LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL:



LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL: CAMINHOS PARA A AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO

 

Acadêmica Elisandra Santana Lima

Acadêmico Samuel Santos

Acadêmica Talita Santos Menezes

 

Co-autora

Mestre Maria José de Azevedo Araújo


 RESUMO

 

Sabe-se que a leitura é o caminho para a aquisição do conhecimento, que se dá através da interpretação concebida nas entrelinhas. Ler é muito mais do que decodificar termos e isto implica num conhecimento prévio das informações necessárias para a compreensão desses termos. A temática em questão, a crise da leitura e interpretação textual na esfera escolar enfoca pontos cruciais que desmembram o clímax (crise da leitura e interpretação textual) que envolvem discentes e docentes. Nessa perspectiva o presente trabalho propõe-se a analisar fatores causadores da dificuldade de leitura e interpretação textual na esfera escolar, além de apresentar metodologias, isto é, soluções práticas para amenizar tanto as dificuldades enfrentadas pelos alunos no que tange a leitura e interpretação textual, quanto as dificuldades por parte dos professores em utilizar técnicas que contribuem para o melhor desempenho do aluno. Discute-se o conceito de leitura, os embasamentos metodológicos de Foucambert(1994), mecanismos cognitivos da leitura e implicações pedagógicas. A pesquisa tem caráter bibliográfico e como procedimento metodológico adota-se a revisão de obras que discutem a temática abordada. 

 

PALAVRAS-CHAVE:

Leitura, interpretação textual, crise, esfera escolar, dificuldades.

 

ABSTRACT

 

It’s no use mentioning that reading is the way to acquire knowledge which comes through the interpretation of each line. Reading is much more than decoding terms and, as a result we have the early knowledge of the necessary information to get the comprehension of these terms. The thematic, the reading crisis and the text interpretation inside the school atmosphere emphasize the crucial aspects that dismember the apex (reading crisis and text interpretation) which involves students and teachers. According to this perspective this project proposes to analyze facts that cause reading difficulties and text interpretation inside the school atmosphere, beside the presentation of the methodologies, practical solutions to reduce not only reading and text interpretation difficulties students deal with, but also difficulties teachers have to use techniques to improve the students’ development. The reading concept, the Foucambert’s methodological foundation, the cognitive mechanisms of reading and the pedagogical implications   are discussed. The research is a bibliographical project and, as a methodological procedure, we accept the review of works which involve the topic mentioned in this project.

 

KEYWORDS

Reading, text interpretation, crisis, school atmosphere, difficulties.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Ler é uma atividade que requer concentração e prazer. É explícito na esfera escolar o enfraquecimento do ato da leitura, caminho que dá acesso ao processo de compreensão e interpretação textual, isto é, se há fracasso na leitura, obviamente não haverá familiarização com a interpretação textual.

 

A importância da leitura é incontestável, uma vez que abre caminhos para a aquisição do conhecimento, através análise interpretativa, que cobra do leitor a visão perceptível para lidar com os textos e linguagens postas em suas experiências vivenciais. Metodologias e projetos pedagógicos atrativos e projetos pedagógicos atrativos e dinâmicos provenientes dos docentes interessados nesta vertente de estudo, juntamente com a colaboração e desempenho dos discentes amenizam a crise da leitura e da interpretação textual, pois a interação e o compromisso são pontos cruciais à mudança desse quadro. 

 

O presente trabalho, tendo como procedimento metodológico a revisão de obras que discutem a temática abordada, sendo uma pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica e justificado devido ao interesse dos pesquisadores, por se tratar de um conhecimento necessário à carreira profissional, uma vez que leitura e interpretação textual são caminhos para a internalização da aprendizagem, tratará das dificuldades enfrentadas pelos estudantes, dos fatores que ocasionam esse problema, das conseqüências e das metodologias utilizadas para sanar os obstáculos que interferem no ato da leitura e da interpretação textual.

 

Assim sendo, o mesmo tem como objetivo geral analisar fatores causadores da dificuldade de leitura e interpretação textual, que geram conseqüentemente a crise das mesmas na esfera escolar. Tendo também, embasamentos específicos tais como, detectar fatores que geram as dificuldades de leitura dos alunos, identificar quais as conseqüências que esses fatores causam na vida estudantil e em particular na interpretação textual e relacionar soluções práticas com o intuito de amenizar à problemática em questão. 

