A SEXUALIDADE E O DESENVOLVIMENTO CULTURAL



A sexualidade esta sempre veiculada ao prazer, seja de comer, de sexo, de consumo de drogas, em fim, cada uma das diferentes formas de prazer está intimamente relacionada a sexualidade, mas nem sempre ao ato sexual em si. Partindo dessa analise freudiana o presente estudo tem por objetivo verificar a relação entre cultura e sexualidade na sociedade atual. Para a realização deste estudo utilizou-se a pesquisa descritiva exploratória com revisão d literatura sobre o tema estudado. Os resultados apontam que existe uma relação proximal entre cultura e sexualidade, em cada parte do planeta em diferentes épocas de tempo houve costumes diferentes tanto quanto agora, muitos foram alterados com a evolução humana e outros ainda permanecem inalterados. Conclui-se ainda que o processo de globalização tem contribuído conjunto com os veículos de comunicação de massa para moldar uma nova sexualidade e muitas vezes de forma precoce as crianças que têm acesso a estes veículos de comunicação. Fator que exige dos pais e responsáveis postura acertada com esse novo modelo cultural que está se formando.

1 INTRODUÇÃO

A sexualidade é um tema relevante em todos os aspetos da vida das pessoas, depois do advento da Psicanálise foi possível modificar a postura e entendimento sobre a sexualidade da criança. Freud defende que as crianças têm sua própria sexualidade, mas as diferentes culturas interpretam de formas diferenciadas uma das outras.

Tendo como partida essas prerrogativas o presente estudo se justifica pelo fato de buscar compreender como acontece a relação entre sexualidade e cultura em todo o mundo e sua relevância neste aspecto.

O presente estudo se caracteriza por ser uma pesquisa exploratória e descritiva. Gil (2004, p.45) acrescenta ainda, "Que a pesquisa exploratória objetiva proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, tendo como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições".

Para a realização deste estudo tem a problemática: a sexualidade é tem ligação direta com a questão cultural?

Para tanto o objetivo deste estudo é: verificar a relação entre cultura e sexualidade na sociedade atual.

SEXUALIDADE E CULTURA

O desenvolvimento da sexualidade humana começa com as manifestações de sexualidade na infância, o contato físico, quando os bebês são segurados e acariciados. Os órgãos do sentido têm íntima relação com o centro sexual do cérebro e por isto a sucção ou o contato da pele provocam excitação nas crianças. Isto é necessário e natural que aconteça; não se deve privar o bebê de contatos corporais, o que não prejudicará nem tampouco estimulará inadequadamente a criança.

A auto-exploração ou masturbação é outra experiência fundamental para a sexualidade saudável. A criança cedo aprende a brincar e a tirar prazer de seu próprio corpo, e isto faz parte de seu desenvolvimento tanto quanto engatinhar, andar ou falar. A experiência da auto-exploração só trará prejuízos se for punida ou se a criança sentir-se culpada por esta atividade natural.

Os jogos sexuais infantis têm para a criança um sentido diferente daquele dado pelo adulto, e jamais deve acontecer com crianças de idades diferentes, para que não haja coerção.

O aprendizado de palavrões é um fato comum entre as crianças a partir de quatro ou cinco anos. Em geral, repetem o que percebem ser proibido, embora não tenham a mínima idéia de seu significado. Em geral, esclarecer seu significado ajuda a criança a deixá-lo de lado e, mais uma vez, a aproxima de seus pais com quem poderão sempre contar para esclarecer suas dúvidas. Ensinar a criança que não é preciso imitar comportamentos inadequados desde pequena é extremamente importante, até para que futuramente ela não se sinta tentada, por coerção de grupos, a mostrar comportamentos que não sejam de sua livre e espontânea vontade, como fazer uso de cigarros, drogas e outros.

De acordo com Souza et al (1999, p. 360)

Há indícios do uso de bebidas fermentadas e de ervas medicinais da pré história da humanidade. Ainda hoje em sociedades primitivas, pode-se verificar a existência de comportamentos sexuais variando com o consumo de drogas para diferentes fins, militares, sociais, religiosas e medicinais.

As diversas bebidas alcoólicas estão presentes na humanidade desde seus primórdios, o uso do vinho é conhecido desde a antiguidade, antes mesmo de Cristo, os gregos cultuavam o deus Baco devido ao vinho, porém com o advento dos destilados em geral a variedade de bebidas tem sido muito grande, porém seus efeitos no organismo são prejudiciais de um modo geral.

A comida, a bebida e o sexo são ressaltados com sua devida importância entre os gregos antigos. Porém, satisfazer as necessidades e prazeres do corpo era visto como indício de sabedoria ou "temperança" aos que o conseguiam fazer com equilíbrio (FOUCAULT, 2003).

