IGUALDADE DE GÊNERO: DA EDUCAÇÃO À PROFISSÃO



Este texto trata do estudo da igualdade de gênero, para que se possa construir um mundo igual para mulheres e homens, desde a infância. Na escola é preciso que se trate os alunos da mesma maneira, sem privilegiar um ou outro por algum motivo, o professor precisa saber que não está na sala de aula só para ensinar matérias relacionadas ao programa curricular, mas sim preparar o aluno para vida, fazer ele pensar e estabelecer um conhecimento além dos propostos no currículo. Afinal, precisamos acabar com o preconceito, para isso temos que começar com os pequenos, para que daqui alguns anos não exista mais diferenças de gênero. Além disso, este trabalho proporciona reflexão sobre as diferentes carreiras profissionais que a mulher pode seguir, salientando que a mulher é capaz de fazer o que quiser desde que queira, força e determinação já são características de mulheres também, é preciso informação e força de vontade para conseguirmos continuar na luta por um país melhor e sem desigualdade social, o preconceito está conosco desde o início dos tempos, quando se construiu a sociedade, mas aos poucos encontraremos o caminho certo para continuar na luta, para isso cada passo dado precisa ser comemorado, para que as pessoas se sintam valorizadas e entendam que estão fazendo um papel importante.

Este trabalho se constitui no aprofundamento de pesquisas realizadas anteriormente por grupos feministas e estudantes que acreditam que pode, ainda, existir um mundo sem desigualdade.Para isso, procuramos solução para acabar com a discriminação e estabelecer uma igualdade entre mulheres e homens no ambiente escolar e nas profissões. Além disso, o artigo indica caminhos que devem ser seguidos para termos um futuro igual, digno e social para ambos os gêneros.

A idéia de cidadania e a construção das identidades de gênero têm sido conceituadas pela sociedade há muito tempo. As mulheres, associadas à natureza e os homens, à cultura. Mulheres são coração, sensíveis e frágeis, homens são razão, independentes e fortes, elementos determinantes da supremacia masculina, concretizada no exercício de atividades administrativas e de mando, e da subordinação feminina simbolizada pelo desenvolvimento de atividades de pouca visibilidade, escondidas no recesso do lar.

O modelo, assim construído, sempre impôs uma delimitação ao caminho a ser percorrido pela mulher, prevendo o transformar, o criar e o enveredar por outras trilhas que não as determinadas por sua categoria de gênero: amar, preservar-se para o amor inconstitucional, guardar-se para o casamento, servir. Para os homens, porém, foram mais fortemente oferecidas as oportunidades para desenvolver seu potencial criativo, sua competitividade, o incentivo à busca constante, e a conquistas, no mais amplo sentido do termo, abrindo-lhes expectativas de domínio e de poder.

Apesar dos consideráveis incrementos na participação da mulher em vários setores, o crescimento da escolarização feminina, a maior participação econômica, a expansão do conhecimento sobre questões sexuais, o melhor enfoque nas condições de saúde, dentre outros, não é possível afirmar que houve verdadeira mudança na condição de gênero.

Mesmo com alguns avanços quantitativos, podemos constatarnão foram suficientes para alterar a hierarquia e a discriminação nas relações sociais entre homens e mulheres.

No livro "A Mulher escondida na Professora", Fernandez (1994, p.9) ilustra questões que envolvem o tratamento diferenciado entre homens e mulheres, quando assim se expressa:

O senhor diretor é solteiro; apesar disso não o chamam de "senhorito".

Claro, os homens são senhores sempre. Nós, as mulheres, ao contrário,

Para sermos senhoras, temos que ser senhoras de algum senhor.

Realmente, a mulher é um sujeito social, historicamente determinado, mas a partir de uma história oculta e perdida no emaranhado do poder patriarcal. E este é um fato que precisa ser desvendado como uma alternativa que lhe permita não só apropiar-se dessa história, mas também para que possa se converter em sujeito de sua realidade, em ser social transformador de si e de seu grupo. Essa transformação, porém, deverá se operar a partir do juízo que a mulher tem de si mesma, significando toda uma reavaliação dos valores atribuídos às relações mantidas com a sociedade, com a família, com os homens, com sua função de mãe e esposa e, ainda, com as questões vinculadas com o trabalho.