 

2  O QUE É LEITURA?     

 

Com a necessidade de interagir com a diversidade de signos lingüísticos o individuo se depara com o ato de ler. Ler é muito mais do que extrair a significação de um texto. Assim, a leitura está embutida em todas as experiências vivenciais e cobra do leitor a sua percepção e sensibilidade. Percebe-se então que a leitura é a compreensão do texto a partir do momento em que o individuo transita do ângulo superficial para a visão crítica, ultrapassando os limites do texto, lendo assim o que aparece nas entrelinhas.

 

A tônica da educação nos séculos XVIII e XIX era ensinar aos indivíduos a ler e a escrever e dominar a linguagem matemática, fatores suficientes para uma completa e harmônica integração social e profissional. Durante estes séculos, estava em evidência à explosão da Revolução Industrial, que trouxe a exigência de escolaridade para todos e a revolução tecnológica do século XX exige a formação de um novo homem. Com isso, já não basta somente ser alfabetizado e dominar cálculos é preciso agora deparar-se com uma nova exigência que claramente é gritante nos tempos modernos: o ato de pensar, isto é, libertar-se do superficial e seguir o caminho da análise do racional.

 

A contextualização histórica dá a sua contribuição no aspecto de focalizarmos o grande pecado do setor educativo no processo de alfabetização das crianças, no que tange à leitura  e a compreensão da mesma.Desde o processo de aquisição do ato de ler os indivíduos são visualizadores do que está escrito , não sabendo compreender a mensagem que está sendo transmitida , isto é, não há um rompimento com o texto superficial ,não há a verdadeira leitura , ou seja , aquela que acontece nas entrelinhas, a qual nomeamos como interpretação.Dessa forma, nos deparamos  com umas das problemáticas enfrentadas na esfera escolar , uma vez que pensar e reagir sabiamente são uns dos aspectos cobrados rigidamente pelo mercado de trabalho e até mesmo para o convívio social.

 

Outra realidade preocupante é a vasta quantidade de analfabetos funcionais, isto é, aquelas pessoas que, ao deixarem a escola, perderam o convívio com a leitura e a escrita embora tenham aprendido a ler e escrever, com o tempo foram se tornando incapazes de fazê-los.Nessa situação encontram-se professores e alunos , os quais carregam consigo a dificuldade de compreender internamente o texto ou experiências vivenciadas no contexto social quanto no literário.Percebe-se então, o quanto é importante trabalhar o aspecto da leitura , que é o caminho para a compreensão e para o distanciamento com o senso comum, pois conforme Jean Foucambert, “Ler é ser questionado pelo mundo e por si mesmo, é saber que certas respostas podem ser encontradas na produção escrita , é poder ter acesso ao escrito , é construir uma resposta que entrelace informações novas àquelas que já se possuía.”

           

Assim, o essencial é aplicar metodologias aptas à amenização da crise da leitura na e da interpretação textual, pois o mais viável seria uma sistematização de ensino, onde os professores desde o alicerce estudantil, isto é, as séries iniciais orientassem as crianças a ler para que com essa atividade elas aprendessem a ler não sofrendo futuramente com  as dificuldades atreladas à compreensão de texto.

 

Parafraseando Luzia de Maria( 2002), um texto só se completa com a leitura e com a identificação da mensagem que esta embutida no interior da mesma. A cada leitura feita surgem significados novos. Toda leitura de um texto é, portanto, individual, porque individuais são as experiências de cada um. Um texto é plurissignificativo, e cada pessoa atualiza parte de suas possibilidades, ou seja , dependendo de sua vivencia , atribui determinando significado e mobilizada por um outro aspecto explorado pelo autor.Logo, tratando-se de  um texto literário , a subjetividade é marcante , pois o nível de leitura e informação previa do leitor vai influir na leitura , na interpretação, na compreensão.

 

Por outro lado, é visível que dificuldades no ato de ler repercute conseqüências negativas no ato de compreensão. Segundo Jésus Alégria, Jacqueline Leybaert e Phillipe Moustyem (1994)suas pesquisas relacionada aos problemas da leitura os mesmos comprovam que uma deficiência não especifica, lexical ou sintática, por exemplo, terá repercussão não somente sobre a leitura, mas também sobre a compreensão da linguagem. Nota-se então que é relevante o ato da leitura e a sua compreensão e a sua grande ligação com a interpretação textual.    

