Valorização cultural para uma proposta de Gestão Ambiental



Resumo

Objetivo deste estudo é compreender as diversidades culturais encontradas nas relações humanas, através do seu conhecimento etnoecologico que povos tradicionais já o detém para que assim possamos expor uma proposta de gestão ambiental , podemos citar entre as ciências que mais tem contribuído para o estudo do conhecimento das populações “tradicionais”, esta a etnobiologia e a etnoecologia que estudam o conhecimento das populações humanas sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica do conhecimento humano em relação ao mundo.Esta trabalho foi elaborada a partir de pesquisa bibliográfica, utilizando livros, dissertações existente do tema e artigos científicos . O meio ambiente, nos últimos anos, vem sendo exaustivamente discutido em função da degradação da natureza e conseqüentemente decadência da qualidade de vida, tanto nas cidades, como no campo. Essa situação decorre, entre outras razões, do mau gerenciamento ambiental. Nessa perspectiva a etnoecologia assume o papel de descrever de que forma podemos utilizar os saberes das populações locais sobre a natureza para um melhor gerenciamento ambiental e administração dos recursos naturais de uma forma mais adequada. Para que ocorra uma gestão ambiental bem sucedida é necessário mudanças nas atitudes e nos padrões de comportamento. Na qual, os indivíduos passem a ser parte integrante dos processos e das transformações locais do meio ambiente. Nesse sentido a educação ambiental vem se tornando um ótimo aliado à gestão ambiental. Palavras Chaves: Etnoecologia , meio ambiente , gestão ambiental .

1-Introdução

A questão ambiental é um fenômeno eminentemente próprio à modernidade avançada ou pós-moderna e que por assim ser exige um urgente processo de mudança nos padrões de comportamento vigente na sociedade moderna e na forma como as pessoas vivem em interação com o meio ambiente em todas as suas dimensões.

O termo Etnoecologia, assim como o termo Ecologia Humana, claramente faz referência à interação entre pessoas e ambiente. A Etnoecologia tem suas raízes na antropologia, apesar de possuir influências de outras áreas (TOLEDO, 1992) e hoje constituir-se claramente como uma área de confluência entre as ciências biológicas e as ciências humanas.

Entre as ciências que mais tem contribuído para estudar o conhecimento das populações “tradicionais”, esta a etnobiologia e a etnoecologia que estudam o conhecimento das populações humanas sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica do conhecimento humano em relação ao mundo.

No campo da etnociência destaque-se que a abordagem etnoecológica é um campo interdisciplinar, que visa ampliar o diálogo entre as ciências naturais e sociais na área de ecologia (MARQUES, 2001). A etnoecologia se destaca como:

Campo de pesquisa (científica) transdisciplinar que estuda os pensamentos (conhecimentos e crenças), sentimentos e comportamentos que intermediam as interações entre as populações humanas que os possuem e os demais elementos dos ecossistemas que as incluem, bem como os impactos daí decorrentes.(MARQUES, 2001).

Assim, a etnoecologia vai muito além de um simples inventário de nomes nativos de plantas ou de práticas produtivas do grupo, já que procura entender a adaptação do grupo como fundamentado em sistemas integrados com sua própria lógica e suas próprias formas transmissão de conhecimentos e aprendizagem.

Em um mundo cada vez mais preocupado com o meio ambiente e cada vez mais instruído sobre a necessidade de se proteger o planeta da destruição causada pelos excessos da humanidade. A gestão ambiental diz respeito ao desenvolvimento sustentável com o objetivo de acompanhar e garantir que em todas as esferas da sociedade sejam minimizados os impactos sob o meio ambiente.

O objetivo deste estudo é compreender as diversidades culturais encontradas nas relações humanas, através do seu conhecimento etnoecologico para uma proposta de gestão ambiental. Para isso foi realizado um levantamento sobre a importância da educação ambiental para a implementação de uma gestão ambiental, assim como o histórico da etnoecologia.

Estudos dessa natureza são relevantes, pois têm a finalidade de poder entender o senso comum sobre o meio ambiente, bem como, a valorização dos etnoconhecimento que quaisquer comunidades trazem consigo sobre os recursos naturais e dos ecossistemas, de modo, que essas comunidades venham conhecer e respeitar sua capacidade de reprodução e de carga para uma utilização de forma sustentável, visando à melhoria das condições de vida e a conservação do meio ambiente.

