Hoje é dia de rotina



Acordar, escovar os dentes, vestir alguma coisa, ir para o trabalho. Segundas, terças, quartas, quintas e sextas. Quase todo dia, para quase todo mundo, é dia de rotina. Assistir a Ana Maria Braga de manhã, fazer almoço meio-dia e passar a roupa à tarde. Tomar mamadeira, brincar de carrinho, tomar banho para ir dormir. Tudo isso é rotina. Velhos, jovens, trabalhadores ou não. Todo mundo entra na roda.

O dicionário chama de prática constante ou caminho já trilhado. Mas rotina é, na realidade, a melhor opção para manter pessoas desacordadas. Funciona tanto quanto a hipnose. A rotina é um tipo de hipnose. Ela serve para deixar o tempo livre, solto, passando despercebido. Já que, hipnoticamente, muitos continuam a dormir.

O problema maior da rotina é se acostumar a ela. Já diria Marina Colosanti: se acostumar não devia. Não devia porque prende, aliena, enfraquece. E a rotina é quase sinônimo de costume. Mas todo mundo se acostuma, todo mundo tem rotina. Sim, todo mundo de alguma forma. Mas isso não quer dizer que tudo está perdido.

Não é totalmente ruim fazer parte de uma rotina. Não é sempre que a rotina tem o poder de adormecer pessoas. A rotina pode ter algo de bom sim. Pode ter aprendizado. Pode ter a tranqüilidade que tantos desejam. Pode até ter beleza. Pode sim e não é só na música Cotidiano do Chico Buarque. De um modo geral, não há problemas em seguir rotinas, o problema é fechar os olhos.

Manter os olhos fechados já é uma prática social. Depois de anos de evolução e tecnologia, a sociedade decidiu parar de enxergar. Não ver o que não se quer ver. Não ver o que incomoda, perturba. Ou, simplesmente, não ver o que é simples. Essas práticas, infelizmente, já são comuns.

Acordar, fazer almoço de manhã, trabalhar à tarde, assistir um filme a noite e não tomar banho antes de dormir. Não importa a ordem ou a atividade. Não importa se é velho, rico ou andarilho. Se morre pra não perder a Ana Maria Braga ou se nem tem tempo de ligar a televisão. Importante é estar de olhos abertos. Não se acostumar. Hipnose? Só com hora marcada.
Autor: Talita Rodrigues


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