ZOOPLÂNCTON: Protozoários Testácea
O Zooplâncton é composto por um grupo de diferentes organismos que vivem flutuando em águas abertas ou associadas às plantas aquáticas nas margens de lagos e rios. Ao microscópio, podem ser vistos protozoários, pequenos crustáceos, rotíferos e larvas de insetos e, com menor freqüência, vermes e larvas de moluscos. O zooplâncton compõe um importante elo na cadeia alimentar aquática, sendo alimento para animais maiores, como os peixes e, por outro lado, consumindo algas e bactérias. A partir daí, representam uma fonte alimentar essencial nos ambientes aquáticos.
Muitos organismos do zooplâncton, porém, realizam migrações verticais diárias, apresentando, assim, algum controle de sua ocorrência vertical, mas são incapazes de controlar suas distribuições horizontais, que é determinada pela dinâmica da movimentação das massas de água.
O estudo e o reconhecimento desses pequenos organismos flutuantes são relevantes, especialmente em reservatórios urbanos. Esses organismos se reproduzem de forma contínua e, geralmente, sem interrupção, e a maioria apresenta um ciclo de vida curto, de horas/dias a algumas semanas. Devido a esse comportamento, torna-se possível uma resposta rápida dos organismos frente às alterações do ambiente aquático, inclusive às de qualidade de água.
Os protozoários Testáceas são organismos primeiramente de água doce, podendo também ser encontrado em ambientes aquáticos salobras e em solos úmidos. O grupo de Testácea é formado por um conjunto heterogêneo de amebas rizópodes onde a característica comum é a exibição de carapaças rígidas (também chamadas teças, testas, conchas) e um pseudostoma (abertura bucal) bem definido, característica única para cada espécie. A maioria das amebas Testáceas é aquática e podem ser encontradas em quase todas as águas continentais, desde rios e lagos profundo até temporários (VUCETICH & LOPRETTO, 1995 p: 541-555), não exibindo, assim, uma boa evidência de que tenham uma biogeografia (HARDOIM, 1997 p: 343).
Os protozoários planctônicos apresentam regime alimentar diversificado, podendo ser bacteriófagos, detritívoros, herbívoros, carnívoros (inclusive canibais) (MARGALEF, 1974 p: 446). A maioria dos Testáceas constrói suas carapaças a partir de partículas (sílica) preexistentes, apresentando-se como um dos mais ativos agentes de corrosão biogenética (POMAR, 1972 p: 265-279). Em geral pode-se diferenciar 4 tipos de carapaças (aglutinadas, silicosas, calcárias e protéicas), todas secretam uma matriz orgânica cimentante. Essas carapaças variam na forma e na estrutura, podendo apresentar-se finas, com nas espécies de Arcella ou de Centropyxis; compostos por elementos encontrados no ambiente, aglutinados por uma matriz orgânica cimentante, como em Diffugia ou serem formados por placas ou escamas silicosas, originados no endoplasma nos vacúolos citoplasmáticos (Trinrma, Euglypha, Quadrullela, dentre outros). Cada família possui característica própria para o grupo.
Esse grupo é caracterizado como cosmopolita ou circuntropical, tendo sido coletado em diversos habitats de diferentes localidades geográficas, o que confere certa facilidade na sua identificação, principalmente pela vasta literatura sistemática publicada, que permite comparar a autoecologia das espécies regionais com as de outros continentes.
O grupo de protozoários rizópodes possui uma série de vantagens que o torna interessante nas investigações ecológicas. As amebas com carapaça são abundantes na maioria dos ecossistemas aquáticos, apresentam uma produção de biomassa e o seu tamanho e tempo de geração permite investigações sobre processos demográficos, tanto em escala espacial quanto temporal (HARDOIM, 1997 p: 343).
É incontestável a grande importância do estudo de grupos fisiológicos microbianos nos corpos d'água, principalmente em virtude do "turn-over" da biomassa vegetal produzida e do input de matéria orgânica alóctone. O papel dos microrganismos na remineralização dos nutrientes e na sua dinâmica representa, segundo alguns autores, mais do que 50% da atividade energética que ocorre nos sistemas aquáticos. Alia-se a esses fatores o potencial de grupos ou espécies para indicação de qualidade da água e do ambiente podendo, então, ser utilizados como bioindicadores.
Cada vez mais se torna incontestável a importância do estudo dos Testacea rizópodas em conjunto com outros organismos aquáticos, para conhecimento da diversidade local ou ainda, para utilizá-lo como possíveis indicadores ecológicos.
Referências Bibliográficas:
HARDIM, E.L. Taxonomia e Ecologia de Testacea (Protozoa: Rhizopoda) do Pantanal de Poconé- Rio Bento Gomes e Vazante Birici, Mato Grosso, Brasil. Phd dissertation, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos/ SP. (tese).p: 343,1997.
MARGALEF, R. Ecologia. Ed.Omega.1974.
POMAR, H.B. Opalo Organogeno e Sedimentos Superficiales de La Lianura Santafesina. In: Rer. De La Asociación Paleontológia Argentina.nº 3. 265-279
VUCETICH, M.C. & LOPRETTO, E. C. Rhizopoda (Testaceos). In: Ecossistemas Águas Continentales. Metodologia para su Estúdio. Tomo II. Lopretto, E. C. & Tell, G (edtores). La Plata Ediciessur 1401 p, PP. 541- 555, 1995.
Autor: Valdirene Felipa
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