NATAÇÃO PARA BEBÊS - A PRESENÇA PARTICIPATIVA DOS PAIS NO DESENVOLVIMENTO DAS AULAS



INSTITUTO LUTERANO DE ENSINO SUPERIOR DE ITUMBIARA-GOIÁS

ALEX VIEIRA DOS SANTOS

A PRESENÇA PARTICIPATIVA DOS PAIS NAS AULAS DE NATAÇÃO DOS BEBÊS

Itumbiara-GO, agosto de 2009.

ALEX VIEIRA DOS SANTOS

A PRESENÇA PARTICIPATIVA DOS PAIS NAS AULAS DE NATAÇÃO DOS BEBÊS

Monografia apresentada ao Curso de Educação Física, do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara-Goiás, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Educação Física, orientado pelo Professor Régis Juarez de Freitas Coelho.

Itumbiara-GO, agosto de 2009.

A PRESENÇA PARTICIPATIVA DOS PAIS NAS AULAS DE NATAÇÃO DOS BEBÊS

ALEX VIEIRA DOS SANTOS

Monografia defendida e aprovada, em 08 de julho de 2009, pela banca examinadora composta pelos professores:

Professor Régis Juarez de Freitas Coelho.

Orientador

Professor Especialista Thiago Remotto Domiciano.

Avaliador

Professora Msd. Silvia Costa de Oliveira Pasenike

Avaliadora

Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram de forma direta ou indireta para conclusão do mesmo.

Agradeço a Deus primeiramente por ter me dado forças para lutar e oportunidade para viver e evoluir.

Aos meus pais, meus irmãos e ao meu bebê Gustavo Vieira Amorim e aos meus familiares que nunca deixaram de acreditar em mim, nas minhas aptidões e capacidade de vencer, os meus sinceros agradecimentos.

Aos meus inesquecíveis mestres: Rudimar Telier de Freitas e Régis Juarez de Freitas Coelho.

Quando sinto meu corpo em contato com o meio líquido, ao nadar, percebo que a água é mais que uma superfície e dimensão. É um mundo com várias possibilidades de ação e movimentos.

Bonacelli (2004)

RESUMO

O presente estudo buscou verificar qual a importancia da presença participativa dos pais nas aulas denatação de seus bebês, procurando investigar também a opinião dos professores diante da prática didática utilizada na natação de bebês, identificando se o professor defende ou não a presença participativa dos pais nas aulas de natação para seus bebês; analisando também com o professor às possíveis vantagens ou desvantagens da presença participativa dos pais no desenvolvimento dos bebês na natação; e saber de que forma a presença participativa dos pais auxilia ou prejudica o desenvolvimento das aulas. O trabalho se justifica por ser uma contribuição para professores e profissionais que queiram compreender melhor a natação para bebês. Para que isso fosse possível foi realizada uma pesquisa de campo em três escolas de natação da cidade de Itumbiara-GO, sendo feito observações e entrevistas sendo utilizado um questionário como instrumento de coleta de dados, composto de quatro perguntas destinadas a professores que trabalham com a natação para bebês. A análise das respostas foi feita de forma qualitativa, sendo possível constatar que à maioria dos professores investigados é favorável a participação ativa dos pais dentro da piscina com seus bebês, tendo a aceitação dessa presença por parte do professor.

Palavras-chave: Bebês. Natação. Pais.

ABSTRACT

This study looks to see what the importance of active participation of parents during the lessons of their babies, trying also investigate the views of teachers before the practice used in teaching swimming to babies, identifying whether or not the teacher supports the presence of participatory in swimming lessons for parents to their babies, also with the teacher reviewing the possible advantages or disadvantages of the presence of parents in participatory development of babies in the swim, and learn how the presence or participation of parents helps affect the development of lessons. The work is justified as a contribution to teachers and professionals who want to better understand the swim baby. To make this possible has been carried out field research in three schools in the city of swimming Itumbiara-GO, and made observations and application of questionnaires and semi-directed data collection instrument, consisting of four questions for teachers who work with Swimming for babies. The analysis of responses was made in quality, and it appears that the majority of teachers are investigated to support active participation of parents in the pool with their babies, and the acceptance by the presence of the teacher.

Key words: Baby. Swimming. Parents.

INTRODUÇÃO

A maioria dos pais ao matricularem seus filhos em uma escola de natação têm geralmente em mente ensinar o filho a nadar, isso se deve ao fato de que eles aprendendo a nadar terão uma maior proteção nas águas. O que muitos não sabem é que as vantagens são inúmeras. Estas vantagens ocorrem porque a criança, principalmente em seus primeiros anos de vida, passa por um processo intenso de desenvolvimento e maturação. Até os cinco anos de idade, ela tem a capacidade de ter 90% do seu cérebro preparado para o futuro. Todos esses desenvolvimentos podem ser auxiliados e estimulados com a natação (FONSECA, 1995 apud AZEVEDO et al. 2007).

O presente estudo tem como problema a seguinte questão: Qual a importância da presença participativa dos pais nas aulas de natação dos bebês?

Como objetivo geral tem-se o intuito de verificar a importancia da presença participativa dos pais durante nas aulas denatação de seus bebês, especificadamente pretende-se: saber a opinião dos professores diante da prática didática utilizada na natação de bebês, identificando se o professor defende ou não a presença participativa dos pais nas aulas de natação para seus bebês; analisar com o professor às possíveis vantagens ou desvantagens da presença participativa dos pais no desenvolvimento dos bebês na natação; verificar com o auxilio do professor, de que forma a presença participativa dos pais auxilia ou prejudica o desenvolvimento das aulas.

O trabalho justifica-se pelo fato de ser uma contribuição, um instrumento difusor de informações, auxiliando professores e outros profissionais a compreenderem melhor a natação para bebês, afastando-os um pouco mais da incompreensão que gira em torno das opiniões favoráveis ou não, a presença participativa dos pais nas aulas de natação para bebês.

A metodologia utilizada para a pesquisa foi a pesquisa de campo, que segundo Brito et. al. (2007) é construído um modelo da realidade, definindo formas de observá-la, formas de acesso a esse campo, aos participantes e ao campo de pesquisa. Quanto à forma de abordagem é de forma qualitativa, sendo uma pesquisa descritiva, feita através de observações e questionário semi-estruturado contendo quatro perguntas destinadas ao professor de natação para bebês.

Para uma melhor visualização do trabalho, o mesmo foi dividido em três capítulos, sendo o primeiro relativo a história da natação, abordando desde quando surgiu até os dias atuais, relembrando nomes importantes e pessoas que marcaram esse esporte; o segundo capítulo fala sobre o desenvolvimento infantil, relatando sobre as teorias do desenvolvimento Infantil e o ritmo do desenvolvimento das crianças; e o terceiro sobre a natação para bebês e seus benefícios, abordando assuntos como a idade ideal de se começar a praticar a natação, as controvérsias sobre a participação dos pais, os benefícios da natação para o bebê, dentre outros; seguidos da metodologia e dos resultados e discussões.

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA NATAÇÃO

"Tudo indica que as origens da natação se confundem com as origens da Humanidade. Raramente por temeridade, mais freqüentemente por necessidade, às vezes, por prazer, o homem entrou em contato com o elemento líquido" (CATTEAU e GAROFF, 1990, p. 21 apud ABRANTES, 2006).

Segundo Fernandes et. al. (2007) o homem, como os animais, tem as suas habilidades naturais dentro das atividades físicas, sendo-lhe, de um modo geral, relativamente fácil correr, saltar, trepar e arremessar. Os animais, além dessas, tem a faculdade de nadar, como habilidade natural, o que não acontece com o homem. Esta é para ele uma habilidade adquirida. Ele precisa passar por todo um processo de aprendizagem e de adaptação. Se aceitarmos a teoria da evolução, o homem, tendo evoluído da posição horizontal para tomar definitivamente a posição bípede, terá, naturalmente, que adaptar-se de novo a ela para desempenhar no meio líquido. A posição quadrúpede facilita aos animais a permanência estável na água, o que não se dá com o homem na sua posição ereta.