 

3 VISÃO METODOLOGICA DE FOUCAMBERT

 

O século XX é o século da leitura e mais precisamente o ano de 1980 é o ano da leitura. Assim afirma Jean Foucambert(1994) em sua obra a leitura em questão. Entre 1960 e 1970, a escola confrontou-se com um problema de leitura que não consegui superar. Até essa data, o saber ler era quase que unanimidade confundido com a possibilidade de se atribuir um significado ao escrito, transformando em oral. Assim, essa idéia ainda é presente na atualidade, pois, leitura é entendida como decodificação e codificação do que está escrito.

 

Ainda como análise feita por Foucambert(1994) no estágio atual, as discussões sobre a escolha de metodologias são ao mesmo tempo, obsoletas e prematuras. A escola precisa de uma reflexão muito mais fundamental, precisa entender o que é a leitura e a sua grande contribuição para o desenvolvimento dos indivíduos em processo de formação cultural; Só então será fácil e frutífero escolher. Penso que seja possível provocar nos docentes e nos pais a conscientização de que a leitura a partir da de sua própria prática, para destruir as falsas noções que continuam sendo usadas como referências à ação educacional escolar e familiar.

 

Consequentemente, a leitura vem acompanhada de reflexões, isto é, a interpretação do que foi posto em texto ou através das experiências do cotidiano escolar e social. Dessa maneira vem à tona o controle da leitura, o qual está voltado para a detenção de informações sobre o questionamento inicial julgar as estratégias de exploração significa organizar e mentalizar conceitos e análises do que foi escrito.

 

4  NOÇÕES METODOLOGICAS

 

A temática leitura e interpretação textual é alvo de discussões e preocupação em especialistas que buscam incansavelmente métodos aptos a sanar a crise da leitura, caminhando primeiramente pelo alicerce educacional ofertado pelas escolas. Obviamente o tema em pauta, pode ser exemplificado com a teoria do signo lingüístico de SAUSSURE() , significante e significado. O significante é a imagem acústica do objeto e o significado é a representação, sentido. Dessa maneira, o significante está para a leitura assim como o significado está para a compreensão. Com essa breve relação, percebe-se o quanto é sério o estudo detalhado da leitura a qual para muitos é vista apenas como visualização de vocábulos e aspectos fonéticos.

 

A necessidade de aplicar metodologias para combater a problemática da questão, surge no século XX mais precisamente no ano de 1980, quando Jean Foucambert em um colóquio sobre leitura atenta para noções metodológicas capazes de ajudar docentes e discentes no que tange as dificuldades enfrentadas no critério de leitura.

 

Inteligentemente, Foucambert(1994) projeta suas metodologias na formação do professor lançando estudos aprofundados sobre a leitura dando procedência com a formação de leitores e com a idealização de tornar conhecidos aos discentes os diversos textos disponíveis, portanto, a escola deve ajudar ao individuo a tornar-se leitor de textos que circulam no social e não abitolá-los a leitura de um texto pedagógico, destinado apenas a ensiná-lo a ler.

 

Deve-se também levar em consideração a prática de leituras coletivas, marcado seguidamente pelo diálogo entre os indivíduos a fim de que aflore o entrosamento com a mensagem contida no interior do texto, sendo então o professor, o mediador aquele que a cada texto escolhido terá a responsabilidade de buscar temas atuais capazes de instigar a reflexão e o verdadeiro sentido da leitura.

Outro método relevante seria o acompanhamento psicológico, cujo intuito estaria focado na localização dos fatores que impedem uma leitura saudável, pois, atualmente é assustadora a repulsa dos estudantes em relação ao ato de ler e refletir. A leitura é a base para a aquisição do conhecimento e do desenvolvimento, então como crescer intelectualmente se não existe o ato de pensar, o sair do senso comum. Conforme Frank Smith, “a leitura torna as pessoas mais espertas.”

 

5 MECANISMOS COGNITIVOS DA LEITURA.

 

5.1 CARACTERÍSTICAS ESPECIFICAS E NÃO- ESPECIFICAS DA LEITURA.

 

Os estudos de Jacques Grégoire e Bernadette Piercert(1994) no livro avaliação da leitura a psicologia cognitiva consagrou esforços consideráveis, ao longo dos últimos anos, para tentar compreender e descrever os mecanismos que permitem realizar, essa operação elementar no que tange à averiguação da situação da leitura permitindo-nos conceber uma série de operações elementares que intervêm no processo de compreensão.

