CRÔNICA DE UM ENFARTO
CRÔNICA DE UM ENFARTO ®
Por Leonardo Ramalho
Muito cedo fui fazer ginásticas e correr na praia. A três quilômetros longe de casa senti forte pressão no peito localizada acima do estômago. A dor me dava a sensação de uma bola de fogo que estava prestes a explodir. Minhas pernas fraquejaram, senti ânsia de vômito e me sentei à beira mar.
Por um instante mergulhei num profundo silêncio. Deitei-me sentindo meu corpo flutuar. Uma sensação de paz e harmonia invadiu todo o meu ser. Não havia mais dor, nem ânsia de vômito, nem fraqueza, o que me fez desejar esse momento para sempre.
Uma onda mais forte me despertou desse êxtase. O choque com a água fez com que eu voltasse a me sentar; e senti o meu peito dilacerado.
Atordoado, me levantei cambaleando. Tentei chamar outras pessoas que caminhavam, mas foi inútil, pois minha voz soou como a de um bêbado e elas se afastaram como se eu fosse um leproso!
Com esforço além da capacidade humana caminhei trôpego até alcançar a Avenida Boa Viagem. Olhei para o céu em busca de ajuda, pois eu estava vestido somente com meu calção de praia, molhado e com o corpo melado de areia! Finalmente um táxi parou e fui para uma urgência cardiológica.
Depois de três dias na UTI fui removido para um apartamento. No dia seguinte fiz exame de cateterismo. Meu enfarto havia provocado lesões severas em primeiro marginal e diagonalis. Minhas artérias apresentavam um processo de degenerescência da túnica interna. Isto é, por analogia, o mesmo que uma mangueira velha e ressecada. O esforço físico que eu fizera tinha provocado um espasmo, ou seja, "a mangueira" se torceu e bloqueou a circulação, provocando o enfarto. Contudo, meu coração estava perfeito, nada sofrera! Por isto não houve recomendação médica para cirurgia. Bastava de agora em diante cuidar bem da minha alimentação para reparar, limpar e lubrificar a túnica interna de minhas artérias. Bem como retomar minhas caminhadas na praia. Eu estava com 34 anos de idade nessa ocasião e era o ano de 1988.
Esse estrago no meu sistema cardíaco certamente ocorrera por causa dos meus 18 anos de alcoolismo, ou seja, dos 15 aos 33 anos, pois não existe nenhum tipo de acidente cardiovascular na família dos meus pais. Porém casos de alcoolismo existem, o que configura a herança genética desse mal.
Leonardo Ramalho_O Caduceu
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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Autor: Leonardo Ramalho_O Caduceu
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