A necessidade obriga o indivíduo a resolver problemas e situações muitas vezes insolúveis aparentemente. Fernandes et. al. (2007) indaga que não teria sido acaso a necessidade imperiosa de atacar ou defender-se que obrigou o homem a nadar em busca da presa para saciar a fome ou fugir para não ser presa que saciasse a algum animal superior fisicamente? Animal de inteligência superior, não teria sido ainda a observação que o levará à conclusão de que ele também poderia flutuar e nadar se os outros corpos e animais o podiam fazer? A casualidade tem sido responsável por tantas grandes invenções e descobertas. Pode também ter sido ela responsável pela verificação de que o homem também pode flutuar e nadar. Quem sabe alguma queda acidental na água teria ensinado ao homem que ele também pode dispor dessa habilidade natural dos animais.

Para Abrantes et. al. (2006) desde a antiguidade, saber nadar era mais uma arma de que o homem dispunha para sobreviver. Os povos antigos eram exímios nadadores. O culto à beleza física dos gregos fez da natação um dos exercícios mais importantes, originando assim as primeiras competições da modalidade. E também não se pode dizer com precisão a data que o homem começou a dedicar-se à prática da natação. Deve-se crer, entretanto, que ela deve remontar à época em que começou a construir as suas rudimentares habitações lacustres. Foi ai, provavelmente, que o animal racional, protegendo-se contra os eventuais ataques dos inimigos, imaginou um meio seguro de repousar. Para alcançar o repouso ou a sua residência, teria que nadar ou locomover-se de outra qualquer maneira, remando, talvez.

De acordo com Saavedra et. al. (2009) a História e a Literatura fazem frequentes referências que convencem de que a natação já era praticada nas mais remota antiguidade. Entre os símbolos da escrita egípcia encontra-se o sinal de um nadador estilizado, o que leva a crer que eles conheciam a natação, e ainda, considerando-se que viviam nas margens do grande Nilo, mais uma razão para parecer que eram adeptos da natação.

Segundo Saavedra et. al. (2009, p. 2) pode-se definir a natação como

a habilidade que permite ao ser humano deslocar-se num meio líquido, normalmente a água, graças às forças propulsivas que gera com os movimentos dos membros superiores, inferiores e corpo, que lhe permitem vencer as resistências que se opõem ao avanço (SAAVEDRA et. al. 2009, p. 2)

1.1.Histórico da Natação

De acordo com Lê Willie (1983 apud Saavedra et. al., 2009) os primeiros registos históricos que fazem referência à natação aparecem em Egito, no ano 5.000 a.C., nas pinturas da Rocha de Gilf Kebir. Mas até o esplendor de Grécia, a natação não vai desprender dessa mera função de sobrevivência; é então quando a natação passa a ser uma parte mais da educação dos gregos. Quanto à natação desportiva nos Jogos Olímpicos antigos, não existe constância de sua prática; verdade é que as competições de natação são algo pouco freqüente, mas a natação sim tem uma grande importância no treinamento militar e como medida recuperadora para os atletas.

De acordo com Bonacelli (2004) no século XIII a.C., japoneses e chineses praticavam exercícios físicos aquáticos, como hidroterapia e massagens que até hoje são por eles empregados. Embora os banhos em águas sulfurosas como prática médica sejam bem antigos, a origem da natação como esporte é ainda um mistério, com muitas versões. Os romanos, por volta de 310 a.C., já tinham o hábito de nadar nos lagos e rios, mas foi durante o Período Romano (27 a.C. a 476 d.C.) que surgiram as piscinas dentro das termas. Na Grécia, na mesma época, as piscinas se localizavam dentro dos ginásios e, conta a história que os povos germanos mergulhavam seus filhos em águas geladas para que os mesmos ganhassem resistência. Durante a Idade Média, a prática da natação ficou restrita, quase que exclusivamente, à nobreza. Mas, no final deste período, nadar era uma obrigação. As pessoas eram consideradas ignorantes se não soubessem nadar, e os professores eram aqueles que apresentavam melhor performance na água.

A autora explica ainda que por volta das primeiras décadas do século XIX, o coronel Francisco Amoros y Odeano, um dos fundadores da ginástica francesa, desenvolveu suas práticas pedagógicas acentuando a necessidade do exercício físico na educação para a formação não apenas física, mas também estética e sensorial das crianças.

Colantonio (1996) explica que a origem da Natação perde-se ao longo de muitos anos atrás. Na antiguidade, os Fenícios, considerados os melhores navegadores, tinham em suas tripulações hábeis nadadores usados em estratégias militares. O homem aprendeu a usar a sua autopropulsão na água por instinto, por necessidade e observando os animais. Os gregos tinham um gosto apurado por esportes, inclusive a Natação, inúmeros atletas daquela época ganharam estátuas de honra como uma que encontra-se exposta na Escola de Belas Artes de Paris, representando um nadador. Cartagineses, Romanos, Egípcios e outros povos deixaram gravadas em sua arte as conquistas obtidas pelo homem dentro da água. Platão afirmava que o homem que não soubesse nadar não era educado. As amostras mais antigas datam de 9 000 A.C., muitos documentos relativos a arte de nadar sobreviveram ao tempo e as civilizações. Pinturas murais, baixos relevos, vasos pintados, mosaicos... e toda a literatura relatando as proezas de seus grandes heróis atestam a importância desta arte e de seu domínio na vida da humanidade desde seus princípios mais remotos. Durante muitos séculos a natação teve seu desenvolvimento prejudicado pela idéia de que ajudava a disseminar epidemias.

Colantonio (1996) afirma também que em 1538, Nicolás Wynmann, um professor alemão de línguas, escreveu em latim o primeiro livro de natação. Em 1696, o francês Thevenot escreveu um tratado mais científico, e uma edição espanhola deste livro, reconhecida pelos aficcionados, reapareceu em 1848 com o interesse de ensinar a nadar com aquela perfeição de que um dia poderia um homem necessitar salvar-se. Outra obra antiga espanhola em que se observa uma metodologia para o domínio aquático através da adoção de diversas posições em relação a corrente do rio, nos oferece Morán (1855), e nela o próprio autor se envaidesse do domínio que com o seu método chegou a alcançar. A partir da segunda metade do século XVIII inúmeros tratados apareceram sobre a arte de saber nadar, e neles se nota um grande interesse pelo estudo e ensinamento da natação, tratando de estabelecer de modo mais detalhado o processo de aprendizagem mais conveniente. Na primeira metade do século XIX começou a progredir como desporto.

A Inglaterra viu nascer a natação praticada em público graças à atuação de Lord Byron, que realizou a façanha, criando uma verdadeira corrente em prol da natação, pois, se um Lord podia nadar em público, todos podiam.Em 1837 haviam em Londres seis piscinas e começaram então as primeiras provas. Em 1844 alguns nadadores norte-americanos atuaram em Londres vencendo todas as provas. Nesta época, o nado de lado com uma pernada parecida com o nado peito (tesoura) era o mais praticado. Mais tarde surgiram o Single overarm e o Double overarm, que eram variações daquela forma de nadar. Em 1893 o inglês J. Arthur Trudgen, observando indígenas da América do Sul, surgiu com o Trudgeon, apelidado por ele mesmo e constava de movimentos alternados de braços, mas ainda com a perna tesoura. Neste mesmo ano Harrry Wikham introduziu na Austrália o nado com batimentos de pernas alternados, os quais eram praticados por nativos locais (COLANTONIO, 1996, P. 13).

