O Anjo do Senhor e o Espírito Santo



            Por Ruy Porto Fernandes

 

 E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. (At 8.26)

 

E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. (At 8.29)

 

E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. (At 8.39)

 

            Faz muito tempo que estes versículos me chamam a atenção. Será que o evangelista Lucas queria deixar subentendido que o Anjo do Senhor, o Espírito e o Espírito do Senhor é o mesmo Espírito de Deus? Sim, eu creio que este foi o objetivo de Lucas. Para ele, o Espírito Santo, que é Deus (At 5.3-4), também é um mensageiro celestial que sempre está presente em conexão com a revelação ou a mensagem do Evangelho.

            Assim, Lucas registra, tanto no seu Evangelho como em Atos dos Apóstolos, várias intervenções de homens, varões e anjos como mensageiros celestiais, ou seja, como o Espírito de Deus. E, isto sem contar as mensagens celestiais do Espírito sob a forma de pomba, voz, vento ou labaredas de fogo (Lc 3.22; 9.35; At 2.2-3; 10.13).

            Roger Stronstad, no seu livro The Charismatic Theology of St. Luke, à página 72, em referência ao trecho de Atos 8.26-40, escreve: “Aqui, como em outro lugar em Atos, Lucas identifica o Espírito Santo com o anjo do Senhor e o Espírito do Senhor.”

 

Lucas 1.11 E um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.

Lucas 2.9 E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.

Lucas 24.4 E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com vestes resplandecentes.

Atos 1.10 E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco.

Atos 5.19 Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora, disse:

Atos 7.30 E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.

Atos 7.38 Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.

Atos 7.53 Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.

Atos 10.3 Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio.

Atos 10.19 E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam.

Atos 10.31 E eis que diante de mim se apresentou um homem com vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.

Atos 27.23 Porque esta mesma noite o anjo de Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo,

 

            Contudo, não é por meio destas formas que Ele deve ser adorado (Ap 19.10; 22.8). O Espírito Santo, ou em sua simbologia como os sete Espíritos de Deus (Ap 1,4; 3.1; 4.5; 5.6), que na realidade é um número incalculável de Espíritos de Deus, deve ser adorado como um único Espírito (Ef 4.4) em pessoa, propósito e ação.

 

Niterói, 03 de agosto de 2009.


Autor: Ruy Porto Fernandes


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