2-Metodologia

O presente trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, tendo como instrumento de consulta os livros, revistas, jornais, teses e dissertações existentes sobre um tema. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas (GIL, 1996,). O que esse tipo de pesquisa visa é a descoberta de novos conceitos, novas relações, novas formas de entendimento da realidade (ANDRÉ, 1995, p. 30).

3-Resultados e Discussão

A introdução do termo Etnoecologia na literatura científica está situada no ano de 1954, com a dissertação de Harold Conklin. Assim, a etnoecologia é o estudo da ecologia de um dado grupo étnico, algo único na história deste grupo – e, segundo, fazendo referência às percepções ou visões do grupo indígena/local sobre o fenômeno em questão (FOWLER, 2000).

Etnobiologia é um termo relativamente recente, apesar de estudos mais antigos já possuírem um caráter semelhante aos estudos etnobiológicos dos últimos anos. No Brasil, pesquisas etnobiológicas começam a ser mais freqüentes nos anos oitenta, embora muitos trabalhos anteriores, desde o século passado, possam ser considerados etnobiológicos. Entretanto, mesmo sendo realizada no Brasil, a maioria dos trabalhos nessa área são de autoria de estrangeiros.

Uma definição de etnobiologia é feita por Posey (1987):

[...] a etnobiologia é essencialmente o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia. Em outras palavras, é o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a determinados ambientes. Neste sentido, a etnobiologia relaciona-se com a ecologia humana, mas enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos em estudo.

Segundo Nordi et al. (2001), a etnoecologia tem como função desvendar, compreender e sistematizar, cientificamente todo um conjunto de teoria e praticas relativas ao meio ambiente , oriundas de experimentação empírica do mesmo por culturas tradicionais , indígenas ou autóctones . Posicionando-se numa interface com as tradições de um conhecimento empírico de diferentes povos e etnias, a etnoecologia pode contribuir de formas intensas nos enfoques cientifico sobre a diversidade biológica e cultural.

De fato conhecimento científico–moderno é bastante eficiente para resolver problemas ambientais. Os povos tradicionais possuem praticas de manejo adequado, de acordo, com suas crenças e respeito ao meio ambiente. Segundo dados do IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (2001), a participação das comunidades pesqueiras como co-gestores deste processo são mínimas. Para tanto é de suma relevância a associação do conhecimento popular com o cientifico, de modo que, possam juntos criar formas de conservar o ambiente que vivem.

De acordo, com o CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente – definiu a educação ambiental como: ”um processo de formação e informação orientada para o desenvolvimento da consciência critica sobre as questões ambientais, e de atividades que levam á participação das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental”. (DIAS, 1998).

A Lei Federal Nº 9,975, em seu Art.1º, define Educação Ambiental como :

Os processos por meio dos quais o individuo e a coletividade constroem valores sócias, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial á saída qualidade de vida e sua sustentabilidade.

Nessa perspectiva, os conceitos de educação ambiental são plenamente equivalentes aos estudos etnoecologicos , haja vista , de ambas estarem envolvidas com a conservação da diversidade dos grupo culturais, e por extensão, da diversidade biológica , que esse tipo de comunidade traz consigo, sobre a ecologia , a fim de tentar entender a lógica dos seus conhecimentos para construção de gestão ambiental para preservar a biodiversidade local. O que deve ficar claro é que "gerir" ou "gerenciar" significa saber manejar as ferramentas existentes da melhor forma possível e não necessariamente desenvolver a técnica ou a pesquisa ambiental em si. Pode estar aí o foco da confusão de conceitos entre os profissionais em Meio Ambiente. Pois, muitos são partes das ferramentas de Gestão (ciências naturais, pesquisas ambientais, sistemas e outros), mas não desenvolve esta como um todo.

A Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas originem o menor impacto possível sobre o meio. Esta organização vai desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e financeiros. Que pode ser tão valido em termos epistemológicos quanto o conhecimento gerado através da ciência formal, na medida em que ele também é capaz de produzir explicações testáveis de fenômenos observáveis. ( BANDEIRA 1999).

4-Conclusão

O gestor é co-responsável pelo sucesso ou o fracasso de uma boa comunicação e, conseqüentemente por uma relação interpessoal de qualidade, pois é o articulador do processo e o incentivador do trabalho coletivo.

Pode-se então concluir que a Gestão Ambiental é conseqüência natural da evolução do pensamento da humanidade em relação à utilização dos recursos naturais de um modo mais sábio, onde se deve retirar apenas o que pode ser reposto ou caso isto não seja possível, deve-se, no mínimo, recuperar a degradação ambiental causada.