Alik Wikham perfaz então as 66 jardas em 44 seg., arrancando uma exclamação de um técnico australiano: "Veja que forte rastejar!" – surgindo o termo Crawl (rastejar em inglês) para esta maneira de nadar. Em 1896, nos I Jogos Olímpicos da Era Moderna, houve apenas uma prova de natação, os 100m nado livre, e o húngaro Alfred Hajos venceu com o tempo de 1:20:20. Em 1897, no Brasil, surgiram os primeiros clubes como: Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo, no Rio de Janeiro; fundou-se a União de Regatas Fluminense, entidade ligada ao remo, como a maioria das instituições esportivas que apareceram naquela época onde o remo era a muito praticado. Em São Paulo e em outros estados não foi diferente e muitas agremiações surgiram nesta época. A primeira piscina de competições foi inaugurada em 1919, no Fluminense, e quatro anos mais tarde, em São Paulo, surgiram as piscinas da A. A. São Pauloe do C. C. Paulistano. Neste período era muito comum a prática da natação no mar e nos rios, como no Rio Tietê, pois as piscinas eram ainda em número muito pequeno. Desde 1908 a natação brasileira domina em toda a América do Sul.

Segundo Colantonio (1996) os irmãos Cavill, da Inglaterra, contribuíram muito para a difusão do nado crawl, aperfeiçoando-o e adotando-o também em competições. Em 1902 Richard Cacill bateu o recorde mundial das 100 jardas nadando dessa forma. Em 1903, Sidney Cavill imigrou para os Estados Unidos onde trabalhou no aperfeiçoamento deste estilo, implantando-o definitivamente na América. Nos jogos Olímpicos de Londres, em 1908, Frank Beaurepaire consegue com grande êxito nadar os 400m livres, nadando crawl. Nesta mesma Olimpíada, Charles Daniel, também americano, ganha a prova dos 100m livres. Nas provas de sprint o nado de crawl já era praticado quase na sua totalidade e nas provas de meio fundo e fundo começavam a aparecer os seus adeptos.

Neste mesmo ano surge a FINA[1], entidade internacional que comanda até hoje os esportes aquáticos: natação, pólo aquático, saltos ornamentais e nado sincronizado. Em 1912, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, o canadense Georges Hodson nada os 150m livres quase totalmente de crawl, porém, intercalando momentos no estilo Trudgeon (tesoura). Duke Kahanamoku, príncipe havaiano ganha os 100m livres nadando crawl. Nesta edição dos Jogos Olímpicos aconteceu a primeira participação feminina em provas de natação. Em 1920, nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, o americano Norman Ross ganha os 1500m livres e os 400m livres nadando praticamente de crawl. Em 1924, em Paris, o príncipe havaiano Duke aparece de novo para vencer. Outras formas de nadar foram surgindo e aperfeiçoando-se, o nado costas já continha grande semelhança de suas características atuais. Os nados de peito e borboleta eram conjugados e não eram assim denominados separadamente.

Segundo a FINA (2009) em 1928, em Amsterdã, os japoneses mostraram uma evolução muito grande, mas quem brilhou foi o americano Johnny Weismüler, que venceu a prova dos 100m livres e marcou para sempre ma história um feito incrível na época, o mais veloz nadador do mundo conseguiu pela primeira vez nadar os 100m livres abaixo de 1 min. Em 1932 e 1936 reinaram as vitórias japonesas, tendo como protagonistas Myassaki e Iaguchi, neste período eram chamados de "japoneses voadores". Nos jogos de 1932 a equipe brasileira masculina do revezamento 4x200m livres com Isac Morais, Manuel Villar, Benevenuto Nunes e Manuel Silva obtiveram o 7º lugar. Em 1936 Piedade Coutinho obteve o 6º lugar nos 400m livres; Willy Otto Jordan 6º lugar nos 200m peito e a equipe masculina no revezamento 4x200m livres obteve a 8a colocação com Sérgio Rodrigues, Willy Otto Jordan, Aron Bogohossian e Rolf Kestner; e ainda a equipe feminina de revezamento 4x100m livres com Piedade Coutinho, Talita Rodrigues, Maria Angélica Leão e Eleonora Schmidt conquistaram o 6º lugar. Em 1939, quando da realização do Campeonato Mundial de Natação a nadadora brasileira Maria Lenk foi vencedora e recordista mundial dos 400m livres e 200m peito.

A oficialização do nado borboleta ocorreu em 1952 pela FINA, no congresso técnico paralelo aos Jogos Olímpicos de Helsinky, havendo então, o desmembramento em dois estilos distintos e com suas características e regras próprias. O nado borboleta adotou movimentos ondulatórios semelhantes ao golfinho, forma esta que já vinha à algum tempo sendo experimentada por treinadores como Henry Myers desde 1935. Nesta edição dos Jogos, o brasileiro Tetsuo Okamoto conquistou a medalha de bronze nos 1500m livres. Em Helsinky os nadadores australianos como Dawn Frazer e John Konrads eram muito famosos e admirados. Em 1956, em Melbourne, e em 1960, em Roma, os australianos continuaram imperando sendo a época do apogeu do treinador Forbes Carlile. Roma foi palco para mais uma conquista brasileira através de Manuel dos Santos, medalha de bronze nos 100m livres.

No Japão ele também conseguiu vitórias importantes, fazendo o melhor tempo daquela época nos 100m livres (0:55:0). No dia 21/09/67, na piscina do Guanabara, R.J., numa tentativa isolada de recorde ele estabeleceu o recorde mundial desta prova com 0:53:60. Em 1964, em Tóquio, e em 1968 no México, os americanos arrasaram ganhando muitas provas, muito embora, perderam os 100 e 200m livres para o australianoMichel Wenden. Em 19/02/68, no Rio de Janeiro, José Sylvio Fiolo estabeleceu o recorde mundial nos 100m peito com o tempo de 1:06:40. Em 1972, em Munique, surge a maior estrela da natação mundial de todos os tempos, o norte-americano Mark Spitz, batendo vários recordes mundiais e ganhando sete medalhas de ouro numa só Olimpíada, fato até hoje inédito. Em 1976, em Montreal, surgiu o controvertido trabalho da Alemanha Oriental com relevante destaque no setor feminino. Nesta edição surgiu o primeiro homem a nadar os 100m livres abaixo dos 50 seg., o norte-americano Jim Montgomery com o tempo de 0:49:99.

Entre as alemãs o nome que mais brilhou foi de Kornelia Ender. O brasileiro Djan Madruga obteve um feito de destaque ficando em 4º lugar nos 1500m livres. Em 1980, em Moscou, foi o ano que alguns países boicotaram a Olimpíada, inclusive os Estados Unidos, por razões políticas. Nesta edição dos Jogos as alemãs continuaram a arrebatar muitas medalhas, entre elas Petra Schneider. O brasileiro Rômulo Arantes obteve a medalha de bronze nos 100m costas e a equipe de revezamento 4x200m livres também conseguiu a 3a colocação com os nadadores Djan Madruga, Marcos Matiolli, Paulo Zanetti e Jorge Fernandes.

Um fato histórico ocorreu por parte dos russos com o nadador Vladimir Salnikov que baixou os 15 minutos nos 1500m livres, uma barreira até então inatingível por qualquer ser humano. Em Gwayaquil, no Equador, em 1982, ele ganhou a prova bisando o seu feito, no Campeonato Mundial de Natação. Neste mesmo evento Ricardo Prado quebrou o recorde dos 400m medley e consagrou-se campeão mundial. Ainda no Equador, Roger Madruga obteve o 6º lugar nos 400m medley e Ciro Delgado na mesma prova 8º lugar. O revezamento4x100 4 estilos obteve também a 7a colocação com Djan Madruga (costas), Francisco de Carvalho ( peito), Ricardo Prado (borboleta) e Ciro Delgado (crawl).

Em 1984 (Los Angeles), os americanos voltaram a brilhar, e nomes como Steve Lundquist, Rick Carey, Rowdy Gaines, Tracy Caulkins, Mary Meagher e outros obtiveram os primeiros lugares. Em Los Angeles, Ricardo Prado consagrou-se Vice-campeão olímpico nos 400m medley. Em 1988 (Seul), marcou ela queda das hegemonias, fenômeno este que aos poucos vinha ocorrendo, distribuindo os louros das vitórias. Países como Bulgária, Itália, França, Alemanha, Hungria, Espanha, Brasil e outros tiveram seus momentos de glória. Nestes jogos houve também o início de uma etapa do chamado "fenômeno chinês", onde as mulheres chinesas surgiram da obscuridade passando como um furacão principalmente nas provas de sprint.

