Acorda Brasil!



            Trata-se de um país de magnífica atmosfera espiritual, de uma população esperançosa, de emoções amigáveis e de boa fé. Mas isso nunca foi e nunca será o suficiente para que este país seja considerado um lugar que promova a dignidade para se viver.

            O Brasil é um país de muitas dores camufladas e escondidas hipocritamente pelo seu próprio povo, que ainda prefere ser leigo frente a um digno destino coletivo. Muitas realidades sociais são distorcidas, esquecidas e aceitas por conveniências políticas. Um país desigual e conformado, de muitas faces culturais que lucidamente, quando analisadas, são decepcionantes.

           Você já parou para tentar entender o que faz uma pessoa aceitar ser tão maltratada e humilhada num hospital público? E tem mais, essa mesma pessoa vota e até reelege o mesmo responsável por sua tragédia! E ainda dá graças a Deus por sua sobrevivência com o seu “pão e água”. Veja o Rio de Janeiro, a violência do tráfico compete com o número de mortos que são jogados na rede pública de hospitais. E agora todos estão satisfeitos e esperançosos com os investimentos para 2016 das olimpíadas... Parece uma piada, mas o entretenimento continua a matar e a significar a salvação da massa falida desde a época de Roma e o seu Coliseu. O pior que a massa falida está cada vez maior neste país.

           Dói admitir, mas estamos diante de uma nação de milhões de recalcados intelectualmente, eis a verdade. Muda-se a classe social que apenas agrega ou desagrega hipocrisia, arrogância, egoísmo e indiferença de um cidadão pelo outro. E imagine a qualidade do político que vive de sorrir da exploração desse contexto. Quem mora no Brasil e convive com o Brasil conscientemente, sabe o que realmente significa morar aqui, que é o mesmo que morar num paraíso de ilusões.

            A população se nega a reconhecer o tamanho da sombra, da omissão que este país arrasta de catástrofes não naturais. Há uma espécie de escravidão psicológica aplicada com base na mediocridade e manipulação da maioria dos cidadãos. Sem bola no pé, sem cerveja gelada, caipirinha, TV, novela, carnaval, churrasco, praia e fofoca, qual Brasil que você consegue enxergar?

          Um país sem memória e que sobrevive com governos levianos e separados convenientemente de sua nação, onde os políticos esquecem o Estado em nome de melhores domicílios partidários e perspectivas políticas em seus mandatos. O planejamento público do país, quando existe, não interessa se ultrapassar os limites dos calendários eleitorais, salvo raras exceções para efeitos de promessas políticas.

          Um país sem heróis onde a corrupção é um slogan comum de quase tudo que o poder público pode representar. E com um ar de “se eu não aproveitar, o outro aproveita”. Pessoas sérias se afastam cada vez mais da política ou lutam contra a atual forma de se fazer política no país.

          Aqui o governo cobra caro de seus cidadãos pelos seus precários serviços. Suporta-se um governo que, com o dinheiro do contribuinte, anualmente gasta R$ 1 BILHÃO só com a sua própria publicidade! É mais do que o dobro de empresas como a Coca-cola! E veja que por mais que critiquem ou falem mal da composição química da tradicional coca-cola, ela continua a ser muito bem aceita... Milagres do marketing ou da ignorância?

          Nada contra ou a favor do refrigerante coca-cola, mas vale o raciocínio em relação ao governo brasileiro que é aceito e até louvado como eficaz pela grande maioria da população que o segue obtusa e indiferente. Moralmente a política no país está falida e o espírito da nação brasileira aceita isso com naturalidade.

          Kenneth Arrow, prêmio Nobel em economia, disse: “os governos nunca quebram, por causa disso eles quebram as nações.” E com muita alegria na base do verde e amarelo, os impostos pagos por você beiram os 40% do PIB, e sempre com a tendência a aumentar!

         Para se ter uma ideia, um refrigerante, um litro de gasolina, um vídeo game, a energia elétrica ou um frasco de shampoo possuem 50% de aumento em seus respectivos preços devido aos impostos! Você sabia que a classe média no Brasil esta empobrecendo assustadoramente? Pesquise a respeito.

          Nações ricas possuem carga tributária inferior à brasileira, como os Estados Unidos (26%), o Japão (27%) e a Austrália (31%). O Brasil tem uma tributação de primeiríssimo mundo e oferece, legalmente, serviços públicos de terceiro mundo!

         Seja sincero, chamar alguém de ladrão e outros milhões de otários neste contexto, é ofender? O país, pela precária contribuição e retorno social, deveria retirar, no máximo, 20% do PIB do suor dos brasileiros.

         Nossos políticos tornaram o governo um sócio que você deve sustentar com quase meio ano de seu trabalho! Ou seja, você tem que trabalhar de quatro a cinco meses anuais para sustentar o nosso governo brasileiro, os nossos nobres políticos.

