OS MITOS, OS RITOS E A PAX ORGANIZACIONAL
O autor faz uma reflexão acerca dos diversos
olhares e discursos sobre o rito e o mito, dos mais reducionistas aos mais
abertos e ousados na organização, com extensão de análise à organização social,
fundamentada na abordagem transdisciplinar. Apoiando-se
na sociologia contemporânea, na semiótica e na filosofia da administração,
aborda a forte emoção das relações sociais comparando de modo extensivo a origem da experiência
religiosa, do ritualismo, do divino, nascendo da personificação do ritual.
Descreve através
da experiência ritualística, sempre em grupo, que o homem vai criando um mundo mítico
que explica e fundamenta as emoções dessa experiência em sociedade e na
organização. Nas suas observações, Iasbeck,
nos lembra a teoria ritualista que dá prioridade da enunciação dos mitos frente
ao seu conteúdo. Desta forma, é importante termos em mente o lugar concreto, na
Grécia Clássica, onde esses mitos eram transmitidos.
É importante
salientar a preponderância do discurso oral na Grécia. Os mitos eram recitados assim
como na organização social contemporânea, com um objetivo implícito, isso
significa que todas as características do discurso oral devem ser levadas em
conta quando queremos descobrir o valor desses mitos no meio organizacional. Trata-se de facilitar a abertura da percepção, em cada uma destas manifestações, introduzindo,
no sentido vertical e horizontal, representando a dimensão essencial e a
existencial, o absoluto e o relativo, o transcendente e o imanente, nessa
interpretação do comportamento na organização social.
Percebe-se
uma tendência, no mundo organizacional, de se utilizar do valor do mito e do
rito, que conformam toda a história que se quer destacar na organização. Neste
sentido, o autor coloca que a ciência da hermenêutica é fundamental, no seu
aspecto mais amplo e inclusivo. Considera a abordagem transdisciplinar, a mais
valiosa contribuição neste sentido, praticada pelos indivíduos, num holl de saberes envolvidos, de modo
quase inconsciente.
É
fato destacado que o mito é, essencialmente, transdisciplinar. A sua
compreensão justa faz apelo ao pensamento, ao sentimento, a sensação e a
intuição, numa organização de símbolos mitológicos; e participando do drama do
rito, o homem é colocado diretamente em contato com eles, não só com relatos
verbais de eventos históricos, sejam ele passados, presentes ou ainda por vir,
mas como se fossem revelações, aqui e agora, daquilo que sempre foi e sempre
será.
Nos
rituais analisados encontramos o esplendor simbólico, com uma função de abrir a
consciência para a dimensão transcendente, a partir da qual jorra os valores
perenes que podem fornecer um sentido mais elevado para um existir mais pleno
com a necessidade de conversão do indivíduo à uma realidade que se quer incutir.
“As organizações possuem, assim, papel fundamental na vida
dos indivíduos e não há como fugir do seu poder coercitivo. Conforme nos diz
Richard Hall, um estudioso da antropologia das organizações, desde que nascemos
estamos vinculados a alguma instituição: o nascimento é registrado num
cartório, seguido de um rito religioso de iniciação e adesão institucional. A
família, em sua conformação tradicional, funciona à moda de uma organização
formalmente constituída.”
Autor: Marcos Miliano
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