CRENÇA NA INGENUIDADE
I
Ao fim de mais um dia,
Paro diante das portas da madrugada
E pergunto onde foi que pus a minha cabeça,
A menina que ao longo dos anos
Viveu cheia de vento,
Ao mesmo tempo em que a vida
Compunha de rica matéria
O estranho que chamam de ser?
Sim! – O que responder?
II
Pensei que fechando os olhos o sono, parceiro simples e santo
Devagar chegaria, trazendo com ele as verdades do mundo,
Porém agora descubro que olhos cerrados
Só trazem limites e que sem limites,
Só o medo e a aflita incerteza.
III
Se você quiser escrevo um blue,
Desenho o retrato da angústia
No papel da vida com lápis de sangue,
Mostro-te toda a doçura
Que se esconde por trás da mentira,
Tão profana, tão bandida,
Mas cheia de beleza,
Como bela é a ilusão
De um colar de falsos brilhantes.
IV
Fui ingênuo ao crer na existência do mundo perfeito
E agora percebo
Toda a decadência que nos rodeia.
V
Desprezo o verso e a pobreza de espírito que ele traduz,
Dou vez à indecência
E à bela dama da noite a quem chamam de viver.
Autor: ANTÔNIO CARLOS MEDEIROS
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