Yuri e o pé de goiaba



Era uma vez um garotinho chamado Yuri que morava numa casa onde havia, no quintal, um enorme pé de goiaba. As frutas nasciam o ano todo, enormes e vermelhas. Toda a vizinhança sabia sobre o pé de goiaba, pois nunca ninguém havia comido goiabas tão gostosas e visto uma árvore tão grande. Os galhos erguiam-se para as nuvens, o tronco era forte e viçoso, as folhas de um verde escuro que chamava a atenção, brilhavam muito por causa dos raios do Sol.

Todas as manhãs Yuri, ao acordar, ia até ao quintal para comer umas goiabas. Pareciam grandes bolas verdes, por fora, e muito vermelhas por dentro. Macias, saborosas, cheirosas, assim eram as goiabas que o menino comia todos os dias.

Mas, uma coisa diferente aconteceu: em certa manhã, ao correr para o quintal, percebeu que não havia nenhuma goiaba na árvore. O que teria acontecido?

Olhou para cima intrigado e viu muitos e muitos pássaros em cima do galhos mais altos. Será que teriam comido todas as goiabas? Yuri ficou intrigado e resolveu que no dia seguinte levantaria mais cedo, para ver se os pássaros estariam mesmo comendo suas goiabas.

E assim fez. Levantou-se cedinho, foi para o quintal e decepcionado viu que mais uma vez não havia nenhuma fruta na goiabeira. A maioria dos pássaros já tinha levantado vôo, mas alguns, retardatários, ainda estavam limpando os bicos no tronco da árvore.

Pediu para que a mãe fizesse um espantalho bem feito, colocaria perto da goiabeira e assim nenhum pássaro voltaria para a árvore, com certeza teriam medo do tal espantalho. A mãe costurou o boneco, encheu de palha seca, fez uma careta horripilante com olhos esbugalhados e ajudou Yuri a colocá-lo bem debaixo da goiabeira.

Yuri nesta noite foi dormir tranqüilo, nenhum pássaro resistiria ao espantalho. Ficariam muito assustados com aquela figura terrível. Sonhou com goiabas e goiabeiras, até  que ao nascer do Sol, com o galo da vizinha cantando  já bem alto, é acordado pelo barulho do bater das asas de   pássaros.

Pula da cama incrédulo. Corre para o pé de goiaba e vê  muitos e muitos  pássaros azuis, brancos, pretos, amarelos, verdes, vermelhos em cima dos galhos, deliciando-se com as goiabas.  Nada pode fazer.

Naquele mesmo dia resolve escrever um bilhete para os passarinhos, assim, pede uma folha de papel para a mãe e com muito cuidado, em letras bem grandes, diz para os pássaros deixem pelo menos algumas goiabas para ele.

Chateado com a situação, na manhã seguinte, espeta o bilhete no bico de um pássaro azul, que tratou de empurrar o papel para bem longe. Então, viu que não iria resolver o problema, pois pássaros não sabem ler. De repente sente um vento forte bater nas suas costas, olha para traz e vê o Curupira sorrindo para ele. Arregala os olhos de tanto espanto.

Sabia que o Curupira morava na floresta e era o protetor das plantas e dos animais. O mais engraçado é que os seus pés tinham os calcanhares para frente e os dedos para trás; os cabelos muito vermelhos, o corpo peludo e os dentes verdes. Yuri já tinha ouvido muitas conversas sobre o Curupira, mas ficar bem na  frente dele, já era demais.

Então o Curupira lhe diz que a idéia de trazer os pássaros para a goiabeira tinha sido dele. Nunca tinha visto um pé de goiaba tão grande e bonito e sempre tão cheinho de goiabas. Os pássaros precisavam se alimentar. Era sua obrigação cuidar da natureza.

 Mesmo depois de toda aquela explicação, Yuri não estava convencido de ficar sem as suas goiabas. Não entendia porque os pássaros saiam de dentro da mata, um lugar cheio de árvores, muitas frutas e sementes para se alimentarem.

O Curupira contou que no pedaço da mata onde viviam estes pássaros, não havia mais nenhuma árvore, todas tinham sido derrubadas e no lugar delas os homens fizeram enormes pastos .

Yuri entendeu finalmente porque as goiabas eram comidas todos os dias, Com pena dos pássaros disse que daquele dia em diante dividiria as frutas com eles. Assim, esta estória passou a ser chamada de Yuri, o pé de goiaba e seus amigos, os pássaros.

 

 

 

 




Autor: Jussara Whitaker


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