxistas ligados à USP, como Florestan Fernandes, Caio Prado Jr., Fernando Henrique Cardoso, Octavio Ianni e Antonio Candido, começam uma crítica sistemática às idéias de Freyre. Nas palavras de Gabriel Cohn, em oposição à visão patriarcal, "de cima", mais culturalista e antropológica, de Freyre, propõem uma perspectiva plebéia, "de baixo", mais sociológica e econômica. À leitura de Freyre, focada na singularidade cultural e racial do Brasil, Florestan Fernandes contrapõe uma leitura que enfatiza a participação do país nas grandes correntes históricas ligadas à expansão do capitalismo mundial. Ainda segundo Cohn, apesar da rivalidade entre elas, essas visões seriam mais complementares do que propriamente excludentes.

Entretanto, para debater ou refutar Freyre, primeiro era necessário defini-lo e enquadrá-lo, uma tarefa dificílima em se tratando de um autor tão ambíguo e escorregadio, sem afiliações acadêmicas, e capaz de chamar para si quase todos os rótulos sem jamais colar-se a eles. Carlos Guilherme Mota, por exemplo, em quase desabafo, nota que Freyre desenvolveu uma série de "mecanismos e artifícios" para não ser facilmente localizável: se colocar como sociólogo ao mesmo tempo em que diz fazer anti-ciência; se definir como liberal, mas criticar os liberais; se afirmar um revolucionário, mas um revolucionário conservador; e por fim, se classificar simplesmente como "escritor", o que, de acordo com Antonio Candido, é uma "teima" que serve apenas para indefinir suas verdadeiras coordenadas. Já pode-se ver o enorme incômodo que Freyre causava em uma parcela da academia: Mota, ao usar a palavra "desenvolver", e Cândido, "teima", praticamente sugerem que o estilo sincrético, paradoxal e iconoclasta de Gilberto Freyre seria não um reflexo legítimo de sua personalidade, mas somente "mecanismos e artifícios", nas palavras de Mota, propositalmente criados para ludibriar seus adversários. Começa aqui a história das desleituras da obra de Freyre.

Dentre os críticos da obra de Freyre, pode-se citar também Renato Ortiz na qual nota que, no início do século XX, a concepção sobre o negro como entrave ao processo civilizatório é mudada, tem-se outro olhar em relação ao negro, é o olhar sob a idéia de cultura, mesmo porque, naquele contexto o Brasil passava por grandes mudanças tanto, no âmbito das produções intelectuais, quanto no âmbito da industrialização e da urbanização, que transformaram as relações da sociedade, assim relata Ortiz:

Com a Revolução de 30 as mudanças que vinham ocorrendo são orientadas politicamente, o Estado procurando consolidar o próprio desenvolvimento social. Dentro deste quadro, as teorias raciológicas tornam-se obsoletas, era necessário superá-las, pois a realidade social impunha um outro tipo de interpretação do Brasil. A meu ver, o trabalho de Gilberto Freyre vem atender a esta 'demanda social'. (ORTIZ, 2003, p.40).

Sendo assim, Ortiz demonstra que o livro Casa-Grande & Senzala ao mudar o aspecto raça por cultura, propicia a continuidade das teses e concepções dos pensadores que o antecedeu, além de consagrar o mestiço como figura suprema para a nação brasileira.

Para a autora Maria Alice Medeiros , o autor Gilberto Freyre não elaborou um esquema alternativo de interpretação histórica de forma clara e consistente sobre a formação do Brasil, e sim adotou uma abordagem marcantemente cultural, funcional e psicológica das relações sociais .

Os elementos culturais foram maiores, o que certamente prejudicou o trabalho de reconstrução histórica em sua totalidade. Questões fundamentais para a compreensão da Formação do Brasil como a dominação de classes, as relações de conflito e de exploração foram evitadas, para a autora Gilberto Freyre:

(...) não desenvolve em seu trabalho uma perspectiva histórica, de tal modo que o processo de colonização do país fica reduzido, em muitas passagens, a imagens abstratas e estereotipadas da realidade retratada. Ao desprender os aspectos culturais (e nestes, os psicológicos) da sua realidade histórica correspondente, Freyre está esvaziando esta categoria de análise, transformando-as num instrumento descritivo apenas." (MEDEIROS, 1980 ,p.224).

Mas ao mesmo tempo em que Gilberto Freyre recebeu críticas, ele também é homenageado, recebendo, por muitas vezes, críticas e elogios de um mesmo autor, é essa oposição de idéias na obra de Gilberto Freyre se deparou, juntamente com a sua vida e a história da qual fez parte, elementos fundamentais para dar ao autor a mentalidade e o caráter presente emseus livros.

VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gilberto Freyre produziu seu livro em meados do século XIX, suas idéias continuam sendo refletidas nas gerações seguintes, Freyre procurou demonstrar um Brasil livre de preconceitos de raças que o exemplificava com um país atrasado, no discorrer de sua obra, glorificou o negro escravo, índio e portugueses, dedicou seu trabalho ao período colonial discorrendo os pensamentos em uma linguagem simples, distante de uma linguagem acadêmica da época.

Herdeiro de uma tradição escravocrata que ainda era refletida na sobre a cidade de Recife no século XIX, Freyre buscou em vários autores, baseando em raízes profundas uma maneira de compreender o Brasil colonial, deparando-se com umas de suas consideráveis fontes a diferença entre a raça e a cultura da sociedade colonial.

Em relação as críticas diante ao trabalho de Freyre, vemos que parte delas são válidas, principalmente no que diz respeito ao caráter determinista de algumas de suas concepções, no entanto, não diminuem o valor de seus estudos acerca do período que abordou, somente o fato de incitar diversas discussões nos dá a dimensão da sua obra. Freyre tocou em pontos até então eram tratados de maneira homogênea pelos intelectuais da época. Ao passar por diversas fases da história brasileira, ele buscava interpretá-la partindo de conceitos sociológicos e antropológicos.

A partir da biografia de Gilberto Freyre é possível perceber sua grande importância frente a sociedade brasileira, criticado muitas vezes por historiadores por usar métodos não muitos convencionais, mesmo assim, o autor representa um destaque para a compreensão das contradições existentes no período colonial, sendo que seus reflexos ainda reflete na sociedade contemporânea.

VII – REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

- BASILE, Thiago. Gilberto Freyre, ''Casa-Grande e Senzala''. In: Novo Horizonte: um olhar que navega pelos vastos caminhos da literatura. Campinas, ago. 2006. Acessado em: 19 abr. 2008. Disponível em: <thiagobasile.blogspot.com/2006/08/gilberto-freyre-casa-grande-e-senzala.html>.

- FREYRE. Gilberto. (1936). Sobrados e Mucambos - vol. II. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985odomes/2003/01/20/000.htm>.Olympio, 1985.

- FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. Editora: Record, Rio de Janeiro. 1998.

- GONÇALVEZ, Elizangela. A importância histórica da obra Casa grande & Senzala. 2009. Disponível em: webartigos.com (Acesso em 01/07/2009).

- NOGUEIRA, Arnaldo Júnior. Gilberto Freyre. In: Releituras – resumo biográfico e bibliográfico. Acessado em: 19 abr. 2008. Disponível em: <http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp>.

- MEDEIROS, Maria. Casa-Grande & Senzala: uma interpretação de dados. Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, vol.23, n.2, p.215-236, 1980.

- MOREIRA NETO, Carlos de A. (1988). Índios da Amazônia: de maioria a minoria (1750-1850).Petrópolis:Vozes.

-ORTIZ, Renato. Da raça à cultura: a mestiçagem e o nacional. In: Cultura brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2003, p.13-44.

- Portal da História, biografias. Vida e obra de Gilberto Freyre. Disponível em: http://www.arqnet.pt/portal/biografias/gilberto_freyre.html (Acesso em 30 de junho de 2009).

- Revista PUCVIVA. O Significado da Casa grande & Senzala para a cultura brasileira. Disponível em: http://www.apropucsp.org.br/revista/r08_r04.htm (Acesso em 30 de junho de 2009).

- Recursos Educativos para estudantes e professores. Disponível em: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/estudosbrasileiros/casagrande/ (Acesso em 31 de junho de 2009).

- RIBEIRO, Darcy. (1995). O Povo Brasileiro. São Paulo: Círculo do Livro.

- STRÜSSMANN, Daniela Jardim. Capítulo um do livro – Casa Grande e Senzala. In: Projeto Interdisciplinar – Sociologia da Educação e História da Educação. abr. 2006. Acesso em 19 abr. 2008. Disponível em <www.ufrgs.br/tramse/tridi/2006/04/captulo-um-do-livro-casa-grande-e.html>.

- TUNA, Gustavo. O Brasil Negro: Reavaliando Gilberto Freyre. 2003. Disponível em: http://www.comciencia.br . (Acesso em 01/07/2009).


Autor: Leandro Martin


Artigos Relacionados


Casa-grande & Senzala, 75 Anos

Pra Lhe Ter...

Diacronização!

Dor!

Levanta-te

Tudo Qua Há De Bom Nessa Vida...

Blindness