O Aluno e sua história



Costumo perguntar para meus alunos: Qual o único consumidor que paga um quilo e fica satisfeito em receber 600 gramas? Resposta: aluno, a observação me fez perceber que não importa o nível dos alunos ou da instituição, sempre existe uma satisfação, quando um professor falta ou as aulas são interrompidas, raramente algum aluno se preocupa se o conteúdo está sendo passado conforme a proposta curricular, o professor é bom na medida das notas que “afere” aos seus alunos, e isso não se percebe somente no ambiente “controlado” da sala de aula, mas na satisfação de pais e da própria sociedade, porque o que importa no final das contas é a nota, afinal ela está escrita, sacramentada por carimbos, assinaturas, em documentos “oficiais”, o conhecimento que deveria ser o objetivo, raramente pode ser medido pela sociedade de maneira prática. A credito que isso se deva ao fato que, as coisas aprendidas na escola não são aproveitadas no dia a dia do aluno, coisa que só vai acontecer quando ele estiver exercendo uma profissão depois de um curso superior e ter a necessidade dos saberes ali aprendidos, então temos que: nas séries iniciais, a leitura e a escrita só passaram a ser importantes na medida que se tornem necessários para o aluno, o mesmo ocorre com a matemática e outras disciplinas, se tiver utilidade prática para o aluno ocorrerá apreensão destes conhecimentos, se não tiverem serão esquecidos, conforme o aluno progride em sua caminhada escolar ele vai tendo que assimilar muitos conhecimentos que não terão uma utilidade prática imediata, conhecimentos estes que efemeramente quando muito viverão até que o aluno obtenha a nota necessária. O problema é que existe uma distancia muito grande entre os conteúdos propostos, o que os fragmenta de tal forma que mesmo na série posterior não exista a necessidade de todos conhecimentos vistos anteriormente, temos então que: parte destes conhecimentos não tem utilidade na vida social do aluno, parte não tem utilidade na série posterior, estes conhecimentos serão esquecidos pela simples falta de utilidade para o aluno. Observando alunos das series iniciais jogando bolinhas de gude percebi o quanto estamos errados em nossas idéias pedagógicas, ali no chão em meio de crianças felizes, motivadas e perseverantes estavam vários conceitos de matemática, o triângulo ou o circulo onde depositavam as bolinhas,  a distancia da linha de tiro, os cálculos mentais feitos instintivamente para determinar a força e a direção da bolinha de forma que ela atingisse as outras, bem como a perícia em se bater de forma tangencial no intuito de mudar a direção da bolinha atingida, sem contar nos tiros que determinam as seqüências dos jogadores, onde a criança deve calcular mentalmente a força e direção com um refinamento tremendo, as regras estipuladas por eles mesmos que todos cumprem perfeitamente, os empréstimos, as vendas e trocas de bolinhas. Quando percebi estas coisas perguntei para um colega “formado tradicionalmente” por que ele não vinha dar aulas de matemática lá fora jogando bolinhas de gude com seus alunos? Ele me olhou com uma cara que me senti um ser qualquer de algum planeta distante, e o respeito talvez pelos meus cabelos brancos evitou que ele falasse qualquer coisa desagradável, por que será que aprender não pode ser uma coisa gostosa, que de prazer, que seja útil para as necessidades reais do nosso dia a dia?


Autor: Wolney Blosfeld


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