 

O intuito especifico que destina-se ao processo de reconhecimento das palavras escritas deve-se ao fato de que é logicamente inconcebível compreender um texto sem identificar ao menos , uma parte das palavras que ele contém assim afirma Alégria, Leybaert e Mousty(1994). A relação entre leitura e identificação das palavras é especifica na proporção em que sabemos dar ênfase a importância de ambas sempre atingindo uma boa relação entre leitura e interpretação. 

 

O ato de ler , isto é, compreender o texto escrito exige do individuo uma série de fatores e proporções precedentes.Primeiramente é preciso uma descrição funcional dos conhecimentos necessários para realizar esse ato(conhecimentos lexicais, sintáticos, pragmáticos, etc) e em seguida leva-se em consideração a maneira pela qual se chega a um texto.Alguns conhecimentos , assim como o processo, são específicos à leitura, outros são compartilhados com outras atividades cognitivas : as noções lexicais , por exemplo servem para ler, mas também para compreender a linguagem.

 

Os aspectos específicos e inespecíficos ajudam a melhor compreender como se adquire o processo de aquisição da leitura além de dar relevância aos problemas que dificultam o ler e o interpretar. Assim, esses aspectos ao mesmo tempo em que colaboram para como meio para aprendizagem da leitura, colaboram também para ajudar focalizar as dificuldades enfrentadas pelo individuo no processo de leitura e compreensão textual.

 

5.2  DIFICULDADES INESPECIFICAS DE COMPREENSÃO DE TEXTOS

 

Estudos feitos por pesquisadores inteirados com os problemas que afetam a capacidade do individuo de familiarizar-se com a compreensão de textos, demonstram que para falar legitimamente de dificuldades de um determinado leitor de um texto, é indispensável supor que o texto em questão seria compreendido se ele fosse apresentado verbalmente, assim afirma ALÉGRIA, LEYBAERT e MOUSTY(1997).

 

A identificação das palavras é crucial na explicação dos problemas de compreensão de textos. Assim sendo, a identificação das palavras é uma condição necessária à leitura. Para ler um texto como presa o verdadeiro conceito é interessante que o individuo esteja a par de uma boa interação com o mundo exterior, isto é, necessita-se que o mesmo carregue consigo uma bagagem de informações.conforme FOUCAMBERT(1994) , “ para aprender a ler , enfim,é preciso estar envolvido pelo escrito o mais variado, encontrá-lo , ser testemunha de e associar-se à utilização que outros fazem dele querer deter de textos da escola , do ambiente,da imprensa, dos documentários, das obras de ficção.Ou seja, é impossível tornar-se leitor sem essa continua interação com um lugar onde as razões para ler são intensamente vividas.”

 

Dois problemas marcantes no ato da compreensão é a lucidez por STANOVICH e a hiperlexia. A lucidez trata-se do caso de indivíduos que são aparentemente bons na identificação das palavras, mas possuem problemas quando se trata de compreender um texto, não se podendo explicar essa nem por um nível lingüístico, nem por seu nível intelectual.

 

O segundo caso a ser discutido é o de indivíduos denominados hiperléxicos, isto é trata-se de pessoas que são boas no nível de identificação das palavras, mas extremamente fracos em compreensão de textos. Podemos então perceber que tais problemas na se trata de problemas específicos da leitura e sim de problemas ligado ao processo cognitivo do individuo.

 

Logo, as dificuldades inespecíficas da compreensão estão ligadas a distúrbios no que tange a competência lingüística e psicolingüística. O essencial seria então trabalhar métodos capazes de sanar essa deficiência, ajudando assim a esses indivíduos encontrar-se no fantástico mundo da leitura e interpretação textual.

 

6 ALGUNS FATORES CAUSADORES DA DIFICULDADE DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL E SUAS CONQUÊNCIAS NA VIDA ESTUDANTIL

 

6.1. CONHECIMENTO, LEITURA E ORALIDADE

 

Ler na verdade é uma terapia que torna o homem um ser capaz de realizar algo acima da sua imaginação. Para escrever um texto bem estruturado, que chame atenção, é preciso ter conhecimento a respeito do tema a ser abordado, o que facilita uma boa exposição de idéias e a melhor compreensão do leitor. Mas nem todos têm a mesma capacidade de redigir um texto e isso está relacionado á falta de leitura, pois as pessoas só podem expor um fato se tiverem conhecimento a respeito dele, mas sem leitura não há conhecimento.