Destaque deve ser mencionado para o nadador brasileiro Rogério Romero, 8º colocado nos 200m costas. Pelo lado norte-americano Matt Biondi foi o grande destaque desses jogos, quase igualando o feito de Spitz, ele ganhou 6 medalhas de ouro e a fama do homem mais rápido do mundo. Janet Evans consagrou-se uma excelente revelação nas provas de meio fundo e fundo. Em 1992 (Barcelona), surge no cenário internacional outro brasileiro promissor, Gustavo Borges, Vice-campeão olímpico nos 100m livres, colocação nunca obtida em uma Olimpíada por um nadador brasileiro nesta prova. Na prova de revezamento 4x200m livres mais uma vez os brasileiros destacaram-se ficando em 6º lugar com Gustavo Borges, Teófilo Laborne, Manuel Nascimento e Cristiano Michelena.

Muitos recordes caíram nestes Jogos e novos protagonistas também. Os russos Alexander Popov, considerado o homem mais rápido do mundo da atualidade e Eugeni Sadovyi, recordista dos 200 e 400m livres estiveram em destaque. O australiano Kieren Perkins atual recordista dos 1500m livres: Jeff Rouse (USA) nos 100m costas; Martin Zubero (Espanha) nos 200m costas; Nelson Diebel (USA) nos 100m peito; Mike Barrowman ( USA) nos 200m peito; Melvin Stwart (USA) nos 200m borboleta; Tamas Darnyi (Hungria) nos 200 e 400m medley. No setor feminino as vitórias chinesas foram uma constante com Yang Wenyi, Zhuang Young, Qian Hong e Lin Li. A húngara Kristina Egerszegi sagrou-se campeã nos 100 e 200m costas e nos 400m medley. A japonesa Kioko Iwasaki, melhor nadadora dos 200m peito do mundo e destaque também para as americanas Anita Nall nos 100 e 200m peito e sua compatriota Summer Sanders nos 200m borboleta e 200 e 400m medley.

Em 1993, em Santos (SP), na piscina do Clube Internacional de Regatas, durante a realização do Campeonato Brasileiro Absoluto de Inverno (Troféu José Finkel), houve uma solicitação de tentativa de recorde feita pela equipe titular brasileira dos 400x100m livres formada pelos nadadores Gustavo Borges, Fernando Scherer, Teófilo Laborne e José Carlos Souza Jr.; os quais foram felizes em seu intento estabelecendo um novo recorde mundial desta prova em piscinas de 25 cm com o tempo de 3:13:97.

Em dezembro de 1993, em Palma de Mallorca, Espanha, quando da realização do Campeonato Mundial de Natação em piscinas de 25m, os nadadores brasileiros repetiram o seu feito e estabeleceram um novo recorde para esta prova com o tempo de 3:12:11. Ainda nesta oportunidade, Fernando Scherer, nova revelação da Natação brasileira ganhou a prova dos 100m livres (0:48:38) e Gustavo Borges ficou em 2º lugar (0:48:42). O revezamento 4x200m livres obteve a medalha de bronze com o tempo de 7:09:38. Em 1994, em Roma, foi realizado o VII Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos e dez recordes mundiais caíram no setor feminino com forte atuação das chinesas e surpresas por parte das alemãs e australianas; do lado masculino apenas três recordes mundiais foram batidos vindos de um americano, um australiano e um finlandês.

Mais uma vez a estrela de Gustavo Borges brilhou conquistando a medalha de bronze nos 100m livres. A equipe de revezamento 4x100m livres conseguiu obter a 3a colocação e ainda bater o novo recorde Sul Americano para a prova com o tempo de 3:19:35. No ano de 1995 foram realizadas competições importantes no cenário da comunidade aquática internacional como a Universidade (Japão), Copa do Mundo de Natação (Europa), Jogos Pan-americanos (Argentina), Campeonato Europeu (Áustria) e o Campeonato Mundial de Natação em piscina de 25m (Rio de Janeiro, BR). Esses eventos contaram com a quebra de muitos recordes e com um nível técnico excelente. Menção para a Copa do Mundo realizada no início do ano em quatro etapas e em lugares diferentes ( Inglaterra, Finlândia, França e Suécia)e que contou com a aparição de inúmeros novos talentos despontando na natação internacional como: Franziska van Almsick (Alemanha), Denis Pankratov (Rússia), Jani Sievinen (Finlândia), Claudia Poll (Costa Rica), Mette Jacobsen (Diamarca) entre outros.

Nos Jogos Pan-americanos o Brasil levou uma das melhores seleções, senão a melhor, de todos os tempos e realizou-se uma campanha brilhante com Gustavo Borges, Fernando Scherer, Rogério Romero, Eduardo Piccinini, Gabriele Rose, Fabíola Molina, Luis Lima, Teófilo Ferreira, Cassiano Leal e outros, os quais conseguiram um total de 16 medalhas e resultados expressivos também. Já o Campeonato Mundial realizado em Dezembro, no Rio de Janeiro, foi coberto de pleno êxito e contou com a presença de vários atletas de todo o mundo. Destaque para Claudia Poll que conquistou o recorde mundial nos 200 e 400m livres; o australiano Mthew Dunn foi o melhor índice técnico e comemorou a vitória nos 400m IM; Gabriele Rose foi soberana entre as brasileiras; o venezuelano Sanchez foi a grande revelação surpreendendo os brasileiros nos 50e 100m livres; a chinesa Limin Liu bateu o recorde mundial nos 100m borboleta; a australiana Samantha Riley quebrou dois recordes mundiais nos 100 e 200m peito; o revezamento brasileiro dos 4x100m nado livre levou a medalha de ouro com Alexandre Massura, André Cordeiro, Fernando Scherer e Gustavo Borges. No compito geral a Austrália deu um banho de natação nas areias de Copacabana mostrando organização, competência e um trabalho sério com metas no futuro; apesar deste evento não representar com fidediguinidade o quadro atual da natação mundial devido as várias ausências.



CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

2.1. As Teorias do Desenvolvimento Infantil

As diversas teorias de desenvolvimento apóiam-se em diferentes concepções do homem e do modo como ele se desenvolve. Tais teorias, como em qualquer estudo científico, dependem da visão de mundo existente em uma determinada situação histórica e evoluem conforme se mostram capazes ou incapazes de explicar a realidade.

De acordo com Wallon apud Galvão (1995) a criança passa por interações entre ela e o ambiente, onde estão envolvidas em um contexto as culturas. Onde a infância é definida como um período específico, cuja função primordial da educação é a constituição da pessoa relacionada aos campos humanos ou funcionais de afetividade, cognição e movimento, advertindo que a observação é uma das ferramentas básicas para se ter acesso às diversas manifestações e expressões da criança em seu contexto, assim, o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por conflitos e contradições, resultado das condições do meio ambiente e da maturação, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral, o ritmo onde acontece ás etapas do desenvolvimento é descontínuo, assinalado por rupturas, e mudanças repentinas, provocando assim, em cada etapa, densas mudanças nas etapas anteriores.

Piaget (1975 apud Souza, 2005), por exemplo, apresentou uma teoria interacionista, porém essa visão de desenvolvimento enquanto processo de apropriação, pelo homem, da experiência histórico social é relativamente recente, pois ao longo dos anos, o papel da interação de fatores internos e externos não era destacado; mas sim, apenas a teoria inatista e ambientalista, na qual, a primeira, parte do pressuposto de que os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais e importantes para o desenvolvimento, ou seja salientam a importância dos fatores endógenos, e a segunda, acredita ser o homem um ser mutante, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra.

Segundo Piaget (1975 apud Souza, 2005, p. 14) "o desenvolvimento é um processo de equilibração progressiva que tende para a forma final, qual seja a conquista das operações formais". Esse equilíbrio a que Piaget se refere é a maneira pela qual o indivíduo lida com a realidade na tentativa de compreendê-la como organiza seus conhecimentos em sistemas integrados de ações ou crenças com a finalidade de adaptação.

