Admirável Mundo Velho



Aldous Huxley lançou em 1932 um livro chamado “Admirável Mundo Novo”, em que trata de uma sociedade hipotética controlada pelo behaviorismo (condicionamento humano), na qual o homem é controlado biologicamente (por drogas) e psicologicamente (por estímulos sociais). Esse romance com um tom meio de ficção científica abalou um pouco as formas das pessoas encararem o mundo. Como as pessoas gostam de fazer comparações, elas logo surgiram. Alguns compararam a sociedade de Huxley com os regimes totalitaristas de Hitler e Mussolini; Outros comparam com a União Soviética controlada com mãos de Ferro por Stálin e pelo partido comunista.

Mas a verdade é que nossa sociedade é controlada por tudo, somos condicionados desde o nascimento a viver sob regras sociais que dizem como devemos ser. O sistema capitalista que vivemos nos condiciona a consumir não só produtos, mas idéias. Aumentando o poder dos detentores do dinheiro, chamados, por Karl Marx, de capitalistas. O sistema socialista condiciona o homem a obedecer ao Estado, o comunismo condiciona a obedecer ao bem comum, o totalitarismo nos condiciona a obedecer à figura de um ditador. Obedecer...obedecer ...obedecer...

Se formos fazer uma analise minuciosa estamos sendo manipulados a qualquer instante. A TV, como disse o jornalista americano Edward Murrow, não deve ser apenas uma caixa com luzes coloridas que “entretenha” a família, enquanto massifica idéias pré-fabricadas, mas tem que ser um veículo que veicule informações e contribua para a criação do senso crítico e de um cidadão atuante em sua sociedade, contribuindo para tornar o mundo um lugar melhor.

Essa palavra, massificação, se tornou uma das palavras “cults” da atualidade. Tudo passa por um processo de massificação, a mídia, o pensamento, o consumo. E não percebemos que estão massificando também nossa maneira de pensar e agir, ou melhor reagir; Pois hoje o homem não mais age, ele só reage aos estímulos da massificação. E assim perdemos nossa identidade cultural e pessoal. O que EU sou?

Nossos avanços tecnológicos nos deixaram tão arrogantes que tudo é justificável, na construção desse admirável mundo novo. Será que nossos avanços em maquinas nos tornaram um pouco máquinas? Pessoas morrem todo dia de fome, frio, sede, e nós não fazemos NADA. Para nós qual o valor da VIDA?

Ah, mas existem as religiões. Tão cômodas. Basta ir a igreja, templo, sinagoga, ou seja lá o que eles chamem, fazer as preces e fazer uma doação e deixar que Deus resolva tudo. Isso aliena as pessoas, retira delas o peso da responsabilidade, tornando a religião realmente o ópio do povo.

 As religiões também se tornaram manipuladoras, através do medo elas obtêm dinheiro, poder e adeptos. Eu não falo de uma ou outra, mas todas. Não sabemos para onde vai aquele dinheiro doado, mas ficamos com a consciência limpa, pois já fizemos a nossa parte. Hoje qual religião que prega o amor a DEUS, receba ele o nome que receber (Javé, Buda, Maomé, e por ai vai) e ao HOMEM independente da religião que ele professe. Nenhuma.

PS. Se conhecer alguma me avise para eu me converter!

Enfim estamos tão divididos em nacionalidades, credos, etnias, religiões, cor, casta que esquecemos que dentro de nós corre o mesmo sangue, que o mesmo ar enche os nossos pulmões, que todos temos receios e sonhos e que acima de tudo somos HUMANOS.

As barreiras que nos são impostas nos enclausuram dentro de nós mesmos. Sentimos-nos sós, embora estejamos cercados por milhões de pessoas. Sentimos um vazio, uma fome insaciável de algo que não sabemos o que é.

Não, Huxley estava errado, esse mundo de seu livro não é novo, é muito velho. Desde que o homem é homem ele é escravo do sistema. Em qualquer época ou país estamos presos ao condicionamento social.

Então de que sentimos fome? Sentimos fome de HUMANIDADE. De uma humanidade verdadeiramente fraterna no conhecimento e no amor, uma humanidade mais humana e menos máquina, de uma humanidade que pensa, de uma humanidade que exprime e não que oprime. Sentimos fome de liberdade e igualdade, de justiça social e de união. Sentimos fome de MUDAR.

Tenho medo desse admirável mundo novo de Huxley, todo controlado, milimetrado, condicionado e manipulado. Tenho medo que essa se torne a nossa realidade definitiva. Nada sou, nada sei. Mas tenho a força de um ideal, lutar por um mundo melhor. E eu sei que uma revolução nasce a partir de uma idéia. Nada somos, nada sabemos, mas tudo podemos, basta querer.


Autor: Marcelo Falcão


Artigos Relacionados


Nossa Pátria

Dor

Cristão

Mãe

Soneto Das Sete Faces

Minha Maneira De Refletir...

Como Ganhar Almas