Conforme Soares (2008), se buscarmos referencias na história da civilização, podemos constatar que os gregos, precursores das questões ligadas à cidadania, conceberam como um atributo masculino, isto é, próprio de homens livres, pessoas aptas ao desempenho de atividades políticas. As mulheres, como os servos e os escravos, conseqüentemente, não tinham condições de acesso às questões de interesse público. Por isso, foram historicamente submetidas à invisibilidade política e a subordinação social. Ainda hoje, as mulheres sofrem na hora de lutarem pelos seus ideais, podemos perceber que a sociedade se construiu machista e por isso que é tão difícil mudar as atitudes do ser humano. As mulheres conseguiram o direito do voto, que antes era só para homens, mas ainda existem poucas mulheres eleitas no senado e na câmara respondendo pelo povo.

O começo do movimento feminista

A partir de 1979, grandes transformações ocorreram, haja vista, a importante Convenção aprovada pela Assembléia Geral da ONU, que trata da eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher.

O Brasil ratificou esta convenção, ou seja, o território nacional já aprovou-a dando-lhe validade em todo território nacional. Portanto, podendo ser utilizado pelas mulheres para cobrar os seus direitos e garantias fundamentais que são direitos humanos, e assegurados pela Constituição Federal.

Estão expressos nesta convenção garantias que asseguram os direitos da mulher, tais

como: "Artigo 3º - Garantias do exercício e gozo dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais; Artigo 6º - Medidas sobre Prostituição; Artigo 9º Nacionalidade; Artigo 10º Educação; Artigo 11º Direito do Trabalho; Artigo 15º Igualdade perante a lei; Artigo 17 a 22 – Medidas sobre a Criação e Funcionamento de Comitê para a Eliminação da Discriminação Contra a Mulher. (CEDW)".

Então em 1980 o movimento feminista conquistou na América Latina, mudanças constitucionais para alcançar a equidade de gênero. Feminismo é o movimento social que defende igualdade de direitos e status entre homens e mulheres em todos os campos.No início do século XXI, na pós-terceira onda feminista, deparamos com problemas para a implantação concreta do que já está na lei. A distância entre o conquistado na legislação e a vida quotidiana é um problema que atinge a todos os países da América Latina (BLAY, 2002), então continuamos lutando até hoje pelo o direito da mulher de igualdade social, moral e política.

Espaço escolar e a discussão sobre as identidades de gênero

De acordo com a UNESCO (2002), a discriminação na sala de aula é feita tanto pelo professor quanto pela professora, eles tendem a dar mais atenção aos alunos homens, pois ainda existe aquele pensamento errôneo que as meninas são educadas para cuidar da casa e da família, por isso não precisam aprender muito, sabendo o essencial já basta para sua formação. Para combater essa tendência foi criado programas de treinamentos de professores, visando sensibilizá-los para questão de gênero.

Para termos igualdade a professora precisa considerar seu modo de atuação na sua sala de aula, pois é a partir dela que podemos mudar alguma coisa nesse país, a professora tem que igualar os alunos em tudo, sem diferenciar meninos para um lado e meninas para outro. O mestre, aquele em que os alunos vêem como ídolo, precisa estar atento para o fato de que a escola não é apenas o espaço transmissor de conhecimentos, mas é fundamental para o crescimento do sujeito, isto é, ele produz identidades étnicas, de gênero e de classe. E o mais importante é a sua conscientização, no sentido de inviabilizar que essas identidades sejam produzidas através de relações de desigualdade e principalmente, tentar interferir na multiplicação dessas desigualdades.

