UMA ANEDOTA SUGESTIVA... QUE FAZ NOSSAS LEMBRANÇAS!... UM CASO DE PRAGMÁTICA...



Essa anedota de Rodolfo Ilari é um tanto hilariante, e interessante quanto ao assunto ambiguidade ou dupla interpretação acontecer não somente com o uso de homônimos perfeitos mas em frases que possam gerar confusão de sentido quando sugerem nas lembranças do receptor ou ouvindo um entendimento diverso da intenção do emissor ou falante. O cenário e cena é mais ou menos esse, com a liberdade de pequena ampliação no enredo:

*

Foram uma senhora e seu esposo a um consultório médico em saber do resultado de exames de saúde feitos referente a mal-estares sentidos pelo enfermo nas últimas semanas.

O médico abriu os envelopes, analisou cada informação, comparou aos parâmetros de normalidade e saúde, enfim, olhou para ambos...

- Então, doutor, que diz os exames?... - pergunta o senhor, fraco, olhar anêmico.

Buscando o médico um meio para dizer sobre o diagnóstico desfavorável e prepará-lo psicologicamente para receber a má notícia, uma doença grave, olha para o seu rosto adoentado, desanimado, o seu corpo muito magro, e diz, em tom sério, à esposa que estava ao lado acompanhando-o:

- Não estou gostando nada da cara dele. A quanto tempo está assim?

- Não entendi, doutor? A cara desse meu velho está assim a muito tempo, desde que conheço, essa carranca não muda nem de dia e nem de noite, e parece enfezado, mas não está não, é o jeito dele mesmo, ele é um amor com as nossas crianças..., mas na cama é todo duro, sem muita animação ou vida, parece até que não me gosta..., mas gosta sim, é o jeito dele a muitos anos, e se casei-me com ele é porque tinha algo de que gostasse..., não é?

- Mulher, acho que o médico está dizendo outra coisa...

- Estou sim, queria dizer...

- Não precisa não, doutor, já sei que ele é assim feito dom casmurro, meio macambúzio, enrustido, e é por isso que está doente. Falta de se alegrar mais, pôr um sol na consciência, não acha?

- E o que acha do estado dele atual, sempre foi assim muito magro?

- Que nada, era até gordinho, pedi que fizesse um regime, para ficar assim mais elegante, só que o regime foi demais, parou de comer de vez, sabe, não sente mais fome...

- Então..., o caso dele é..., uma doença...

- O caso dele eu sei, doutor, precisa de umas vitaminas, uns remédios de levantar o apetite, umas ginásticas pra ser mais homem na cama. Mas que não fique muito gordo não, gosto de homem é magro mesmo!

- Senhora, o que quero dizer é que ele precisará uma cirurgia...

- Ah, isso não, doutor, ele é feio mas não precisa de cirurgia plástica por enquanto não... Deixe ele com essa cara feia mesmo! Só voltar o meu homem a comer e ter força, já tá muito bom!

*

A cara do doente é um signo ícone: cara-doença, cara-lembranças...

*

No original, por Rodoldo Ilari, Semanticista da Unicamp, é assim:

Certa mulher aguardava com o seu marido o diagnóstico da doença deste. O médico se aproxima dos dois com expressão austera e diz:

- Não estou gostando nada da cara dele.

- Eu, também não, mas ele é muito bom para as crianças.

A chave é a extração do humor na situação - emissor - receptor.

*****


Autor: sergio carneiro de andrade


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