INFLUÊNCIA DA CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA SOBRE A GERMINAÇÃO DE SEMENTES



INTRODUÇÃO

A estimulação elétrica contínua e de baixa voltagem pode inibir a divisão mitótica em situações de grande proliferação celular, como na fase embrionária. Tal fato ocorre, segundo alguns autores, devido ao acúmulo de radicais livres (FURTADO, 2005).
O objetivo principal do trabalho é verificar a inibição da mitose em sementes de feijão, verificada pela inibição ou interrupção da germinação.
Através da utilização da corrente contínua de baixa tensão pode ocorrer a paralisação do processo de germinação da semente de feijão, com acúmulo de radicais livres e com a conseqüente morte do embrião.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas pilhas, e a voltagem variou de 1,4 a 6 V. Foram necessários dois grupos: o primeiro, o grupo controle; o outro grupo foi constituído por indivíduos cobaias, que receberam o estímulo elétrico. As sementes do feijão Phaseolus vulgaris L. foram envoltas por gaze umedecida, e deixadas expostas ao ambiente, sendo que todas, dos dois grupos, receberão a mesma quantidade de água e iluminação solar. O tempo de exposição à corrente elétrica será de cinco dias, a contar da fase inicial, em que a semente é envolta pela gaze umedecida. A primeira experiência, iniciada em 11/03/08, às 20h20, consistiu na estimulação elétrica de uma semente de feijão preto envolvido em algodão; a voltagem aplicada foi de 6 V, obtida com o uso de 4 pilhas alcalinas pequenas em série; os pólos positivo e negativo foram acoplados às respectivas lâminas de ferrite encontradas  nos núcleos de transformadores de energia elétrica. Uma outra semente de feijão preto envolvido em algodão, sem estimulação elétrica, foi utilizada como indivíduo de controle, para comparação com o resultado da semente estimulada. A segunda experiência teve o início às 23h40 do dia 15/03/08. Foram utilizadas três sementes de feijão preto envolvidas em chumaços de algodão. O primeiro recebeu estimulação elétrica contínua de 6 V através da ligação em série de 4 pilhas alcalinas pequenas; os segundo foi envolvido por uma lâmina de ferrite em formato de U; a terceira foi utilizada como cobaia controle, para comparação com as outras duas sementes. Na experiência 3, foram utilizadas 5 sementes de feijão tipo carioca foram envolvidas cada uma em gaze, no dia 22/04/2008. No dia 27/04/2008, foram examinadas e fotografadas; a semente-cobaia deixou de receber o estímulo elétrico, que passou a ser aplicado em um indivíduo do grupo-controle. Nos dias 29 e 30/04/2008, as plântulas foram novamente examinadas e fotografadas. A corrente elétrica foi fornecida por duas pilhas alcalinas de 1,5 V; a voltagem utilizada na prática foi de 2,8 V. Na experiência 4, iniciada em 13/07/2008 às 22h02, foram selecionadas seis sementes de feijão da marca Carmim, abaixo do padrão; 4 foram destinadas ao grupo-controle, e 2 receberam o estímulo elétrico, sendo que em uma foi usada a voltagem de 1,72 V através de uma pilha Rayovac e na outra 1,78 V fornecidos pó uma pilha Panasonic. Na primeira foram usados eletrodos de platina mesclados à solda com liga de estanho Sn63/37; no segundo, os eletrodos foram feitos de estanho liga de estanho Sn61/37.
Após aproximadamente 15 horas, as sementes da experiência 1 foram retiradas dos chumaços de algodão. A semente que recebeu a corrente elétrica ininterruptamente teve o tamanho consideravelmente aumentado em relação à outra semente, contudo, não germinou.
Na experiência 2, não ocorreu a germinação da semente que recebeu o estímulo elétrico. Já a semente de feijão da experiência 3 que recebeu estímulo elétrico não germinou enquanto perdurou a estimulação na fase de germinação. O grão de feijão que inicialmente foi estimulado deixou de receber os estímulos no 6º dia, quando foi constatado que havia aumentado de tamanho, sem contudo ter germinado.
Na experiência 4, averiguou-se que as duas sementes que receberam o estímulo elétrico não germinaram, aumentaram de tamanho e adquiriram manchas pretas. As gazes nas quais estavam envoltas ficaram esverdeadas. Também ocorreram manchas esverdeadas no eletrodo positivo de um dos cobaias.
Foi relatado em artigos que tratam de eletroestimulação em células tumorais humanas, a ocorrência de necrose no lado do eletrodo negativo, e a formação da cloramina e da apoptose no lado do eletrodo positivo. Provavelmente, nos experimentos ocorreram a formação de novas substâncias que causaram a morte celular, bem como a inibição da mitose; isto explicaria porque não ocorreu a germinação, corroborando com a tese de que o pólo negativo causa a necrose das células, desequilibrando o pH e gerando radicais livres, enquanto o positivo induz a apoptose através da formação de uma substância oxidativa (FURTADO, 2005).

 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os experimentos demonstraram que a corrente elétrica contínua de baixa voltagem inibe a germinação de sementes de feijão, provavelmente devido à formação de substâncias oxidativas, à inibição da mitose ou à morte celular.
A estimulação elétrica sobre os organismos vegetais ainda é pouco realizada e debatida, e sua utilização com diferentes parâmetros e protocolos, e de forma mais abrangente, poderia trazer resultados inéditos e até contribuições ao setor agrícola. Uma situação hipotética envolveria meios de se utilizar a corrente elétrica para controle de ervas daninhas após o crescimento das plântulas da lavoura.
Além disso, os parâmetros de eletroestimulação utilizados podem também ser aplicados a outros sistemas biológicos para diferentes finalidades, inclusive terapêuticas, com a averiguação de possível efeito inibitório sobre o a reprodução e o desenvolvimento de agentes patogênicos, como protozoários parasitas e bactérias, em animais e seres humanos.
 
REFERÊNCIAS
DIAS D.C.F.S., J. MARCOS FILHO. In Scientia Agrícola.Testes de condutividade elétrica para avaliação do vigor de sementes de soja (Glycine max (L.) Merrill). Abril 1996. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-90161996000100005> Acesso em 16 de maio 2008.

DUTRA, Alek Sandro, FILHO, Sebastião Medeiros e TEÓFILO, Elizita Maria. In Revista Ciência Agronômica, Condutividade elétrica em sementes de feijão caupi. Disponível em:
< http://www.ccarevista.ufc.br/v37a2006/09rca37-2.pdf> Acesso em 23 maio 2008.

FURTADO, Fred. ABIFICC. Cadeira Elétrica para o Câncer. In CiênciaHoje On Line, 15 de abril e de 2005. Disponível em:
<http://www.abifcc.org.br/oldnews/noti15042005.html>. Acesso em: 24 março 2008
LYNIKIENE, Stefa, POZELIENE, Ausra. In Institute of Agricultural Engineering Lithuanian Agricultural University. Effect of Electrical Field on Barley Seed Stimulation. August, 2003. Disponível em:
<http://209.85.165.104/search?q=cache:Z-O_UZOrW3QJ:cigr-ejournal.tamu.edu/submissions/volume5/FP%252003%2520007%2520Lynikiene2.pdf+seed+germination+electrical+stimulation&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1&gl=br> Acesso em 13 de maio 2008.
Registro de Patente PILLA, Arthur A. Method and means for electromagnetic stimulation of a vegetative process. 4 de  outubro, 1981. Disponível em:
<http://www.freepatentsonline.com/EP0039163.html> Acesso em 16 de maio 2008.


Autor: Cynelle Souza


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