Piaget (1975 apud Souza, 2005), ao longo de sua vida observou que existem formas diferentes de interagir com o ambiente nas diversas faixas etárias. A estas maneiras típicas de agir e pensar, o autor denominou estágio ou período. Assim sendo, pode-se dizer que a determinadas faixas etárias correspondem determinados tipos de aquisições mentais e de organização destas aquisições que condicionam a atuação da criança em seu ambiente. A criança, à medida que amadurece física e psicologicamente, que é estimulada pelo ambiente físico e social, irá construindo sua inteligência.

2.2. A complexidade dinâmica do desenvolvimento infantil

Segundo Galvão (1995, p.39) em seu estudo sobre a teoria de Wallon observa que no desenvolvimento da criança instala-se uma dinâmica de determinações, onde

cada idade estabelece-se um tipo particular de interações entre o sujeito e o seu ambiente. Os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas a cada cultura formam o contexto do desenvolvimento (GALVÃO, 1995, p. 39)

De acordo com Fonseca (1995) os pais ao matricularem seus filhos na natação têm geralmente em mente ensinar o filho a nadar, para terem a proteção do filho nas águas. O que muitos não sabem é que as vantagens são inúmeras. Estas vantagens ocorrem porque a criança, principalmente em seus primeiros anos de vida, passa por um processo intenso de desenvolvimento e maturação. Até os cinco anos de idade, ela tem a capacidade de ter 90% do seu cérebro preparado para o futuro. Todos esses desenvolvimentos podem ser auxiliados e estimulados com a natação.

2.3. Ritmo do desenvolvimento

Segundo Dourado (2001)

o desenvolvimento tem seu início na relação do organismo do bebê recém-nascido, essencialmente reflexos e movimentos impulsivos, também chamados descargas motoras, com o meio humano que as interpreta. Nesta fase distingue-se apenas estados de bem-estar ou desconforto. São as reações do ambiente humano, representado pela mãe, motivadas pela interpretação da mímica do bebê que permitem distinguir as emoções básicas. Essa mímica não é casual, mas um recurso biológico da espécie, essencialmente social, que faz do bebê um ser capaz de produzir, no ambiente humano, ainda representado pela mãe, um efeito mobilizador para sobreviver. Os primeiros meses de vida caracterizam-se por uma fusão total com o meio e pelo desenvolvimento rápido e completo dos automatismos emocionais responsáveis pela mobilização do meio humano para a satisfação das necessidades dos bebês. Estes automatismos dependem de centros nervosos especiais e aparece na criança como fato de maturação.

Segundo a teoria de Wallon apud Galvão (1995), pode-se afirmar que o desenvolvimento infantil é um processo pontuado por conflitos, onde esses conflitos são vistos como propulsores de desenvolvimento, ou seja, onde a contradição é constitutiva do sujeito e o objeto.

Para Galvão (1995) cada fase de desenvolvimento tem um colorido próprio, que é dado pelo predomínio de um tipo de atividade, ou seja, a criança passa por vários estágios até chegar à fase adulta sendo eles: O primeiro estágio é impulsivo emocional que abrange o primeiro ano de vida, nessa etapa o colorido peculiar é dado pela emoção. A predominância da afetividade orienta as primeiras reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico. O segundo estágio é o sensório-motor e projetivo que vai até o terceiro ano de idade, nesse estágio o interesse da criança está voltado para a exploração sensório-motora do mundo físico. Um dos marcos fundamentais nesse estágio é o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O terceiro estágio é o do personalismo que cobre a faixa dos três aos seis anos de idade e a sua tarefa central é o processo de formação da personalidade. É através das interações sociais que ocorre a construção da consciência de si, mediante as interações sociais. O quarto estágios é o categorial onde os processos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e conquista do mundo exterior, este estágio começa após os seis anos de vida. O quinto estágio é o da adolescência, nesse a crise pubertária rompe a tranqüilidade afetiva e impõe a necessidade de uma nova definição dos contornos da personalidade.

De acordo com Dourado (2001)

o desenvolvimento não se dá de maneira linear e contínua, mas por integração de novas funções e aquisições às anteriores. A acumulação quantitativa de funções culmina na evolução qualitativa das mesmas a partir de uma nova organização em que as dimensões motora, afetiva e cognitiva se integram de maneira diversa da fase anterior, alternando-se no exercício de predominância de uma sobre as demais. A preponderância de um dos aspectos sobre os demais é decorrente da sua integração, que é plástica, dinâmica e resultante da superação da oposição de um em relação aos outros.

A autora ainda relata que:

Uma visão de conjunto, em que as dimensões da pessoa se integram de forma dinâmica, alternando-se em relação à predominância de uma frente às demais é necessária para a compreensão da concepção de desenvolvimento walloniana. A integração não é um estado alcançado ao final de um processo, mas define a condição plástica, o equilíbrio dinâmico da pessoa em desenvolvimento.

Wallon (apud GALVÃO, 2995) admite que a existência de três leis que regulam o processo de desenvolvimento da criança em direção ao adulto: a lei da alternância funcional, a da preponderância funcional e a da integração funcional: a primeira, chamada lei da alternância funcional, indica duas direções opostas que se alternam ao longo do desenvolvimento: uma centrípeta, voltada para a construção do eu e a outra centrífuga, voltada para a elaboração da realidade externa e do universo que a rodeia. Essas duas direções se manifestam alternadamente, constituindo o ciclo da atividade funcional.

A segunda é a lei da sucessão da preponderância funcional, na qual as três dimensões ou subconjuntos preponderam, alternadamente, ao longo do desenvolvimento do homem: motora, afetiva e cognitiva. A função motora predomina nos primeiros meses de vida da criança, enquanto as funções afetivas e cognitivas se alternam ao longo de todo o desenvolvimento, ora visando a formação do eu (predominância afetiva), ora visando o conhecimento do mundo exterior (predominância cognitiva).

A última lei, chamada de lei da diferenciação e integração funcional, diz respeito às novas possibilidades que não se suprimem ou se sobrepoem às conquistas dos estágios anteriores, mas, pelo contrário, integram-se a elas no estágio subsequente. E a integração dos três subconjuntos funcionais – motor, afetivo e cognitivo – constitui o último e quarto subconjunto funcional, denominado por Wallon pessoa. Para Wallon apud Galvão (1995), em qualquer momento, ou fase do desenvolvimento, a pessoa é sempre uma pessoa completa.

2.4.O eu psíquico

Para Galvão (1995), a construção do eu psíquico é a tarefa central do estágio personalista, pois, antes da criança se conhecer, ela se encontra num estado de sociabilidade. Desse modo, a criança mistura a sua personalidade a dos outros, e a desses entre si. Nesse estágio, a consciência de si está inacabada e a personalidade apresenta-se como noção sem contornos definidos. O fato da criança referir-se à sua pessoa mais freqüentemente pelo próprio nome, na terceira pessoa, do que pelo próprio 'eu'.

De acordo com Galvão (1995), sistematicamente, a criança opõe-se ao que a distingue como sendo diferente dela, o não-eu. A criança testa a independência de sua personalidade recém descoberta, expulsando do eu o não-eu, quando a criança consegue garantir, de certa forma, a formação do eu, surge uma fase de personalismo mais positivo que se apresenta em dois momentos: O primeiro é uma etapa de sedução. Caracteriza-se pela harmonia dos movimentos da criança e por seu empenho em obter a admiração dos outros. O segundo predomina a atividade de imitação. É um processo necessário ao enriquecimento do eu e ao alargamento de suas possibilidades.

2.5.As emoções entre o orgânico e o psíquico

Galvão (1995), para demonstrar a utilidade da dialética como método de análise da psicologia, considera como sendo a melhor forma por meio do estudo das emoções. O autor explica também que segundo Wallon as teorias clássicas sobre as emoções baseiam-se numa lógica mecanicista e não são capazes de compreendê-las em toda a sua complexidade. Defende ainda que as emoções são razões organizadas e que exercem sob o comando do sistema nervoso.

