A Educação no Capitalismo: Uma Proposta Humanística



A educação é uma forma, pela qual, o ser humano apreende os conhecimentos necessários para sua sobrevivência, afinal o homem não é um ser dotado de instintos perfeitamente apurados, porém é criativo, audaz, é compulsivamente criador em seu desejo de sair da contingência de criatura; pode refletir, aprender, desaprender, compreender, evoluir e revolucionar. Conforme o contexto social a educação toma um formato, buscando assim, atender às necessidades de dada sociedade e de seu tempo. Nas sociedades primordiais e nas tribos encontramos uma forma de educação baseada na observação, ela é universal e totalitária, repleta de verdades absolutas.Pretendemos compreender o formato da educação no capitalismo, para tal, partiremos de algumas premissas da educação em nosso tempo para alçarmos tal propósito.

Conforme Lakatos e Marconi (1998), a educação deve desenvolver no educando a capacidade necessária para lidar com as mudanças tecnológicas e materiais, e ao mesmo tempo, contribuir para o avanço das mesmas. Outra função é manter inalterados os sentimentos e as crenças referentes às relações humanas é o que demonstra Brookover citado por Lakatos e Marconi (1998). Pretende-se com isso a manutenção do status quo, porém algumas normas tornam-se infundadas para os educandos ao se relacionarem com as ciências e tecnologias de seu tempo e ambicionando as futuras. Para aplacar isso, a educação é formulada de forma conservadora, reservando sua função inovadora para apenas algumas áreas do conhecimento que já estão humanamente preparadas. Uma educação emancipadora do ser é vista com desconfiança, é perseguida, essa educação não deixa o homem preso em um determinado espaço, o leva a alçar vôo para a liberdade da criação atraída pela busca incessante do conhecimento.

Vivemos um período, no qual, se enfatiza a informação e as idéias em detrimento dos bens e serviços. Esse atual período é denominado "indústrias do conhecimento". O conhecimento, as informações são refutadas a cada instante e é necessário acompanhar essas evoluções, para manter-se trabalhando, e a empresa que não tem funcionários com esse perfil está fadada à falência. É imprescindível aprender a aprender, isso se dá na aprendizagem baseada no conhecimento, ou seja, a organização sistemática das informações e conceitos feita pelo educando, sujeito do processo ensino aprendizagem. Hoje todos devem conhecer todo o roteiro de trabalho que envolve o seu setor e todos os outros setores. Todos somos substituíveis por aqueles que dominam todas as áreas. Mesmo que a pessoa saiba um pouco de cada parte, isso não importa, importante é saber. Eis a missão da escola! O aprendizado técnico, prático limita-se a ensinar o indivíduo uma habilidade específica, ele terá muita dificuldade em assimilar mudanças. Haja vista que essas mudanças o obrigam a fazerem determinadas atitudes que vão contra todos os seus princípios éticos. Difícil hoje, neste mundo globalizado e interesseiro, definir onde fica a ética nas profissões. O desejo de ganhar e de ser mais abafa os valores éticos. Com isso o homem se torna refém dele mesmo.

Podemos vislumbrar a educação no capitalismo observando as condições sócio-econômicas de cada grupo social. A educação permanece como forma de controle social e as classes dominantes procuram proporcionar um conhecimento conciso para sua classe e dominar a educação direcionada aos pobres, geralmente por meio do Estado; a esses é proporcionado um saber que garanta a manutenção do status quo.

Com as "indústrias do conhecimento", faz-se necessário uma reorganização na educação pública, ou as corporações ficarão sem trabalhadores qualificados. Essas mudanças devem ocorrer, porém crer que haverá uma emancipação do ser humano, a igualdade, a fraternidade é falácia. A burguesia é "camaleoa", ela cria sistemas para manter a "mais-valia", um de seus grandes pilares. Podemos recorrer à história para justificar tal afirmação: o fordismo, taylorismo, toyotismo são prova disso. O trabalhador é sempre alienado é mantido dominado. Quanto mais ele produz sem saber o que produz é mais lucrativo para a empresa cujo serviço ele presta.

Em epígrafe, o homem vive dentro do seu tempo, mas querendo estar fora dele constantemente. Uma luta de valores perante a vil necessidade de ter. Tudo isso acarreta ao homem um estado de dependência ao sistema econômico e político de seu tempo, tornando-o escravo de si mesmo na busca louca da mais valia. Uma boa educação é aquela que forma os homens mais livres para exercerem seu querer, dentro de uma visão ética e humana, sem interferir na sua livre escolha de querer ser o que mais lhe agrada e não o que mais lhe dá lucro. Lucrar é ser feliz com o que faz. Ser feliz é condição ontológica para a vida. E viver é necessariamente uma busca do conhecimento que mais lhe fará crescer como pessoa, como profissional e como ser humano.[1]





Autor: Marcos Cançado


Artigos Relacionados


A Função Da Escola E Da Educação

Educação Ambiental - Meio Ambiente

Educação Física E Qualidade De Vida

Importância Do Conhecimento Psicológico Para A Educação E O Ensino.

O Salmo 23 Explicitado

Educação Física Escolar

A Paz Como Realidade