GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA



INTRODUÇÃO

A adolescência é um período de mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos 10 aos 20 anos incompletos, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), ou dos 12 aos 18 de acordo com o Estatuto da criança e do adolescente do Brasil.

Denomina-se gravidez na adolescência a gestação ocorrida em jovens de até 21 anos que se encontram, portanto, em pleno desenvolvimento dessa fase da vida – a adolescência. Esse tipo de gravidez em geral não foi planejada nem desejada e acontece em meio a relacionamentos sem estabilidade. No Brasil os números são alarmantes, (MORAES, 2001).

De acordo com Aquino, Heilborn (2003), a abordagem do tema da gravidez na adolescência tem enfatizado o caráter de problema social do fenômeno, partindo do pressuposto de que nas adolescentes existiria "incapacidade fisiológica para gestar e incapacidade psicológica para criar. A gestação é encarada necessariamente como indesejável, com conseqüências biológicas, psicológicas e sociais negativas.

A adolescência tem despertado grande interesse, tanto na mídia, quanto no âmbito das políticas públicas. Especialmente a partir de 1985, definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional da Juventude, inúmeras iniciativas foram desencadeadas em todo o mundo, visando o levantamento das necessidades sociais dos jovens que viriam a constituir as futuras gerações de adultos no terceiro milênio.

Contudo, a gravidez na adolescência não é um fenômeno recente.

A experiência de uma gravidez inscreve-se em uma etapa de aprendizado da sexualidade, que assume contornos singulares no contexto da cultura sexual brasileira, envolvendo complexas interações entre homens e mulheres, o que torna necessário situá-la no quadro das relações e papéis de gênero, (HEILBORN et al., 2002).

Tem-se como pressuposto que a gravidez na adolescência é vivida de múltiplas formas e que os contextos sociais definem universos de possibilidades e de significações diferentes entre os jovens de distintas classes sociais.


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Falta de orientação e conhecimento, é a possibilidade da gravidez na adolescência, e podem estar relacionados a fatores biológicos, de ordem familiar, sociais, psicológicos e contracepção.

A gestação é encarada necessariamente como indesejável, com conseqüências biológicas, psicológicas e sociais negativas.

A gravidez na adolescência envolve muito mais do que problemas físicos, pois há também problemas emocionais, sociais, entre outros. Por serem muito jovens os rapazes e as moças não assumem um compromisso sério e na maioria dos casos quando surge a gravidez um dos dois abandona a relação sem se importar com as conseqüências. Por isso o número de mães jovens e solteiras vem crescendo consideravelmente.

De acordo com Reprolatina (2005), define que após a 1º menstruação, (menarca), a adolescente já pode engravidar. Para ocorrer uma gravidez é preciso ter relações sexuais durante o período fértil, tempo em que o óvulo sai do ovário e vai para trompa.

É a partir desse momento que a mulher começa a ter os primeiros sinais da gravidez: ausência da menstruação, enjôos, sensibilidade nos seios, mudança de humor e outros, (idem, 2005).

Não podemos dizer que toda gravidez na adolescência é indesejada, pois uma gravidez indesejada são aquelas que acontecem por abuso sexual ou por falha de métodos anticoncepcionais. O que encontramos, é que na maioria das gravidezes na adolescência não são planejadas, isto é, acontecem sem intenção, causadas por diferentes fatores individuais ou sociais. Porém, não é por isso que esta gravidez não vai ser bem vinda.

Segundo Guimarães (2001), as causa de uma gravidez na adolescência é multicausal e sua etiologia está relacionada a uma série de aspectos que podem ser agrupados em:
Fatores Biológicos, Fatores de Ordem Familiar, Fatores Sociais, Fatores Psicológicos e Contracepção.

Sabemos que muitas adolescentes estão engravidando, hoje no Brasil. Vamos conhecer um pouco mais sobre a situação da gravidez na adolescência em nosso país.

* Aproximadamente 27% dos partos feitos no SUS (Sistema Único de Saúde) no ano de 1999, foram em adolescentes de 10 a 19 anos, isso quer dizer que a cada 100 partos foram de adolescentes.
* Cerca de 10% das adolescentes de acordo com uma pesquisa feita em alguns Estados brasileiros em 1996, tinham pelo menos 2 filhos aos 19 anos.
* Entre 1993 e 1999 houve aumento de aproximadamente 30% do número de partos feitos no SUS em adolescentes mais jovens entre 10 e 14 anos, (REPROLATINA, 2005).