Ao dirigir o foco de sua análise para a criança Wallon apud Galvão (1995) revela que não é sobre o meio físico que se deve buscar o significado das emoções, mas na ação sobre o meio humano, através da convivência com os adultos, o bebê vai estabelecendo correspondência entre seus atos e os do ambiente, ou seja, passa a interagir no meio onde vive. "A afetividade é um conceito mais abrangente no qual se inserem várias manifestações. As emoções possuem características específicas que as destinguem de outras manifestações da afetividade" (GALVÃO, 1995, p.61).

Para Galvão (1995) o movimento deixa de ser somente espasmos ou descargas impulsivas e passa a ser expressa, a afetividade exteriorizada, fazendo distinção entre afetividade e a emoção, afirmando que afetividade é um conceito mais abrangente no qual se inserem várias manifestações, já as emoções possuem características especificas que as distinguem de outras manifestações da afetividade. No bebê, os estados afetivos são, invariavelmente, vividos como sensações corporais e expressos sob a forma de ações. Através do desenvolvimento, a afetividade vai adquirindo relativa independência dos fatores corporais.

Segundo Galvão (1995, p. 64) a emoção nutre-se do efeito que causa no outro o que nos mostra que é uma atividade eminentemente social. As reações que as emoções suscitam no ambiente funcionam como uma espécie de combustível para sua manifestação. As reações que as emoções suscitam no ambiente, funcionam como uma espécie de combustível para sua manifestação. E que a razão nasce da emoção e vive da sua morte, sendo desse modo uma relação de filiação e ao mesmo tempo de oposição, a relação entre emoção e a razão.

CAPÍTULO III

NATAÇÃO PARA BEBÊS E SEUS BENEFÍCIOS

3.1. A natação como atividade física completa

Velasco (1994) afirma que os bebês são considerados como autodidactas, ou seja, já possuem natos vários reflexos, que com o passar do tempo serão desenvolvidos ou adormecidos, dependendo da quantidade e qualidade de estímulos que lhes forem oferecidos.

Também de acordo Depelsenner (1989) afirma que:

As crianças já possuem ao nascer várias capacidades e experiências corporais, e com isso a natação vem auxiliar, por meio de estímulos, um desenvolvimento harmonioso desses reflexos desde os movimentos mais simples aos mais elaborados (DEPELSENNER, 1989, p. 145).

De acordo com Depelseneer (1989) na sua especificidade concreta, a natação amplia e auxilia no desenvolvimento das habilidades físicas, tornando assim um importante coadjuvante no aspecto psíquico-motor afirmando que:

A natação é a atividade física mais completa que existe: é a harmonia, a flexibilidade, a potência, o ritmo, a coordenação, em resumo, o mais perfeito complexo de movimentos em série, a mais bela demonstração das capacidades móveis do homem(Ibidem, 1989, p. 165).

A natação segundo Mansolo (1986) promove uma gama de benefícios para os bebês tais como: desenvolvimento cardio-circulátório e repiratório, correção e manutenção da postura e prevenção de desvios da coluna, aumento do volume sanguíneo e muscular do organismo, maior desenvolvimento motor geral (coordenação e ritmo), estimulação endócrina dos processos digestivos e metabólicos, terapia para portadores de bronquite asmática (através do fortalecimento da musculatura responsável pela expiração).

Klemn (1994, p. 21) salienta que:

O aumento do metabolismo resulta da intensificação dos movimentos respiratórios e da aceleração da circulação do sangue, juntamente com o benéfico crescimento do tecido muscular provocada por esse fator.

Nesse sentido, a natação infantil não se detém somente ao fato de que a criança aprenda a nadar, como afirmam Navarro e Tagarro (1980) apud Junior e Santiago (2008), mas sim, que contribua para ativar o processo evolutivo psicomorfológico da criança, auxiliando o desenvolvimento de sua psicomotricidade e reforçando o início de sua personalidade.

3.2. A idade ideal para se começar a nadar

Segundo Damasceno (1997), existem várias discussões sobre a melhor idade para se iniciar a aprendizagem da natação, porém não existe uma idade ideal para se iniciar a aprendizagem da natação, posto que esse processo seja apenas uma continuidade, um prosseguimento, ou mesmo, um resgate a verdadeira origem do homem, salientando que:

As premissas do parto dentro da água sugerem, do ponto de vista pedagógico, que a contínua familiarização como o meio líquido dispensam maiores referências à idade ideal para se iniciar a aprendizagem da natação (DAMASCENO, 1997, p.82).

Velasco (1994, p. 92), que atua nessa área, entende que a natação para bebês deverá ter inicio aproximadamente aos três meses de idade afirmando que

neste período o bebê já possui um bom número de anticorpos e sustenta melhor sua cabeça. Essa maturidade cervical faz com que o bebê resista bem ao transporte na piscina e a mãe saiba manusear melhor seu corpo (VALASCO, 1994, p. 92).

Para Fontanelli & Fontanelli (1985), qualquer bebê, a partir dos três meses de idade e que seja considerado saudável, pode fazer uso da natação, desde que o estabelecimento possua condições higiênicas satisfatória, profissionais capacitados e piscinas aquecidas entre 23º e 45º.

Nascimento (1994, p. 170) ainda contribui afirmando que:

A natação para os menores de dois anos é uma contribuição para a formação de um ser mais seguro e feliz, num trabalho de apoio e reciclagem das primeiras experiências afetivas, ou seja, cada etapa, cada passo, a diante, significa vários passos em sua experiência de vida, em sua independência.

Segundo Fontanelli & Fontanelli (1985), a natação para bebês vem através de abordagens pediátricas e terapêuticas, ressaltar o sucesso desta atividade, afirmando:

A natação pode se tornar um importante coadjuvante do acompanhamento médico psicológico, como por exemplo: em vários distúrbios do comportamento e do sono, anorexia, déficits do comportamento do desenvolvimento pondero-estatual e neuropsicomotor, hipotonias, alguns distúrbios ortopédicos, neurológicos e respiratórios (FONTANELLI & FONTANELLI, 1985, p. 35).

3.3. Controvérsias sobre a participação dos pais

Depelseneer (1989) afirma que não aceita no início os pais em ação na água com a criança. É por uma questão de consciência profissional, a sua única e apaixonante profissão é a hidrobio-felia (auxílio da vida pela água). Ressaltando que não se deve esquecer que além das estreitas relações pai-filho, existe o problema técnico da aprendizagem da natação, que quase sempre escapa aos pais, por melhor que sejam suas intenções. E que a cada tentativa de separação, a criança sabe muito bem que atitude tomar para reencontrar os braços consoladores e aconchegar-se no peito materno ou paterno.

Já Fontanelli & Fontanelli (1985) por sua vez, parte do pressuposto que seu método vai muito mais que didática para professores de natação, mais mensagens que traduzem experiências e emoções de mães e pais, que eram também professores de natação.

Compartilhando dessa didática diz Nascimento (1994), que o que se extrai desse entendimento baseado em experiências, partindo de concepções próprias na construção de uma abordagem metodológica afetiva, que é importante a participação dos pais na piscina no auxílio da aprendizagem do bebê. Este relacionamento mãe e filho é essencial para seu desenvolvimento junto ao professor.

3.4. A presença dos pais na piscina e o desenvolvimento infantil

Segundo Depelsener (1989) a natação atua como um auxílio nesse processo de interação do sujeito com o seu ambiente, além de constituir também um excelente método pedagógico que permite conhecer melhor a criança, tendo por tanto capacidade de ajudá-la, se necessário em seu meio familiar ou social.

Fontanelli & Fontanelli (1985) salienta que, o professor deve ser suficientemente amável e flexível para criar sempre novos recursos para que os pais e filhos possam se entender e progredir juntos no caminho da natação para bebês.