As diferentes culturas em diferentes épocas fazem uso de costumes que variam de acordo com a evolução da condição humana, seus valores podem ser modificados depois de um longo ou curto período de utilização como sendo correta.

Sendo assim, o sexo, a comida e o consumo de drogas sempre foram elementares para o homem, outro dado relevante é que se observar a história da civilização, o homossexualismo masculino por exemplo, era uma prática aceita em toda a Roma, onde foi fortemente reprimido durante a Idade Média. O ópio foi durante séculos legalmente consumidos como droga de recreação na China, sendo também reprimido e utilizado atualmente apenas para fins terapêuticos. ( SOUZA et al, 1999).

A sexualidade é um tema recorrente nos meios de comunicação de massa, sendo que casos de abuso sexual e de pedofilia têm sido quase que constantes na mídia em todo o mundo. Porém a pedofilia não é uma prática contemporânea, a mesma já era pratica comum na Grécia Antiga.

Nos primórdios da civilização, segundo as teorias de (ENGELS, 1982 apud CANO, FERRIANI E GOMES 2007), as atividades sexuais eram livres entre homens e mulheres, e entre adultos e crianças sem que isso tivesse uma conotação de promiscuidade.

Porém a sexualidade tem mudado de acordo com as mudanças de valores das diferentes épocas da humanidade. O que era considerado comum como o sexo entre adultos e crianças, o homossexualismo e a prática de sexo com varias crianças e poucos adultos na Grécia Antiga, hoje é ilícito e considerado patológico, fato que carece de um tratamento psicológico adequado. (CANO, FERRIANI E GOMES 2007) defendem que na Roma Antiga, imperadores como Adriano, Tibério, Calígula e Nero tiveram seus amantes masculinos e praticaram pedofilia.

A palavra "pedófilo" é um composto recente do substantivo pais (criança) e do verbo phileo (amar). Com essa base, são encontrados dois substantivos em grego antigo: paidophilos e paidophilès. A pedofilia grega é o amor homossexual e pedagógico de um homem maduro por um menino impúbere Binard & Clouard, (1997 apud LANDINI, 2008).

A humanidade desde seus primórdios tem oferecido tratamentos diferenciados à criança de acordo com o seu contexto histórico e sua evolução Já, em seus primórdios, os homens praticavam várias formas de violência à criança, "desde os egípcios e mesopotâmios, além pelos romanos e gregos, até os povos medievais e europeus, não se considerava a infância como merecedora de proteção especial" Andrade, (2000, p. 2), apud Azambuja (2009) muitas vezes contando com o beneplácito da própria legislação e da cultura dominante.

Nos primórdios da civilização humana as crianças eram vistas como adultas em miniaturas, esse fato favorecia a serem tratadas como adultos, diferenciando dos demais apenas pelo tamanho e pela força que era menor. Por essa razão o ato sexual entre um adulto e uma criança era considerado natural, assim como as diversas formas de violência praticada contra elas (ARIÉS, 1981).

De acordo com Azambuja (2008, p. 2):

No Brasil, a situação da criança não foi diferente. Contam os historiadores que as primeiras embarcações que Portugal lançou ao mar, mesmo antes do descobrimento, foram povoadas com as crianças órfãs do rei. Nas embarcações vinham apenas homens e as crianças recebiam a incumbência de prestar serviços na viagem, que era longa e trabalhosa, além de se submeter aos abusos sexuais praticados pelos marujos rudes e violentos. Em caso de tempestade, era a primeira carga a ser lançada ao mar.

Os abusos sexuais que as mesmas passavam era tradicionais em vários períodos da história da humanidade, (ARIÉS, 1981) defende ainda que o imperador Tibério levou para a ilha de Capri uma quantidade significativa de crianças para satisfazer seus desejos sexuais.

Essa prática comum na Roma Antiga, hoje é criticada e combatida veemente pelas sociedades em diversos locais do mundo, pois as atrocidades cometidas já não são aceitas, uma vez que a criança hoje não é vista apenas pela perspectiva de um adulto em miniatura como era vista anteriormente.

O Imperador Adriano tinha freqüentes atos sexuais com meninos e adultos também e por ser considerado passivo, adotou uma lei que todo homem da sociedade que fosse passivo deveria ser considerado como ilegal, só seria considerado digno de passivo, escravos, mulheres e crianças (ARIÉS, 1981).

