O professor Coordenador Pedagógico: Multiplas Tarefas X Multiplas Formações



A tarefa do Professor Coordenador Pedagógico se torna ainda mais abrangente do que possa parecer num primeiro momento. É através da ação do Professor Coordenador Pedagógico que o grupo vai sendo constituído, comungando dos mesmos princípios e ideais. Porém, essa tarefa necessita de autonomia porque gera autonomia. A formação continuada do grupo na escola pública precisa de um ambiente propício para ser exercida, pois ela não ocorre em espaços antidemocráticos e carentes de autonomia. É através do Professor Coordenador Pedagógico que vão se criando tempos e espaços para que as discussões coletivas aconteçam. No cotidiano existem muitas oportunidades que devem ser aproveitadas como as reuniões pedagógicas, Centro de Estudos, Associação de Pais e Mestres, Conselhos de Classe. Pois como ressalta Alves (idem): “...O conhecimento (...) é social: a inter-relação dialética sujeito-objeto só é possível, no que se refere construção do conhecimento, na complexa e variada trama das relações com os outros homens.” É através do estabelecimento das relações inter-pessoais na escola, mediatizadas pelo Professor Coordenador Pedagógico, e na resolução dos problemas diários que vai se construindo uma rede de percepção, de observação e comunicação que garantem que a s dificuldades sejam superadas. A postura dinâmica, orgânica, viva e volátil do Professor Coordenador Pedagógico é fundamental. É importante enxergar o outro com suas limitações e valorizar as competências e habilidades de cada um. Isso vai gerando motivação. E motivação é uma alavanca que estimula as pessoas a agirem e se superarem. A motivação é chave que abre a porta para o desempenho com qualidade em qualquer situação. Entretanto não há com esse discurso, a intenção de super valorizar a figura do Professor Coordenador Pedagógico. Faço apenas uma constatação que este é um papel funcional importante na escola pública, e se afinal entendermos o objeto da pedagogia como sendo a prática social da educação Pimenta (1997) o Pedagogo torna-se então o agente da práxis transformadora. Pois como ressalta Pimenta (1998 apud 1999): “A escola pública necessita de um profissional denominado que ultrapassa a sala de aula e a determina, configura-se como essencial na busca de novas formas de organizar a escola para que esta seja eficientemente democrática”. E organizar a escola pública de maneira democrática é mais do que uma necessidade, é uma urgência. Parafraseando Nóvoa (1992) é preciso antes de qualquer coisa mudar de posição e mudar de perspectiva. Essa mudança não se dá aleatoriamente, no campo das conivências, mas sim, na conscientização das escolhas profissionais, da busca pela melhoria nas relações de trabalho e principalmente nas relações inter-pessoais. Sabemos que a formação é um problema emblemático da educação. Por isso é importante se empoderar daquilo que temos de concreto que é nossa própria prática. A formação continuada se dá dentro da escola, e não fora dela. É na prática que há a formação, e defendo que é na escola que a formação acontece, pois é na escola que a prática está, e mediatização da rede de conhecimento coletivo está na figura do Professor Coordenador Pedagógico. Entretanto esse trabalho não é terapêutico e tampouco messiânico. É trabalho construído, refletido e planejado e que visa o crescimento do grupo, que se constrói pela realização das tarefas relativas ao fazer pedagógico de cada um. Freire (2006, p.14) afirma “formar é muito mais do que puramente treinar (...) no desempenho de destrezas”.Formar é construir vínculos estabelecer relações interligadas do homem com o objeto de conhecimento, pautados pelo respeito ao outro e do reconhecimento das diferenças entre os indivíduos. O Professor Coordenador Pedagógico não é salvador da humanidade. Mas é através dele que é possível direcionar as discussões para a reflexão, garantir espaços de autonomia e espaços pedagógicos. Diante disso, intenta-se pelo reconhecimento do lugar de formador do Professor Coordenador Pedagógico na esfera do sistema educativo, no cotidiano da escola pública. Não existe educação sem o ensino, não se faz educação sem ensinar. Da mesma maneira não existe educação sem reflexão da prática. António Nóvoa tem explorado problemas com os quais os professores se defrontam nos dias de hoje, assinalando aspectos fundamentais a serem considerados na análise e discussão da profissão docente. Lembra também que a compreensão e a discussão desse processo exigem uma reflexão mais profunda, que fuja às simplificações, percebendo a complexidade das posições em confronto.
Autor: Fatima Reis


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