Partindo desse pressuposto, Nascimento (1994), enfatiza a relação pais-professor afirmando que:

A partir daí, o papel da mãe passa a ser o de reforçar os valores trabalhados durante a aula, sempre em união com o professor. Essa postura dá a criança segurança e aceitação pelo que realiza, pois encontra motivação dentro e fora da piscina, aumentando seu sentimento de identificação e auto valorização na atividade. A mãe continua sendo a referência principal da criança para continuar a crescer e desenvolver (NASCIMENTO, 1994, p.17).

De acordo com Lenk (1982), o reforço principal, como suporte ao desenvolvimento da criança na natação, esta centrado nas boas relações que conseguimos neste triângulo, mãe, filho, professor, onde o filho se torna o centro das atenções dos pais. Portanto, no processo inicial da natação para bebês a mãe será o auxílio principal e o professor um orientador técnico das posturas ideais para a criança no processo de ensino e aprendizagem sendo assim Lenk (1982, p. 03) nos afirma que:

Se a criança, quando transposta ao novo ambiente local, encontra os rostos conhecidos e amados de papai e/ou mamãe, já não assusta tanto, pois sente o aconchego, abrigo e a segurança que lhe garantem o colo dos pais. O fator psicológico, torna-se o mais importante elo de ligação pai-mãe-filho, onde o filho torna-se o centro das atenções dos pais e cada performance que realiza provoca manifestações de júbilo e orgulho destes que representam tudo na vida recém-iniciada .

3.5. Benefícios físicos

Segundo Sarmento e Montenegro (1992) são grandes os números de benefícios físicos trazidos aos bebês com a prática da natação, através de estímulos que buscam o desenvolvimento de órgãos sensoriais da criança, afirmando que:

Sob os cuidados de profissionais capacitados, os bebês são capazes de executar

diversos movimentos natatórios, demonstrando uma série de reflexos, comuns na primeira infância. Tudo através de estímulos esterioceptivos, ou seja, atividades que busquem facilitar o desenvolvimento de órgãos sensoriais das crianças, como o tato, a audição, a visão e o olfato. (SARMENTO & MONTENEGRO, 1992, p.32).

Fonseca (1995) também compartilha do mesmo entendimento dizendo que:

O bebê, através de exercícios no meio líquido, respeitando seu desenvolvimento maturacional, neuromotor, fortalecerá a musculatura, colaborará com a lateralidade, equilíbrio, orientação espacial e coordenação motora ampla. Respeitando sua habilidade motora, o bebê libera sua capacidade de movimentar-se e de criar, explorando seu corpo e o espaço à sua volta. (FONSECA, 1995, p. 74).

3.6. Benefícios orgânicos

Inúmeros são os benefícios alcançados pelos bebês na prática da natação como ressalta Ferreira (2007):

A natação proporciona aos bebês benefícios físicos, orgânicos, sociais, terapêuticos e recreativos, melhora a adaptação na água, aprimorando a coordenação motora, noções de espaço e tempo, prepara o psicológico e neurológico para o auto-salvamento, aumento da resistência cárdio-respiratória e muscular. A natação ajuda também a tranqüilizar o sono, estimular o apetite, melhorar a memória, além de prevenir algumas doenças respiratórias. (FERREIRA, 2007 p.32).

3.7. Psíquico social

Os relatos sobre os benefícios psicológicos e sociais trazidos pela relação da criança com outras crianças e outros adultos, são inúmeros, como afirma Lima (2003):

O equilíbrio emocional, é favorecido quando a criança se relaciona com outras e com outros adultos, assim propicia a conquista de determinados objetivos, melhorando a auto-estima e a afetividade, já que a aula com o filho acaba sendo mais um momento de intenso convívio e troca de afetividade. (LIMA, 2003, p. 21).

Lagrange (1974), também ressalta que o meio aquático funciona como uma atividade liberadora de energia dos bebês através de movimentos, e por conseqüência um relaxamento de corpo e mente quando afirma que:

O bebê necessita adaptar-se, adaptação esta que muitas vezes limitam o seu comportamento, causando tensão interna e acúmulo de energia motora. Nesse sentido, à água é um elemento que proporciona liberação de energia, através de movimentos, havendo descarga motora, relaxamento muscular, e por conseqüência, relaxamento psíquico. (LAGRANGE, 1974, p.35).

3.8. Benefícios terapêuticos respiratórios

Segundo Fernandes (2007) a natação previne nos bebês doenças respiratórias, pois os exercícios na àgua fazem aumentar a resistência física afirmando que a natação:

é uma atividade que previne doenças do aparelho respiratório, na medida em que aumenta a resistência imunológica, com a inalação de ar mais quente e úmido como o da piscina, tornando possível que o ar atinja as vias aéreas inferiores em melhor temperatura, e umidade, prevenindo, com isso, uma série de transtornos para os pulmões, como por exemplo, acúmulo de secreção ou irritação da parede brônquica provocada pelo ar frio. (FERNANDES, 2007, p. 01).

Reafirmando Bresges (1980), nos diz que a natação proporciona uma gama de benefícios às crianças que a praticam, tais como: ajudar a corrigir deficiências circulatórias, melhora problemas posturais, alémde melhorar as funções de crianças que sofrem de asma ou bronquite.

3.9. Benefícios recreativos

De acordo com Lima (2000) a recreação aquática é de tal importância que deve estar presente em quase todos os momentos da aula. Brincando, os bebês assimilam melhor do que lhe é apresentado pelo professor, ou seja os exercícios e movimentos e também, aprendem a associar atividade física com prazer, melhorando a sua auto-estima e autoconfiança.

Reafirmando a necessidade de inserir nas aulas de natação para bebês brincadeiras e músicas, Feres (1999), ressalta que a associação da natação com a música para a natação para bebês se faz necessária, pois torna o ambiente muito mais atraente:

Músicas suaves e relaxantes envolvem o bebê num clima de bem-estar e tranqüilidade e podem ser usadas para acalmá-lo, enquanto as músicas mais agitadinhas funcionam muito bem como 'trilha sonora' para marcar momentos de brincadeira e alegria. Bebês que crescem em diálogo constante com a música tendem a se tornar pessoas menos ansiosas, mais confiantes e equilibradas. (FERES, 1999, p. 05).

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa realizada foi uma pesquisa de campo o que de acordo com Markoni & Lakatos (1996), é uma fase feita após o estudo bibliográfico, tendo assim o pesquisador já obtido um bom conhecimento sobre o assunto abordado, sendo definido nesta etapa os objetivos da pesquisa, hipóteses, instrumento de coleta de dados e população e amostra.

A população da pesquisa foi composta por professores de Educação Física que trabalham com a natação para bebês. A amostra foi composta por três professores, sendo os três de instituições diferentes, ambas localizadas no município de Itumbiara-GO.

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário (Anexo 1) composto por quatro perguntas, para realizar as entrevistas. Os questionários foram respondidos juntamente com o pesquisador que realizando uma conversa informal foi anotando as opiniões de cada um.

As perguntas do questionário abordaram questões sobre o tempo de trabalho dos professores com a natação para bebês; a defesa ou não dos professores mediante a participação dos pais nas aulas de natação para bebês; as vantagens e desvantagens o ocasionadas pela presença participativa dos pais durante as aulas de natação, de que forma as a presença dos pais na piscina podem auxiliar o bebê.

Marconi & Lakatos (1996) ressaltam a vantagem da utilização de questionário como forma de obtenção de dados afirmando que utiliza-se menos pessoas para ser executado e proporciona economia de custo, tempo, viagens, com obtenção de uma amostra maior e sem sofrer influência por parte do entrevistador.

A análise dos dados foram feitas de forma qualitativa, sendo analisados os dados de forma descritiva e sem valores quantificáveis.



RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com as resposta dos questionários todos os profissionais investigados tem graduação em Educação Física, sendo um graduado em Uberlândia-MG, outro em Itumbiara-GO; e o outro em Batatais-SP. Analisando os questionários tem-se as seguintes respostas: na pergunta um, ambos os professores tem respectivamente, Professor A: 35 anos de trabalho com natação; Professor B: 20 anos, e o Professor C: 12 anos de trabalho com natação para bebês, na pergunta dois, quando questionados sobre a defesa ou não da presença dos pais na piscina junto ao bebê, as respostas foram diversificadas, sendo que dois professores defendem a presença dos pais e um professor não aconselha tal presença.