Adriano considerado um grande imperador fazia as mesmas práticas sexuais das quais seus ancestrais praticavam, uma vez que era considerado normal e aceito na sociedade romana de sua época, porém de acordo com as novas visões de mundo de cada imperador novas leis eram instituídas, assim o mesmo colocou como sendo normal o ato sexual do ativo, sendo que o passivo passou a ser considerado ilegal, pois ele não o era, ou não gostaria que seus súditos soubessem que era passivo e por isso instituiu leis, por acreditar que ser o parceiro passivo não era digno de ser chamado de parceiro.

Voltando mais no tempo e ainda na Grécia Antiga era comum que as crianças fossem educadas por um tutor ou cuidador, estes por sua vez, era um admirador e poderia ter um amante e instigar os alunos a terem relações sexuais com homens. O casamento era apenas uma formalidade para a sociedade (LAMBERT, 1990).

Os amantes tinham idade entre 20 e 40 anos, mas era comum ainda crianças de 4 a 5 anos que eram aliciadas para atender aos desejos sexuais de adultos. Essas crianças não tinham direitos civis, e eram tratadas apenas como objeto destinado a oferecer prazer aos que as possuíssem (LAMBERT, 1990).

O que se percebe é que diferentes culturas tiveram diferentes formas de interpretar as relações entre crianças e adultos, enquanto em tempos áureos os romanos acreditavam ser normal essa relação, assim como o incesto e as demais formas de relacionar que hoje são denominadas de parafilias. As culturas atuais em diferentes pontos do planeta são menos tolerantes em relação aos abusos sexuais, embora ainda seja freqüente em diversos pontos do planeta.

A reflexão sobre na noção de cultura se aprofundou a partir de estudos dos princípios culturais. As pesquisas sobre o processo de aculturamento são os fatores que mostram a concepção que os pesquisadores tinham de cultura. A partir dos estudos uma nova metodologia se mostra, pois não se trata mais de compreender a cultura para só então compreender o que vem a ser o aculturamento, a partir de agora se passa a tentar entender o que vem a ser aculturação para entender o que é cultura.

O processo que toda cultura sofre em situação de contato cultural pode ser considerado como sendo um processo de desestruturação e depois de reestruturação, assim é a realidade, ou seja, a cultura está em constante mutação e construção, assim o correto seria chamar cultura de culturação devido ao seu processo constante de construção e dinamismo de sua relação construtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao se terminar este estudo se percebe que o seu objetivo foi atingido com sucesso, uma vez que foi possível diagnosticar quais são as relações da sexualidade com a cultura e as diferentes formas de entendimento destas. Verificou-se também que: os meios de comunicação, que hoje bombardeiam com programas de baixa qualidade, músicas erotizantes e danças de igual quilate, são hoje um grande impasse na educação de meninos e meninas. Como evitar que a criança seja vítima desta superexposição inadequada do sexo e que assim se sexualize precocemente? O mais importante, atualmente, é que os pais tenham claro o tipo de orientação que desejam para seus filhos, e que lhes ofereçam outras opções de entretenimento. Buscar programas interessantes que estejam de acordo com a sua faixa etária, comprar discos infantis e roupas que estejam de acordo com sua idade são medidas que, se não evitam de todo, uma vez que a criança vive entre outras, ajudam a formar uma educação sexual mais adequada, garantindo-lhes no mínimo maior proteção.

É preciso ainda que os pais fiquem atentos às mensagens contraditórias: estimular excessivamente as crianças no sentido do amadurecimento precoce, "queimando etapas", pode ser perigoso, pois elas podem perder o interesse por brincadeiras infantis, passando a imitar comportamentos adequados a "mocinhas e rapazinhos", o que inclui invariavelmente seus aspectos sexuais.

REFERÊNCIAS

ARIÉS, P. História social da criança e da família. LTC, Rio de Janeiro. 2004.

AZAMBUJA. M. R. Violência sexual intrafamiliar: é possível proteger a criança? Revista Virtual Textos & Contextos, nº 5, nov. 2006. Disponivel em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/1022/802 Último acesso em 4 de Julho de 2009.

BRITO Ricardo. ESCOSTEGUY Diego, Quando começa a vida? Revista Veja, São Paulo, edição 2005 – ano 40 – n0 16. p. 55 - 56 Abril de 2007.

CANO, Maria Aparecida. FERRIANE, Maria das Graças e GOMES. Romeu. Sexualidade na adolescência, disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692000000200004. Ultimo acesso em 2 de julho de 2009.

FREUD, S. As neuropsicoses de defesa. Rio de Janeiro: Imago. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud). 1996.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade: o uso dos prazeres. 10. ed. V.2 São Paulo: Graal, 2003.

GIL, A. C. Como elaborar um projeto de pesquisa. 3. ed. Atlas. São Paulo, 1991.


Autor: Ana Mascarenhas


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