Devemos enxergar a adolescente grávida como um indivíduo único, com diferentes sensações e sentimentos. Podemos crer que a adolescente, ao mesmo tempo que se considera adulta para ter uma vida sexual é uma criança. Essa distinção é fundamental, para que com sensibilidade, possamos auxiliar no crescimento e auto-conhecimento dessas jovens, (BARRETO, 2008).

De acordo com Jakobi (2008), planejar a família nada, mas é do que ter os filhos desejados, à ocasião oportuna. Tema controverso para muitos, tem bases médicas de solidez inquestionáveis.

É muito nítido hoje o papel do planejamento familiar como atitude promotora de saúde. A idade adequada para gestar, o número de filhos, o intervalo entre os partos, atenção à mulher durante a gestação, o preparo para o parto e, mais ainda, o aleitamento natural e a qualidade do produto conceptual são apenas alguns dos enfoques de relevância que na atualidade constituem o âmago das preocupações dos autênticos paladinos do planejamento familiar.

Viver ao mesmo tempo a própria adolescência, cuidar da gestação e, mais tarde, do bebê, não é tarefa fácil. E a vida torna-se ainda mais difícil para a adolescente grávida que estuda e trabalha. Igualmente, essa situação não difere com relação ao jovem adolescente que se torna pai: ele se vê envolvido na dupla tarefa de lidar com as transformações próprias da adolescência e as da paternidade, que requerem trabalho, estudo, educação do filho e cuidados com a esposa ou companheira.

Diante do nascimento, as questões se avolumam, como sustentar a criança? Como educa-la quando os futuros pais são ainda estudantes e dependem da familia?. Assumir precocemente a paternidade pode significar interromper os estudos para começar a trabalhar ou conciliar escola e trabalho. O papel da familia é fundamental mas precisa ser dosado, a compreensão e a ajuda financeira são importante, a familia precisa fazer com que o menino tenha as responsabilidades de pai, (BALMANT, 2008).

No Brasil a cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes, número que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos grávidas que na década de 70, engravidam hoje em dia. A grande maioria dessas adolescentes não tem condições financeiras nem emocionais para assumir a maternidade e, por causa da repressão familiar, muitas delas fogem de casa e quase todas abandonam os estudos.

A atividade sexual da adolescente é, geralmente, eventual, justificando para muitas a falta de uso rotineiro de anticoncepcionais. A grande maioria delas também não assume diante da família a sua sexualidade, nem a posse do anticoncepcional, que denuncia uma vida sexual ativa. Assim sendo, além da falta ou má utilização de meios anticoncepcionais, a gravidez e o risco de engravidar na adolescente podem estar associados a uma menor auto-estima, à um funcionamento familiar inadequado, à grande permissividade falsamente apregoada como desejável à uma família moderna ou à baixa qualidade de seu tempo livre. De qualquer forma, o que parece ser quase consensual entre os pesquisadores, é que as facilidades de acesso à informação sexual não tem garantido maior proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e nem contra a gravidez nas adolescentes,( VITALLE e AMANCIO, 2008).

Segundo Foresti (2000), a mortalidade materna e peri-natal é maior na gravidez na adolescência. No Brasil, grande parte das mortes na adolescência estão relacionadas à complicações da gravidez, parto e puerpério. As complicações mais freqüentes da gravidez e parto na adolescência são:
1- Toxemia gravídica, que é uma doença hipertensiva da gravidez com fortes possibilidades de convulsões;
2 - Maior índice de cesarianas;
3 - Desproporção céfalo-pélvica, que é uma desproporção entre o tamanho da cabeça do feto e a pelve da mãe;
4 - Síndromes hemorrágicas, chamada de coagulação vascular disseminada;
5 - Lacerações perineais, envolvendo vagina e, às vezes do ânus;
6 - Amniorrexe prematura, que é ruptura precoce da bolsa e;
7 - Prematuridade fetal.
As complicações obstétricas na adolescente vão desde anemia, ganho de peso insuficiente, hipertensão, infecção urinária, DST, desproporção céfalo-pélvica, prematuridade, aborto, até complicações puerperais. Para o bebê, baixo peso ao nascer, Apgar mais baixo, doenças respiratórias, trauma obstétrico, além de maior freqüência de doenças perinatais e mortalidade infantil. Muitas dessas complicações poderiam ser evitadas ou até minimizadas com um pré-natal adequado. Deve-se considerar que estes riscos se associam não só a idade materna, ou ao pré-natal inadequado ou insuficiente, mas também a outros fatores, como a baixa escolaridade, baixa condição socioeconômica, intervalos curtos entre os partos (< de 2 anos) e estado nutricional materno comprometido.
A maneira mais saudável para orientar a vida sexual dos adolescentes seria que os pais tivessem liberdade consigo próprios para poder informar e ouvir os filhos, e que desde cedo educassem a criança para responsabilizar-se por suas ações.
É importante que a família apóie, analise a situação e pense junto o que fazer diante da gravidez precoce. Que sejam estabelecidos os limites e responsabilidades de cada um, para possibilitar uma situação com menos conflitos e mais aprendizado.
Na prática, toda família realiza a educação sexual de suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos, no tipo de “cuidados” recomendados, nas expressões, gestos e proibições que estabelecem, são carregados dos valores associados à sexualidade que a criança e o adolescente apreendem, (LIMA, 2000).

