Um refletir sobre a adolescência



               A adolescência é um período muito difícil de convivência, estes ‘pequenos grandes seres’ estão passando pela mudança do ser criança para um ser adulto, porém, isto nem sempre é bem visto.

            Eles querem fazer muitas coisas sozinhos, vestirem de forma totalmente diferente do resto do mundo, tomar suas próprias decisões mas não abrem mão da mordomia, do não querer assumir responsabilidades. Porém, sabem cobrar muito bem a responsabilidade dos outros quando algo não lhe vai bem.

O avanço e penetração das tecnologias em grande parte dos lares e de acesso em domínios públicos, aumentou assombrosamente a presença de televisores, jogos eletrônicos e computadores nos hábitos cotidianos dos adolescentes.

            Este aumento trouxe uma preocupação com o uso constante e, nem sempre monitorado, destes adventos tecnológicos pelos adolescentes e sobre os efeitos destas tecnologias na interação social com o meio familiar e comunitário.

            O adolescente de hoje é a criança, que no final do século  XX, virou alvo dos pais super-poderosos que lotavam a agenda de seus filhos com aulas disso e daquilo não havendo tempo livre para as crianças brincarem da mais famosa e antiga diversão: o faz-de-conta.

            Isto me faz lembrar uma antiga lenda do Quênia (país do continente africano) que os animais reunidos junto ao rio Impumelelo queriam descobrir qual deles era o mais importante.

            Era uma difícil escolha. Não podia se levar em conta somente os aspectos físicos, como a força, a beleza, a inteligência ou até mesmo a esperteza. O que era para ser avaliado era qual o animal que por sua tarefa natural, fosse imprescindível para todos os outros, e dele dependesse o futuro de todos os animais.

            Os animais mais formosos foram logo tomando à frente dos outros, para desfilarem diante do júri. Em seguida, foi a vez dos mais robustos seguidos pelos pequenos, escondidos pela aparente grandiosidade dos outros.

            No quesito força, sem dúvida alguma, o leão, o búfalo, o rinoceronte, o hipopótamo e o elefante empatavam. Ao se falar em beleza, a águia era a rainha, a girafa elegante, a gazela formosa e a pantera bela.

            Em inteligência, a abelha era a banbanban em Matemática, construindo com perfeição os seus favos, o  João de Barro – considerado um verdadeiro engenheiro na construção de sua casa com argila e o papagaio? Este era até mesmo capaz de imitar a voz do homem!

            _ O concurso pretende estabelecer dentre todos os animais aquele a quem a natureza confiou uma tarefa verdadeiramente incrível, importante para todo o reino animal, esclareceu um dos jurados.

            O júri após pensar e analisar muito bem os candidatos deu seu veridicto.

            _ A minhoca é a vencedora. Embora seja ela um dos mais desprezados membros do reino animal, sem nenhuma beleza aparente, é ela  a responsável por cavar inúmeros túneis na terra, os quais levam o ar atmosférico e minerais até as raízes de todas as plantas, fazendo-as crescerem fortes e saudáveis.

            Qual a relação desta estória com os adolescentes em questão? Pois bem, a minhoca não tem ouvidos, olhos ou nariz, apenas a boca. Sua importância, porém, é infinitamente superior à força do leão, à beleza da águia ou à inteligência da abelha.

            Assim é o adolescente, um ser humano vivenciando talvez a mais importante fase de sua vida, tendo em vista eventos significativos encontrados nesse período, como a descoberta de diferentes amigos, lugares e a primeira namorada (o).

Nessa fase, eles não querem ouvir nada nem ninguém, não conseguem planejar nem visualizar o futuro, mas tem a sensibilidade à flor da pele e usam a sua boca para falar tudo aquilo que lhes vem à mente.

            O adolescente de hoje não brincou de ser médico, engenheiro, professora, de mamãe ou papai. Ele não aprendeu na infância a copiar, a ter alguém como modelo em suas vidas. E não é surpresa nenhuma encontrar adolescentes de distintos países usando a mesma roupa, aquela lá do personagem A do seriado B.

            A televisão e a Internet com seus astros e personagens tem sido na maioria das vezes a única referencia de ideal a ser seguido pelos adolescentes.

            Na lenda, os animais não haviam percebido a importância da minhoca e na vida real, as pessoas estão mais preocupadas em causar uma boa impressão usando uma famosa marca de roupa ou desfilar pelas ruas da cidade o carro novo que comprou (não importando em adquirir uma nova dívida, só para não se sentir inferior) que têm se esquecido daqueles que estarão nos seus lugares daqui alguns anos.

            Os adolescentes têm perdido um importante meio de referência para a sua vida futura, cercados somente por meios materiais, aprendendo que o importante é impressionar enquanto os seus sentimentos, a sua alma fica pressionada pelo mundo atual em que não é permitido ‘sentir’, já que eles são os ‘aborrecentes’ e não entendem de nada.


Autor: Cíntia Gemmo Vilani


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