 

A arte de ler e interpretar são fundamentais no processo de formação do indivíduo, pois é através da leitura que o indivíduo passa a conhecer melhor as normas gramaticais e como utilizá-las. Dessa forma a leitura é um mecanismo que leva o leitor a interagir com o autor em um determinado momento no texto e conseqüentemente interage com o mundo também.

 

Para fazer uma boa interpretação textual com base no assunto exposto no texto, seja ele jornalismo, literário, didático, pintura ou imagem, o aluno deve dominar bastante a leitura oral. Os que têm o hábito de ler freqüentemente passam a ter mais facilidade para interpretar os textos, e (obviamente) os que não possuem esse hábito encontram dificuldade.

 

A falta dessa metodologia de leitura oral (em voz alta) no período do ensino fundamental e médio, o que é essencial, acarretará na dificuldade de ler e interpretar, pois esse método permite ao aluno um melhor desenvolvimento de sua fala e maior internalizarão das informações contidas no texto. Sendo assim, a leitura oral é de grande valor para o desenvolvimento intelectual, pios dessa forma os alunos passarão a ter mais habilidade para formular idéias e expressá-las com mais clareza.

 

Com a deficiência relacionada á leitura oral, pode-se observar em alguns alunos a angústia no momento em que são submetidos á prova, algo que requer muita interpretação e conhecimento prévio a respeito do que se trata a prova. Mas realidade é que nem todos estão preparados para enfrentar as novidades desse universo. Isso ocorre porque muitos desses alunos não foram preparados para fazer leitura oral, nem interpretar, no período escolar. Daí a importância da utilização desse método desde o ensino primário até o mais elevado grau de estudo.

 

6.2. DESQUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E METODOLÓGICA

 

Apesar da metodologia de ensinar através da leitura e da interpretação textual ser de grande importância para os estudos dos alunos, ainda hoje esse método de ensinar está sendo pouco utilizado por alguns professores em sala de aula.

 

           A falta de treinamento dos professores e de mecanismos que deveriam ser utilizados visando o melhor aproveitamento do conteúdo por parte de cada aluno, é um fator que ocasiona a deficiência de leitura do aluno, já que nem todos possuem a mesma facilidade em relação à aprendizagem e isso deve ser levado em consideração no momento de programação da aula.

 

Através do conhecimento a respeito da deficiência que há em alguns alunos é que o professor pode trabalhar melhor essa dificuldade. Por isso, é de fundamental importância a qualificação do pedagogo, do professor de língua portuguesa e de qualquer outro profissional que atua na área de ensino.

John Milton Gregory (ano1991, pág. 124) destaca que

 

  Há muitos professores que vão para sala de aula totalmente despreparados ou preparados apenas em parte. São como mensageiros sem mensagem. Falta-lhe a energia e o entusiasmo necessários para produzirem os resultados que, centralizado por direito, devemos esperar de seu trabalho.

 

            Nota-se então uma realidade gritante neste pensamento, uma vez que muitos professores somente repetem pensamentos, esquecendo o essencial: a leitura nas entre linhas e a capacidade de criticidade dos estudantes.

 

           Atualmente os professores ainda encontram barreira para expor seus potenciais pedagógicos, isso ocorre tanto pela opressão do sistema educacional que não se permite ser modificado, como pela falta de materiais educativos que poderiam ser utilizados pelos educadores em sala de aula, como: revista, jornais, livros de boa qualidade, cartazes e principalmente os recursos que a tecnologia oferece contrário a toda essa visão, o que encontra-se ainda, em algumas escolas,é o método de ensino tradicional onde há a figura de um professor detentor de todo saber e o aluno em seu estado de ignorância e por isso submisso em tudo aquele que domina. Esse método ultrapassado de ensino gera desmotivação do aluno e daí surge à recuperação, repetência e evasão escolar.

 

Infelizmente, embora todos os métodos de ensino de leitura possam ter algum sucesso com todas as crianças, como veremos, todos os métodos de ensino de leitura deve exigir um preço pela tentativa da criança de aprender e, portanto, em algumas circunstâncias, todos os métodos podem interferir na leitura. (Frank Smith, ano 1999, pág.11)

 

                

     Dessa forma, torna-se mais fácil trabalhar com leitura, uma vez que se têm aparatos metodológicos como suporte para auxiliar o docente e guiar o discente em sua atividade de leitura e interpretação; sendo que uma aula torne-se mais agradável quando há interação entre professor e aluno e cada um tem espaço para expor suas idéias de vida.