Na questão três que tinha como pergunta "Quais vantagens ou possíveis desvantagens ocasionadas pela presença participativa dos pais durante as aulas de natação?", os professores alegaram que:

PROFESSOR "A": "No meu método de trabalho defendo a ausência dos pais na piscina, pois o bebê deve se sentir protegido somente pelo professor, sendo que os pais devem confiar no profissionalismo do mesmo. A principal desvantagem provocada pela presença dos pais na piscina é que a criança não executa todos os movimentos que o professor aplica."

De acordo com Depelsenner (1989, p. 163) os pais ao matricularem seus filhos na natação têm em sua escolha a confiança na capacidade do profissional, onde nos afirma que: "Para os pais, é uma escolha de confiança neste ofício e nas capacidades profissionais dos que a praticam".

PROFESSOR "B": "a participação dos pais propicia um maior número de bebês durante as aulas contribuindo assim para a socialização e o prazer. A presença dos pais auxilia no desenvolvimento da criança até o ponto em que devemos nos lembrar que o desenvolvimento de um ser se dá nos aspectos psíquicos e motores, sendo que o motor pode ser bem estimulado pelo professor, mas o aspecto psíquico é bem mais trabalhado pelos pais."

De acordo com este professor, a presença dos dois aspectos; psíquico e motor, em conjunto com o professor e a mãe, com certeza acarretará em melhor e mais rápida adaptação do bebê ao meio aquático e o processo de ensino-aprendizagem obterá maior êxito.

PROFESSOR "C": alega que a vantagem da participação dos pais é o conforto psicológico do bebê e a melhor adaptação ao meio aquático com o tempo e como desvantagem se tem o fato de que em algum momento, poderá haver intervenções inadequadas dos pais e a insegurança dos mesmos.

Na questão quatro, quando questionados sobre até que ponto a presença da mãe na piscina auxilia no desenvolvimento do seu bebê, as respostas foram:

PROFESSOR "A": o professor acredita que a presença dos pais pode auxiliar somente no fim da aula, incentivando o bebê na fase inicial a presença dos pais acalma o bebê e na fase inicial também propicia adaptação mais rápida entre o bebê e o professor. Neste momento a criança deve saber que ao sair da água já vai ter proteção dos pais.

Sendo assim, nota-se que este professor que não é favorável a presença participativa dos pais na piscina, junto ao bebê, reconhece a importância desta presença mesmo que seja no fim de cada aula. Segundo Depelsenner (1989, p. 163) "a cada tentativa de separação, a criança sabe muito bem que atitude tomar para reencontrar os braços consoladores e aconchegar-se no peito materno ou paterno".

PROFESSOR "B": em minha metodologia a participação dos pais, apresenta as seguintes vantagens: Socialização: Com os pais é possível ter um maior número de bebês na aula o que facilita a socialização; Segurança: Não existe no mundo quem mais faça o bebê se sentir seguro do que os pais; Prazer: O contato com a mãe ou o pai na água faz as aulas ficarem mais prazerosas para o bebê, pelo fato dos dois já terem um relacionamento aconchegante desde a gestação. Onde a única desvantagem apresentada por ele é que em alguns casos os pais têm medo de água podendo passar insegurança ao bebê.

PROFESSOR "C": também defende como método a presença dos pais na piscina, argumentando que é fundamental até que a criança complete pelo menos dois anos de idade, alegando ter essa participação como vantagem, na integração do bebê com o professor e os demais bebês que estarão na piscina, transmitindo maior segurança e conforto durante as aulas, pois só com o passar do tempo o bebê se sentirá mais seguro na água, dispensando assim essa participação, apontando como única desvantagem dessa participação apenas o fato de que a presença da mãe na piscina faz com que o bebê não se desenvolva tão rapidamente em aspectos técnicos.

Neste sentido, nota-se que o método esta de acordo com Fontanelli & Fontanelli (1985), pois

A natação para bebês estimula os instrumentos com os quais o bebê é dotado para se relacionar com o mundo, e ao mesmo tempo favorece e propicia todo alimento afetivo da relação mãe-filho, o que permitirá o uso seguro daqueles instrumentos estimulados e desenvolvidos pelo professor na sua metodologia (FONTANELLI & FONTANELLI, 1985, p.23).

Já de acordo com Vieira (2001) a natação para bebês é indicada a partir do 6 meses de idade, pois o bebê já se encontra devidamente vacinado, protegido de doenças transmitidas através do contato com outras crianças, tais como, difteria, coqueluche, etc.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho conclui-se que a natação pode ser praticada desde os primeiros meses de vida tendo na presença participativa dos pais vários fatores que vão facilitar no desenvolvimento das aulas e dos bebês e otimizar os resultados obtidos através dessa prática.

Sendo assim, foi possível constatar através da pesquisa de campo que dentre os entrevistados a maioria é a favor da participação dos pais durante as aulas de natação dos bebês, alegando que o bebê se sente mais protegido e há também um prazer maior por parte do bebê e dos pais que estão participando mais da vida de seu filho(a). Dentre as desvantagens pode-se colocar que com a presença dos pais o bebê não executa todos os movimentos que o professor aplica.



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MANSOLO, Antonio, C. Estudo Comparativo do Aprendizado da Natação (estilo crawl) Entre crianças de Três a Oito Anos de Idade. Universidade de São Paulo, Escola de Educação Física. São Paulo, 1986.

MARCONI, M. D. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1996.

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VIEIRA, Cristiane Guimarães. A adaptação do bebê do meio líquido. Rio de Janeiro: Universidade Candido Mendes, 2001.


ANEXOS

Anexo 1. Questionário Semi-Estruturado Destinado a Professores de Natação para Bebês em Itumbiara-Goiás

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Nome do professor:

Grau de escolaridade:

Cidade e estado de graduação:

PERGUNTAS:

1- Há quanto tempo trabalha com a natação para bebês?

2- Você defende a presença dos pais na piscina junto ao bebê ou não?

3- Quais vantagens ou possíveis desvantagens ocasionadas pela presença participativa dos pais durante as aulas de natação?

4- De que forma as possíveis vantagens da presença dos pais na piscina podem auxiliar o bebê?



APÊNDICES

Apêndice 1. Modelo de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Enviado aos Professores

Prezado Senhor.

Considerando a Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde e as determinações da Comissão de Ética em Pesquisa da ILES/ULBRA Itumbiara, temos o prazer de convidá-lo a participar da pesquisa intitulada "Natação para Bebês - A presença dos pais como auxílio para o desenvolvimento infantil na natação (GO)"de Itumbiara (GO)", como projeto de pesquisa do Curso de Educação Física da Universidade ILES/ULBRA de Itumbiara no estado de Goiás.

Esta investigação tem por objetivo identificar os benefícios sobre " Natação para Bebês -A presença dos pais como auxílio para o desenvolvimento infantil na natação em Itumbiara (GO). As informações coletadas serão utilizadas exclusivamente para o desenvolvimento desta pesquisa.

A sua colaboração tornou-se imprescindível para o alcance dos objetivos propostos, desta forma solicitamos o preenchimento da ficha abaixo e a entrega da mesma.

Agradecemos antecipadamente a atenção dispensada e colocamo-nos à sua disposição para quaisquer esclarecimentos (e-mail: [email protected]) ou fone: 64- 9222-5063).

Alex Vieira Dos Santos

Pesquisador

De acordo com o esclarecido, autorizo o aluno (a) ____________________________________a divulgar os dados obtidos nos questionários, colaborando assim na realização da pesquisa "Natação para Bebês: A presença dos pais como auxílio para o desenvolvimento infantil" estando devidamente informado sobre a natureza da pesquisa, objetivos propostos, metodologia empregada e benefícios previstos.

Itumbiara (GO), _____ de __________ de 2009.

______________________________________

Assinatura do Professor




Autor: alex vieira


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