Comportamento cultural nas organizações



A NATUREZA DA CULTURA


A cultura foi “descoberta” nos anos 80, graças ao sucesso das corporações japonesas. Elas pareciam fazer as coisas de maneira diferente das americanas e, ao mesmo, imitando descaradamente a tecnologia  dos Estados Unidos. Na verdade não há culturas particulares, algumas podem ser individuais, mas sua importância e coletiva. Associa-se cultura organizacional com cognição coletiva. Ela passa a ser a “mente da organização”, se você preferir, as crenças comuns que se refletem nas tradições e nos hábitos, ou mesmo edifícios e produtos. A nova cultura influência no estilo de tomadas de decisões e de pensar, favorecendo o indivíduo numa organização, influenciando-o de forma direta ou indireta no processo de formação de estratégias.

De acordo com MINTZBERG (2000, p. 195), a força de uma cultura pode proporcionar ao grau até o qual ela ilude a consciência. As organizações com culturas fortes são caracterizadas por um conjunto de “suposições dadas como certas”, as quais são “protegidas por uma rede de artefatos culturais”, inclusive a maneira pela qual as pessoas se comportam umas com as outras, as historias que contam e “embutem o presente na historia organizacional”, a linguagem que usam e assim por diante.

 

A NOVA CIÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES

O sistema atual segue as características do sistema social Americano onde as organizações controlam, modam e criam o seu ambiente, por meio de regras e normas pré-estabelecidas, seguidas por seus membros que tendem a rejeitar as novidades implantadas. Esse sistema baseia-se em relações inter-independente na estrutura de funções e relações entre os membros, uma tecnologia com normas e costumes consolidados e uma teoria de conjunto de regras da realidade interna e externa posta em pratica e quando alterada pode causar uma desestruturação organizacional.

O planejamento convencional sofre a influência dos interesses políticos na intenção de mover o mercado, atualmente os planejadores erroneamente vêem a administração como um fato social impondo regras, normas e fundamentos intelectuais identificando os comportamentos e atitudes humanas, como a influência do computador sobre os atos do individuo, criando um sistema de análise das conseqüências que poderão trazer-lhe benefícios no trabalho intelectual e técnico, ajudando no desenvolvimento da humanidade e supostos malefícios tanto psicológicos como motores.

A racionalidade é o conhecimento de conseqüências, já as condutas ou decisões humanas não é uma questão individual, nem do que seja bom, mas que venha ser viável para atingir as suas metas. O conceito de racionalidade sofre influencias por implicações ideológicas, conduzindo o comportamento econômico pelo interesse de elevar ao máximo os seus ganhos formando a totalidade da natureza humana. Então o homem ou uma sociedade é racional quando coloca seus valores acima das imposições econômicas, diferindo-se daquele que se auto-atualiza e a racionalidade instrumental é a única que pode ser concebida.

Na sociedade pré-mercado ou não mercantil, onde não há escassez de meios, existia um grau de diferenciação social entre as atividades superiores, exercidas pela livre deliberação pessoal do indivíduo sendo estas mais gratificantes, já as inferiores são determinadas pelas necessidades objetivas básicas dos seres humanos, os indivíduos possuem eficácia dos critérios sociais e da vida compacta, possuindo uma economia substantiva, pois nela existia o cálculo sob regras de interação social primitiva e a economia era voltada para a utilização de recursos naturais, não possuindo motivação econômica.

A sociedade Ocidental transformou o homem dando-lhe um caráter econômico através do surgimento das organizações mercantis fundadas em cálculo, sendo escassos os meios e os recursos, projetando-se para a criação da maximização dos lucros pela acumulação de capitais, sendo a economia formal a expansão das capacidades do sistema de mercado, devendo ser analisadas as formas de organizações passadas, presentes e emergentes. A produção industrial transformou o homem no componente da força de trabalho, cabendo ao individuo a adaptação das determinações mecânicas, na teoria da organização e o desejo de poder do homem tenta criar e maximizar os recursos necessários ao seu bem estar material promovendo a incompreensão no conjunto das relações inter-pessoais, além de ver o homem como uma máquina.