 

Não podemos transferir conhecimentos de nossa mente para a de outrem como se eles fossem constituídos de matérias sólidas, pois os pensamentos não são objetos que podem ser tocados, manuseados. As idéias têm que ser pensadas na outra mente; as experiências revividas pela outra pessoa.” (John Milton Gregory, ano19991, pág.56)

 

     6.3. FAMILIA E ECONOMIA INFLUENCIANDO A EDUCAÇÃO

 

     A família é à base da educação de um indivíduo e o ambiente familiar é onde ocorrem os primeiros contatos, dando lugar aos relacionamentos. Devido a isso é muito importante que os pais interajam com seus filhos nas horas de estudo. No momento de ensinar as tarefas escolares, os pais devem utilizar método que facilitem a compreensão do filho a respeito da tarefa.    

 

     O fator econômico influencia no crescimento da crise da leitura e interpretação textual. No que tange aos educadores, esse fator causa sérias implicações com respeito á escolha da profissão. Os profissionais abrem mão daquilo que gosta para buscar uma carreira mais acessível no mercado de trabalho e a licenciatura é uma dessas alternativas. Assim, formam-se profissionais frustrados e conseqüentemente os alunos serão prejudicados.

 

     No que diz respeito aos alunos a realidade é simples: discentes provenientes de família de classe média ou baixa sempre terão menos acesso á informações, materiais e qualquer meio que lhe integre ao mundo do conhecimento. Já alunos com auto poder aquisitivo terão mais acesso a informações, melhor desempenho estudantil e principalmente uma enorme facilidade para ler e interpretar, pois o mesmo torna-se cada dia mais apto a estas aptidões.

 

     A realidade encontrada no Brasil? A respeito da educação familiar é insatisfatória com relação á leitura, pois nem todas as famílias incentivam o hábito de ler nos seus indivíduos. Devido a essa situação, o número de crianças com deficiência nos estudos vem aumentando ano após ano. O número de brasileiros que vistam biblioteca, museu ou teatro ainda é pequeno, e a minoria que freqüenta esses locais são (em grande parte) pessoas pertencentes à elite.

 

     O ideal seria que cada aluno tanto em casa, quanto na escola recebesse incentivo ao hábito da leitura, pois é através dela que o indivíduo adquire conhecimento, torna-se crítico e constrói seu próprio saber.

 

A mente humana até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido, um objeto pode lançar sua imagem dentro do campo visual, mas a mente desatenta não ouvirá nem verá nada.

                                              (John Milton Gregory, ano1991, pág. 104) 

 

 

7  IMPLICAÇÕES PEDAGÓGICAS

 

 A atividade de leitura é uma complementação da escrita. Devido a isso, a leitura deve ser considerada uma atividade que permite a interação entre sujeitos, supondo mais do que o simples decodificar de sinais gráficos. É necessário, portanto que o leitor tenha capacidade de recuperar o conteúdo do texto, interpretando e assim compreendendo as intenções pretendidas pelo autor.

 

Os elementos gráficos são de fundamental importância para a interpretação textual. Tais elementos funcionam como instruções do autor para a descoberta, por parte do leitor, das significações contidas no texto. Desse modo o leitor é capaz de elaborar suas hipóteses e tirar suas conclusões.

 

É necessário entender que tais instruções não são as únicas responsáveis para o entendimento do texto. A maior porção de tudo que é apreendido num texto faz parte de um conhecimento prévio. É por isso que muitos alunos têm tanta dificuldade na hora de interpretar certos textos, pois são privados da informação necessária para a compreensão dos tais.

 

A lingüista Irandé Antunes (2003, pg. 68) dá um exemplo a respeito disto:

Há alguns anos atrás circulou um texto que fazia propaganda do Carnaval de Pernambuco onde se dizia:

 

Carnaval de Pernambuco: o melhor do Brasil. Do Galo ao Bacalhau.  

 

Irando Antunes(2003) afirma que certamente, quem não tivesse conhecimento da existência de dois blocos carnavalescos, “O Galo da Madrugada” e “O Bacalhau do Batata”, os quais respectivamente, iniciam e fecham os dias do carnaval no Recife e Olinda, não teria condições de entender o anúncio. Mesmo que consultasse uma gramática de português ou um dicionário, no mínimo chegaria à conclusão que se tratava de aspectos gastronômicos daquela região. Somente o conhecimento daquelas informações poderia proporcionar uma interpretação correta desse anúncio.