Não vale a pena engravidar por distração ou ignorância. As informações técnicas são importantes e devem continuar a ser oferecidas às crianças que estão entrando na adolescência, e aos jovens. Os programas de educação sexual transmitidos pelas escolas vêm cumprindo papel fundamental, já que permitem o diálogo e a circulação de informações sobre a sexualidade. Os meios de comunicação e as campanhas publicitárias também têm abordado com freqüência esse assunto, particularmente visando a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS.

Nós vivemos hoje numa sociedade onde alguns valores estão invertidos. Por exemplo, num grupo de amigas a questão da virgindade perdeu seus valores (se é que servem para alguma coisa), muito pelo contrário é motivo para gozação das amigas. Por esse motivo, mesmo que ela não esteja com vontade e preparada, passa a adotar um comportamento de procurar um parceiro. Desse modo ela não será mais motivo de gozação no seu grupo. Terá histórias das suas aventuras para contar. Não será mais "careta".

CONCLUSÃO

Sendo a gravidez na adolescência um problema muito serio e que também vem tomando proporções extremamente perigosas, infelizmente o assunto é bem preocupante, e acredito que se não conscientizarmos os jovens a respeito do assunto fica bem difícil lidar com esse problema.

Sabemos que a adolescência é a idade mais interessante que existe porque é nela que as pessoas começam a descobrir os seus reais sentimentos para o com próximo e também tem o seu primeiro amor.
Por isso é importante contar com o auxilio de um profissional da saúde, apenas ele poderá te ajudar e encaminhar os métodos mais seguros para essa fase sem que ocorra nenhum problema
Ao concluir ficou claro os riscos de uma possível gravidez na adolescência são imensos, como se já não bastasse, ainda estamos imersos ao despreparo e falta de informação, na qual leva em algumas conseqüências como por exemplo, uma Doença Sexualmente Transmissíveis.


REFERÊNCIAS

AQUINO, E. M. L; HEIBOM, M. L; KNAUTH, D. et al. Adolescência e reprodução no Brasil: A heterogeneidade dos perfis sociais. cad. Saúde Pública. vol.19. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: acessado em 23/07/2009 ás 15h.

BALMANT, O. Como é vivida a paternidade por adolescentes que assumiram a tarefa em meio às cobranças e as novas responsabilidades. Revista da Folha. p. 13-17. São Paulo, 2008.

FORESTI, R. Gravidez na Adolescência. Toda Informação é Necessária. 2002. Disponível em: acessado 23/07/2008 ás 16:30h. 

Gravidez na Adolescência: Vivendo a Adolescência. Reprolatina, 2005. Disponível em:< www.adolescencia.org.br > acessado em 20/07/2009 ás 14:30h.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA. Perfil Estatísticos de Crianças – mães no Brasil. A Situação da Fecundidade; Determinantes Gerais; Características da Transição Recente. Rio de Janeiro, 1988.

GUIMARÃES, E. B. - Gravidez na adolescência: fatores de risco. IN: Saito, M.I. & Silva, E. V. -Adolescência - Prevenção e Risco. São Paulo, Atheneu, 2001. P. 291-298.

JAKOBI, H. R. Planejamento Familiar. Porto Velho, RO, 2008. Disponível em: acessado 24/07/2009 ás 12:10h.

LIMA, H. Educação Sexual e Orientação Sexual. São Paulo, 2000. Disponível em: acessado 10/08/2009 ás 13:30h.
MORAES, R. R. A. Gravidez na adolescência. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Perfil estatístico de crianças - mães no Brasil: A situação da fecundidade; Determinantes gerais características da transição recente. Rio de Janeiro, 1988.

VITALLE, M. S.S; AMANCIO, O. M. S. Gravidez na Adolescência. Adolescência e Gravidez. São Paulo, 2008. Disponível em: acessado em 19/07/2009 às 18:30h.





Autor: clevia silva


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