A sociedade possui dois problemas, um deles é a existência de um significado para a sua existência e tudo que o circunda ou a razão de sua ordem hierárquica, o outro é a questão da sobrevivência biológica indicada pelas atividades de natureza econômica submetidas a imposições da sobrevivência da calculada maximização de recursos, dando ênfase às vantagens práticas. A interação simbólica media as trocas das experiências da realidade, ela é um tipo de comunicação não projetada e classifica-se como um conjunto de regras técnicas e de procedimentos, não havendo comportamentos funcionais, possuindo uma visão da sociedade humana onde se incere a ação social, as organizações e as mudanças são os produtos de tais ações.

O conhecimento é adquirido de múltiplas maneiras cabendo ao indivíduo o modo de utilizar essas informações, participando da realidade social através de um caráter ativo, possuindo existência real ocupando-se da prática de esforços livremente produzida em busca de sua atualização pessoal do profissional de nível superior na organização, ou reativa, agindo passivamente, transformando-se em um sistema de processamento de informações. O modo de transmissão destas deve ser transparente, por isso existe um questionamento da veracidade da ciência, pois esta está corrompida pelo pensamento de que o importante não é evidenciar o que é verdade, mas o que seja viável.

 Os sistemas sociais deformam a linguagem e os conceitos, no passado o lazer era uma serie de esforços em que o homem poderia empenhar, foi modificada através de um processo de autojustificação ética do sistema de mercado, para o atual sinônimo de ociosidade, passa tempo e diversão. Atualmente algumas pessoas ao ficarem desempregadas elas têm uma ilusão do lazer. Também o trabalho que era uma pratica de  esforço subordinadas as necessidades objetivas pertencentes as classes inferiores da população, teve uma modificação de significado, passando a ser uma das mais prezadas de todas as atividades humanas.

O sistema de mercado funciona com técnicas e economias possuindo um processo competitivo que visa o lucro e o individuo participa como um item de custo, tornado-se apenas um ganhador de salários formando um setor social marcado por requisitos psicológicos que formam a atual ética do trabalho, valorizando a dignidade humana condicionada na tentativa de aliviar a dissonância cognitiva e o conflito interior.

A sociedade deve possuir algum tipo de sistema que assegure ordem da produção e distribuição dos bens, esta abordagem substantiva deve utilizar um tipo de analise que exclua as linguagens informais criadas pela empresa e a prejudique, conservando as que facilitem o trabalho e ajude no desenvolvimento da empresa.

Na época em que vivemos ocorrem contínua mudança, nas quais velhas estruturas e recriação de novas, pois há uma tendência inerente às modificações em todas as coisas existentes, estão passando por um período de transição do paradigma mecanicista para o emergente. Então ocorreram a veloz abertura e fechamento de empresas, assim como, aparecimento e desaparecimento de produtos e serviços.

Para as empresas sobreviverem é necessário que elas transformem-se ou serão ultrapassadas pelos seus concorrentes, podendo até levá-la a falência. A percepção de mudança que ocorre hoje seria muito mais profunda, em qualidade e quantidade, do que as que ocorreram no passado e não podem ser atribuída apenas a globalização e a tecnologia, pois os fatores como o perfil demográfico, os movimentos políticos e sociais, as tendências culturais são grandes responsáveis pelo comportamento das empresas e dos indivíduos na sociedade. Além de assumir o pressuposto de que a mudança, em lugar de um fluxo caótico de direções incertas, é algo controlável, é aberta às diversas formas de intervenções em todas as dimensões importantes da organização: das mais concretas e objetivas às mais subjetivas pelas qual seu curso, sua intensidade e abrangência podem ser manipulados através de uma fantasia coletiva alimentada pela mídia de negócios e por vendedores de falsas soluções para os males da ansiedade. A formação do senso critica limita-nos  as exposições destas informações e faz com que a sociedade aprenda a gerir as informações através de analises, podendo gerar suas próprias mudanças substantivas. 