          Para o ano de 2010, por exemplo, em Brasília aprovaram gastar 168 bilhões de reais para o pagamento de funcionários do executivo enquanto serão investidos 48 bilhões em obras de infraestrutura. Você sabia que os nossos 81 senadores possuem 10.716 funcionários pagos com o dinheiro que serviria para educar melhor as nossas crianças e atender melhor a população nos hospitais?

          É a mesma hipocrisia nacional que assistimos pela TV quando defendem o meio ambiente e a Amazônia continua a desaparecer do mapa. Sustentamos as forças armadas para quê? Para dilacerarmos sem as intromissões estrangeiras o nosso próprio território nacional e a dignidade dos brasileiros?

          Isso sem falar dos políticos que se favorecem das oportunidades estatais para nunca mais se preocuparem com suas finanças particulares pelo resto de suas vidas e levam toda a família e seus cúmplices neste mesmo trem da alegria. Quantos políticos competentes você conhece que possuem patrimônio honestamente defensável antes, durante e após a sua carreira pública/política?

         O ser político deveria trabalhar altruisticamente para a sociedade. E no dicionário trabalhar significa: empenhar-se, esforçar-se para executar ou alcançar alguma coisa; empregar diligência e trabalho! Por que os políticos cheiram a tantas distorções? Sem maquiagem nós encontramos pessoas doentes por poder, pessoas gananciosas, levianas, frias, oportunistas, incapazes de sobreviverem produtivamente sem o refrescante e fácil dinheiro alheio, o do contribuinte. E você acredita que já houve um tempo em que políticos brasileiros trabalhavam de graça pelo prazer autêntico de ajudar a população?

         Hoje encontramos um país que é legalmente aplicável o dinheiro de nossos impostos na manutenção de inúmeras mordomias, status políticos e públicos, além de sustentar criminosos perigosos e irrecuperáveis a custos superiores ao de uma criança que aqui se acredita educar nos tradicionais bancos escolares, bancos estes que podem até ser feitos de caixotes de frutas e verduras.

         Já imaginou a coragem ou o cinismo que um político deve manter para assumir com um sorriso nos lábios tamanho desastre social camuflado? Será que é por isso que eles merecem ganhar tão bem? São os atores perfeitos da realidade imperfeita e necessária?

          Em Campo Grande (MS), em 2008, um vereador já recebia 9,5 mil reais por mês! Oficialmente o salário do presidente da República, no mesmo período, era de 11,5 mil reais. E para atualizarmos informações relacionadas, agora em 2009, aumentaram o número de vereadores no país em nome da “eficiência democrática brasileira”. Os vereadores estão funcionando discretamente como cabos eleitorais dos deputados, e bem pagos com o nosso dinheiro.

         Quem realmente conhece o Brasil e tem coragem de admitir as coisas como elas são por aqui, sabe que os nossos políticos, 90% ou mais deles, são cretinos, levianos e oportunistas. São os mesmos que sustentam e sobrevivem do sistema falido como ele já está. Eles invertem os valores nobres da nação porque é algo mais fácil e lucrativo, resumindo: vivem dos problemas ao invés das soluções.

          Uma recomendação: para se viver moralmente satisfeito e feliz neste país, não seja louco de estudar além do mínimo necessário! Concentre-se em aprender a fingir, a mentir, a iludir, a puxar o saco de quantos políticos e autoridades públicas você conseguir. Nunca compreenda as coisas como elas realmente são ou deveriam ser, pois você ficará chocado, estarrecido, revoltado, e se sentirá isolado da grande maioria da sociedade. Você tem duas opções: ou mudar de país ou ser mais um herege que não quis se corromper ou se alienar na base do verde e amarelo.

         Aqui não precisamos de guerras, não precisamos de terremotos, não precisamos de discernimento lúcido, de saúde pública digna, de segurança, de educação, de justiça séria e nem de pena de morte para crimes hediondos. Aqui já temos a solução para tudo isso: temos os nossos políticos!

         E para lembrar, na Indonésia a pena de morte foi dada ao brasileiro que tentava entrar no país com drogas escondidas em sua prancha de surf, e o nosso presidente teve a coragem de pedir ao governo daquele país a reconsideração da pena... E é claro que o pedido não foi aceito. Aí esta a diferença entre políticos brasileiros e estadistas estrangeiros.

         Se você se perguntar sobre as razões que levam uma pessoa a perder o seu tempo escrevendo sobre isso, eu simplesmente lhe responderia: esta é a minha maneira produtiva de me fazer um herege convicto frente a este Brasil dilacerado, pois solução num país cheio de sinalizações e que segue sem um destino, é de uma utopia que nunca deveria convencer tanta gente a querer participar. Obrigado.


Autor: Alexandre Arrenius Elias


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