O MADEREIRO AMBICIOSO



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Pessoas de vários lugares do planeta ouvindo falar sobre a colonização do Território de Rondônia partiram em busca de melhoras nas densas florestas amazônicas.

Um homem muito ambicioso pensou ficar rico retirando madeiras na floresta. Naquela época havia enormes castanheiras que produziam frutos o suficiente para alimentar os animais, os índios, os pequenos imigrantes e os ribeirinhos dessa região.

O ambicioso homem resolveu derrubar as castanheiras para vender e ser usadas nas construções de casas, cercas e outros.

Naquela época não havia estrada para retirar as toras das castanheiras, o madeireiro procurava derrubar as árvores mais próximas dos rios. Rolando as até o leito do rio e assim conduzia até a cidade mais próxima e ali as vendiam.

Por muitos tempos, o madeireiro fez este mesmo percurso, descendo o rio, coordenando as toras até chegar à próxima vila onde deveria vendê-las.

Logo o INCRA, colonizou a Bacia Amazônica, distribuindo um lote de aproximadamente 42 alqueires para cada agricultor. A partir desta data, foi surgindo, famílias de vários lugares do Brasil e o órgão resolveu reduzir os lotes em 21 Alqueires.

Os colonos e os madeireiros começaram desordenadamente devastar as florestas, não respeitando se quer a fauna e a flora.

As castanheiras revoltadas com o que estava acontecendo aos redores resolveram traçar uma estratégia para parar de vez com aquela matança de suas espécies. Uma velha e enorme castanheira que já havia produzido muitos frutos, sustentando muitos animais, muitos índios e muitos ribeirinhos daquela região, bradou dizendo:

▬ Companheiras, devemos tomar uma decisão imediatamente contra esses intrusos, se ficarmos de galhos cruzados logo não restará se quer uma castanheira para contar esta historia.

As outras castanheiras mais próximas concordaram com a idéia e perguntaram à velha amiga:

▬ Senhora das árvores, o que faremos para controlar a ambição destes intrusos derrubando todas as castanheiras querendo ficar ricos?

▬ Não se preocupem, no momento certo surgirá uma idéia. Agora fiquem alerta.

Os colonos derrubavam as árvores sem importar se eram madeiras para serem industrializadas ou não. Quando secavam as folhas hasteavam fogo destruindo tudo sobre a terra só sobravam cinzas.

Naquela época Rondônia praticamente havia segurança, as pessoas viviam como nos filmes de Faroestes, cada um criava sua própria regra, andavam armados em qualquer lugar, matavam os animais só para divertir-se.

A velha castanheira imóvel, com as raízes cravadas no solo, permanecia produzindo frutos com abundancia alimentando todos que por ali passavam.

O madeireiro ambicioso já possuía moto serras, caminhões e carregadeiras etcs...

As pobres castanheiras tremiam de pavor ao ouvir o ronco do moto-serra e dos caminhões nas florestas, esperavam só o momento de serem derrubadas e transformadas em tábuas, palanques e casas.

A velha castanheira ali imóvel, ouviu um barulho de humanos aproximando, preocupou-se.

O homem chegou bem próximo àquela enorme árvore e disse:

▬ Vejam! A maior castanheira já vista em toda a floresta amazônica, vamos descansar um pouco em baixo dela e depois vamos derrubá-la e carregar os caminhões por hoje.

A castanheira ouvindo aquilo pensou logo em uma forma de parar com aquela destruição, cochichando com os galhos a beira das colegas mais próximas disse:

▬ Filhas! Os assassinos de árvores chegaram, vamos preparar nossos frutos e quando eles dormirem, lancemos frutos sobre eles.

As outras castanheiras ouviram atentamente sua senhora acatando as ordens.

Quando os homens estavam dormindo um sono profundo às castanheiras começaram a lançar castanhas sobre eles.

Os madeireiros apavorados arrastavam-se, todos machucados tentando fugir dos tiros de castanhas, mas pouco adiantou apenas o madeireiro chefe salvou-se ficando paralítico. Esse ex, madeireiro, tornou-se um defensor da floresta amazônica, conta essa história para todas as pessoas ao seu convívio. Ainda diz que a castanheira existe ate o dia de hoje, nem um madeireiro consegue aproximar-se quer do local sem ser atingido por frutos de castanhas e investida de animais que se refugiam embaixo da sombra da velha castanheira.


Autor: João do Rozario Lima


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