É importante salientar as aulas de Educação Física, tanto meninos como meninas, podem exercer as mesmas atividades, jogos, brincadeiras e exercícios físicos, para que mais tarde a discriminação não fale mais alto na hora que um desses garotos venha ser um esportista, por exemplo, até pouco tempo futebol era coisa de homem, hoje algumas mulheres tentam quebrar essa regra, é muito difícil disputar sabendo que a torcida discrimina as esportistas que gostam e sabem jogar futebol tanto como os homens.

Atualmente, a nossa escola caracteriza-se por ser um lugar de atuação de mulheres. No entanto, é preciso considerar que todo processo de seleção, produção e a própria transmissão do conhecimento foram historicamente produzidos pelos homens. Por isso, de alguma forma, continuam sendo um universo masculino, até mesmo nos livros didáticos, podemos perceber as utilidades das mulheres.

O livro didático continua sendo uma das ferramentas mais importantes para o processo de ensino-aprendizagem, em alguns lugares é o único recurso que o professor tem para dinamizar as aulas. Por essa razão, ele assume o status de autoridade e o conteúdo por ele transmitido pode ser adotado como a expressão da verdade. Porém, pela carga de significados que possui, acaba por carregar marcas de classe, etnia, religião, gênero, sexualidade e geração. E este é um fator que precisa ser levado em conta na tarefa educativa, pois o livro didático pode reforçar, por seu texto verbal ou não-verbal, determinadas identidades, como se fossem de todo um grupo social.

É interessante perceber que a mulher aparece nesses livros, desenvolvendo atividades que indicam o cuidado e a educação de crianças, como, por exemplo, professoras, enfermeiras, babás. Nos dias atuais, ainda cultiva-se a imagem feminina atrelada a uma figura sensível, dócil e inepta a emitir opiniões e idéias, mas glorificada para o lar e a maternidade. Já com os homens, as profissões envolvem, em geral, força e habilidades e se desenvolvem na rua, reforçando a idéia do homem ser um ser independente.

Ao representar os gêneros dessa forma, os livros didáticos podem contribuir para construção e a manutenção das desigualdades de gênero. Os autores devem repensar sua forma de representar os gêneros nos livros, para que não exista mais essa discriminação, pois é preciso que se eduque meninos e meninas de uma mesma forma, sem estabelecer atividades diferentes, assim como, sem alimentar o pensamento de que mulheres não são criadas para ser responsáveis por si mesmas, ou capazes de assumirem um serviço de risco e ser lideres até mesmo de homens. Desde a escola a criança tem que construir a sua base, o seu pensamento, sabendo que não existem diferenças de gênero, classe e cor.

A mulher e a profissão

Segundo Ornelas (2006), são cada vez menos as diferenças, mas continua a existir uma predominância de homens ou mulheres em certos setores de atividade, apesar da autora dizer que é cada vez menos essas diferenças, o que vemos é que elas ainda existem em grande número, pois é possível vermos que há número elevado de médicos homens e enfermeiras mulheres, será isto alguma lei? Não, simplesmente desde muitos anos, as mulheres vêm exercendo profissões de afetividades, cuidados, reparos, por serem mais cuidadosas, já os homens, são corajosos, fortes, conseguem realizar qualquer atividade de risco, foram feitos para operar, podendo operar tanto pessoas quanto máquinas.

Além disso, a mulher é discriminada em outras áreas de trabalho, na faculdade é grande o número de homens nos cursos de engenharias, direito e muitos outros, isso se deve a uma desigualdade própria, muitas mulheres são contra a si próprias, acham que não conseguirão assumir um cargo de alto risco. Os esportistas também sofrem com adiscriminação, para muitas pessoas esporte de mulher é ginástica olímpica e para homem é o futebol, mas até quando esse pensamento vai prevalecer? Tornar a sociedade igual para todos é um processo difícil, muitos programas vêm tentando estabelecer essa igualdade e aos poucos vamos quebrando as entre linhas. Para isso precisamos comemorar a cada passo que damos em busca dessa sociedade mais justa.

