O céu no Apocalipse: como entender este símbolo?



O céu no Apocalipse: como entender este símbolo?

 

Por Ruy Porto Fernandes

           

            A mensagem do Apocalipse foi projetada na mente de João e o sentimento foi como se estivesse no céu, ou em determinados lugares na terra (cf. mensagem anterior). Então, como devemos entender esta simbologia?

 

            O céu, que a mensagem do Apocalipse se refere, é o espaço que conhecemos neste universo, ou seja, a expansão registrada em Gn 1.8. Esse é o lugar onde Deus e os seres celestiais existem e governam. Agora, sendo os personagens deste céu projeções na mente de João, como relatado ao longo de todo o livro, convêm termos em mente que estes personagens são símbolos de uma realidade, que no decorrer deste estudo iremos abordar detalhadamente.

 

            Também não podemos esquecer que Deus e estes personagens são Espírito (Cl 1.16; Jo 4.24). Não possuem forma ou aparência, mas podem se materializarem em qualquer forma (vento, fogo, chuva, óleo, pão, peixe, pomba ou ser humano). Não podemos vê-los e tocá-los com os nossos sentidos. Contudo esse mundo espiritual interage conosco cotidianamente e poderosamente por meio da fé. Os antigos, por analogia, associavam o espiritual com o vento (ruach, pneuma) e Jesus também o fez (Jo 3.8).

 

            Outra maneira de visualizarmos o céu, a presença de Deus e a dos seres celestiais, é por analogia ao que se conhece neste momento sobre o universo. Hoje sabemos que o universo visível aos nossos sentidos se comporta de forma intrigante. Porque o que vemos e interagimos representam apenas 5% em massa de tudo o que existe! E os 95% restantes desta massa é invisível e indetectável aos nossos instrumentos!

 

            O universo, esta parte de 5%, está crescendo em expansão acelerada, e isto se deve ao aumento do espaço. E é esta parte de 95% a responsável por esta expansão e, portanto, da existência desta parte visível. Os 95%, que compõe o todo, são constituídos de 70% de energia escura e 25% de matéria escura. Isto foi descoberto em 1998 por Robert Kirshner e Adam Riess.

 

            Portanto, é o céu que dá forma e existência ao nosso universo. Como espaço, é visível para nós, e está aí mesmo, ao nosso lado, porém tudo o que nele está contido é invisível para nós. Como podemos compreender isso realisticamente? Por outra analogia. O espaço está repleto de energia e partículas, e a todo o momento o sol, como todas as estrelas do universo, emitem partículas denominadas neutrinos que atravessam a terra e de todos nós sem que nos apercebamos. Nada é afetado por tal imenso fluxo de partículas invisíveis que não interagem com nada.

 

            O assunto pode ser pesquisado exaustivamente na internet e em livros especializados que explanam essas descobertas científicas para leigos. Recomendo o livro “O tecido do Cosmo” de Brian Greene.

 

            Acho importante assinalar que em todo o livro do Apocalipse a palavra céu é utilizada apenas no singular, com exceção de Ap 12.12, quando é utilizada no plural. Contudo, em algumas edições em português, o versículo 8 deste capítulo está no plural. Porém, errado, pois em todas as edições em inglês, francês e italiano da Bíblia, e no Textus Receptus, em grego, a palavra está no singular.

 

Niterói, 15 de novembro de 2009.


Autor: Ruy Porto Fernandes


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