A formação de uma consciência crítica em relação a este processo é fundamental para a busca de soluções que não sejam somente mitigadoras, passando a ter um caráter mais preventivo e educativo.

No entanto, para que uma gestão ambiental seja bem sucedida é necessário que ocorram mudanças nas atitudes, nos padrões de comportamento e na própria cultura de quaisquer comunidades. Para alcançar o compromisso das pessoas com a melhoria da qualidade ambiental é preciso, em primeiro lugar, que elas se percebam como parte integrante deste processo, tendo acesso a conhecimentos básicos sobre meio ambiente que as auxiliem na identificação das principais fontes geradoras de impactos ambientais.

Ao motivar e capacitar as pessoas para a adoção de ações preventivas a Educação Ambiental tem-se revelado um importante instrumento da Gestão Ambiental, permitindo que as pessoas conheçam, compreendam e participem das atividades de gestão ambiental, assumindo postura pró-ativa em relação à problemática ambiental.

Portanto, todos esses aspectos são de suma importância para ratificar o processo de investigação etnoecologica em comunidade, a fim de que possamos entender os conceitos de culturas naturais como também percepções e representações em relação a natureza e o seu modo de vida .Garantindo assim um gerenciamento ambiental e praticas que consiga ter o envolvimentos de todos os envolvidos para uma utilização sustentável dos bens naturais gerando uma melhor qualidade de vida .

Referências

ANDRÉ, Marli Eliza D.A. Ensinar a pesquisar... Como e para quê? In: SILVA, Ainda Maria M; et al (Orgs). Educação formal e não formal, processos formativos e saberes pedagógicos: desafios para a inclusão social. XIII Encontro Nacional deDidática e Prática de Ensino. Recife: ENDIPE, 2006.

BANDEIRA, F. P. S. de F.Construindo uma epistomologia do conhecimento tradicional: problema e Pespectivas .In:I Encontro Baiano de Etnobioligia a Tnoecologia.1999.Feira de Santana.Anais.UEFS.1999.

BRUGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental. Coleção teses. Letras Contemporâneas. Ilha de Santa Catarina: 1994. 141p.

DIAS,G. F. Educação Ambiental:princípios e práticas .5°ed.São Paulo:Global,1998.

DIEGUES, A. C. S. e Arruda, R. S. V. (orgs.) . Saberes tradicionais e biodiversidade no Brasil. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.2001.

FOWLER, C. S. Ethnoecology. In: Minnis, P. (ed.) Ethnobotany: a reader. University of Oklahoma Press, Norman. P. 13-16. Gragson, T. L. e Blount, B. G. 1999. Ethnoecology: knowledge, resources, and rights. University of Georgia Press, Athens. 2000.

GIL .A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social .São Paulo:Atlas, 1999.

GUIMARÃES, Mauro. A Dimensão ambiental na educação. Campinas, Sp: Papirus, 1995 (Coleção Magistério: formação e trabalho pedagógico. 1995. 107p.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA.Plano de gestão participativa para o uso dos recursos pesqueiros do complexo estuário- lagunar de Cananéia- Iguape- ilha comprida e área costeira adjacente,IBAMA/APA cananéia- iguape- peruibe.Iguape, SP.2003.

MARQUES, José Geraldo W. O Olhar (Des)Multiplicado. O Papel do Interdisciplinar e do Qualitativo na Pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica.

MENDES. L.P.Etnoecologia dos pescadores e marisqueiras da vila de garapuá.Monografia de Bacharelado em Recursos Ambientais - Instituto de biologia.Universidade Federal da Bahia (UFBA).Salvador.2002,

NORDI, N.;THÉ,A. P. G.;MOURÃO, J.S.;MADI,E. F. CAVALLINI, M.; MOTENEGRO, S. C. S.Etnopecalogia, educação ambiental e desenvolvimento sustentável.In:Santos,J.

PETERSEN. E.S.M;SANTOS.S.E. Etnobiologia dos pescadores da colônia Z-1 , Rio Vermelho.Monografia de licenciatura em ciências biológicas .Faculdade Jorge Amado.(FJA).Salvador .2006.

POSEY,D.A.Introdução.Enobiologia:teoria e pratica.In:Ribeiro,b.(Ed.)Suma etnológica Brasileira.Petropolis:Vozes.1987.

TOLEDO, V. M. What is ethnoecology? Origins, scope and implications of a rising discipline. Etnoecológica .1992.
Autor: suzimara santos


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