Neste ano, podemos assistir nas Olimpíadas, que aconteceram em Pequim, o grande número de atletas em todas modalidades esportivas. Desse modo comprovamos que mulheres são capazes de serem ginastas olímpicas sim, podem competir na dança, no salto, mas também podem jogar futebol, basquete, voleibol, luta, esgrima e são reconhecidas em tudo, pois o esporte valoriza a mulher.

As mulheres precisam ir a busca de seus sonhos, saberem distinguir seus valores do preconceito, cada pessoa tem o direito de seguir a profissão que quiser e todo o ser humano é capaz de estudar e reconhecer seus direitos, a informação está ai, em livros e jornais, precisamos fazer com que a lei seja cumprida, para que as mulheres tenham seus direitos reconhecidos. O melhor profissional é aquele que faz o que gosta, para que privarem as pessoas de serem aquilo que sonham, uma mulher pode sim ser uma ótima chefe, uma administradora e até mesmo uma motorista de táxi. Esse é um outro assunto de discussão a mulher e o trânsito.

Mulheres motoristas sim, é comprovado que as mulheres obedecem mais o transito, os maiores responsáveis por acidentes não são elas, mas sim os homens, então porque perpetuar o mito de que mulher no volante é um perigo constante? Como diz um ditado popular, são pequenas coisas, como essa, que fazem com que a discriminação continue, pois as pessoas acham bonito repetir o que todo mundo fala e saem falando sem pensar, só por ser uma frase popular. A mulher precisa ser respeitada, na profissão que escolher e no ato que estiver praticando.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Gênero é mesmo um conceito chave hoje para ciência, já estando em uso há mais ou menos três décadas. Das ciências humanas e sociais, o mesmo vem atravessando muitas fronteiras além das disciplinares, rompeu os muros da academia, invadiu os movimentos sociais, ocupa espaço crucial nas discussões internacionais em seus mais variados fóruns, é tema e demanda central das várias agências nacionais e globais para o financiamento de pesquisa e mesmo do desenvolvimento. Ou seja, gênero tornou-se uma moeda corrente nos ambientes universitários e também fora deles, tendo tomado o espaço da sociopolítica contemporânea de um modo geral.

O começo já está sendo feito, falta continuidade, para isso precisamos de união, perseverança, para realização de atividades que proporcionam a igualdade de gênero. É possível perceber que os grandes centros de integração procuram uma resposta, uma solução para a discriminação, mas algo que começou há muito tempo errado, não se soluciona fácil, é preciso muito estudo e conscientização, para isso cada pessoa tem que dar a sua ajuda e se conscientizar, pois o primeiro passo só nós mesmos podemos dar.

É preciso reinventar uma nova sociedade, mais justa e digna de receber novos valores, a participação da mulher na política, na educação, na medicina, no esporte, tudo isso tem que crescer cada vez mais, para que possamos educar o nosso Brasil para um novo futuro. Proporcionando educação adequada e a informação ao conhecimento de toda nação.

REFERÊNCIAS

BLAY,Eva A. Gênero na Universidade. Educação em Revista. São Paulo: UNESPE, 2002.

FERNANDEZ,Alicia. A mulher escondida na professora: uma leitura psicopedagógica do ser mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

ORNELAS, Silvia. "Gênero ainda influência na escolha da profissão". http://srsdocs.com/parcerias/revista_imprensa/diario_noticias/2006. Acessado em 24/08/2008.

RIBEIRO, Paula Regina... [et al]. "Educação e sexualidade: identidades, famílias, diversidade sexual, prazeres, desejos, preconceito, homofobia". Rio Grande: Editora FURG, 2008.

ROCHA, Fernando Luiz Ximenes. "A Incorporação dos Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos no Direito Brasileiro". Revista de Informação Legislativa, Brasília: Senado Federal, n.130, p. 77 e Seg., 1996.

SABINO, Fernando.

SOARES, Guiomar Freitas. "Sexualidade e Aprendizagem". Rio Grande: Editora FURG, 2007.

UNESCO. "De mãos dadas com a mulher: a UNESCO como agente promotor da igualdade entre gêneros". Brasília: UNESCO, 2002.


Autor: Aline Freire de Souza


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