 

A leitura favorece ao leitor a possibilidade de adquirir novos conceitos e dados, permitindo assim que seu repertório de informação acerca das coisas, das pessoas, do mundo em geral seja ampliado.

 

Nesse sentido, a motivação por parte do professor para que seus alunos leiam textos de outras disciplinas é de fundamental importância. Informações contidas em textos de geografia, história, biologia entre outras matérias, são relevantes em argumentos usados numa redação, por exemplo.

 

Através da leitura ainda há o aprendizado do vocabulário. É por meio dela que se aprendem os padrões gramaticais da escrita e através dela é que vem a ampliação da competência discursiva em língua escrita e oral também.

Desse modo, a dificuldade que o aluno tem para escrever terá raízes nesse pouco contato que ele mantém com textos escritos. Sabe-se que as aulas são realizadas de maneira oral e que os textos dados para leitura são explicados pelo professor, afirmando este estar ajudando no melhor entendimento do aluno. Essa prática priva o aluno de tecer seus próprios comentários e tirar suas conclusões a respeito do texto lido por ele mesmo.

Um professor que se porta dessa maneira bloqueia, no aluno, a capacidade intelectual que ele tem de interpretar os textos que chegam até ele da sua própria maneira. Por várias vezes, até mesmo os enunciados das questões das provas ou exercícios são explicados, numa espécie de tradução. Dessa forma, o trabalho de desenvolver no aluno uma consciência crítica e a capacidade de interpretação é adiado e quem fica prejudicado é o próprio aluno. Este fica atrelado à necessidade da explicação oral e quando não a possui, sente-se frustrado, incapacitado de, por si só, gerar um pensamento construtivo.

O acesso à escrita possibilita ao aluno o domínio da linguagem formal e é através dessa linguagem que ele se “encontra” dentro da sociedade em que vive. Através dela entenderá as leis de seu país, seus direitos e deveres de cidadão, de uma forma ou de outra, terá maiores chances para uma ascensão social e tantos outros benefícios. Daí o caráter exclusivo do analfabetismo: ele priva as pessoas de informações as quais elas deveriam ter conhecimento. Como a constituição pode ser democrática se as pessoas sobre as quais a mesma discorre não são capazes de ao menos lê-la?

 

Numa pesquisa realizada por Lílian Martim da Silva (1986) com alunos de escolas públicas de Campinas, os quais foram questionados sobre leitura durante as aulas de português, algumas das respostas foram às seguintes:

 

Nunca porque não sobrava tempo.”

“Nunca porque a professora achava que perderia muito tempo de aula.”

“Pouco, porque nos primeiros anos escolares eu fiz é muito exercício.”

“A professor dava a matéria, explicava e nunca deu aula de leitura.”

“A gente lia apenas o livro da matéria.”

“Os professores se preocupam com a gramática e a redação.”

 

E quando os alunos foram questionados por que não havia tempo para a leitura em sala de aula, eles responderam:

 

Porque tinha que ir com a matéria para frente.”

“Porque foram poucos os professores que mandavam ler.”

“Porque se lêssemos não ia dar tempo para aprender toda matéria.”

“Porque atrapalha o professor em suas explicações.”

“Porque as aulas eram mais importantes.”

“Porque a professora acha que não estamos preparados para ler livros.”

 

Esta última resposta revela o pensamento absurdo e irracional que um profissional que se diz capacitado para lecionar pode ter. Se um aluno, mesmo estando no ensino fundamental, não está preparado para ler livros, quando estará? Será necessário que este aluno ao longo do tempo desenvolva por si próprio o desejo de conhecer obras completas?

 

Está explícita a visão errônea sobre a gramática e suas funções, colocando-a como centro primordial de todo e qualquer ensino. Esse equívoco funciona como apoio para que as aulas de língua se distanciem cada vez mais de um ambiente onde o aluno poderia ampliar suas possibilidades verbais para participar melhor da vida em sua comunidade.

 

Aprender é uma das coisas mais bonitas, mais gostosas da vida. Acontece em qualquer tempo, em qualquer idade, em qualquer lugar. Ajudar as pessoas a descobrir esse prazer, a “degustar” o sabor dessa iguaria é ascender às mais altas esferas da atuação humana.  A escola existe para estimular a “gula” pelas delícias de poder saber. (Irandé Antunes, 2003: 175)

 

Faz-se necessário ao professor:

*      Promover a leitura de textos que façam significado à realidade em que o aluno está inserido. Textos reais, de qualidade, que permitam ao aluno se ‘encontrar’ dentro daquilo que está escrito.