Nesta concepção a administração é uma arte no sentido de utilizar um conjunto de regras, normas e costumes para realização do objetivo da empresa, preocupando-se com a produção, maximização de seus lucros e as relações inter-pessoais entre os membros da organização, através do planejamento, na definição do objetivo, controle, definindo funções, dirigindo a distribuição das tarefas aos membros, sem deixar de atender as necessidades deles na organização. Cabendo ao administrador fazer do homem não mais um instrumento de trabalho, mas sim um trabalhador.

   De Taylor até hoje a ideologia da organização tem sido um sistema de preço de mercado, devendo ser reformulada suas bases substantivas, promovendo condições operacionais para atender cada tipo das necessidades humanas, além categorizar múltiplos tipos de cenários sociais, que atende as necessidades humanas limitadas, cabendo ao individuo a seguir regras independente da função desempenhada em determinado tempo e espaço, sendo cada vez mais reduzido para evitar desperdício. Cada cenário social possui um tempo, espaço e sistema cognitivo, além dos vínculos inter-relacionados entre os membros da organização.

O estudo cientifico da organização apresentado por Taylor enfatizava a utilização de recursos físicos e mão-de-obra técnica, interessou-se pela personalidade na medida em que os aptidões e habilidades individuais poderiam ser melhoradas com o treinamento na intensão de atingir um bom rendimento. Simon tentou esclarecer o processo de tomadas de decisões. Assim com Taylor, errou quando tratava as atividades humanas operacionalmente úteis com o intuito de poupar recursos, possibilitando o cálculo e maximização, analisando a racionalidade como uma estimativa de conseqüências. O comportamento administrativo é incompatível com o desenvolvimento das potencialidades humanas, pois o funcionamento é subordinado as regras formais importantes.

 Existem vários tipos de organização e a organização contemporânea, preocupando-se com a redução ou eliminando da insatisfação, proporcionando um ambiente de trabalho adequado direcionado aos interesses humanos, através de uma política cognitiva, delimitando as organizações que conhecidem com os seus objetivos. A organização econômica é um sistema microssocial que utiliza critérios quantitativos para avaliar a viabilidade, desempenhando suas funções na tentativa de tornar as estruturas mais eficazes, caracterizando as organizações econômicas na intenção de atingir seus objetivos pré-estabelecidos, de acordo com as prioridades, como a obtenção de lucro.

O paradigma gerencial contemporâneo, fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade. Contrapõe-se à ideologia do formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional. À avaliação sistemática, à recompensa pelo desempenho, e à capacitação permanente, que já eram características da boa administração burocrática, acrescentam-se os princípios da orientação para o cidadão-cliente, do controle por resultados, e da competição administrativa.

 No presente momento, uma visão realista da reconstrução do aparelho do Estado em bases gerenciais deve levar em conta a necessidade de equacionar as assimetrias decorrentes da persistência de aspectos patrimonialistas na administração contemporânea, bem como dos excessos formais e anacronismos do modelo burocrático tradicional. Para isso, é fundamental ter clara a dinâmica da administração racional-legal ou burocrática. Não se trata simplesmente de descartá-la, mas sim de considerar os aspectos em que estão superadas e as características que ainda se mantêm válidas como formas de garantir efetividade à administração.

 

Pensamento:

“O que eu mais gosto a respeito de ser um filosofo-cientista é que não preciso sujar as minhas mãos”.

                                                            (Henry Mintberg)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. O safari de estratégia. 1. ed. Porto Alegre – RS: Bookman, 2000.

RAMOS, Alberto Guerreiro. A nova ciência das organizações. 2. ed. – Rio de janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1989.


Autor: jotony lima lima


Artigos Relacionados


CrenÇa Na Ingenuidade

Avis Rara

Mulher Do Fim Do Mundo

Aprendiz De Escriba

VocÊ

Prisioneiro

Sou Brasileiro