Entretenimento Educativo (3)



Entretenimento Educativo (3) Hitchcock teve sua obra dividida em 4 fases: a fase inglesa, a hollywoodiana, as “masterpieces” e a fase final. Desnecessário, embora pertinente, colocar aqui que essa modalidade de genialidade teve o tempo certo para se manifestar. Nem antes e nem depois. O ser humano iria se espantar com sua própria imagem projetada numa tela, suas ações, sua cobiça e sua ira, sua sensualidade e porque não, sua dualidade. Milhões de pessoas assistiriam. Alfred estudou em colégio de jesuítas e estes lhe ensinaram o valor da disciplina. Dirigiu seu primeiro filme em 1925 e, em dada altura de sua vida, ele diria: ”meus filmes colocam o crime no lugar que lhe é devido – dentro de casa”. Noutro local da linha do tempo, mas dentro do século XX, o famoso “tele-jogo” PONG, definido por duas barras e um quadrado que se movem para cima e para baixo, começava a afastar clientes em potencial das salas de projeção e das bancas de jornais. Estava nascendo o vídeo game. Nem HQ e nem cinema, com conteúdo de aprendizado discutível, entretenimento idem, muito embora enquanto a discussão permanecer aberta estaremos sempre aprendendo, essa modalidade tem lá seu parentesco com os filhos de Goscinny e Meliés. Se em mil setecentos e bolinha um abade podia ficar trancafiado numa câmera escura caçando imagens, qual o problema de dois adolescentes ficarem vidrados num joguinho, tentando impedir o pequeno pixel de tocar nos cantos esquerdo e direito da tela? Quem poderia sonhar, nos tempos do abade Nollet, que o fruto daquela curiosidade iria desencadear tantas façanhas futuras? Depois de “Viagem à Lua”, Georges Meliés faria cerca de 500 filmes, esclarecendo aqui que os mesmos eram de curta duração, par e par com a duração das películas deste período. Mesmo assim, sua produtora não agüentou senão a concorrência de grupos industrialmente organizados, o próprio tranco da história, que galopava em vários locais ao mesmo tempo e cuja bola da vez, e a força da vez, se instalavam na Inglaterra e nos EUA. Em 1896 o farmacêutico James Willianson e o mecânico Alfred Barling transformaram um projetor em câmera e se puseram a filmar. Ainda na Inglaterra, um retratista chamado Georges Albert Smith seguiu pelo mesmo caminho, até se tornar “o verdadeiro criador da montagem cinematográfica”. Para fazer frente à concorrência francesa, (vide o grupo Pathé Fréres), a indústria do sonho inglesa florescia em Brighton e a americana perto do local onde Tomas Alva Edison sonhava, e então acordava para anotar, o misterioso sonho da eletricidade. Em dois pontos do planeta já se concluía que cenas com emoções fortes eletrizavam platéias. O escocês Edwin Porter dirigiu “The Life of an American Fireman” em 1902. Porter é considerado aquele que colocou o filme norte americano “num caminho legitimamente cinematográfico”. Até aparecer um cidadão chamado David Wark Griffith. Um talento desperta outro, provando que não só as imagens estão em movimento. “Pense na verdade como se tivesse de conciliar as formas que já existem com as que desejam nascer”. Sem contar que, com a imagem, ontem, hoje e sempre, vem a “reserva de imagem”, uma espécie de mistério largamente utilizado tanto no grafismo do cinema como no movimento dos quadrinhos, e jamais desprezado pela publicidade. A indústria alimentícia, a exemplo, vende produtos com sabor “galinha caipira”. Se você visse como os frangos são tratados, mudaria de opinião. Em todo caso, “reserva de imagem” fala mais forte, ela tem um poder persuasivo que foge a primeira compreensão. Em 1900 Georges Albert Smith lança uma série de filminhos, (quase mil), todos na sua maioria em close, denominada “A Lupa da Vovó”, onde vários objetos eram mostrados através de um “vidro de aumento”. Apostava-se na reserva de imagem da anciã/matriarca, mais o seu apetrecho – a lupa, e um mundo descortinado através de ambos, ou, se preferir, através de 16 quadros por segundo. Voltando a D. W. Griffith, se no cinema existe uma gramática, ela foi inventada por ele, justamente ele, que a principio detestava cinema e se dizia ator de teatro. Griffith se livrou do conceito de quadros estáticos – como eram os filmes – e consagrou o “plano”, como Tônica Mãe da jornada cinematográfica. O outro nome de “Intolerance” (sua obra prima, lançada em 1916), pode ser o sacrifício do artista. “Intolerance” não teve a estrondosa bilheteria de “O Nascimento de uma Nação”, o que lhe rendeu alguns dissabores, mas é unanimemente considerado o compêndio maior de truques, símbolos, elipses, criadouro das futuras concepções, etc., e finalmente carimbado como “a consagração das imagens em movimento”. Na linha do tempo do século XX e do outro lado do mundo em relação a esse mundo, o fim da II Guerra Mundial estimulava de vez o quadro estático, ilustrado em papel, denominado Mangá. Com o início de uma nova estrada no universo da economia, o Japão, ainda com sua dignidade abatida, retoma o desenvolvimento tendo a seu lado o entretenimento ungido de forças funcionais: diz-se sem exageros que o Mangá levantou a moral do povo japonês. E ainda por cima educou entretendo. Ou vice versa. Para encerrar o modulo 3, podemos ainda escolher uma data mais especifica na linha do tempo, não só a título de floreio como também de contraponto, válida para qualquer hemisfério: 1948. Hitchcock estava entre as fases “hollywoodiana” e as “masterpieces”. O cinema já não era mais mudo como nos tempos de Griffith embora ainda fosse prematuro aventar a possibilidade de que uma HQ pudesse um dia ganhar o Pullitzer. No dia 15 de fevereiro de 1948 nasce Art Spiegelman em Estocolmo, Suécia. Spiegelman é o único autor de quadrinhos a ganhar um prêmio Pulitzer.
Autor: Bernard Gontier


Artigos Relacionados


A História Dos Filmes Animados

Os Maiores Blogs Sobre Filmes/cinema Do Brasil

Entretenimento Educativo (2)

Home Theater: O Que é Necessário Para Ter Um

Resenha Sobre O Livro Cinema O Mundo Em Movimento

Debate Após O Advento Do Som No Cinema

A Construção Da Imagem De Hitler No Filme " O Triunfo Da Vontade"