 

*      Incentivar os alunos a escreverem da maneira deles, com o conhecimento que possuem, com a liberdade de expor seus ideais e pensamentos, e após isto solicitar que leiam para os outros colegas. Dessa forma o conhecimento de um aluno passa a ser o de outro e assim cada um adquire um novo saber.

 

 

*      Despertar no aluno motivação para leitura. Todo aluno deve ser convencido das vantagens de saber e poder ler. Dessa forma, se o aluno tomar conhecimento dos benefícios e utilidades que aquela leitura traz, até mesmo para o seu dia a dia, com certeza o aluno terá prazer em ler.

 

*      Suscitar no aluno uma leitura crítica, capaz de chegar à interpretação da ideologia do texto e das concepções que estão “escondidas” nas entrelinhas. O aluno deve entender que nenhum texto é neutro, ou seja, que por trás de simples palavras há uma visão de mundo, pois qualquer texto tem como função reforçar idéias já sedimentadas ou propor novas formas de vê o mundo. A linguagem é uma das formas de atuar, de influenciar, de intervir no comportamento alheio, que outros atuam sobre nós usando-a e que igualmente cada um de nós pode usar para atuar sobre os outros. (Fonseca & Fonseca, 1977: 149)

 

 

*      Sugerir leituras diversificadas, tanto no sentido de gênero (contos, revista, cartas, etc.) como no sentido dos objetivos da leitura e interpretação. É importante expor ao aluno a diferença entre o texto falado de forma coloquial e o texto escrito formalmente, e fazê-lo exercitar o uso apropriado dessas diferenças.

 

*      Descobrir a cada dia a capacidade de cada aluno e ser ajudador na construção desse potencial.

 

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Fica evidente que a leitura e a interpretação textual são caminhos relevantes à internalização do conhecimento e ao desenvolvimento da aprendizagem. O processo de leitura e interpretação textual é iniciado no ambiente escolar, quando o individuo é posto em diálogo com os textos e com as experiências vivenciais. Assim, ler requer do individuo uma bagagem vivencial e um conhecimento prévio em relação aos textos a serem trabalhados.

 Trabalhar a crise da leitura e interpretação textual significa compreender os fatores que provocam essa crise, alem de analisar as conseqüências e buscar metodologias e/ou sugestões praticas com o intuito de amenizar a problemática em questão. Dessa forma, para diminuir a crise é necessário grande empenho dos professores e também dos estudantes, pois, sem a contribuição dos estudantes o esforço docente não terá sucesso.

Sabe-se, que a leitura e interpretação textual são cruciais ao desenvolvimento educativo do individuo. Portanto, os estudos feitos através da revisão bibliográfica tem valor impar para a análise da temática em ênfase, a crise da leitura e interpretação textual na esfera escolar.

 

SOBRE OS AUTORES

 

Elisandra Santana Lima é graduanda em Letras Português na Universidade Tiradentes Aracaju/ SE, cursando o 2° período, no segundo semestre do ano de 2009. Contato: [email protected]

 

Samuel Santos  é graduando em Letras Português na Universidade Tiradentes Aracaju/ SE, cursando o 2° período, no segundo semestre do ano de 2009. Contato: [email protected]

 

Talita Santos Menezes é graduanda em Letras Português na Universidade Tiradentes, Aracaju/ SE, cursando o 2° período, no segundo semestre do ano de 2009. Contato: [email protected]

 

 

O presente trabalho é resultado de prática investigativa na forma de pesquisa qualitativa do tipo bibliográfica. Este artigo foi produzido sob co-orientação da mestre Maria José de Azevedo Araujo.

 

REFERÊNCIAS

 

ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAYARD, Elie. Ler e Dizer: compreensão e comunicação do texto escrito. São Paulo. 2º edição, 1991.
FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FRANK, Smith. Leitura significativa. trad. Beatriz Affonso Neves- 3ed.- Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda.1998.

GREGÓRIE, Jacques. Avaliação dos problemas da leitura: Os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

 HOWARD, Hendricks. Ensinando para transformar vidas. Tradução de Myrian Talitha Lins Primeira Ed.1991, editora Betânia  S/C.  

MARIA, Luiza de. Leitura e colheita: Livro, Leitura, e Formação de leitores. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002


Autor: Maria José de Azevedo Araujo


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